13 A INTOLERÂNCIA RELIGIOSA NA ERA CRISTÃ (Araceli)

Profecias do apocalipse Araceli Melo


Este décimo terceiro capítulo cobre mais de doze séculos de intolerância religiosa e ainda conduz a um negro futuro próximo para os fiéis cristãos. Dois poderes intolerantes do mundo cristão nos deparam esta profecia. Duas bestas sem paralelo são apresentadas nesta revelação por cujos símbolos, não temos a menor dúvida, tratam respetivamente de Roma-papal e de Roma-protestante-estadunidense. Todos os detalhes desta inspiração, como veremos, enquadram-se perfeitamente na história destes dois poderes eclesiásticos romanos.


Posto que Roma-papal e Roma-protestante arroguem simultaneamente o direito eclesiástico divino, e por esta pretensão se digladiem e se acusem mutuamente, apresenta-nos o espelho infalível da revelação o verdadeiro caráter de ambas. São evidentemente apresentados como poderes perseguidores do povo de Deus. Declarações indubitáveis desta inspiração dão-nos conta da procedência ou da verdadeira origem destas duas Romas. A clareza da profecia não autoriza a encobrir a verdade, pelo que o autor não podia deixar de explaná-la com suas devidas cores, a não ser que quisesse cair no desagrado do Revelador.


I — A BÊSTA QUE SUBIU DO MAR


Uma besta sem paralelo


VERSOS 1-2 — “E eu pus-me sobre a areia do mar, vi subir do mar uma besta que tinha sete cabeças e dez chifres, e sobre os seus chifres dez diademas, e sobre as suas cabeças um nome de blasfêmia. E a besta que vi era semelhante ao leopardo, e os seus pés como os de urso, e a sua boca como a de leão; e o dragão deu-lhe o seu poder, e o seu trono, e grande poderio”.


A IDENTIFICAÇÃO DA BÊSTA


As águas do mar nas profecias inspiradas simbolizavam “povos, e multidões, e nações, e línguas”;1) e, uma besta é símbolo de poder dominante — civil ou eclesiástico — conforme indicar o teor da profecia.2) Por conseguinte, nos emblemas das águas e da besta, viu  o profeta levantar-se dentre as nações um poder que sobre elas exerceria o seu domínio. E, tudo, em cada detalhe desta revelação, demonstra que a besta nela contida em símbolo não é um poder civil, mas sim eclesiástico. E, certos pormenores especiais dos detalhes da descrição da visão, asseguram infalivelmente que esta besta não pode, em absoluto, ser outra senão um emblema de Roma-papal, como sucessora de Roma- pagã, cuja história veremos traçada com irrecusável fidelidade nesta mesma inspiração.


A ESTRANHA APARÊNCIA DA BÊSTA


Em si mesma é ela “semelhante ao leopardo”. O leopardo é uma fera carniceira, ágil, astuta e traiçoeira, da família que compreende o jaguar, a onça e a pantera. Porém, os pés da besta são de urso! E’ em seus pés, com garras aduncas e aguçadas, que tem o urso a sua maior força ou o seu poder de subjugar e destruir. E, quando anda o urso, senta ele toda a planta do pé no chão, como o homem, e, sob seu enorme peso, seus pés dão a impressão de amassar e arrasar tudo à sua passagem. Mas, aí, a besta tem também boca “de leão”! E é importante que ela tem uma única boca “de leão”, embora tenha sete cabeças. “E a sua boca”, reza a profecia, falando de uma só, era “de leão”. 


Esta é a boca da sétima cabeça que é propriamente a cabeça da besta. E’ isto assim porque as suas primeiras cabeças dizem respeito à primitiva fase de Roma, à fase pagã, que não podem por isso mesmo ter ação na sua segunda fase — a papal, visto que nesta fase é exercida a monarquia-hierárquica e não a democracia eletiva da fase anterior. As bocas de tais cabeças que não são de leão, estão como que fechadas, e apenas existem na besta para identificá-la com Roma e demonstrar suas pretensões romanas. Porém, o leão causa mais terror com a sua boca do que mesmo com sua aparência de imperador. 


