Prefácio Profecias do Apocalipse (Araceli)

Profecias do apocalipse Araceli Melo

O Apocalipse é a obra prima das revelações proféticas das Sagradas Escrituras, a culminância da divina inspiração e a história simbólica da dispensação cristã.


De todos os livros da Bíblia nenhum outro é tão solenemente introduzido; nenhum outro estampa inicialmente e tão visivelmente a sua origem divina; nenhum outro começa com uma tão graciosa e definida promessa de bênçãos para o que o lê, para os que o ouvem e para os que cumprem as coisas que nêle estão escritas. 


E, ao encerrar-se a sua mensagem, adverte o seu Autor que se não tire dêle nem nêle se acrescente coisa alguma, sob pena de castigo fatal. E’ portanto um livro da mais alta importância, não obstante ser considerado por muitos como supérfluo. À vista de seu Autor, porém, êste livro é da mais alta valia.


O futuro do mundo acha-se amplamente delineado no Apocalipse. Todos os problemas mundiais, diante dos quais se desespera o homem, encontram nêle a sua solução. O desfêcho do drama dos séculos — entre a verdade e o êrro, entre a luz e as trevas, entre o bem e o mal — está plenamente assentado neste grande livro. 


Suas profecias são o calendário da providência pelo qual entendemos estar a civilização vivendo seus derradeiros dias e o império do mal exalando seus últimos alentos. Vemos, pois, no Apocalipse, a consumação do plano de Deus de restauração do mundo, o climax das relações de Deus com o homem caído em pecado e o cumprimento de tôdas as promessas do evangelho.


O QUE HÁ DE MAIS SUBLIME NO APOCALIPSE


O Velho Testamento revela Cristo em profecias definidas; os quatro evangelhos O revelam em Sua vida terrena, Seu ministério, sofrimentos, morte, ressurreição e  ascenção; os Atos dos Apóstolos e as Epístolas revelam os triunfos da igreja sob o ministério de Seu Espírito; e o Apocalipse encerra um panorama de Sua glória, da concretização de Sua vitória sôbre os Seus inimigos e da Sua entronização no trono do mundo como soberano absoluto.  


Assim  o  livro é para o  cristão um estímulo de fé, um tônico nas provas da vida  e uma segurança da salvação em Jesus Cristo. Ao estudarem-no os crentes, nêle divisarão temas impressionantes e emocionais, cenas de grandezas incomparáveis capazes de satisfazer a mente mais indagadora e exigente. Enfim, abrem-se diante deles os portais de um maravilhoso futuro de glórias inenarráveis e imperecíveis.


NÃO HÁ MISTÉRIOS NO APOCALIPSE


Alguns há que, sem muito ou nenhum conhecimento do Apocalipse, julgam ser êle um livro insondável, um código impenetrável e que só talvez num futuro remoto possa ser entendido por algum gênio. O título do livro, porém, refuta categoricamente estas pretensões. 


O termo APOCALIPSE, vem de dois vocábulos gregos: APO — ocultar — e CALIPSE — descobrir. No Novo Testamento encontra-se dezoito vêzes a palavra Apocalipse, sendo assim traduzida: Aparecimento, uma vez; vinda, uma vez; manifestação, uma vez; iluminar, uma vez; revelado, duas vêzes; e revelação, doze vêzes. Vemos que em nenhum caso a palavra foi traduzida por ocultar, mistério, insondável, etc.; mas sempre denotando alguma coisa tornada clara. Ficam assim refutadas as idéias de que sua mensagem é insondável ou incompreensível.


Há, naturalmente, uma razão por que os homens em geral não entendem o livro do Apocalipse. O primeiro versículo do livro declara que sua mensagem é enviada aos servos de Deus, para mostrar-Ihes “as coisas que brevemente devem acontecer”. Nisto vemos que só os que servem a Deus, em verdade, poderão entender o conteúdo do Apocalipse. 


Para êles é que foi enviada a sua revelação. Assim, a razão por que os demais homens não podem entender o livro e o consideram um mistério, é simplesmente porque não servem a Deus, e, por conseguinte, a sua mensagem a êles não se destina. Quando se converterem a Deus e O servirem, então a mensagem do grande livro será também para êles, e a entenderão seguramente. Deus e Seu Filho jamais enviariam a Seus servos uma mensagem incompreensível; e, se o fizessem, de nada adiantaria.


PORQUE FOI O APOCALIPSE ESCRITO EM SÍMBOLOS


Perguntará alguém: Se o Apocalipse se destina à igreja de Deus, por que não foi escrito ou revelado em linguagem comum? Não seria mais fácil os servos de Deus o entenderem e todos os que o quisessem estudar? 


Em primeiro lugar respondemos que o motivo por que o Apocalipse foi revelado e escrito em símbolos, funda-se no fato de que o tempo em que êle foi dado à igreja cristã era desfavorável ao cristianismo. O imperador romano, Domiciano, tencionava exterminar o cristianismo e as Escrituras Sagradas. 


