24 A BÊNÇÃO DO PAI OU O PAI DA BÊNÇÃO?

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Pr. Aerce Marsola

Texto: Lucas 15.


I - Introdução


  Em resposta à acusação dos escribas e fariseus: ‘...este recebe pecadores e come com eles’, Jesus contou três das mais belas e significativas parábolas:


1 - A Parábola da Ovelha Perdida;


2 - A Parábola da Dracma perdida;


3 - A Parábola do Filho Pródigo.


Todas elas simbolizam o extravio do pecador e o extremo cuidado e amor com os quais Deus, através de Cristo, o busca.


1. A Parábola da Ovelha Perdida


Na parábola da ovelha perdida, 99 estão seguras, porém, o pastor não fica tranqüilo enquanto não recupera a ovelha perdida. E, quando a encontra, faz festa.


Esta parábola representa o pecador que um dia estava no redil do Bom Pastor, mas, viu a “grama mais verde” no pasto vizinho. Foi e perdeu-se. Sabe de sua condição, mas, não  conhece o caminho de volta. Estaria para sempre perdida, não fosse o cuidado do pastor.


2. A Parábola da Dracma perdida


Na parábola da dracma perdida, uma mulher, que recebera dez moedas como dote de casamento, perde uma dentro de sua própria casa. A perda não é tanto monetária e sim sentimental, de reputação. 


Significava falta de cuidado com o dote recebido. Ao perceber a falta de uma moeda, ela varre toda a casa , até encontrar a dracma perdida. Quando a encontra, convida as amigas e faz uma grande festa, porque achou a moeda perdida.


A dracma representa o pecador que embora esteja perdido, e pareça sem valor, tem muito significado para Deus. O fato de estar no meio da sujeira não a faz perder o seu real valor.


Representa alguém que está perdido mas não tem consciência de sua situação A mulher simboliza a Cristo Jesus que “varre a casa” e no meio do pó encontra a dracma e também faz uma festa quando a encontra.


3. A Parábola do Filho Pródigo


Representa o pecador que um dia estava na casa do Pai, mas não admirava o caráter do Pai. Cansou-se de tantas “proibições”. Um dia pediu “a parte da fazenda que lhe pertencia” e foi embora. Foi viver “dissolutamente”.


Ele estava agora perdido; sabia de sua condição; conhecia o caminho de volta. O pai não foi atrás, mas, quando o filho voltou, recebeu-o de braços abertos e fez uma grande festa.


Quero deter-me hoje um pouco mais nesta parábola. Porque ela tem muito a ver com você e comigo.


II - O Pedido Do Filho Mais Moço


A Bíblia fala que um pai tinha dois filhos. Um dia, o filho mais moço, pediu a parte da herança para ir embora.


Por que o mais moço?


Muitos dizem que os pais amam mais o filho mais moço. Não é verdade. Os pais amam a todos com o mesmo amor.


O problema aqui, não estava com o pai, estava com o filho:


Pedir a herança era uma grande ofensa. Ela só pertenceria ao filho após a morte do pai. Demonstra que o filho estava mais interessado na “herança do pai” do que na “presença do pai”.


Ao dar a herança ao filho, o pai demostra uma característica do amor: o livre arbítrio. Ele tinha o direito de “segurar o filho”, mas não o fez. 


Quantos hoje, não dão o direito para as pessoas amadas exercerem o direito da livre escolha. Isto é, o livre arbítrio.

 

A atitude do filho representa o comportamento de muitos cristãos hoje: querem apenas a “Bênção de Deus”, não estão muito preocupados com a “presença de Deus”. Aliás, muitos vão à Igreja e até se batizam devido ao “auxilio” que recebem. Quando o não têem mais, abandonam a Igreja dizendo: não há amor...”


III - A Partida Do Filho


Jesus disse que, passados não muitos dias, o moço, ajuntando tudo o que era seu, partiu para uma terra distante.


Ele não queria repartir a sua herança com ninguém. Não queria que ninguém que o conhecesse criticasse seu estilo de vida.


“Ajuntando tudo o que era seu” - Representa o pecador que não reconhece que tudo pertence a Deus. (Salmo 24:1)


Diz ele: “é meu e faço o que quero...”.


“Partindo para uma terra distante, dissipou os seus bens, vivendo dissolutamente”.


