458 O que são `Principados e Potestades`?

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A fórmula "principados e potestades" identifica figuras investidas de poder e autoridade, e aparece em Romanos 8:38, I Coríntios 15:24, Efésios 6:12, Colossences 2:15, entre outros textos, além de Efésios 3:10, aquele que mais se enquadra ao tema da lição. 


Fazem referência, não exclusiva, mas particular, a forças sobrenaturais tanto do bem como do mal, forças essas que, de alguma forma, se acham envolvidas nos negócios deste mundo. Sem dúvida os termos referem-se especialmente a anjos, embora I Pedro 3:22 pareça fazer diferença entre estes e os primeiros.


Outros termos empregados ora intercambiavelmente, ora em conjunção com "principados e potestades", são: poderes, dominadores, tronos, soberanias, autoridades etc. De fato, o Universo está repleto de seres inteligentes, além daqueles que perfazem a humanidade.


A lição estuda o papel dos principados e potestades malignos no grande conflito que se desenrola neste planeta, e que caminha agora para um desfecho culminante. 


Domingo, 25 de junho – "Quando as estrelas da alva... cantavam"


A introdução da lição, bem como o estudo de hoje, lembram que a ciência astronômica confirma aquilo que a Bíblia deixa transparecer: não estamos sozinhos no Universo; algures, bem além do nosso planeta, existem formas de vida. 


E mais que isso; estes seres estão interessados no que está ocorrendo conosco, e como as coisas aqui se processam. Paulo diz que somos feitos "espetáculo ao mundo" (I Cor 4:9); "mundo", nesta passagem, é a tradução de kósmos, que significa todo o Universo.


É claro que existem outros planetas habitados e, embora Ellen G. White afirme que "muitos, em diferentes circunstâncias, têm distinguido as vozes de habitantes de outros mundos" (Filhos e Filhas de Deus, pág. 37), não devemos supor que os seres desses planetas façam mais que acompanhar com muito interesse o "que está se passando aqui", no desenrolar do "drama" dos séculos. 


Não acredito que eles entrem em contato com a Terra, ou aqui venham nesta ou naquela circunstância, com esta ou aquela missão, como imaginam os que acreditam em OVNIS – objetos voadores não identificados (popularmente conhecidos como discos voadores). Simplesmente, não vejo como e por que habitantes de planetas onde o pecado nunca penetrou estariam interessados em manter contato com homens perdidos.


Todavia, outros seres, naturalmente não de qualquer distante planeta, tomam parte ativa no confronto entre o bem e o mal que tem a Terra por campo de batalha. No contexto dessa afirmação do Espírito de Profecia, fica evidente a quem a serva do Senhor se refere: "Estes seres celestiais são anjos ministradores, e eles freqüentemente se manifestam na forma de seres humanos. 


Em vários lugares, eles têm sido companheiros de viajantes em perigo" (Ibidem). Impressionantemente, os anjos tomam a aparência humana e se tornam visíveis. E os demônios têm também essa faculdade. 


"Instrumentos satânicos, em forma humana, tomarão parte nesse derradeiro e grande conflito para se opor à edificação do reino de Deus... [Eles] se encontram em toda a cidade. Não nos podemos permitir estar desapercebidos nem por um momento." – Mensagens Escolhidas, vol. II, pág. 383.


"De fato, todo o Universo está envolvido no grande conflito entre Cristo e Satanás, uma luta com implicações que vão muito além de nosso pequeno planeta."


A expressão "estrelas da alva" também faz referência a anjos; essas estrelas aparecem em associação com "filhos de Deus" em Jó 38:7 e 8, onde está claro que tais seres foram criados bem antes que o homem. 


Em 1:6 e 2:1, os "filhos de Deus" poderiam ser representantes de comunidades inteligentes espalhadas pelo Universo; os textos indicariam que esses representantes comparecem periodicamente diante de Deus para prestar contas de suas atividades. 


Nas duas ocasiões referidas, Satanás se fez presente para falar pela Terra, algo que caberia a nosso pai Adão, não tivesse ele entregado de "mão beijada" ao inimigo o domínio do planeta. Hoje, todavia, o grande Representante da humanidade diante de Deus é o segundo Adão, Jesus Cristo, face à vitória contra Satanás obtida na cruz (ver pergunta 4). 


O representante anterior se fazia presente nos concílios celestiais apenas para acusar os seres humanos, como foi no caso de Jó (ver Jó 1:9-11; 2:4 e 5). Com efeito, Satanás é o grande acusador (lição de terça-feira); seu nome significa adversário e, como tal, a tarefa de acusar lhe é própria (o grego diabolos, de onde deriva o português "diabo", significa caluniador). 