Além disso o livro do Apocalipse falava, como ainda fala, contra o império romano. Se êle fôsse escrito em linguagem corrente e comum, os romanos o destruiriam seguramente por falar contra êles. Também o Apocalipse fala contra três grandes corporações religiosas existentes no mundo hoje. Estas, por certo, o destruiriam se êle falasse em linguagem clara. 


E também o livro fala contra o Anti-Cristo, e êste infalivelmente o desfaria se pudesse entendê-lo. Assim os inimigos de Deus e da verdade lêem no Apocalipse mensagens contra êles e não as entendem; deixam então o livro em paz e dizem que êle é um mistério impenetrável. 


Esta foi a razão por que Cristo falou em parábolas quando dirigia a palavra diretamente a Seus adversários.1) — Eis, pois, as razões do simbolismo do livro do Apocalipse e de não ser êle escrito em linguagem vernácula.


O LIVRO DO APOCALIPSE E O LIVRO DE DANIEL


Excepcional harmonia existe entre os livros de Apocalipse e Daniel. Há um íntimo achêgo entre êstes dois livros proféticos. “As coisas reveladas a Daniel foram posteriormente completadas pela revelação feita a João na ilha de Patmos. Êstes dois livros devem ser cuidadosamente estudados. O livro de Daniel está desvendado na revelação de João e conduz-nos às últimas cenas da história da terra. Quando os livros de Daniel e Apocalipse forem mais bem entendidos, os crentes terão uma experiência religiosa inteiramente diferente. 


A êles será dado tal vislumbre das portas abertas do céu que coração e mente serão impressionados com o caráter que todos devem desenvolver a fim de realizar-se a bem-aventurança que deve ser a recompensa do puro de coração. O Espírito de Deus tem iluminado cada página da Escritura Sagrada, mas há muitos que não se impressionam, por ser imperfeitamente entendida. 


Quando o abalo vem, pela introdução de falsas teorias, êstes leitores superficiais, em nenhuma parte ancorados, são semelhantes à areia movediça. Afastam-se de sua posição e abraçam seus sentimentos de amargor... Daniel e Apocalipse devem ser estudados, tão bem como as outras profecias do Velho e Novo Testamentos. Fazem com que haja luz, sim, luz, em nossas habitações. 


Para isto necessitamos orar. O Espírito Santo, brilhando sôbre a página sagrada, abrirá o nosso entendimento, para que possamos conhecer o que é a verdade. No passado pregadores têm declarado serem Daniel e Apocalipse livros selados, e o povo os abandonaram. O véu, cujo aparente mistério foi impedido de ser levantado, pela mão do próprio Deus, foi também afastado, destas porções de Sua palavra”.


2) “Os   perigos  dos  últimos  dias  estão  sôbre  nós,  e   devemos vigiar e orar, estudar e atender às lições que nos  são  dadas  nos livros de Daniel e Apocalipse”.3) “No Apocalipse todos os livros da Bíblia se encontram e se findam. Eis aqui o complemento do livro de Daniel. Um é uma profecia; o outro uma revelação. 


O livro que está selado não é o Apocalipse, mas aquela porção da profecia de Daniel que se refere aos últimos dias. O anjo ordenou: ‘tu, porém, ó Daniel, fecha estas palavras, e sela o livro até ao tempo do fim’”1) “Se as visões de Daniel fôssem entendidas, o povo podia ter entendido melhor as visões de João. 


No verdadeiro tempo, porém, Deus moveu seus servos escolhidos, que, com evidência e no poder do Espírito Santo, abriram as profecias e mostraram a harmonia das visões de Daniel e João e outra porções da Bíblia”.2)


Assim como o Velho Testamento é a porta de entrada para o Novo, o livro de Daniel é, sem contestação, o pórtico ou principal passagem condutora ao livro do Apocalipse.


Isaac Newton, em “Observações sôbre as Profecias de Daniel e o Apocalipse de São João”, diz: “O Apocalipse de São João é escrito no mesmo estilo e linguagem das profecias de Daniel, e tem a mesma relação para elas que êles têm um para o outro, de sorte que o todo dêles junto faz somente uma profecia completa”.3)


Uma aproximação verdadeira ou visível, paralela, existe entre o livro de Daniel e o Apocalipse. Se ambos os seus autores tivessem vivido no mesmo tempo, dir-se-ia, com razão, ter havido entre êles prévio acôrdo ao escreverem suas composições. 


Entretanto, apesar de jamais se conhecerem e ter mediado entre êles um período de mais de meio milênio de separação, pode ser dito, sem nenhum engano, que suas obras são acentuado complemento uma da outra. 


De princípio a fim, opressões políticas e religiosas e grandes profecias compreendem os temas destas duas sagradas dissertações, em lances simbólicos irrecusàvelmente admiráveis. Nelas, ainda, e bem no início, apresentam-se os dois autores sacros fruindo em cativeiro o cruciante amargor de tais opressões.


E’ notável encontrar essa franqueza nos relatos de Daniel e do Apocalipse. Ambos os livros apresentam aos seus leitores interessados:


1. Seus autores em pleno exílio, recepcionando por divina inspiração o conteúdo de suas obras.


2. Delineações sôbre o andamento futuro de governos temporais, eclesiásticos e eclesiástico-temporais, por entre os séculos futuros.


