INTRODUÇÃO Radiografia Jeovismo

Radiografia Jeovismo temas


Dentre os muitos movimentos religiosos marginais do cristianismo, sobreleva-se, pela desbragada heterodoxia e sobretudo pela agressividade proselitista, esse "engano dos ultimas dias" que é o jeovismo, movimento de herança russelita-rutherfordiana, que, a partir de 1931, evoca para si o pretensioso título "Testemunhas de Jeová". 


De último, objetivando mais alto nível de penetração, procuram modernizar sua máquina. de propaganda, tentando imprimir caráter erudito às suas heresias, editando sua versão própria das Escrituras, visando embasar-se nas línguas bíblicas originais, para afinal rejeitarem como inservíveis as traduções clássicas e aceitas da Bíblia. 


Já nos primórdios do movimento, ainda na fase russelita, o "The Emphatic Diaglott" era o vade mecum em que procuraram estribar suas interpretações heréticas. O endereço telegráfico da "Associação dos Estudantes da Bíblia" em Londres, por exemplo, era simplesmente " Diaglott". 


Ainda hoje o "The Emphatic Diaglott" é, para eles, material subsidiário de altíssimo valor. Porque editam o conteúdo da Bíblia numa tradução a que chamam "Novo Mundo". Não admitem a palavra "Bíblia", "Velho Testamento" nem "Novo Testamento", porque, segundo eles, constituem velharias religionistas, sem abono no texto sagrado (ver "A Verdade Vos Tornará Livres" p. 210) . Então editam as "Escrituras Hebraicas", e as "Escrituras Gregas Cristãs". Uma análise serena de conteúdo escriturístico revela que o objetivo dessas edições é tendenciosa e visa dar outra feição textual às passagem tangenciadas com o Deidade de Cristo, a Personalidade do Espírito, a Volta de Cristo e Sua ressurreição, procurando criar uma dogmática peculiar sobre estes e outros assuntos. 

Antes de entrarmos no mérito de sua tradução própria, a decantada "Novo Mundo", achamos de interesse informar aos leitores acerca da tradução, freqüentemente invocada pai eles, o "The Emphatic Diaglott".  

Que tradução é essa, chamada "The Emphatic Diaglott"? 

Em bom português, poderíamos designá-la por "O Diaglotão Enfático". Tem mais de um século, pois foi publicada, pela primeira vez, em 1864. Seu autor foi Benjamin Wilson, redator autodidata (sem cursos formais) de uma revista quinzenal denominada "A Bandeira Evangélica e o Advogado Milenial". O massudo livro é uma edição curiosa do texto grego do Novo Testamento de G. G. Griesbach, com uma tradução rija, colada, interlinear, e ainda mais uma tradução paralela para o inglês. Em muitos aspectos e minúcias pode ser considerado o "Pai" da Tradução Novo Mundo, esta editada previamente pelos jeovistas. O "Diaglotão" é sempre citado pelas "testemunhas" como sendo a última palavra, a grande autoridade a amparar suas asserções presunçosas e dogmáticas, insistindo que "o sentido literal do grego é tal e tal" porque assim está no "Diaglotão". Nec plus ultra! 

Contudo, a tradução é anódina, deficiente, carece de valor, e as eruditos simplesmente a ignoram como fonte de consulta. Não a citam, porque não oferece garantia, nem resiste a uma análise seria. 

Por outro lado, os prelos da grande editora jeovista sediada em Brooklyn, Nova Iorque, EE. UU., em 1950 deram à luz a primeira edição do Novo Testamento da "New World Translation of the Christian Greek Scriptures" (Tradução Novo Mundo das Escrituras Gregas Cristãs). De então para cá, completando a tradução própria da Bíblia, imprimem-na em vários idiomas. A edição em inglês é recheada de notas à margem e rodapés "elucidativos" do texto. Em 1963 lançam o Novo Testamento, Edição Brasileira, versão que evidentemente se situa abaixo da crítica. É mera retradução do inglês e, como aquela, feita sob medida, toda pré-moldada à heresia jeovista, fazendo "pendant" especialmente com o unitarismo enfermiço que caracteriza a seita. Do ponto de vista consultivo é nula. É extravagante, tendenciosa, medíocre e também, à vista de seu flagrante demérito, é igualmente ignorada pelos eruditos como fonte de consulta e estudo. 

Estas traduções não têm o valor que lhe atribuem as iludidas "testemunhas". Na sua boa fé, trombeteiam, de maneira irritante, que a apreensão de sentido do grego original do Novo Testamento é, nelas, correta e impugnável? No entanto, não resistem a um cotejo sério, em profundidade. E citamos um fato rigorosamente verdadeiro, relatado pelo Sr. Norman Klann, co-autor da obra Jehovah of the Watchtower, páginas 99 e 100. Certo elemento do staff intelectual da Sociedade Torre de Vigia, Sr. Bowman, propôs-se a "esclarecer" o autor daquele livro no que concerne à exata tradução do "The Emphatic Diaglott". Eis as palavras textuais de Klann: 

"Nessa reunião apresentei-lhe o Sr. Robert Moreland, professor de grego e hebraico no Shelton College, que se ofereceu voluntariamente para ajudá-lo na pesquisa da tradução correta de S. João 1:1, Colossenses 2:9, S. João 8:58 e outros textos que as 'testemunhas' traduzem errônea e tendenciosamente com a finalidade de 'provarem' suas doutrinas não-ortodoxas. O Sr. Bowman, instrutor categorizado das Testemunhas de Jeová, foi completamente derrotado pela exegese lingüística e lídimos postulados gramaticais do grego apresentados com maestria e autoridade pelo Prof. Moreland, a tal ponto que Bowman admitiu francamente não poder refutá-lo, ficando tão desconcertado como uma criança que acabara de ficar privada de seus brinquedos prediletos". 

