7 O SELAMENTO DO POVO DE DEUS (Araceli)

Profecias do apocalipse Araceli Melo


O sétimo capítulo é um parêntese entre o sexto e o sétimo selos. O seu conteúdo não pertence nem a um nem a outro. A primeira parte do capítulo contém uma obra profética mundial a realizar-se por um povo especial antes do fim dos acontecimentos finais preditos no sexto selo, antecedentemente à Segunda Vinda de Cristo.


A segunda parte do capítulo trata duma gloriosa visão referente aos santos na glória, “diante do trono, e perante o Cordeiro”, em regozijo pela grandiosa salvação. E, então, um quadro verdadeiramente glorioso daqueles “que vieram de grande tribulação”, e, contudo, “lavaram os seus vestidos e os branquearam no sangue do cordeiro”.


QUATRO ANJOS RETÊM OS QUATRO VENTOS


VERSO 1 — “E depois destas coisas vi quatro anjos que estavam sobre os quatro cantos da terra, retendo os quatro ventos da terra, para que nenhum vento soprasse sobre a terra, nem sobre o mar, nem contra árvore alguma”.


DEPOIS DESTAS COISAS


O capítulo anterior termina com acontecimentos alusivos à Segunda Vinda de Cristo. A expressão — depois destas coisas — não favorece a ideia de que a nova visão conste de sucessos a cumprirem-se depois da Segunda Vinda de Cristo. Alude simplesmente a uma outra visão e não que devesse ela cumprir-se após cumprirem-se os sucessos da última.


QUATRO ANJOS NOS QUATRO QUADRANTES DA TERRA


As sagradas Escrituras relatam que os anjos são agentes celestiais que intervêm nos negócios dos homens toda vez que Deus achar conveniente. Nesta profecia vemos quatro anjos sobre os quatro quadrantes da terra — Norte, Sul, Leste e Oeste — retendo os quatro ventos nestes e destes quatro pontos cardiais. Isto denota uma imensa obra que está em operação na terra sob poderosos anjos.

 

Como já vimos, a primeira parte do capítulo sete é um parêntese em meio ao sexto selo, isto é, uma profecia a cumprir-se imediatamente antes da Segunda Vinda de Cristo. Portanto, a obra dos quatro anjos e a do outro dos versículos dois e três, serão realizadas, incontestavelmente, antes do grande acontecimento.


OS QUATRO VENTOS RETIDOS PELOS QUATRO ANJOS


Ventos nas profecias bíblicas são emblemas de comoções, lutas, e guerras entre os povos e nações.1) Os quatro ventos detidos pelos quatros anjos representam todos os elementos de luta e comoção que existem no mundo. “Ao cessarem os anjos de Deus de conter os ventos impetuosos das paixões humanas, ficarão às soltas todos os elementos de contenda. O mundo inteiro se envolvera em ruína mais terrível do que a que sobreveio a Jerusalém na antiguidade”.2)


“Anjos acham-se hoje a refrear os ventos das contendas, para que não soprem antes que o mundo haja sido avisado de sua condenação vindoura; mas, está-se formando uma tempestade, prestes a irromper sobre a terra; e, quando Deus ordenar a Seus anjos que soltem os ventos, haverá uma cena de lutas que nenhuma pena poderá descrever. 


A Bíblia, e a Bíblia só, dá-nos uma perspectiva correta destas coisas. Ali estão reveladas as grandes cenas finais da história de nosso mundo, acontecimentos que já estão projetando suas sombras diante de si, fazendo o ruído de sua aproximação com que a terra trema e o coração dos homens se desmaie de temor”.3)


Os estandartes fictícios da paz oferecida pelas nações, uma às outras, não são senão o restringimento dos ventos das lutas de suas paixões políticas detidos pelos quatro anjos. Apenas algumas rajadas sopram da grande tempestade que virá ao soltarem os ventos. Os acontecimentos internacionais falam em alta voz de que se aproxima o momento decisivo em que os ventos serão soltos, e tudo termine num terrível caos.


Simultaneamente com o estrondo da tormenta, ao serem soltos os ventos, virão as sete últimas pragas tremendas preditas no capítulo dezesseis. O mundo será convertido num assombroso vale de espanto e de dor por estas pragas.


Mas, a obra dos mensageiros angélicos de segurar os ventos, tornará possível a realização de uma outra obra sumamente especial e sublime como descrita nos versículos seguintes. Quando esta obra começar e alcançar o seu Termo, a dos quatro anjos, logicamente, alcançará também o seu. 


A divina graça por um mundo caído e ingrato a Deus terá se esgotado para sempre. Multidões que receberam o convite da misericórdia estarão excluídas da gratuita salvação que desprezaram. Agora, porém, é o tempo de decisão. E só aquele que fizer a boa escolha, sobreviverá.