3. Duas Babilônias, uma natural e capital do mundo antigo, nas paragens da Mesopotâmia, às margens do caudaloso Eufrates, e outra universal e espiritual existente.


4. O juízo divino investigativo em solene andamento no templo de Deus, no céu dos céus, onde cada indivíduo infalivelmente comparecerá.


5. O ódio de guerras devotadas ao povo de Deus por governos civis e eclesiásticos em tôda a história da civilização, mormente nos obscuros séculos medievais.


6. Um personagem eclesiástico a proferir arrogantes palavras de blasfêmias contra Deus, Seu nome, Seu templo e habitantes do céu.


7. A intervenção divina sôbre os escombros da arruinada e presente civilização, para fundar em suas ruínas um eterno e teocrático reino de paz e amor infinitos.


8. Descrição das evidências circunstanciais reinantes no tempo exato em que Jesus Cristo nas nuvens dos céus aparecerá aos olhos do mundo, com poder e grande glória, para pôr fim a tôda angústia e aflição que na terra flagelam.


9. Como personagens de suas grandes e maravilhosas galerias profético-simbólicas, a Deus, a Cristo, ao Espírito Santo, aos santos anjos, ao homem e ao próprio Satanás e seus anjos maléficos como inspiradores de tôda a contenda terrena.


10. Íntima relação especial entre as revelações dos capítulos dois e sete de Daniel e doze, treze e desessete do Apocalipse.


A palavra de Deus, ou seja a Bíblia, as Escrituras Sagradas, é o único livro profético que no mundo, desde tempos distantes, tem sido conhecido. 


Suas mais importantes profecias, que se concentram nos livros de Daniel e Apocalipse, têm resistido às mais cerradas hostilidades que contra ela a incredulidade, a infidelidade, e, incrivelmente, até avultado número de professos e pretensos cristãos, levam continuamente a efeito.


“Ora o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente”.


1) Com estas tão simples palavras de São Paulo, apóstolo, tornam-se claros os devidos e legítimos porquês dos ataques que as classes acima mencionadas mantêm contra a Palavra de Deus, mormente para com a parte que diz respeito às profecias dêstes dois livros citados. 


A guerra sem pejo declarada contra as revelações destas duas obras, mostra o valor inestimável do conteúdo delas. Ante tôda a fuzilaria de seus gratuitos adversários, mantêm-se à altura devida, dando como sempre e constantemente, um irrepreensível testemunho da verdade através de séculos e milênios, e revelando autêntica documentação quanto ao futuro, comprovada no curso da história dos povos com segura infalibilidade.


O PANORAMA DO APOCALIPSE


A grande maioria das profecias do Apocalipse encontraram seu cumprimento no passado; algumas estão em pleno cumprimento no presente; outras serão cumpridas num breve futuro; e poucas restantes cumprir-se-ão no reino de Deus. O panorama profético cronológico do Apocalipse apresenta-se como se segue:


I. PROFECIAS SÔBRE A IGREJA DE DEUS NA TERRA:


1. Introdução — Cap. 1.


2. Saudação da trindade — Cap. 1.

 

3. Visão das sete igrejas — Caps. 2, 3.


4. Visão dos sete selos — Caps. 4-6.


5. A Reforma do Século XVI — Cap. 12:16.


6. O despertamento religioso mundial do século XIX — Caps. 10:1-10; 14:6-8.


7. O povo e a mensagem do advento — Caps. 7:1-3; 10:11; 11:1-2; 12:17; 14:6-14; 18:1-4.


II. PROFECIAS SÔBRE OS OPONENTES DE DEUS E DE SEU POVO:


1. Roma e as nações modernas cuja queda é anunciada nas sete trombetas — Caps. 8; 9; 11:15.


2. O Papado, principalmente na Idade Média e no futuro. Caps. 13; 12; 11:3-6.


3. A revolução francesa inimiga da Bíblia — Cap. 11.


4. O protestantismo norte-americano na profecia — Cap. 13:11- 18,


5. A grande Babilônia — Caps. 14:8; 18:1-4; 17; 16:13.


III. PROFECIAS FINAIS DO APOCALIPSE:


1. O têrmo da divina graça — Cap. 15:8.


2. As sete pragas futuras — Cap. 16.


3. A segunda vinda de Cristo — Caps. 14:14-20; 19:11-21.


4. A queda de Babilônia — Caps. 18; 19.


5. O milênio da profecia — Cap. 20.


6. O juízo final — Cap. 20.


7. Novo céu e nova terra — Gap. 21:1.


8. A nova Jerusalém — Cap. 21-22.


9. Os santos na glória — Caps. 7:9-17; 14:1-5; 15:2-4.


Daniel escreveu o seu livro durante o cativeiro, em Babilônia, ao passo que S. João, segundo o testemunho de Irineu (175-200), escreveu o Apocalipse na ilha de Patmos, no fim do reinado de Domiciano, no ano 94.


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