Posto que seja o mais poderoso ou o rei dos quadrúpedes, é em sua boca que reside o segredo do seu poder sobre seu reino. A um urro seu, todos os súditos do seu domínio estremecem e fogem, se o podem fazer. Sua voz, se podemos como tal chamar o seu urro, é emblema de poder, autoridade, pretensão, orgulho e absurda supremacia sobre os que julga impotentes ante seu poder.


Analisando mais concretamente o poder-papal representado nos emblemas dos três quadrúpedes, temos que ele é inteiramente contrário à natureza do meio em que exerce o seu poder. No símbolo de um leopardo, deparamos sua sagacidade e presteza na  consecução de seus fins; na figura dos pés de urso, vemos a sua  força e  o  seu  poder subjugador sobre os seus oponentes; e, na  boca  simbólica de leão, vemos o seu orgulho e as suas arrogantes pretensões expressas  em suas declarações de supremacia mundial. Tudo isto parece ter a besta herdado dos animais representativos dos grandes impérios opressores e arrogantes da história, que no passado arruinaram o mundo com suas pretensões, suas conquistas e suas destruições desumanas.


Em outras palavras, a besta traz na boca de leão, o orgulho de Babilônia; nos pés de urso, os horrores da Medo-Persa; no corpo de leopardo, o sistema filosófico humano inútil da antiga Grécia; e, podemos dizer, nas suas cabeças simbólicas, o poder implacável da férrea Roma dos altivos Césares.1) Tal é o simbolismo de Roma na sua fase papal, cujo cumprimento encontramos nas páginas da história até nos seus mínimos detalhes.


AS SETE CABEÇAS E OS DEZ CHIFRES


As sete cabeças vemo-las referidas como cabeças do dragão do capítulo doze. Agora, no capítulo treze, as temos como cabeças da besta representativa de Roma-papal, tendo cada uma, não mais diademas ou função política, mas um nome de blasfêmia.


Quanto aos dez chifres, vemo-los primeiramente no quarto animal emblemático de Roma-pagã do capítulo sete do livro de Daniel; nas cabeças do dragão vermelho do Apocalipse, sem diademas ou função política paralela com Roma-pagã; nas cabeças da besta “semelhante a um leopardo”; e nas cabeças da “besta cor de escarlata”. 


Mas, ao terem eles diademas somente nas cabeças da besta que consideramos, indica isto que se constituiriam em reinos ao constituir-se a besta-papal um poder temporal e que com ela reinariam paralelamente, ao passo que as cabeças referentes ao dragão, ou Roma-pagã, perderiam seus diademas ou sua ação política governativa na fase de Roma-papal. No capítulo dezessete temos bem definidos os dez chifres e as sete cabeças e suas relações para com a besta “semelhante ao leopardo” e dela para com eles.


IDENTIDADE COM A PONTA PEQUENA DE DANIEL SETE


A besta “semelhante ao leopardo” está plenamente identificada com a “ponta pequena” de Daniel sete:

 

A PONTA PEQUENA DE DANIEL SETE


1. Saiu da cabeça do quarto ani- mal ou de Roma-pagã.

2. Cresceu no meio dos dez chifres ou na Europa.

3. Tem olhos como olhos de homem.

4. Uma boca que fala grandiosa- ente.

5. Proferirá palavras contra o Altíssimo.

 

A BÊSTA DO APOCALIPSE TREZE


1. O dragão ou Roma-pagã deu-lhe o seu poder.

2. Os dez chifres ou a Europa sob seu controle.

3. Seu poder concentrado num homem.

4. Uma boca para proferir grandes coisas.

5. Abriu a sua boca em blasfêmia contra Deus.

6. Fazia guerra aos santos e os vencia.

7. Supremacia por um tempo, dois tempos e metade de um tempo ou 1260 dias ou anos.

8. Mais firme que os dez chifres ou reinos europeus. 6.Foi-lhe permitido fazer guerra aos santos e vencê-los.

7. Supremacia por quarenta e dois meses ou 1260 dias proféticos ou 1260 anos.

8. Deu-se-lhe poder sobre toda a

tribo, e língua, e nação.