 

UM NOVO ANJO ENTRA EM CENA


VERSOS 2-3 — “E vi outro anjo subir da banda do sol nascente, e que tinha o selo do Deus vivo; e clamou com grande voz aos quatro anjos, a quem fora dado o poder de danificar a terra e o mar, dizendo: Não danifiqueis a terra, nem o mar, nem as árvores, até que hajamos assinalado nas suas testas os servos do nosso Deus".


SUBIA DA BANDA DO SOL NASCENTE


Este anjo tem uma obra definida a realizar na terra num tempo enquanto os outros quatro ainda seguram os quatro ventos. De muita significação é a sua subida da banda do sol nascente. Isto é, duma obra mundial rápida como o rápido subir do sol; duma nova obra como um novo nascer do sol. 


O subir do anjo do nascente do sol, e, portanto, com costas para este astro, evidencia sua mensagem contra a adoração do sol nos últimos dias, pelo falso cristianismo, como veremos no capítulo treze versículos dezesseis e dezoito.


"E TINHA O SÊLO DO DEUS VIVO"


No passado como no presente o selo tem sido usado como instrumento de validade.1) Os antigos reis tinham também o selo do reino para assegurar a validade de seus decretos e leis. 


Tinham o selo em forma de sinete ou no próprio anel real.2) Nos dias atuais o selo, como estabilidade de leis e decretos governamentais e de toda transação legal entre os homens, tem seu uso em grande escala em todas as nações. E’ o selo que dá valor a toda a espécie de documentos. E’ o selo que oferece garantia do próprio governo da nação em toda a documentação em que é usado.


Num decreto-lei, de um soberano ou presidente de nação, porém, este deve, imprescindivelmente, assinar sobre o selo o seu nome, especificar as suas funções e declarar a nação onde exerce o seu encargo. O selo de um antigo rei da Itália, assim rezava: Victor Emmanuel III, Rei da Itália. Seu sinete ou selo continha o seu nome, as suas funções reais e o território no mundo onde exercia o seu domínio, que era a Itália.


O anjo de nossa consideração trazia o “selo do Deus vivo”. Nos domínios de Deus, que abrangem o universo inteiro, não há transações comerciais por Ele estipuladas, para que neste mister haja necessidade de selo correspondente. Nesta terra de pecadores é que os homens inventaram selos para suas transações de negócios visto não confiarem uns nos outros. 


Deus, porém, é um Soberano e a nossa consideração diz-nos que Ele tem o Seu selo. E, como os reis da terra põem o selo real somente em suas constituições e decretos-leis, o mesmo faz Deus, com a diferença de que Ele não faz constantes mudanças da constituição de Seu governo e tão pouco pede decretos-leis frequentes como o fazem os homens. 


Se Deus mudasse sua constituição universal e necessitasse promulgar decretos-leis com frequência, então Ele seria igual aos homens que erram e daí necessitarem mudar sempre suas leis. Mas Deus tem uma constituição única, imutável e eterna para todos os súditos de Seus vastos domínios. 


E sendo sumamente perfeita a sua constituição, como Ele o é, e contendo em si mesma todas as responsabilidades de seus súditos para com Ele como Soberano e para com eles em suas relações mútuas, não há necessidade de que Deus promulgue decretos para ajustar erros de Seus súditos contra Sua constituição perfeita, imutável e eterna.


E qual é a constituição do governo universal de Deus? A resposta simples e precisa é esta: São os dez mandamentos, o santo e imutável Decálogo. Em todas as Sagradas Escrituras dos dois Testamentos Deus reivindica sua lei como imutável, inalterável, insubstituível, eterna. 


E porquê? Simplesmente porque ela tem o Seu selo de validade e imutabilidade. Ele mesmo diz por um de Seus profetas: “Liga o testemunho, sela a lei entre os Meus discípulos”.1 Note-se que é o próprio Senhor Deus quem afirma o fato de que os Seus adoradores devem reconhecer o selo de Sua lei como evidência de que se lhes roga estrita fidelidade a Suas cláusulas.


O selo de Deus deve, portanto, encontrar-se em Sua lei onde devemos procurá-lo. E uma vez ali encontrando o Seu selo, certificar-nos-emos de que ele, que deve ser aplicado em Seus servos, não se trata de alguma marca ou sinete que deva ser impresso na carne, mas de uma instituição ou uma observância da lei, a eles obrigatória, que os distingue como verdadeiros adoradores de Deus. 


Vimos já como o selo dos monarcas terrenos contém o nome do soberano, suas funções e a circunscrição onde suas funções são exercidas. Na lei de Deus devemos encontrar detalhes semelhantes concernentes ao selo de Deus. Seu nome, suas funções e Seu domínio devem ser encontrados conjuntamente em uma das cláusulas ou mandamentos de Sua lei. 