Nos primeiros capítulos deste trabalho apresentaremos uma dissecação de suas traduções deformadas dos textos divinitórios de Cristo, os principais deles, mas o suficiente pura demonstrar que, neste ponta, os amigos jeovistas embarcam em canoa furada. Seus "ministros" de certa cultura decoraram urna "oferta verbal" destes pontos – cuja orientação lhes vem no Escola Bíblica de Gileade (South Lancing, Nova York), inaugurada em 1943. Contudo, não resistem a uma contraprova firme e documentada. 

Outra tática que empregam presentemente, nos contatos proselitistas, é a amabilidade, a cortesia estudada, pois verificaram que seus métodos diretas e ríspidos de outros tempos (de orientação rutherfordiana que aconselhava a odiar os "religionistas") não produziam os resultados esperados. Enfim resolveram aplicar os princípios das relações públicas. Passaram a usar a cabeça. Contudo até mesmo dez anos depois do falecimento de J. F. Rutherford ainda mantinham a doutrina do ódio. Prova? A revista The Watchtower (A Torre de vigia), edição de 1.° de outubro de 1952, num extenso artigo intitulado "Jeová – Forte Refúgio Para Hoje", páginas 596-604, defende o "ódio" ao denominado mundo cristão, à cristandade, ali averbada de "inimigos de Deus". Reproduzamos alguns trechos: 

"Os que aborrecem a Deus e a Seu povo [as Testemunhas de Jeová] devem ser odiados, mas isto não quer dizer que se busque urna chance de feri-los com espírito de maldade e rancor, porque estas coisas pertencem ao diabo, ao passo que o ÓDIO PURO não lhe pertence. Precisamos odiar ao mais completo sentido, o que vem a ser votar a mais viva e extrema aversão, considerar [os tais] como nojentos, odiosos e imundos, e detestar mesmo. Por certo os que aborrecem a Deus não estão capacitados para viver em Sua bela terra... 

"Não haveremos, então, de aborrecer aos que aborrecem a Deus? Sim, não podemos amar esses inimigos odiosos, pois eles apenas servem para a destruição". (Grifos e versais nossos], 

Mais adiante, no mesmo artigo, depois de citarem trechos dos salmos 74 e 59, em que Davi se refere aos inimigos, prosseguem no mesmo diapasão: 

"Estes são os verdadeiros sentimentos, desejos e orações dos justos de hoje [as 'testemunhas de Jeová']. Não são também estes os vossos sentimentos? Como odiamos aos obreiros da iniqüidade, e aqueles que querem demolir a organização de Deus!... 

"Os moabitas de hoje são os professos cristãos... os quais contra as Testemunhas de Jeová movem um ódio que não procede da justiça, mas do diabo. . . Detestam o crescimento do povo de Deus... Serão humilhados, porque Jeová liqüida com eles..." 

Basta! Compare-se isto com o ensino de Jesus que manda amar os inimigos e orar pelos que nos perseguem. Hoje, no entanto, adotam a tática da cortesia estudada, e não dizem que "odeiam". 

O Sr. William J. Schnell, autor do livro Trinta Anos Escravizado à Torre de Vigia, falando das alterações doutrinárias dos jeovistas, é taxativo: 

"O Evangelho da Sociedade da Torre de Vigia sofreu três mudanças nos últimos setenta anos e, entre 1917 e 1925, a Sociedade da Torre de Vigia mudou 148 pontos de doutrina e interpretação". (W. 1. Schnell, Outro Evangelho, p. 24). 

Nosso desiderato, ao radiografarmos o jeovismo, é mostrar o que se contém realmente em seu bojo, sem nutrir para com seus membros nenhuma animadversão, e para com o sistema nenhum odium theologicum. Este livro, contudo, destina-se a alertar os desavisados contra os enredos bem urdidos, com foros de verdade, mas que não passam de pitfalls armados ao longo do caminho do cristão. 

Cremos que, conhecendo-se os pretensos fundamentos doutrinários da seita agressiva, e os fatos indesmentíveis que há no bojo do sistema, mais se reforça a convicção de que o ensino disforme e obtuso do jeovismo deve ser rejeitado. Daí a razão dessa radiografia que apresenta um retrato interior e transparente da esdrúxula seita, inclusive divulgando fatos pouco conhecidos no Brasil. 

Conhecemos almas sinceras enredadas no sistema jeovista. Conhecemos outros que já o deixaram, desencantadas com sua escatologia e a lúgubre "esperança" de salvação que apregoa. 

Destina-se o livro a reforçar a fé dos crentes em Cristo, "o qual é sobre todos, Deus bendito para todo o sempre. Amém". Rom. 9:5. 

Que Deus ilumine os sinceros!