O Representante atual, todavia, intercede por nós diante de Deus (Heb 7:25), e é nosso advogado de defesa "junto ao Pai" (I João 4:1).


Segunda-feira, 26 de junho – "A ira do diabo"


Tem sido observado por alguns estudiosos do Apocalipse que o capítulo 12 é o centro textual deste admirável livro. O primeiro bloco, formado pelos onze capítulos iniciais, soma 194 versos; o segundo bloco, formado pelos últimos dez, 193. É também seu centro temático e, por isso mesmo, fundamental no significado de sua mensagem. 


O primeiro bloco pressupõe um adversário conduzindo o mundo em sua rebelião contra Deus; sua presença é implícita, pois ele opera por trás dos bastidores. No segundo, sua operação é explícita, primeiramente através de instrumentos que lhe devotam lealdade e efetivam seus planos diabólicos (Apoc. 13 e 17); depois, de forma direta e sem disfarce (cap. 20). O capítulo 12 identifica esse adversário e denuncia sua infausta obra: lutar contra Deus. 


O grande conflito, o tema do Apocalipse em geral e do capítulo 12 em particular, é realçado, neste e nos capítulos seguintes, em seus lances finais. Estes culminam com o banimento definitivo do mal (v. 20) e com o surgimento de um planeta totalmente isento de pecado (vs. 21 e 22). 


A guerra milenar de Satanás contra Deus deve ser vista no capítulo 12 em seu combate a Jesus e à Igreja. As personalidades atuantes são: a mulher, seu Filho, seus últimos descendentes (o remanescente) e o dragão. É impressionante que a reivindicação do caráter de Deus, que ocorre através de Jesus, alcance sua culminação através da Igreja (lição de quinta-feira).


Lembramos que o centro do centro do Apocalipse, isto é, o centro de seu capítulo central, é composto pelos versos 7-12, que descrevem a "batalha" de Miguel e seus anjos contra o dragão e seus anjos. 


O mais glorioso de tudo é que a vitória de Miguel, Aquele que sempre Se levanta em favor de Deus e de Seu povo (Dan. 12:1), não é apenas dEle, mas de todos quantos se tornam Seus seguidores. 


Depois de anunciar a derrota do inimigo, uma grande voz procedente do Céu proclama vencedores os "nossos irmãos", e isso "por causa do sangue do Cordeiro, e por causa da palavra do testemunho que deram" (v. 11). Em outras palavras, o triunfo da cruz é o nosso triunfo.


Apocalipse 12:7-9 faz referências à peleja no Céu entre Miguel e Seus anjos contra o dragão e seus anjos, com a conseqüente vitória dos primeiros. Naturalmente, lemos o texto e imediatamente pensamos na rebelião do querubim Lúcifer, levada a efeito no Céu ao princípio, o que resultou em sua expulsão e de quantos a ele se aliaram. 


É possível entrever esse evento aqui, mas não devemos esquecer que, à luz do contexto literário imediato, essa aplicação deveria ser considerada secundária. É improvável que, tão logo ao ser Lúcifer, no princípio, expulso do Céu, tivesse este proclamado as gloriosas colocações dos versos 10-12. "Tão logo" não é linguagem exagerada, porque o sentido da preposição grega arti, empregada no verso 10, e traduzida "agora", é "agora mesmo", "precisamente neste momento", "exatamente agora" etc.


"Por ocasião da expulsão mencionada nos versos 9, 10 e 13, ‘o acusador de nossos irmãos’ já estivera ativamente empenhado em acusá-los ‘de dia e de noite, diante do nosso Deus’. Evidentemente, a queda de que tratam esses versículos ocorreu depois de um período durante o qual Satanás esteve acusando ‘os irmãos’, e parece, portanto, que esta não pode ser a expulsão original de Satanás antes da criação da Terra" – SDABC, vol. 7, pág. 810.


Assim, as aclamações celestiais fazem muito mais sentido se consideramos o ministério terrestre de Jesus, culminando com a cruz, como o ambiente mais natural e propício desse confronto, o que seria a aplicação primária do texto; em outros termos, a "peleja" seria o esmero com que o diabo tentou, através da tentação para o pecado ou da ameaça de morte prematura, desviar Jesus do cumprimento exato do plano do Pai, que resultaria na redenção humana. 


