440 A Bíblia fala sobre terapia de Vidas Passadas?

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O boletim oficial do Centro de Estudos do Departamento de Psiquiatria da UNIFESP/Escola Paulista de Medicina, PSIQUIATRIA NA PRÁTICA MÉDICA, vol. 34, n.2, Abr-Jun 2001, publicou o trabalho “Considerações psicanalíticas a respeito das terapias de vidas passadas.”, apresentado no I Congresso Paulista de Psiquiatria (14-16 Junho/2001, por Sérgio Telles (Dept. Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae) e Guilhermo Bigliani (Associação Paulista de Psicanálise da Família e da Instituição). 


Os autores deste trabalho revelaram sua preocupação e fizeram críticas relativas à terapia de vidas passadas, citando que em seis anos já foram formados 1500 “psicanalistas” por elas no país. 


Mostraram, o que é óbvio, que esta abordagem sobre vidas passadas fundamenta-se na teoria da reencarnação. Para lembrar, esta teoria é a crença básica de espíritas kardecistas, umbandistas, budistas, etc.


A reencarnação não é uma filosofia bíblica, judaico-cristã, a qual define o ser humano com uma unidade indivisível corpo-mente-espírito, ensina que os seres humanos vivem num período transitório onde há sofrimento, dor, e morte que findará para dar lugar a um “novo céu e nova terra” (Apocalipse 21:1), onde não mais haverá sofrimentos nem morte. 


O centro da doutrina bíblica afirma que a humanidade “caída” necessitava de um “Resgatador” ou um “Salvador” tendo em Jesus Cristo o que vive este papel. Ou seja, os seres humanos não conseguem purificar e salvar a si mesmos da contaminação interior do caráter e nem podem salvar-se da morte. 


Daí, pela fé na Pessoa e nos feitos de Jesus cada pessoa que O aceita e crê nEle como Salvador pessoal adquire a possibilidade e o direito de herdar a vida eterna. Em resumo, esta é, a mensagem cristã bíblica.


Assim, a doutrina da reencarnação nega a Pessoa de Jesus Cristo como Resgatador da humanidade ao defender a idéia de que nas sucessivas reencarnações está a saída para a evolução espiritual do ser humano. 


Daí, o espiritismo (e ramificações), não é uma filosofia cristã. Quando a teoria e técnica da terapia de vidas passadas tentam ajudar as pessoas ela está lançando mão, portanto, da teoria espírita. 


Os autores do artigo citam Freud falando das duas formas de se ver a vida: a científica e a religiosa. A religiosa depende de uma verdade revelada na qual se exercerá fé, enquanto que a científica depende do método científico, o qual é baseado não em verdade revelada, mas na verificada em pesquisas cujos achados devem ser repetidos para comprovar-se que aquilo que estão pesquisando é uma verdade.


Creio que a verdade espiritual (melhor que “verdade religiosa”) está profundamente atrelada à verdade científica. Ou seja, ciência verdadeira e espiritualidade são unidas. Há fraudes científicas, assim como há doutrinas religiosas fraudulentas devido às interpretações errôneas de textos bíblicos fora do contexto geral.


Discordo plenamente dos autores citados ao colocarem o postulado da psicanálise freudiana de que a crença religiosa é fruto de imaginação e “persistência dos vínculos infantis com figuras paternas idealizadas” e que ela mantém o pensamento mágico infantil da busca de um pai, negando a morte, etc. 


A religião bíblica não nega a morte. Ela fala da solução para a morte, o que é totalmente diferente. Penso que Freud, que foi judeu, viu a religião de forma preconceituosa, embora tenha afirmado que a pessoa que tem fé possui melhores defesas contra certas aflições neuróticas.


Iracy Doyle, psicanalista, prefaciando o livro do psicanalista Erich Fromm, “Psicanálise e Religião” afirma que Freud exagerou suas interpretações contra a religião e que provavelmente ele apegou-se muito às práticas formais religiosas (rituais formais judaicos?). 


Freud perdeu de vista a beleza da “religião espiritualidade”, embora levantasse acertadamente o conceito de inconsciente (ter e ser), influências da infância sobre a vida adulta na produção de sintomas, etc. Creio que a pessoa pode viver a religião infantilmente ou não. 


Aquilo que a ciência ainda não pode provar não deixa de ser verdade porque é espiritual. Verdade espiritual é ciência também, no meu modo de ver, e você pode usá-la e vive-la neuroticamente ou não.


Os autores ainda mencionam o fato de foi longo o tempo usado para separar Medicina de Religião e colocam isto com uma ponta de orgulho “científico”, o que considero, com todo o respeito por eles, uma visão limitada do ser humano, a qual se assemelha à idéia cartesiana que separa corpo de mente. 


As neurociências mostram que e como a união corpo-mente é uma verdade científica. Avanços no meio científico sério também caminham no sentido de admitir que há algo mais além do corpo-mente: a espiritualidade. 


Professores respeitados no mundo científico da Universidade de Duke (Dr. Dan Blazer, psiquiatra), Universidade de Columbia (Dr. Sloan), Universidade da Califórnia em São Francisco (Dr. Dean Ornish, cardiologista), Universidade de São Paulo (Dr. Jorge Amaro, psicanalista), Universidade Federal do Rio de Janeiro (Dr. Miguel Chalub, psiquiatra e psicanalista), Universidade Federal de Juiz de Fora, (Dr. Uriel Heckert, psiquiatra) e mesmo Universidade Harvard (Dr. H Benson), entre outros, têm produzido trabalhos mostrando que o ser humano é corpo-mente-espiritualidade.


Ao longo dos anos pessoas me têm perguntado o que acho de terapias regressivas e (menos perguntas) da terapia de vidas passadas. 


Creio que uma pessoa pode crescer emocionalmente e ter conflitos psicológicos resolvidos sem precisar de nenhum tipo de regressão psicológica e creio que terapia de vidas passadas só faz sentido se a pessoa crer na teoria da reencarnação. 


Cada um é livre, entretanto, para escolher no que acreditar. Porém, recomendo ter uma fundamentação sólida para sua crença. Porque a verdade, científica e/ou espiritual não é qualquer coisa. Ela é uma coisa e não é outra coisa. Portanto, há verdades e enganos em ambas. Toda verdade espiritual é científica.


Por Dr. César Vasconcellos de Souza