O PODER DA BESTA


A besta não exerce propriamente o seu poder. Em primeiro plano informa a revelação que o dragão lhe deu o seu próprio poder. Assim, o poder que ela exerce é o poder do dragão. Isto mesmo escrevera S. Paulo antes de S. João sobre a besta: “Aquele cuja vinda é segundo a eficácia de Satanás...”1) Em segundo plano, o dragão deu-lhe o seu poder através de Roma-pagã. Não devemos olvidar que o Império Romano foi, nos seus dias, um dos mais gigantescos sistemas político-religiosos conhecidos no mundo. 


O paganismo era a sua religião oficial, a própria vida do Império e a sua força como poder conquistador das nações. Porém, a transferência das sete cabeças e dos dez chifres do dragão simbólico de Roma-pagã à besta simbólica de Roma-papal, é evidência de que houve uma mudança no caráter do Império ainda que sua essência sobrevivesse.


Vimos já que o Império Romano, em virtude da invencibilidade do cristianismo, abjurou o paganismo e tornou-se um Império Cristão, aliás, formalmente cristão. Os imperadores, desde Constantino até o último deles, não só abraçaram o cristianismo- papal-romano como promoveram o seu avanço dentro das fronteiras do Império. E. depois da queda de Roma-Imperial cristianizada, os dez reinos, considerados na profecia como romanos pelo fato de  serem parte integrante do quarto animal de Daniel sete representativo de Roma-pagã e terem dividido esta entre si, também abraçaram o cristianismo papal. 


Em virtude de tudo isto, somos forçados a concordar que, em verdade, houve uma mudança no caráter do Império Romano, e que esta mudança foi religiosa: Assim, sendo que o dragão era representativo da primeira fase de Roma — a pagã — e por isso mesmo não podia representar a segunda fase de Roma — a papal — no mesmo emblema de  dragão,  a  revelação proveu um outro emblema de Roma, aliás, a “besta semelhante a um leopardo”. 


Todavia o poder encerrado no símbolo da besta, continuou sendo ainda romano, disto testificando as sete cabeças e os dez chifres do dragão que lhe foram transferidos. Assim deparamos, evidentemente, a transferência do poder do dragão — de Roma-pagã para Roma-papal. Quer dizer que o poder continuou o mesmo em essência — o Império Romano —havendo tão somente sofrido uma metamorfose — do paganismo declarado para o paganismo cristianizado.


O TRONO DA BÊSTA


O dragão não só deu à besta o seu poder como também o seu próprio trono no mundo. Lembramo-nos de que Satanás uma vez dissera que ia estabelecer o seu trono;1) que a Jesus disse ser senhor do mundo;2) e que o próprio Senhor Jesus dissera que Satanás era o príncipe deste mundo.3) Disto tudo inferimos que Satanás, ao tempo de Cristo e da revelação do Apocalipse, tinha o seu trono no mundo. 


E, apresentando-se naquele tempo a Jesus como dominador do mundo, é evidente que o seu poder era exercido através do Império Romano que impunha seu cetro sobre as nações. Diante disso, onde estaria mais o seu trono mundial senão em Roma? E quem duvidará que seu trono ainda está na cidade chamada eterna? Assim, no trono de Roma-pagã foi Roma-papal empossada pelo dragão, e isto desde o tempo de Constantino e reconhecida como soberana, no mesmo trono, por Justiniano, Imperador do Oriente, e pelas nações européias depois da conquista de Roma-Imperial-Ocidental, que governaram segundo os seus ditames. Isto prova sobejamente ter o dragão dado à besta o seu trono e o seu poder representado nas sete cabeças romanas, e o seu grande poderio ou domínio representado nos dez chifres ou a Europa.


Agora estamos prontos para afirmar mais uma vez que Roma- papal é o mesmo Império Romano, pois traz suas características em caráter e obras, diferindo apenas na mudança de nome. No livro — O Vaticano Potência Mundial — lemos esta frase: “Uma coisa é certo: que a antiga Roma subsiste na Roma cristã”.4) E em verdade este poder mesmo testifica que seu nome é romano, e, ainda mais, tem sua sede e seu trono em Roma, seu idioma é romano, suas pretensões são romanas e seu soberano absoluto pretende deificação como pretendiam os soberanos da velha Roma.