Se tais detalhes não forem encontrados na lei dos dez mandamentos, ela não terá então o selo de Deus e por consequência não será imutável e de perpétua obrigação. Urge, pois, que examinemos os dez preceitos da lei de Deus para ver em qual deles encontramos os requisitos de um selo ou do selo de Deus.


No capítulo vinte do livro do Êxodo, versículos três a dezessete, temos a lei dos dez mandamentos. Os primeiros quatro mandamentos contêm os deveres do homem para com Deus enquanto os seis últimos os deveres do homem para com o seu semelhante. O selo de Deus não poderá ser encontrado na parte da lei cujos mandamentos regulam as relações humanas dos filhos de Deus. Mas Seu selo só poderá ser achado na primeira parte da lei, constante de quatro preceitos, que regulam as relações do homem para com Deus.


Nos três primeiros mandamentos não poderemos encontrar o selo de Deus. Embora estes mandamentos contenham o nome de Deus, não encerram os demais requisitos indispensáveis do selo do supremo Soberano, como não o contêm os seis últimos que relacionam os homens mutuamente. Resta-nos ainda fazer menção do quarto mandamento. Estará nele o selo de Deus?


O quarto mandamento da lei de Deus, não só contém o selo de Deus como ele próprio é o selo de Deus, o selo de Sua lei, a garantia, a segurança da imutabilidade, perpetuidade e inalterabilidade do sagrado Decálogo. Vejamos como reza o quarto mandamento:


“Lembra-te do dia do Sábado, para o santificar. Seis dias trabalharás, e farás toda a tua obra. Mas o sétimo dia é o Sábado do Senhor teu Deus: não farás nenhuma obra, nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o teu estrangeiro que está dentro das tuas portas. Porque em seis dias fez o Senhor os céus e a terra, o mar e tudo que neles há, e ao sétimo dia descansou: portanto abençoou o Senhor o dia do Sábado, e o santificou”.1)


Eis diante de nós o selo de Deus no mandamento sabático do repouso semanal do sétimo dia. Apontando ao homem o sábado, o sétimo dia da semana, como repouso do Senhor, fá-lo Deus ver nele o selo da Sua autoridade suprema e universal. Os requisitos do selo do Rei do universo são evidentíssimos no quarto mandamento do Decálogo. Nele está o Seu nome, que O coloca acima de tudo e de todos. 


Está também nele claramente delineado o Seu título, isto é, sua apresentação como Criador. E ainda deparamos no mesmo mandamento, com absoluta evidência, a jurisdição de Deus, os Seus domínios sem fronteiras, aliás, os céus, a terra e o mar. Em outros termos, o selo de Deus está inserido no quarto mandamento: O Senhor Deus, Criador dos céus, da terra e do mar e de tudo quanto neles há. 


E’ este Seu sublime selo, a essência do quarto mandamento sabático, que dá validade e imutabilidade à lei de Deus e revela o verdadeiro autor do Decálogo. O quarto mandamento do Sábado do sétimo dia, portanto, contém a assinatura de Deus como Legislador da grande lei do Seu universo. Sem o quarto mandamento do Sábado do sétimo dia, a lei não terá autoridade alguma. Pois ficaria desconhecido o seu Legislador.


Quem quer que porventura rejeite o repouso semanal do sétimo dia, estará rejeitando o próprio Legislador da lei e estará preferindo uma lei a cujo legislador excluiu premeditadamente. A rejeição do Sábado do quarto mandamento equivale à rejeição do selo do Criador do universo. Demasiado tarde crerão os inimigos da verdade que o Sábado do quarto mandamento é o “selo do Deus Vivo”.


O Sábado é também denominado nas  Escrituras Sagradas de “Sinal de Deus”, o que é sinônimo de “Selo de Deus”. Das evidências apresentadas no quarto mandamento da lei, em virtude das quais o Sábado é o Selo de Deus, uma é a referência de que Deus é o Criador dos céus e da terra. 


Esta mesma referência fez Moisés ao aludir ao sábado como sinal de Deus.1) Mil anos depois de Moisés, outro profeta salienta eloquentemente o Sábado como sinal entre Deus e Seus verdadeiros filhos, sinal de que Deus os santifica e de que é o Deus deles.2) Uma profecia apocalíptica alusiva às primeiras conquistas maometanas na Idade Média, faz menção dos servos de Deus que seriam salvaguardados pelo fato de terem em “suas testas o sinal de Deus”.


3) Assim, tanto no Velho como no Novo Testamento ou nas duas dispensações — a mosáica e a cristã — o Sábado é o Selo ou o sinal da suprema autoridade de Deus e o distintivo que distingue os verdadeiros adoradores de Jeová.