Poderíamos supor o mínimo de duas expulsões de Satanás: uma material, física (se podemos aplicar este termos a anjos), aquela no princípio, e outra, moral, ocorrida no Calvário.


É verdade que o texto fala da peleja "no Céu", entre Miguel e Satanás, e da expulsão deste para a Terra. Não indicam estes termos a rebelião original de Lúcifer? Se a batalha é aqui neste mundo, durante o ministério de Cristo, porque é dito ser no Céu? E por que um dos contendores se chama Miguel (o nome do Cristo pré-existente) e não Jesus? E por que fala aí da expulsão do dragão para a Terra? 


Bem, não podemos ignorar que o evento do Calvário significou "uma expulsão" do príncipe deste mundo (ver João 12:31), e que "Céu", nos escritos joaninos, é mais que um ponto geográfico. Por exemplo, Jesus afirmou a Nicodemos que "ninguém subiu ao Céu, senão Aquele que de lá desceu" (João 3:13). 


Aquele que desceu do Céu é o próprio Jesus, mas o ato de subir é descrito como algo do passado ("subiu"), embora a ascensão, nessa ocasião, estivesse ainda no futuro. Portanto, "Céu" não tem conotação meramente espacial, mesmo porque Enoque e Elias haviam subido para lá, e o Mestre não poderia estar ignorando esse fato. Esta declaração deve ser entendida dentro do seu contexto. 


O assunto com o doutor da lei não era o evento histórico da ascensão, mas o papel revelacional de Deus que o Filho cumpriu em Seu ministério terrestre. Cristo podia falar de "coisas celestiais" (v. 12) porque sabia o que essas coisas eram e as tinha visto (v. 11). Ele é o único que "subiu ao Céu", isto é, que penetrou o conhecimento dessas coisas, e que "desceu do Céu", isto é, que entrou em comunhão conosco pela encarnação, para nos trazer o conhecimento destas coisas.


Portanto, "Céu", aqui, tem sentido espiritual e indica a única posição da qual o conhecimento completo e verdadeiro sobre Deus pode ser auferido, trazido e comunicado. E isso implica igualdade com Deus, porque só um ser igual a Ele pode fazer tal revelação. 


Neste caso, Isaías 14:12 está provavelmente presente nas entrelinhas de João 3:13. Naquele texto, é referida a ambição do "filho da alva" (Lúcifer) de ascender ao Céu e ser "semelhante ao Altíssimo". Todavia ele não conseguiu isso; ficou apenas na pretensão e na ambição. 


Entendemos que essa pretensão foi alimentada pelo querubim antes de sua expulsão do Céu. Em outras palavras, ele estava em um local que se chama Céu, todavia pretendendo subir ao Céu. A conclusão lógica é que, nesse texto, subir ao céu significa participar da igualdade com Deus. Mas aquilo que para Lúcifer não passou de pretensão, para Cristo é natural participação. "Ninguém subiu ao Céu" senão Ele.


Situação idêntica é a que encontramos em Apocalipse 12:7. A batalha é no "Céu", isto é, no campo da pretensão de igualdade com Deus, precisamente o que Satanás mais ambiciona. 


Aquele que combate pela honra divina se chama Miguel. Por quê? Porque é Jesus, na qualidade de Miguel, que Se levanta para vindicar a honra de Deus. O significado desse nome é uma interrogativa feita na forma de um repto: quem é igual a Deus?! Ser igual a Deus é precisamente a pretensão de Satanás. A "peleja" aqui referida deve desmascará-lo e expulsá-lo "do Céu" para a Terra, isto é, deve revelar o seu verdadeiro caráter de usurpador, e ser derrubado de sua pretensão.


Toda essa operação está intimamente envolvida com a obra do Calvário. O que o Céu proclama em viva voz, tão logo esta obra se consuma, evidencia esta verdade: "Agora [exatamente agora] veio a salvação [a vindicação], o poder, o reino do nosso Deus e a autoridade do Seu Cristo [não disse Jesus depois da ressurreição que "toda a autoridade" Lhe era dada no Céu e na Terra?], pois foi expulso o acusador de nossos irmãos..."


Terça-feira, 27 de junho – "O Acusador de nossos irmãos"


Tem o diabo de que nos acusar diante de Deus? É evidente que sim, pois todos somos falhos, temos deficiências de caráter e cometemos o pecado. Mas uma coisa o diabo tenta ignorar: o fato de que nos valemos de Cristo como Salvador e que recebemos o perdão de Deus mediante arrependimento, confissão e fé nEle. 