Deste modo o símbolo da besta, “como a maioria dos protestantes tem crido, representa o papado, que se sucedeu no poder, trono e poderio uma vez mantidos pelo antigo Império Romano”5)


A CHAGA MORTAL CURADA


VERSO 3 — “E vi uma de suas cabeças como ferida de morte, e a sua chaga mortal foi curada; e toda a terra se maravilhou após a besta”.


“E vi uma de suas cabeças como ferida de morte”. — A chaga mortal foi vibrada indubitavelmente sobre a sétima cabeça que, segundo o capítulo dezessete e estas considerações, é a própria besta “semelhante ao leopardo” — o papado. E como a sétima cabeça ou Roma-papal recebeu a ferida mortal, diz-nos enfaticamente a história ligada às conquistas francesas de Napoleão, na Europa. Um dos objetivos de Napoleão era acabar com o papado.


“Uma das primeiras medidas do novo governo foi expedir uma ordem a José Bonaparte, em Roma, para promover nos estados do país por todos os meios ao seu alcance, a revolução ‘que se aproximava; sobre todas as coisas cuidar que, à morte do papa (ele estava doente, 1797), nenhum sucessor fosse eleito à cadeira de S. Pedro”. “La Révelliére Lépaux, presidente do Diretório, escreveu a Napoleão: ‘Com respeito a Roma, o Diretório cordialmente aprova as instruções que destes a vosso irmão, no sentido de impedir seja indicado um sucessor a Pio VI. Devemo-nos apoderar das presentes circunstâncias favoráveis para libertar a Europa da pretensa supremacia papal”.1)


E esta aspiração de França concretizou-se em virtude dos sucessos ocorridos em Roma nos derradeiros dias do ano de 1797. “A 27 de dezembro, numa dessas rixas junto ao palácio da embaixada, foi morto com um tiro o general francês Duphot, quando procurava acalmar a excitação dos soldados pontifícios. O embaixador francês, José Bonaparte, partiu imediatamente para Paris e a 11 de janeiro (1798) o general Berthier, que substituira Bonaparte no comando do exército da Itália, recebeu instruções do Diretório para vingar no Estado Romano aquele horrendo crime.


“A 10 de fevereiro surgiu com o exército junto da cidade eterna, onde entrou no dia seguinte com 9.000 homens. A 15 de fevereiro foi plantada no Capitólio uma árvore da liberdade e o general Berthier, depois de ter feito redigir por cinco notários um documento em que o povo romano se declarava livres compareceu também no Capitólio com todo o seu Estado Maior, para confirmar o que se tinha feito e apresentar ‘ao espírito de Catão, Pompeu, Bruto, Cícero e Hortência as homenagens dos descendentes livres dos gauleses. Rodolfo Manuel Haller, tesoureiro do exército italiano, foi comunicar brutalmente ao papa que então contava perto de oitenta anos, que o povo romano tinha proclamado a sua independência e já não o reconhecia como soberano político. 


Tiram ao pontífice a sua guarda suíça e oferecem-lhe o laço tricolor da nova república. Renunciando espontaneamente ao domínio temporal, o papado poderia conservar a dignidade espiritual e a república francesa garantir-lhe-ia uma pensão de 300.000 francos. Caso contrário, isto é, se se recusasse a abdicar, privá-lo-iam de tudo, inclusive da liberdade individual. 


O papa não quis abdicar e a 18 de fevereiro Haller voltou ao Vaticano. Sem se descobrir entrou na sala onde o papa estava a almoçar e exigiu-lhe a entrega das suas joias. Tirou-lhe dos dedos dois anéis preciosos e intimou-o a preparar-se para deixar o palácio e a cidade de Roma. 


Como o papa pedisse que o deixassem morrer na capital do mundo cristão, foi-lhe respondido: ‘podeis ir morrer em qualquer outro sítio. Ou partis espontâneamente ou ireis à força. Escolhei’. Na manhã de 20 de fevereiro foram buscá-lo ao Vaticano, metendo-o à pressa numa carruagem, que o levou a Siena, onde ficou provisoriamente alojado no convento dos Agostinhos”.1) Posteriormente Pio VI foi levado a Florença e daí para o convento dos Cartuxos. No ano seguinte transportaram-no numa padiola através de Turim, por cima dos Alpes, para Grenobla, e afinal para a cidadela de Valence, no Delfinado, França, onde morreu a 29 de agosto de 1799.