O SELAMENTO DO POVO DE DEUS


O anjo portador do selo de Deus “clamou com grande voz aos quatro anjos, a quem fora dado o poder de danificar a terra e o mar, dizendo: Não danifiqueis a terra, nem o mar, nem as árvores, até que hajamos assinalado nas suas testas os servos do nosso Deus”.


O alto clamor do anjo já indica que os quatros outros estavam soltando os ventos. Seu clamor denota uma obra a realizar-se no derradeiro final da história do mundo, imediatamente antes dos anjos soltarem os ventos dramáticos que trarão o fim de nossa arruinada civilização. E que obra mais haveria de ser senão a anunciada pelo próprio anjo nesta profecia — o assinalamento do povo de Deus? 


Agora os acontecimentos mundiais entre as nações iradas de nosso século, dizem bem evidentemente que os quatro anjos estão afrouxando suas mãos e os quatro ventos destruidores estão quase a soprar. “Guerras e rumores de guerra” prenunciam a borrasca final.


O Salvador, porém, não ficará indiferente a Seus escolhidos. O anjo que surge do lado do sol nascente, bradando poderosamente aos quatro outros, logo procederá de sua parte com uma nova mensagem de detenção dos ventos ou da ira das nações, para que a grandiosa obra do selamento de Seu fiel povo, aqui anunciada, seja concretizada. Aguardemos, pois, com fé e esperança, este extraordinário acontecimento num breve futuro.


De acordo com as palavras do anjo do selamento, os servos de Deus receberão o selo “nas suas testas”. Vimos como o selo de Deus é o Seu santo Sábado que O apresenta como Criador de tudo o que há nos céus e na terra. Como é possível o Sábado como selo de Deus ser aplicado em suas testas? 


Porventura aplicá-lo como selo implica em escrevê-lo exteriormente nas suas testas? Não; em absoluto. Mas a razão por que os servos de Deus serão selados em suas testas, é porque, segundo a ciência agora comprova, é “na parte anterior do cérebro que se encontra o centro, o pivô, da vida humana, que é aí onde são determinadas as normas de moral”. “A parte do cérebro chamada frontal, ou coronal, é a controladora de todos os processos naturais ou biológicos do homem, da humana criatura”.1)


E “o Dr. Walter E. Dandy, cirurgião norte-americano, especialista em cérebros, acaba de descobrir a sede da consciência. Segundo esse sábio, a consciência fica localizada no “corpus atratum” no centro da cavidade craniana. Operações realizadas pelo Dr. Dandy e outros cirurgiões durante um período de quinze anos, reforçam essa teoria sendo que, pela mesma, a sede da consciência'' fica na parte anterior do centro cerebral, em nível paralelo aos olhos e ao ápice das orelhas, mais ou menos em linha direta com o plano superior das mesmas”.2)


Maravilhoso! O selo de Deus no “centro”, no “pivô da vida humana”, “na parte anterior do centro cerebral”, na “sede da consciência” individual, no controle, por assim dizer, “da humana criatura”! Daí infere- se que, aquele que aceita o Sábado do sétimo dia como dia de repouso de Deus, o aceita por convicção e consciência clara e o guarda como um tributo de honra moral ao seu Criador. O selo de Deus é colocado na sede de sua límpida consciência. E isto é deveras glorioso!


O ANJO DO SELAMENTO


Este anjo não pode ser um anjo real. Aos anjos não fora entregue a grande tarefa de evangelizar o mundo e apontar aos homens o selo de Deus. A obra do selamento compreende uma grande reforma — no derradeiro fim da história — prevista pela inspiração entre os homens no que respeita à observância do Sábado do sétimo dia do quarto mandamento da lei de Deus e sua aceitação como selo de Deus. 


O glorioso anjo deve representar, fora de toda dúvida, um movimento mundial, em nossa presente geração, que conduz o selo de Deus, o Sábado, e para o qual logo, como jamais antes, chamará a atenção dos homens. E’ o mesmo movimento representado pelo terceiro anjo do Apocalipse quatorze que chama a atenção do mundo contra o sinal da besta em oposição ao sinal e selo Deus.


O anjo do selamento representa a última fase da obra do terceiro anjo, que não é difícil de ser compreendida. Quem quer que se dê à tarefa de investigar, certificar-se-á de que, em 1844, surgiu em verdade um movimento religioso mundial — o terceiro anjo de Apocalipse quatorze — que atingiu todas as nações e se propaga já em cerca de 800 idiomas e dialetos, sendo o Sábado da lei de Deus o sinal de sua lealdade ao seu Legislador, e o distintivo que o separa de todos os que o rejeitam. 


Este grande movimento mundial compreende a Igreja Adventista do Sétimo Dia, cuja história profética poderá ser mais bem apreciada nos capítulos dez e quatorze do mesmo livro do Apocalipse.

