59 Autoridade dos discípulos para perdoar pecados

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Em que sentido Cristo concedeu autoridade aos discípulos para perdoarem pecados (João 20:23)?


por Alberto R. Timm


Em João 20:21-23, Cristo concedeu, após Sua ressurreição, uma capacitação especial de poder do Espírito Santo aos Seus discípulos, capacitação esta que lhes permitiria tanto perdoar pecados quanto reter o perdão. 


Este texto, bem como os de Mateus 16:19 e 18:18 e 19, tem sido usado por muitos para justificar a busca do perdão divino através da confissão a sacerdotes e líderes religiosos. Mas as Escrituras, no seu consenso, não reduzem o perdão divino a esse tipo de prática eclesiástica.


A Bíblia ensina, em primeiro lugar, que Deus é quem perdoa os pecados (conforme Isa. 43:25; Jer. 31:34; comparar com Mar. 2:7 e Luc. 5:21). Esse perdão deve ser buscado diretamente dEle por meio de Cristo (ver João 14:6, 13 e 14; I Tim. 2:5). 


Em Mateus 6:9-13, Cristo ensinou os discípulos a orarem diretamente ao "Pai" em busca de perdão para as suas "dívidas". Em 1a João 2:1 e 2, é dito que podemos obter o perdão para os pecados se buscarmos o único "Advogado junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo", que "é a propiciação pelos nossos pecados e não somente pelos nossos próprios, mas ainda pelos do mundo inteiro".


Somos admoestados também de que as faltas contra outras pessoas devem ser confessadas e restituídas, se necessário, diretamente a elas. Na oração do Senhor aparecem as seguintes palavras: 


"E perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós temos perdoado aos nossos devedores" (Mat. 6:12). 


As implicações desta afirmação são enfatizadas por Cristo: "Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celeste vos perdoará; se, porém, não perdoardes aos homens [as suas ofensas], tampouco vosso Pai vos perdoará as vossas ofensas" (Mat. 6:14 e 15; Col. 3:13).


A alusão à autoridade para perdoar e recusar-se a perdoar pecados em João 20:23 é parte da versão da Grande Comissão evangélica encontrada nos versos 21-23, que, por sua vez, está diretamente relacionada com os demais textos que falam dessa mesma comissão (ver Mat. 28:18-20; Mar. 16:15-18; Luc. 24:46-49; Atos 1:5-8). 


Sobre a passagem de João 20:19-23, o comentarista Raymond E. Brown vê um claro paralelo entre a simples ordem para batizar (Mat. 28:19) e a previsão de como o batismo separaria as pessoas (Mar. 16:16), bem como entre a simples proclamação do perdão (Luc. 24:47) e a previsão das formas nas quais o poder do perdão separaria as pessoas (João 20:23).


Cristo concedeu à Igreja, como comunidade dos crentes, a obrigação de receber como membros dela a todos que demonstrarem, por sua conduta, a genuinidade do seu arrependimento. Deu também autoridade de afastar de sua comunhão a todos aqueles cuja conduta representasse uma clara negação da fé. 


Aceitando uns e rejeitando outros, apoiada nos critérios bíblicos, a Igreja exerce a autoridade de perdoar pecados e reter pecados. É, portanto, com base no princípio de que "pelos seus frutos os conhecereis" (ver Mat. 7:15-23) que os discípulos de Cristo poderiam reconhecer os penitentes, como perdoados por Deus e, conseqüentemente, também por Sua igreja, e os impenitentes, como não havendo sido perdoados.


Fonte: Sinais dos Tempos, julho/agosto de 2000. p. 21 (usado com permissão)


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