É por isso que Deus confronta o inimigo com as palavras "o Senhor te repreende, ó Satanás" (estudo de amanhã). Ele nos acusa motivado por seu empenho de provar que Deus, no que respeita a nós, abre mão de Sua justiça; age assim porque insiste em ignorar, como já referido, o plano divino de redenção.


Aliás, o inimigo se move entre os extremos da exclusão recíproca entre misericórdia e justiça, o que resulta em dupla suposição (por natureza falsa, é claro, em ambos os aspectos): que a justiça de Deus é incompatível com Sua misericórdia e vice-versa, e que, portanto, ou Deus é justo e não pode, usando de misericórdia, salvar o pecador; ou Ele é misericordioso e, precisamente por este fato, tem que abrir mão da justiça. 


Ambas as hipóteses resultam em ausência de salvação, pois, na primeira, simplesmente o pecador não é salvo, enquanto, na segunda, a salvação é uma farsa, isto é, não é salvação do pecado e sim salvação no pecado, o que significa a perenidade deste.


O Calvário acaba com ambas as artimanhas, de maneira que a acusação de Satanás sempre cai no vazio, no que respeita àquele que se esconde no Salvador. Mas Ellen G. White chama a atenção para o fato de que o segundo engano (a misericórdia leva Deus a abrir mão da justiça) será o ponto sobre o qual "sobrevirá o derradeiro conflito da grande luta entre Cristo e Satanás... É o último grande engano que ele há de trazer sobre o mundo". – O Desejado de Todas as Nações, pág. 567. 


Mais uma vez, o caráter de Deus será reivindicado e, desta vez, através do remanescente fiel, o mesmo que é acusado de dia e de noite por Satanás (Apoc. 12:10), mas que, através da obra do juízo, será devidamente vindicado, justificado e salvo. 


Quarta-feira, 28 de junho – "O Senhor te repreende, ó Satanás"


O estudo de hoje apresenta um clássico exemplo daquilo que foi estudado ontem. O sumo sacerdote Josué, líder espiritual do povo de Deus por ocasião do retorno de Babilônia e da reconstrução do templo de Jerusalém, foi acusado por Satanás perante Deus (Zac. 3:1-4). 


Parece que o inimigo tem uma predileção especial pelos líderes porque sabe que, com eles, poderá arrastar um grande número do povo de Deus.


Não se sabe qual teria sido precisamente o pecado de Josué do qual Satanás o acusava. Talvez não tenha sido algum pecado específico, mas que, como sumo sacerdote, incorporasse a própria condição de seu povo, que havia sido infiel a Deus, em razão do que viera o cativeiro. 


Possivelmente, era empenho de Satanás alimentar uma controvérsia com Deus no sentido de que os judeus não eram dignos de serem restaurados à terra da promissão, e muito menos de reconstruírem o templo de Jerusalém. 


Já imaginamos se acontecesse que a Palestina continuasse descolonizada e o templo não fosse reconstruído? Como iriam se cumprir as profecias messiânicas? E se estas não se cumprissem, como Jesus Se tornaria o nosso Salvador?


O quadro aqui é de juízo. Verso 1 afirma que Josué estava diante do "anjo do Senhor", uma expressão forense, indicativa de a pessoa em pauta estar sob julgamento (ver, por exemplo, Números 35:12). 


Esse fato é confirmado pela posição de Satanás à direita de Josué, para se lhe opor, uma posição própria, num tribunal de justiça, para um acusador (Salmo 109:6), bem como para o advogado de defesa (v. 31).


Deus mesmo Se responsabilizou em defender Josué, primeiramente censurando Satanás e, então, assegurando ao sumo sacerdote que sua iniqüidade, a exemplo da iniqüidade do povo que ele representava, havia sido tirada (vs. 4 e 9), o que é ilustrado em seguida com a substituição das "vestes sujas" com que estava vestido, por "finos trajes" e um "turbante limpo" providos de imediato. 


Roupas sujas são símbolo do pecado (Isa. 64:6) enquanto as que tomam o seu lugar apontam para a justiça de Cristo (Apoc. 3:18; 7:14; 19:8; 22:14). Não é por acaso que Deus, no próprio ato de mudar as vestes de Josué, faz-lhe uma promessa messiânica notável: "Eis que Eu farei vir o Meu servo, o Renovo" (v. 8). E isto se torna ainda mais significativo quando levamos em conta que os dois nomes, Josué e Jesus, se equivalem. 