 

O SELADOR DOS SERVOS DE DEUS


O anjo do selamento não é o selador ou o agente que sela os servos de Deus. O anjo é tão somente o portador do selo. O selador deve ser Aquele que é o único capaz de convencer os homens da obrigação de observarem a lei de Deus e de aceitarem o Sábado como selo e sinal de Deus. 


Diz o Senhor Jesus: “Mas Aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em Meu nome, esse vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito”.1) “Todavia digo-vos a verdade, que convém que eu vá; porque, se Eu não for, o Consolador não virá a vós; mas, se Eu for, enviar-vo-lo-ei. E quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, e da justiça e do juízo”.


2) Aqui está aquele que convence o pecador. E de que o convence? “Do pecado, e da justiça e do juízo”. Em outras palavras, Ele convence o mundo de transgressão da lei de Deus, porque pecar é violar a grande lei;3) convence-o da necessidade de obrar a justiça que só é possível pela observância sincera da lei dos dez mandamentos de Deus;4) convence-o do juízo de Deus que é efetuado com base exclusivamente na lei de Deus.5)


O Espírito Santo é, pois, o Selador, o Agente que convence os homens a aceitarem o Sábado como repouso, sinal e selo de Deus. Diz S. Paulo: “Fostes selados com o Espírito Santo da promessa”. “E não entristeçais o Espírito Santo de Deus, no qual estais selados para o dia da redenção”.6)


“Na Inglaterra o grande selo do governo é guardado por um alto funcionário chamado “Lord Privy Seal” (Senhor Chanceler). E’ o secretário particular do rei e, sob a direção do rei, e em sua presença, aplica o selo a qualquer documento. Isto torna o ‘projeto’ uma ‘lei’, obrigando todo o reino a observá-la. Assim o Espírito Santo é o Chanceler de Deus. O Sábado é o selo, isto é, o instrumento, o Espírito Santo o aplica”.7)


O TEMPO ESPECIAL DO SELAMENTO


Embora o Sábado tenha sido o sinal e selo de Deus desde o princípio do mundo, o selamento do povo de Deus anunciado no Apocalipse é simultâneo com a imposição do sinal da besta.8). Todos terão de fazer a grande decisão. “Aqueles que estão unidos com o mundo, estão recebendo o molde mundano, e preparando-se para o sinal da besta. 


Aqueles que não confiam em si mesmos, que se estão humilhando perante Deus e purificando suas almas em obedecer à verdade, — estes estão recebendo o molde celestial, e preparando-se para receber o selo de Deus em suas testas. Quando o decreto sair, e o selo for impresso, seus caracteres permanecerão puros e imaculados para a eternidade”. “O dia da vingança de Deus está iminente sobre nós. O selo de Deus só será colocado na testa daqueles que suspiram e gemem pelas abominações que se cometem na terra. 


Os que se ligam em simpatia com o mundo estão a comer e a beber com os temulentos, e serão seguramente destruídos com os obreiros da iniquidade. O curso do nosso procedimento determinará se receberemos o selo de Deus vivo, ou seremos derribados pelas armas destruidoras”. “Nem todos quantos professam guardar o Sábado serão selados. 


Muitos há, mesmo entre os que ensinam a verdade a outros, que não receberão o selo de Deus em suas testas. Tiveram a luz da verdade, sabiam a vontade do Mestre, compreendiam todo ponto de fé, mas não tinham obras correspondentes”. “Nenhum de nós receberá jamais o selo de Deus enquanto nosso caráter tiver uma mancha”. “Agora, eis o tempo de preparo. 


O Selo de Deus jamais será posto na testa de um homem, de uma mulher impuros. Jamais será colocado na fronte do homem ou da mulher ambiciosos, amantes do mundo. Jamais será posto na testa de homem ou mulher de língua falsa ou de coração enganoso. Todos quantos receberem o selo precisam achar-se sem mancha diante de Deus, — candidatos ao céu”.1)


Destas declarações acima entendemos que, ainda que uma pessoa guarde o repouso do Sábado do sétimo dia, não é por esse ato imediatamente selada. Unicamente depois de seus pecados serem apagados por Jesus no santuário celestial é que serão selados os Seus servos, porque só então estarão sem pecados, imaculados diante de Deus, e poderão só agora receber o “selo do Deus vivo”, pois o Sábado, como vimos, é um sinal de santificação.


“Jesus está agora no Seu templo santo aceitando os nossos sacrifícios, nossas orações e as confissões das nossas faltas e pecados, perdoando todas as transgressões de Israel para que possam estar limpos antes que Ele abandone o santuário. Quando Jesus sair do santuário, os que são santos e justos serão santos e justos ainda; porque todos os seus pecados serão apagados e serão então selados com o selo do Deus vivo.2)


A obra do selamento, que logo será levada a cabo, como predita no capítulo sete do Apocalipse, tem o objetivo de convidar homens e mulheres a prepararem-se para receber o selo de Deus, quando todos terão evidentemente de decidir entre o selo de Deus e o sinal da besta.