É difícil fazer as coisas erradas na presença do pai. É difícil praticarmos as coisas erradas, quando estamos próximos das pessoas que nos amam.


Por isso, o jovem foi para uma terra distante...

Por isso, hoje, os lugares escondidos, escuros...


Mas, que lugar é tão longe de Deus que possamos escapar de Sua vista? (Ver Salmo 139:7 a 12)


Ellen G. White nos diz que “se tivéssemos o senso da presença de Deus, teríamos receio de pecar. ...” Aqui está o segredo da vitória: “A presença do pai”.


Tenhamos sempre a “presença do pai” por perto, então, não pecaremos.


IV - A Herança Acaba


“Dissipou todos os seus bens” - Longe do pai, as bênçãos não nos acompanham.


Quando consideramos “nossas” as dádivas de Deus, e gastamos dissolutamente, não perguntando ao Pai, pois Ele está distante, e nem queremos saber o que tem a dizer, o resultado certo é esse: gastamos tudo, e gastamos mal. Quem sabe, isso não esteja ocorrendo comigo e com você, meu querido irmão?!


Agora, não tinha nada. Procurou os amigos. Nada! Para piorar a situação houve uma grande crise no país.


Quero dizer, que , para o filho de Deus não há crises, pois o seu Pai é o dono legítimo de todas as coisas. Ele cuida de Seus filhos!


V - Cuidando De Porcos


Porém, o filho estava longe, não queria a intervenção do pai. Agora, ele está onde jamais imaginava que pudesse chegar - cuidando de porcos, e o que é pior: querendo comer a comida de porcos.


Muitas vezes, nós também queremos ser porcos. Queremos comer a “comida dos porcos”. Isso ocorre todas as vezes que deixamos de fazer alguma coisa que nos parece atraente, embora pecaminosa, “só porque somos “adventistas”. 


Dizemos: “obrigado, não posso, minha religião não permite...” Então, pensamos “ah, se eu não fosse um adventista, quantas coisas boas eu poderia fazer sem ter dor de consciência!” Todas as vezes que assim agimos, a exemplo do “filho pródigo”, queremos ser porcos para nos deleitarmos com as comidas dos porcos.


Para um judeu, cuidar de porcos era terrível. Imaginemos comer comida de porcos!


O moço percebeu que, longe do pai, quão cedo a herança acaba. Agora tem tempo para meditar. Pensa no pai. Em seu caráter. Seu amor. Lembra-se de suas últimas palavras: “Esta casa estará sempre de portas abertas, não importa como você estiver, volte filho!”


VI - O Arrependimento E Volta Do Filho


“Levantar-me-ei, e irei. ter com o meu pai...


E ele volta, porém, demonstra não conhecer o pai. Prepara um elaborado discurso para apresentar ao pai.


Quer agora ser servo. Não crê ser digno de ser filho...


Agora, o filho quer ser servo, pois a presença do pai para ele é suficiente. Não busca mais sua fazenda. Busca apenas a sua presença e o seu sustento.


Vai ao encontro do pai. 


O pai, porém, tem outros planos. O pai tem outros olhos. O pai será sempre pai!


Sempre amará o filho, não importa o que seja. Não importa onde esteja. Não importa o que faça.


VII - O Encontro Com o Pai


“E, levantando-se, foi para seu pai...”. O pai, vendo-o de longe, corre ao seu encontro. Como ele esperava aquele momento! Por quanto tempo havia sombreado os olhos para tentar ver o filho voltando!


Amigo, se você está longe de seu pai, não demore, volte correndo. Não fique aí parado. Não fique sentado à beira do caminho, ou ao lado da podridão deste mundo - levante-se, vai ao encontro do pai. O pai o aguarda de braços abertos. Como Ele almeja a sua volta! Vai correndo ao encontro do Pai!


O pai o abraça. O pai o beija...

Não se importa com a sua sujeira. Não se importa com o seu mau cheiro... afinal, é o seu filho que voltou.


Amigo, vá ao encontro do pai como você está. O Pai o receberá.


Muitos querem reformar-se primeiro para depois ir ao pai. Isto é impossível. Vá como você está. É Ele quem diz: “Vinde a mim todos os que estais cansados e Eu vos aliviarei...” “sem Mim, nada podeis fazer” S. Mt. 11:28 e S. Jo. 15: 5. 