A SORTE DOS CARDEAIS


“Com voz deprimida e queixosa expressam sua completa desistência de todo o governo temporal. A dignidade mesma de cardeal e a presença em Roma dos que eram revestidos dela, são incompatíveis com a nova ordem de coisas. Chegou o momento de proceder com grande severidade. Entre os cardeais não se teve consideração nem para com aquele cuja avançada idade e estado enfêrmo os requereram”. ’’escarnecidos quase todos eles, aprisionados e despojados de tudo, apressaram a afastar-se de Roma, em busca de algum retiro onde poder gozar do descanso que era o único bem de que pensavam poder gozar. Apenas ficou estabelecido o novo governo, quando já não se via nem vestígio do antigo”.2)


A FERIDA MORTAL CONFIRMADA


A queda temporal do papado causou imenso júbilo na França revolucionária. A propósito Merlin, então presidente do Diretório, pronunciou, no conselho dos quinhentos, a 10 de março de 1798, o seguinte discurso:


“Este poder estava em contradição com as doutrinas fundamentais que pretendia reconhecer, aceitava o nome cristão para aviltá-lo, aniquilava ainda a religião que pregava, pretendia que seu reino não era deste mundo e, não obstante queria arrogar-se o domínio universal. Há 14 séculos demandava a humanidade o aniquilamento de um poder oposto à sociedade e que havia coberto a Europa de fogueiras e a havia regado com sangue, que se havia assenhoreado das consciências, que havia queimado em Constança e para honrar ao céu aos desditosos João Hus e Jerônimo de Praga, e que havia disposto bárbaros sacrifícios nas Índias orientais e ocidentais. 


Quantos males, mortes e abominações não havia causado a política papal principalmente em França! Quantas guerras civis não havia originado! Em virtude dos sentimentos que abrigavam ainda alguns franceses obcecados por consideração aos papas, havia-se tido considerações até então para com Roma. Porém a medida das iniquidades estava já cheia. 


À petição dos cidadãos romanos entrou Berthier em Roma”. “Que rasgo na história universal, o que os cônsules romanos mandaram a um ministro a Paris para dar graças aos franceses pelo auxílio magnânimo que estes prestaram para libertar Roma”. “Depois de lida esta mensagem no conselho dos anciãos, apoderou-se de todos o júbilo, e Bordas pronunciou a oração fúnebre do papado”.1)


E’ de sumo valor profético a data de 10 de março de 1798 do reconhecimento da extinção do papado pelo Diretório revolucionário de França. Cerca desta data, 1260 anos atrás, o papado teve seu caminho desimpedido com a derrota dos ostrogodos que cercavam Roma, e que constituíam o último obstáculo à carreira papal. Diz o historiador Guilherme Oncken: “Os ostrogodos, em tão fatal situação e faltos de víveres, levantaram o sítio de Roma, que havia durado um ano e nove dias, desde o mês de fevereiro de 537 até março de 538...”2) Deste modo vemos que o período de supremacia papal de 1260 anos, conforme reza a profecia, cumpriu-se perfeitamente.


"E A SUA CHAGA MORTAL FOI CURADA"


Esta sentença profética testifica que o papado voltaria a reassumir a sua preponderância sobre as nações. E isto exigiria, antes de tudo, a eleição de um novo papa. Durante dois anos, o mundo não teve papa. Porém, a República francesa, na Itália, caiu dois anos após seu estabelecimento, e os cardeais dispersos, reuniram-se em Veneza, em número de 35, e elegeram, a 14 de março de 1800, um novo papa, o cardeal Barnabé Luiz Gregório Chiaramonti, que tomou o nome de Pio


VII. Este foi o primeiro passo para a cura da chaga mortal que sofrera o papado e para a sua restauração ao antigo poder temporal. A própria França reatou relações com o papado e Napoleão convidou Pio VII para ir a Paris sagrá-lo imperador dos franceses, cerimônia esta que se realizou a 2 de dezembro de 1804, na catedral de Notre Dame.3)


A revolução de Mazzini, Cavour e Garibaldi, deu ao papado, a 13 de maio de 1871, direitos sobre o palácio do Vaticano, a catedral de São Pedro, São João de Latrão e Castel Gandolf. Mas o papado não se conformou com a derrota e a perda de seus Estados, e aguardou o dia em que a Itália restaurasse o poder temporal que lhe usurparam. E as negociações entabuladas entre o papa Pio XI e o governo fascista italiano sob Mussolini, restabeleceram-lhe o poder temporal embora ainda em pequena escala. 