OS 144.000 ASSINALADOS


VERSOS 4-8 — “E ouvi o número dos assinalados, e eram cento e quarenta e quatro mil assinalados, de todas as tribos de Israel. Da tribo de Judá, havia doze mil assinalados; da tribo de Rubem, doze mil; da tribo  de Gad, doze mil; da tribo de Asser, doze mil; da tribo de Naftali, doze mil; da tribo de Manassés, doze mil; da tribo de Simeão, doze mil; da tribo de Levi, doze mil; da tribo de Issacar, doze mil; da tribo de Zabulon, doze mil; da tribo de José, doze mil; da tribo de Benjamin, doze mil”.

 

ASSINALADOS DENTRE O ISRAEL DE DEUS


A profecia do assinalamento não trata do Israel carnal que foi condenado como nação por ter rejeitado o Filho de Deus. Outra evidência é que a obra do selamento não foi efetivada em tempo algum entre o antigo Israel quando contava ainda doze tribos intactas. Pois, trata-se duma obra mundial e não só na Palestina. 


Muito menos poderá tratar-se de uma obra entre os judeus atuais que contam apenas uma tribo, ou seja, a de Judá, espalhada pelo mundo. Outro fator que prova não se tratar das antigas doze tribos de Israel é que há alterações que não continham entre elas, mo passado. 


Por exemplo: A revelação não apresenta a tribo de Da de nenhum modo, aparecendo em seu lugar a tribo de Levi que não fazia parte das doze antigas, mas era a tribo do sacerdócio. Também a tribo de Efraim não aparece com este nome, mas com o nome de José. Os acontecimentos que cumprem a profecia do assinalamento, testificam tratar-se duma obra atual entre o povo verdadeiro de Deus que, por seus característicos tão diversos e internacionais, conta também doze tribos.


Nas portas da Nova Jerusalém encontram-se os nomes das doze tribos, e é claro que não é possível tratar-se dum povo rejeitado por Deus. Pois através de suas portas entrarão e sairão todos os remidos de todas as nacionalidades e não de uma raça única. Assim todos os remidos pertencerão à doze tribos.


Nos fundamentos do muro da cidade estão os nomes dos doze apóstolos de Cristo, que não têm nenhuma relação com aquelas antigas tribos que se esfacelaram pela incredulidade e rejeição de Deus.


Quem são os 144.000? O número dos assinalados com o selo de Deus é um número prefixado pela inspiração. Os 144.000, é bem de ver, não são os únicos que serão salvos; pois em seguida o profeta descreve uma visão em que vê outra multidão incontável. 


Então, perguntamos: Quem são realmente os 144.000 que serão assinalados ou selados em nossa geração? Em primeiro lugar concordamos que os 144.000 contam um número todo particular dentre as hostes dos remidos. De modo especial hão de estar com Cristo “sobre o monte de Sião”.


1) Cantarão um “cântico novo diante do trono”, que ninguém a não ser eles poderá cantar.


2) Eles seguirão “o Cordeiro para onde quer que” Ele for. São aqueles “que dentre os homens”, serão “comprados como primícias para Deus e para o Cordeiro”.


3) Baseados nestes fatos inspirados, temos fortes razões para conceber que os 144.000, ao chegarem ao céu, terão passado, todos eles, por uma única e idêntica experiência na terra. 


E isto leva-nos a crer que eles deverão estar vivendo na terra ao mesmo tempo e numa mesma época definida. Em nossa consideração acima referimos o texto em que é dito que eles “foram comprados como primícias para Deus e para o Cordeiro”. 


E o que são primícias?

 

Para o agricultor, as primícias são os primeiros frutos a amadurecerem em sua lavoura antes de ela estar preparada para a colheita total.


1) No ritual do santuário, em Israel, havia a oferta das primícias ou dos primeiros frutos amadurecidos, que o israelita devia levar ao santuário no dia da festa das primícias, como gratidão a Deus pelos prenúncios de uma farta colheita em sua lavoura, e ao mesmo tempo como emblema de Cristo.


2) No plano da salvação de Deus, Cristo é chamado as primícias da grande ressurreição dos justos que ainda jazem na sepultura ou o primeiro ressurreto que encabeça a ressurreição geral dos santos, que ocorrerá no Seu segundo advento.


3) Ele é considerado o fruto visível, o primeiro, por assim dizer, amadurecido, da grande colheita da ressurreição total dos santos que dormem no pó da morte. E, agora, falando Tiago dos crentes vivos, diz: “Segundo a sua vontade, Ele nos gerou pela palavra da verdade, para que fôssemos como primícias das Suas criaturas”.