VIII - Confissão e Aceitação


O filho faz a sua confissão: “Pai, pequei contra o céu e contra ti...”. Sempre temos que ter em mente que o pecado não é praticado apenas contra os seres humanos, mas, acima de tudo é cometido contra Deus. Então o filho completa: “já não sou digno de ser chamado teu filho...”


O pai olha para o filho. Contempla sua sujeira. Sua indignidade. Seu arrependimento. Não permite mais que o filho fale; não quer que o filho sofra ainda mais. 


Não quer que ninguém mais veja a sua sujeira. Não quer que seus servos o vejam assim. - cobre-o com o seu próprio manto e então diz aos servos: “Trazei depressa a melhor roupa, vesti-o, ponde-lhe um anel no dedo e sandálias nos pés;”


Quando vamos a Jesus como estamos - nus, descalços, destituídos de dignidade, Deus, através de Cristo Jesus, nos perdoa, nos cobre com o Seu “manto de Justiça”, nos devolve a dignidade de filhos, com, o seu anel de afinidade, e olha para nós como se nunca tivéssemos pecado. 


O anel colocado em seu dedo simbolizava o afeto do pai pelo filho. Os servos não usavam anel. Ao ser recebido como filho, ele passou novamente a fazer parte da família, com todos os privilégios e deveres que isto significava. 


O filho pródigo havia saído do lar vestido ricamente., com sandálias nos pés, com anel no dedo, indicando sua alta posição na sociedade. Agora, voltava como realmente um servo - mal vestido, quase nu, sujo, descalço e sem anel. Tudo havia perdido em sua louca aventura. Ao voltar à casa paterna tudo mudou.


Ao receber o anel, estava recebendo a autoridade de filho. Podia novamente falar em nome do pai. Negociar em nome do pai...


Antes o filho era um servo, embora pensasse que fosse filho. Agora, queria ser servo e descobre que é filho.


Descobre que, quando queria apenas a “bênção do pai”, e foi embora, a “bênção” acabou. Quando voltou, querendo apenas o pai, percebeu que as bênçãos voltaram. 


IX - A Volta Da Bênção


Com o pai, a bênção . Sem o pai, a maldição. Não existe verdadeira bênção longe do Pai. A Verdadeira bênção sempre estará junto do Pai.


Caro amigo e irmão, o que você busca, “a bênção do Pai, ou o Pai da bênção?” Nunca se esqueça: “a bênção, sem o pai, acaba. Com o pai sempre está a bênção.”


X - A Festa Da Volta


“Trazei e matai o novilho... comamos e regozijemo-nos...”


O pai faz uma grande festa. Manda matar o “bezerro cevado”, reservado para ocasiões muito especiais. A alegria em seu coração era muito grande. Não teve tempo para repreensões. Não passou uma grande reprimenda no filho. 


Não ficou lembrando-o do que lhe havia dito quando estava para partir de casa. De tudo isto o filho estava ciente. De tudo isso esqueceu-se o pai quando viu o filho retornando arrependido. 


O Pai celestial sempre faz festa quando alguém volta ao lar.


Jesus disse: “Aquele que vem a mim, de maneira alguma o lançarei fora.” S. João 6:37.


XI - O Filho Mais Velho


O filho mais velho entra em cena. Chega do trabalho e pergunta a um servo, ao ouvir tanta festa: “o que está havendo?”. Infelizmente, sempre existe alguém que não está satisfeito com festa para alguém que, arrependido quer abandonar a vida de pecados. 


Sempre existe alguém que interpreta mal o amor do pai. Aquele servo logo espalhou a notícia: “veio teu irmão, e teu pai mandou matar o novilho cevado...”


Isso era demais para aquele irmão. “Será que o irmão mais novo voltara para levar mais ainda daquilo que julgava ser de direito seu?” O filho mais velho fica indignado. Vai avistar-se com o seu pai. Quer tirar satisfação. Mostra todo o seu descontentamento. Desabafa todo o seu ódio.


Mostra ao pai a sua lealdade: “Há tanto tempo te sirvo, sem jamais transgredir...” Ele estava sendo correto no que afirmava Realmente, legalísticamente falando, ele havia sido fiel a seu pai. 


