18 Ser excluído da igreja significa ser excluído do céu?

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Consultoria Bíblica 


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18 - Há algum tempo, um irmão escreveu-nos uma carta queixosa, na qual expunha as razões pelas quais julgava a Comissão da Igreja onde congrega, havia recomendado injustamente a exclusão de sua filha e de seu genro da comunhão da igreja. 


Seu coração de pai parecia especialmente ferido porque, segundo entendia, a filha e o genro haviam sido excluídos não apenas do seio da igreja, mas também “do livro da vida no Céu”.


De fato, é bastante generalizada a idéia de que a exclusão de um nome do livro da igreja acarreta fatalmente a exclusão desse nome do livro da vida. 


Este conceito se baseia nas palavras de Cristo a Pedro, em Mateus 16:19, e repetidas depois aos discípulos em Mateus 18:18: “E tudo o que ligares na Terra será ligado nos Céus, e tudo o que desligares na Terra será desligado nos Céus.”


A Igreja Católica tem-se valido desta declaração bíblica para supervalorizar sua autoridade, tendo-a usado inclusive como instrumento de intimidação contra os dissidentes, ao afirmar que Cristo, com essas palavras, teria conferido a Pedro e seus sucessores o poder de “abrir ou fechar o acesso ao Reino dos Céus, por meio da Igreja” (Ver Bíblia de Jerusalém, nota de rodapé sobre Mateus 16:19).


Em 1864, o Papa Pio IX promulgou um documento, no qual negava acesso à salvação a todas as pessoas que não estivessem em 


Notem a ressalva: uma vez que tenha sido seguida a regra bíblica. Isto coloca as coisas em seu devido lugar, desautorizando a pretensão de que a Igreja pode fazer o que bem entende, e ainda contar com a aprovação divina.


A mesma advertência é também repetida com as palavras: “Ao tratar com os membros da igreja que erram, os filhos de Deus devem seguir cuidadosamente as instruções dadas pelo Salvador no capítulo 18 de São Mateus.” - Testimonies, vol. 7, pág. 260.


Entretanto, a igreja é administrada por homens falíveis, que nem sempre dão os passos bíblicos, que fazem julgamentos errôneos baseados em informações incompletas, em testemunhos preconcebidos, ou mesmo em total desconhecimento. às vezes há na Comissão da Igreja elementos simpáticos ou antipáticos ao membro faltoso, que prejudicam a imparcialidade que deveria haver. 


Além disso, pode reinar na Comissão um espírito de intolerância, falta de amor cristão, ou falta de lucidez causada por intemperança no comer. (Ver Conselhos Sobre Saúde, pág. 578). com o trono de São Pedro. (Ver Review and Herald, February 16, 1984, pág. 13).


Pronunciando-se a respeito dessa realidade, escreveu a mensageira do Senhor:


“Unir-se à igreja é uma coisa, e estar ligado a Cristo é outra coisa bem diversa. Nem todos os nomes registrados nos livros da igreja são registrados no livro da vida do Cordeiro. Muitos, embora aparentemente sejam crentes sinceros, não mantêm viva a ligação com Cristo. Seus nomes foram arrolados. seus nomes foram inscritos nos livros de registro, mas a obra interior da graça não se operou no coração.” - Testimonies, vol. 5, pág. 278.


“Nomes são registrados nos livros da igreja, mas não no livro da vida. Vi que não existe um entre vinte jovens que saiba o que seja a religião experimental.” - Mensagens aos Jovens, pág. 384.


Ora, se nem todos os nomes registrados nos livros da igreja são registrados no livro da vida, é óbvio que nem todos os nomes excluídos do livro da vida, pois jamais constaram dele.


Vamos, portanto, que há ressalvas para que o que a Igreja liga ou desliga na Terra, ficando sua ratificação no Céu condicionada a um “assim diz o Senhor”. 


Acreditar na incondicionalidade, nesse caso, equivale a crer que Deus sanciona tanto os nossos acertos como os nossos erros, o que é absurdo. Equivale também a pretender ditar normas a Deus, indicando-Lhe os que podem se salvar e os que não podem, o que é igualmente inadmissível, pois “Deus conhece os que Lhe pertencem”. II Tim. 2:19.


O que nos interessaria saber agora, é como ter o nome escrito no livro da vida, e sob que circunstâncias ele pode ser riscado de lá.


Segundo o Comentário Bíblico Adventista, no livro da vida “são registrados os nomes de todos os que professam ser filhos de Deus. Os que se afastam de Deus, e que em virtude de sua relutância em abandonar o pecado se tornam endurecidos contra a influência do Espírito Santo, terão seus nomes apagados do livro da vida, e serão destruídos”. - SDABC, vol. 1, pág. 668.


Da declaração acima conclui-se que o pecado contra o Espírito Santo é que determina a exclusão de um nome do livro da vida (a relutância em abandonar o pecado, e o endurecimento do coração contra a influência do Espírito Santo levam o indivíduo a cometer o pecado imperdoável). 


Deduz-se também que a exclusão do livro da vida é definitiva, isto é, determina a eterna perdição da pessoa.


Isto nos coloca diante de mais um caso em que o ser excluído da igreja não implica exclusão do livro da vida: quando a igreja age corretamente, mas a falta cometida pelo membro não representa pecado contra o Espírito Santo. 


Se uma pessoa aceita a Cristo como seu Salvador pessoal, é recebida na igreja pelo batismo, e depois, por algum motivo, é excluída, mas apesar disso continua sentindo o desejo de permanecer fiel a Deus, e de adorá-Lo congregado ao Seu povo, tal desejo deve ser considerado como evidência e que o Espírito Santo continua trabalhando em seu coração, e que o seu nome não foi apagado do livro da vida.


Se Moisés, Abraão e Davi tivessem vivido em nossos dias, e fossem membros da igreja, teriam sido, sem sombra de dúvida, excluídos - o primeiro por homicídio, o segundo por adultério, e o terceiro por homicídio e adultério.


E o que fez Deus? Riscou-os do livro da vida? Não. Deu-lhes antes oportunidade de arrependimento. Eles se arrependeram, e foram reintegrados no favor divino. Enquanto Abraão e Davi aguardam no pó da terra o cumprimento das promessas (ver Hebreus 11), Moisés já se acha fruindo vida eterna.


Por outro lado, pode-se dar também o caso de alguém cometer pecado contra o Espírito Santo, ser riscado do livro da vida, mas continuar constando no livro da igreja.


Disso não se deve inferir que a exclusão seja destituída de importância. Trata-se antes de uma medida disciplinar válida, utilizada pela igreja, para proteger suas normas e demonstrar publicamente sua desaprovação ao comportamento condenável. 


É também uma maneira de chamar a atenção do membro faltoso para a necessidade de redirecionar sua vida. “Tendo se corrigido e humilhado através da punição, o pecador pode ser novamente convidado a viver uma vida de virtude e fé. 


O objetivo da punição, por parte da igreja, nunca deve ser a vingança, e sim a recuperação do membro faltoso. O membro excluído deve ser objeto de profunda consideração por parte da igreja, e ingentes esforços devem ser feitos para promover sua recuperação espiritual.” - SDABC, vol. 6, pág. 690.


Ora, se o objetivo da exclusão é recuperar espiritualmente o membro faltoso, não seria contraproducente afirmar categoricamente que o seu nome foi riscado do livro da vida? - R.M.S.


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