4) Note-se que os verdadeiros cristãos são no mundo dos vivos considerados “primícias”; aliás, primícias dos santos de todos os séculos a serem salvos.


Assim são os 144.000. Ao voltar o Salvador, para efetuar a colheita dos santos, eles serão os primeiros frutos maduros visíveis que o divino Segador terá ante Seus olhos. Serão os santos vivos, que jamais passarão pela morte, primícias da grande colheita de todas as épocas da história. 


Pois é dito “que dentre os homens foram comprados para Deus como primícias”, o que indica realmente que serão salvos dentre os vivos da terra na Segunda Vinda de Cristo, além dos santos mortos que ressurgirão do túmulo. Note-se como a inspiração ainda apresenta os 144.000:


“No mar cristalino diante do trono, naquele mar como que de vidro misturado com fogo — tão resplendente é ele pela glória de Deus


— Está reunida a multidão dos que “saíram vitoriosos da besta, e da sua imagem, e do seu sinal, e do número do seu nome”.


5) Com o Cordeiro, sobre o monte Sião, ‘tendo harpas de Deus’, estão os cento e quarenta e quatro mil que foram remidos dentre os homens; e ouve-se, como o som de muitas águas, e de grande trovão, ‘uma voz de harpistas, que tocavam com as suas harpas’. 


E cantavam um ‘cântico novo’ diante do trono — cântico que ninguém podia aprender senão os cento e quarenta e quatro mil. E’ o hino de Moisés e do Cordeiro — hino de livramento. Ninguém, a não ser os cento e quarenta e quatro mil, pode aprender aquele canto, pois é o de sua experiência — e nunca ninguém teve experiência semelhante. ‘Estes são os que seguem o Cordeiro para onde quer que vai’. Estes tendo sido trasladados da terra, dentre os vivos, são tidos como as primícias para Deus e para o Cordeiro’.


6) ‘Estes são os que vieram de grande tribulação’


7); passaram pelo tempo de angústia tal como nunca houve desde que houve nação; suportaram a aflição do tempo da angústia de  Jacó; permaneceram sem intercessor  durante o derramamento final dos Juízos de Deus. Mas foram livres, pois ‘lavaram os seus vestidos, e os branquearam no sangue do Cordeiro’. 


“Viram a terra devastada pela fome e pestilência, o sol com poder para abrasar os homens com grandes calores, e eles próprios suportaram o sofrimento, a fome e a sede”.1)


Aí está a grande razão pela qual os 144.000 terão privilégios especiais. Depois de atravessarem o terrível tempo de angústia vitoriosos, farão jus aos privilégios que lhes estão reservados em promessas. Veja-se também o capítulo quatorze versículos um a cinco e capítulo quinze versículos dois a quatro.


UMA INCONTÁVEL MULTIDÃO


VERSOS 9-17 — “Depois destas coisas olhei, e eis aqui uma multidão, a qual ninguém podia contar, de todas as nações, e tribos, e povos, e línguas, que estavam diante do trono, e perante o Cordeiro, trajando vestidos brancos e com palmas nas suas mãos: E clamavam com grande voz, dizendo: Salvação ao nosso Deus, que está assentado no trono, e ao Cordeiro. 


E todos os anjos estavam ao redor do trono, e dos anciãos, e dos quatro animais: e prostraram-se diante do trono sobre seus rostos, e adoraram a Deus, dizendo: Amém. Louvor e glória, e sabedoria, e ação de graças, e honra, e poder, e força ao nosso Deus, para todo o sempre. Amém. E um dos anciãos me falou, dizendo: Estes que estão vestidos de vestidos brancos, quem são, e donde vieram? 


E eu disse-lhe: Senhor, tu sabes. E ele disse-me: Estes são os que vieram de grande tribulação. e lavaram os seus vestidos e os branquearam no sangue do Cordeiro. Por isso estão diante do trono de Deus, e o servem de dia e de noite no Seu templo; e aquele que está assentado sobre o trono os cobrirá com a sua sombra. 


Nunca mais terão fome, nunca mais terão sede; nem sol nem calma alguma cairá sobre eles. Porque o Cordeiro que está no meio do trono os apascentará, e lhes servirá de guia para as fontes das águas da vida; e Deus limpará de seus olhos toda a lágrima”.


DE TÔDAS AS NACIONALIDADES DA TERRA


Depois de ver a obra do assinalamento do povo de Deus destes últimos dias, o profeta em seguida contempla todos os santos salvos, uma inumerável multidão “de todas as nações, e tribos, e povos e línguas”, de todos os séculos da história do mundo. 