Somente havia um erro: como o filho pródigo, ele também estava interessado na recompensa. Demonstrou não ser digno da filiação quando afirmou: “nunca me deste um cabrito...mas para esse teu filho, que desperdiçou os teus bens com as meretrizes, tu mandaste matar o bezerro cevado.”


Ele julgava-se tremendamente injustiçado. Esquecia-se do fato de que tudo pertencia ao pai e portanto ele podia dar a quem quisesse.


Quantas vezes isso ocorre também conosco. Quando vemos que pessoas não “tão fiéis” como nós “progridem mais.” 


Quantas vezes criticamos a igreja, o pastor e as pessoas que tantas vezes saíram e voltaram para a casa do Pai.


XII - O Amor do Pai


O pai, porém, amava também o filho mais velho. Com o mesmo amor com que amava o filho mais moço. Nada podia fazer com que o pai amasse mais ou menos um dos dois.


Devemos sempre ter em mente, que nada podemos fazer para que Deus nos ame mais. Nada podemos fazer para que Deus nos ame menos. 


Deus nos diz: “Com amor eterno te amei. Com benignidade eterna te atraí” “Deus prova o Seu amor para conosco em que Cristo Jesus morreu, sendo nós ainda pecadores.” Rom. 5:8.


XIII - O Motivo para o Serviço


O filho mais velho servia o pai como servo e não como filho. Ele esperava a recompensa. Embora seja justo esperarmos a recompensa pelos nossos labores, não é justo criticarmos o Pai por Sua grande compaixão e misericórdia para com os outros.


Quando servimos a Deus apenas como servos, cumprimos a sua lei, por temor, senão, “seríamos castigados.”


Quando guardamos o sábado, praticamos as leis de saúde, empregamos os nossos talentos, devolvemos os dízimos e damos as ofertas, porque se não o fizéssemos, estaríamos sujeitos ao castigo divino, e conseqüentemente, não receberíamos o “cabrito”, estamos demonstrando pela nossa maneira de agir, que não somos filhos, somos servos.


A Bíblia registra as palavras de Jesus a esse respeito: “Assim também vós, depois de haverdes feito quanto vos foi ordenado, dizei: somos servos inúteis, porque fizemos apenas o que devíamos fazer.” S. Lc. 17:10.


IXX - A Razão da Festa


“Meu filho, tu sempre estás comigo; tudo o que é meu é teu.”


O pai, sempre é pai. Jamais se zanga pela incompreensão dos filhos, embora sofra. Tudo faz pelos filhos. Tudo dá para os filhos. 


O pai lembra ao filho que o fato de não ter abandonado o pai, o colocava como herdeiro  natural de tudo que é dele, do pai. O pai não está abrindo mão do que é seu. Simplesmente está dizendo ao filho, que, enquanto ele estiver com o pai terá tudo o que for necessário e até mais.


O pai, agora, refere-se ao filho que voltava. Justifica, embora não precisasse dar satisfação ao filho, o porque da festa. Lembra-o também de que quem voltava para casa não era apenas o “teu filho” mas, também “teu irmão” - “Era preciso que nos regozijássemos e  nos alegrássemos, porque esse teu irmão estava morto e reviveu, estava perdido e foi achado.”


XX - Conclusão


A Parábola termina sem nos informar se o irmão mais velho entendeu ou não a questão. Entendeu, ou não o amor do pai. Se entrou, ou não na festa. A conclusão pertence a cada um de nós. 


Esta parábola retrata a sua e a minha vida, queridos amigos e irmãos. Ou somos o filho pródigo, ou o irmão mais velho.


Infelizmente, nem todo o filho pródigo volta ao lar.


Nem todo irmão mais velho entra na festa.


Se você é um filho pródigo vagando longe da casa do pai, volte aos seus braços, não importa como você esteja, volte assim mesmo. 


O pai o receberá. O beijará,o vestirá, o calçará, colocará um anel de filiação em seu dedo e fará uma grande festa!


Se você é o filho mais velho. Entre na festa. Sirva ao pai por amor, não por temor. por obrigação, ou com o olho na recompensa. 


Não pense no cabrito. Pense no pai. Afinal não foi Ele quem disse: “O que é meu é teu?”


Não busque a “bênção”, busque o Pai. PORQUE AS BÊNÇÃOS SEMPRE ESTARÃO NO LUGAR EM QUE O PAI ESTIVER.


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