A 11 de fevereiro de 1929, o cardeal Gasparri, secretário papal, e Benito Mussolini, assinaram as estipulações que solvia a Questão Romana. “Acuradamente falando três documentos foram assinados em Latrão — um tratado político, uma convenção e a concordata”. Na manhã de 12 de fevereiro, ao assomar Pio XI a um dos mais altos balcões da igreja de São Pedro, uma multidão de 200.000 pessoas concentradas na praça São Pedro, exclamou vibrante de entusiasmo: “Viva o papa-rei! Viva o papa-rei!” Sim, estava restaurado mais uma vez o poder temporal do papado, e a ferida mortal de 1798 já mais cicatrizada.


"E TÔDA A TERRA SE MARAVILHOU APÓS A BÊSTA"


Embora restaurado ao poder temporal em 1929, o papado jamais se conformou com apenas os 44 hectares e uma população de pouco mais de mil habitantes que compreendem o Estado do Vaticano. Mas nem mesmo com a Europa inteira, onde era seu antigo domínio exercido, se conforma o papado. Suas pretensões temporais vão ainda muito além. 


Reza a profecia que o papado almeja o domínio de “toda a terra”. Em comprovação disto, vemos que o papado, para comemorar o pacto com o governo fascista que restaurou em parte o seu poder, mandou cunhar uma moeda na qual num dos lados aparece o busto de Pio XI e no outro lado Pedro assentado sobre o globo da terra. Quais são as pretensões temporais do papado? A resposta é a que está na medalha comemorativa — a terra, a totalidade do globo, todas as nações.


A soberania temporal do papado sobre o Estado do Vaticano foi reconhecida por todas as nações civilizadas, dentre as quais cerca de 50 mantêm embaixadas e legações na Sé Romana. Por sua vez o papado está mais forte do que nunca nos cinco continentes do globo. Sua influência internacional é enorme. “Outro fator importante na poderosa posição do Vaticano, no mundo de hoje, é o seu serviço secreto”. 


“Não há poder temporal que tenha um serviço de informações, um serviço secreto comparável ao do Vaticano. Seus milhares e milhares de clérigos estão perfeitamente postados para verem o que faz, o que diz, e o que pensa o mundo”. “Os monsignori do secretariado de Estado do Vaticano são esmeradamente exercitados na arte de interpretar esses relatórios confidenciais que chegam de todos os cantos do mundo. Há quem diga que o Vaticano terá influenciado a decisão que tomou Roosevelt em dezembro de 1939, de enviar Myron Taylor ao Vaticano como seu representante pessoal”.1)


Sentado no trono dum Estado, o menor do mundo, é o papa um soberano mundial cujos súditos espirituais, para não dizer reais, encontram-se em todas as nações do globo. Já podemos dizer, em parte, que “toda a terra se maravilhou após a besta”.


O jubileu de Leão XIII, em 1888, é uma das maiores e mais incontestáveis evidências da homenagem da terra ao papado. Não só príncipes católicos e protestantes porfiaram por tributar homenagens de devoção a Leão XIII, através de “embaixadas extraordinárias, senão que ainda o sultão, o micado, o imperador da China, e o Xá da Pérsia, o último dos quais tratou o papa como o ‘Messias superior aos habitantes do mundo celeste’. O papa mesmo exclamou arrebatado de júbilo: ‘Consideraste-o bem. O mero ato de nosso jubileu chamou a atenção do mundo inteiro. 


Não só católicos, não só particulares, mas também soberanos e príncipes, governos e representações de povos hão querido cada qual mais ter participação nesta festa e dar-nos um testemunho de sua devoção e de seu apreço”’. “A imprensa papista chama o jubileu uma maravilha; ante Leão, o dominador de povos, prostre-se o mundo inteiro’. Como peça final vão ainda umas linhas da Maerkische Volkszeitung de 3 de janeiro de 1900. 