Esta grandiosa reunião de todos os santos, diante do trono de Deus e perante o Cordeiro, tomará lugar imediatamente ao vir Jesus buscá-los para a glória eterna. Todos trajarão uma vestimenta única — as vestes brancas simbólicas da justiça do Salvador. Ostentarão palmas em suas mãos como emblemas da grande vitória alcançada sob o poder de Jesus.

 

Numa aclamação retumbante e unânime agradecerão os santos a Deus e ao Cordeiro a misericordiosa salvação de que foram alvos. E os milhões de milhões de anjos, sensibilizados pela manifestação de gratidão dos santos, associar-se-ão com eles na adoração a Deus, pois os acompanharam na terra e os serviram cada dia, e então alegrar-se-ão com eles diante do grande trono.


UMA PERGUNTA E RESPOSTA DUM DOS ANCIÃOS


Foi uma pergunta feita ao profeta: “Estes que estão vestidos de vestidos brancos, quem são, e donde vieram?” Mas João não pôde responder à pergunta. E por que não? 


Porque não se tratava daqueles que haviam ressuscitados e que compunham a multidão incontável, mas duma outra multidão que, embora estivesse também diante do trono, ele havia apenas ouvido e descrito o seu número que era de 144.000. Esta multidão dos assinalados e selados, o profeta ainda não havia contemplado. 


Ele somente diz que ouvira o seu número, não tendo visto. Eis a razão por que não pudera responder à pergunta do ancião. Se a pergunta se referisse à multidão dos ressuscitados, ele imediatamente saberia responder, pois isto lhe fora comunicado antes. Mas o mesmo ancião respondeu à pergunta, e a fez de tal modo que não deixou dúvidas de que sua pergunta havia aludido de fato aos 144.000 distintos ali também presentes e em um grupo em separado.


Em primeiro lugar, diz o ancião, estes vieram de grande tribulação. “Estes...”, quer dizer todos os que o ancião incluira na sua pergunta ao profeta. Todos juntos numa “grande tribulação”, o que só é possível quanto aos 144.000 que em breve terão de enfrentá-la. Trata-se do mesmo “tempo de angústia, qual nunca houve, desde que houve nação até aquele tempo”, referido por Daniel na sua profecia do capítulo doze versículo primeiro, que é o mesmo tempo das sete últimas pragas.


A razão da vitória dos 144.000 jaz no fato de que “lavaram os seus vestidos e os branquearam no sangue do Cordeiro”. Eles lavaram. Na verdade, tudo é feito pelo poder de Deus; mas a aceitação tem que vir espontânea da parte do pecador. E’ por isso que diz que eles lavaram as suas vestes em Seu sangue. Aceitaram o Seu sacrifício expiatório por seus pecados. E nisto obtiveram a eterna vitória.


UMA PARTE DO PRÊMIO DA GRANDE VITÓRIA


Aos 144.000 serão conferidos privilégios especiais. Além dos já considerados e de outros contidos em capítulos subsequentes, os versículos quinze a dezessete falam ainda de outros importantes. 


Eles estarão “diante do trono de Deus, e O” servirão “de dia e  de noite no Seu templo; e Aquele que está assentado sobre o trono os cobrirá com a sua sombra”. 


Este sublime privilégio de estar junto de Deus e O servirem dia e noite, e outros mais, levam-nos a crer que a morada dos 144.000 será sempre com Deus e com Jesus, na santa cidade, a Nova Jerusalém. O versículo quatro do capítulo quatorze parece fortalecer firmemente este pensamento.


“Nunca mais terão fome, nunca mais terão sede; nem sol nem calma alguma cairá sobre eles”. Isto denota que por certo tempo e conjuntamente, sofrerão fome, sede e serão fatigados pelo calor do sol. Nesta circunstância, como já apreciamos, vemos o tempo de angústia e das sete pragas por onde hão de passar antes de serem libertados e gozarem seus privilégios.


E a resposta do santo ancião ao amado profeta, sobre os 144.000, assim termina: “Porque o Cordeiro que está no meio do trono os apascentará, e lhes servirá de guia para as fontes das águas da vida; e Deus limpará de seus olhos toda a lágrima”. 


Esta gloriosa promessa, secundada pelas palavras do versículo quatro do capítulo quatorze, evidencia incontestavelmente, que os 144.000 gozarão da eterna e estreita amizade de Jesus e de Sua constante companhia, tal como no caso do pastor em relação a seu rebanho. 


Há quase 3.000 anos referira-se Davi a esta amável e desvelada companhia do Bom Pastor, dizendo: “Eles se fartarão da gordura da tua casa, e os farás beber da corrente das tuas delícias”.1) E para completar o eterno gozo, suas lágrimas serão enxutas, pelo que suas lutas, pesares e sofrimentos estarão enterrados para sempre no passado.


Esse é o conteúdo do livro A Verdade Sobre as Profecias do Apocalipse, de Araceli Melo - Confira aqui o índice Completo.