Exclamamos com Paulo: "Se Deus é por nós, quem será contra nós?... Quem intentará acusação contra os eleitos de Deus? É Deus quem os justifica [ou absolve]. Quem os condenará? É Cristo Jesus quem morreu, ou antes, quem ressuscitou, o qual está à direta de Deus, e também intercede por nós" (Rom 8:31, 33 e 34).


Quinta-feira e Sexta-feira, 29 e 30 de junho – A "justificação" de Deus


Precisa Deus ser justificado? A lição responde afirmativamente. Nesse caso, qual é o sentido de justificado, ou de justificação, aqui? É o sentido forense que o termo reúne. Deus está sendo acusado de algo, e um veredito deve ser deliberado. Nesta história, quem é inocente e deve ser absolvido, e quem é culpado e deve ser condenado? O acusado ou o acusador?


Bem, isso se liga ao sentido de teodicéia, termo teológico-técnico que a lição explica satisfatoriamente; apenas lembraria que tudo aquilo que o termo significa implica no ato de Deus ser julgado e ser inocentado das acusações que Lhe foram feitas (Sal. 51:4; Rom. 3:4). 


No desenvolvimento dessa sublime verdade, lembro que as lições de hoje e de amanhã abordam exclusivamente a "reivindicação do caráter de Deus", um dos mais profundos temas dentro do contexto do grande conflito. Como diz a lição, essa reivindicação ocorrerá não apenas diante da humanidade, mas também perante todo um "Universo expectante".


Por que deveria o caráter de Deus ser reivindicado? Porque foi astutamente colocado em dúvida por Satanás; este O acusou de ser desamoroso, injusto e tirano; acusou-O de deslealdade para com a criação, ao afirmar que Ele, ao mesmo tempo em que era movido por espírito de exaltação-própria, requeria dela abnegação e complacência. 


O cumprimento da lei era um fardo que Deus mesmo não Se dispunha a carregar, o que tornava a obediência incompatível com a felicidade das criaturas. Ninguém poderia, de fato, guardar a lei, alegava o inimigo. Quando Adão preferiu transgredir o mandato de Deus, o diabo exultou porque isso seria agora usado como evidência da legitimidade de suas denúncias.


Era, portanto, necessário que ficasse demonstrada a falsidade do inimigo. Nesse processo, a obra do juízo é de fundamental relevância, pois através dela é revelado ao Universo "quem é quem" em toda a controvérsia. Precisamente por isto, a obra do juízo não pode ser desvinculada do que ocorreu na cruz, pois ali as forças opostas a Deus foram desacreditadas (Col. 2:15). 


Ali, Deus de tal forma comprovou que o diabo era falso, que os últimos laços de simpatia que anjos fiéis ainda mantinham para com ele foram para sempre rompidos. "Derramando o sangue do Filho de Deus, desarraigou-se Satanás das simpatias dos seres celestiais... Estavam rotos os derradeiros laços de simpatia entre Satanás e o mundo celestial." – O Desejado de Todas as Nações, pág. 567.


Quem, então, tem razão? Quem está certo? Deus ou Satanás? Se ainda alguma dúvida existe, olhemos para o Calvário. Poderia Deus fazer mais pela criação do que fez ali?


Agora, se o evento do Calvário reivindicou o caráter de Deus, por que, então, não acabou Ele com as pretensões do maligno ali mesmo? É que outros aspectos da rebelião continuavam ainda despercebidos pelas criaturas inteligentes do Universo. 


"Satanás não foi então destruído. Os anjos não perceberam nem mesmo aí, tudo quanto se achava envolvido no grande conflito. Os princípios em jogo deveriam ser mais plenamente revelados" (Ibidem).


Era necessário, portanto, que a rebelião amadurecesse plenamente para que o mal a si mesmo se condenasse e, ao ser extirpado, não deixasse qualquer raiz que viesse a medrar posteriormente. 


Deus utilizará a Igreja como Seu instrumento para que isso ocorra; e quando ocorrer, a reivindicação do caráter de Deus terá alcançado a sua plenitude (lição de segunda-feira). De tal maneira terá Deus conduzido o tratamento com a rebelião que, quando Ele colocar um fim ao pecado, não haverá o mínimo risco de este irromper novamente. "Não se levantará por duas vezes a angústia" (Naum 1:9), é a segurança que o plano da redenção, assim executado, nos enseja. A absolvição final de Deus é, de fato, a garantia de que jamais o mal retornará. Louvado seja o Seu nome!