Ao descrever o auge da igreja romana no século XIX, observa por fim: ‘A princípio do século achava-se o chefe da igreja em cadeias, e ao fim do mesmo século todos os poderosos da terra dirigem os olhares para o venerável ancião sentado no trono de Pedro e lhe tributam homenagem”’.1)


Tempo virá, porém, em que a profecia se cumprirá em toda a sua plenitude, e o poder temporal do papado será exercido em toda a Europa, como fora exercido no passado, e estender-se-á aos países católicos da América e de outros continentes.


O DESAFIO DOS ADORADORES DA BÊSTA


VERSO 4 — “E adoraram o dragão que deu à besta o seu poder e adoraram a besta, dizendo: Quem é semelhante à besta? Quem poderá batalhar contra ela?”


"E ADORARAM O DRAGÃO QUE DEU À BÊSTA O SEU PODER”


O texto não pode ser mais claro. Aqueles que se maravilham “após a besta”, adoram o dragão que lhe deu o poder. Em outras palavras, os adoradores da besta são adoradores do dragão. Não podendo receber Satanás uma adoração direta do mundo, recebe-a indiretamente por intermédio da besta. Satanás não poderia ter empregado sortilégio mais enganatório do que este de receber homenagens de adoração do mundo através de um poder denominado cristão. Com isto adverte-nos a revelação do perigo de adoração da besta “semelhante ao leopardo”.


"E ADORARAM A BÊSTA"


Adorar um poder que recebeu autoridade do dragão significa cometer grave pecado contra Deus e o céu. No entanto o papado, na pessoa de seus pontífices, não só pretende adoração como a tem recebido de milhões de grandes e pequenos. No passado não foram poucos os soberanos e príncipes que o adoraram a ponto de lhe beijarem os pés. Vemos Francisco I, Frederico Barba Roxa, Henrique IV e inúmeros outros potentados prostrados beijando os pés do representante do papado.


Numa medalha comemorativa da coroação do papa Adriano IV, vê-se a inscrição seguinte: “Quem Creant Adorant” — Adoram a quem criaram. E verdadeiramente é isto assim. A tal estado espiritual desceu o homem, que adora um semelhante seu a quem ele próprio elevou à dignidade de Deus. 


Quando chega ao ponto de conduzir a um ser igual a si mesmo sobre seus ombros, sentado numa cadeira especial, significa isto descer à mais degradante fórmula de adoração. Todo mundo sabe que o papado, e também seu clero em toda a terra, exigem e recebem a adoração que só ao Todo-poderoso e a Seu Filho Jesus Cristo pertencem de direito.


Doutro lado, multidões adoram Roma-papal, obedecendo a suas leis e dogmas. A um decreto seu, os expedientes governamentais, em toda a terra, fecham suas portas, como também o comércio e a indústria, detêm suas transações. As instituições de ensino, mesmo as protestantes, cerram suas portas. Sim, respeitando seus dias santificados, a terra, em grande parte, está homenageando e curvando-se aos pés da besta.


"QUEM É SEMELHANTE À BÊSTA? QUEM PODERÁ BATALHAR CONTRA ELA?"


Estas perguntas expressam o pensamento dos adoradores do papado em relação a este poder. Jamais existiu semelhança de poder entre os soberanos das nações e o soberano da tiara romana. O poder de Roma é tanto mais alto do que o das nações que exerce sua influência sobre elas. 


Os súditos do Vaticano são os próprios súditos das nações do mundo. Centenas de milhões de habitantes do mundo são mais fiéis a Roma do que às suas próprias nações. Os olhos de todo o orbe estão sobre a colina do Vaticano mesmo os dos ateus e os de todos os seus inimigos. Deveras os seus adoradores orgulham-se em dizer: "Quem é semelhante à besta?”


E a pergunta: “Quem poderá batalhar contra ela?” é um desafio dos adoradores da besta a seus adversários. Nenhum poder terreno destruirá jamais o poder romano-papal. A profecia de Daniel assevera que o poder do papado é “mais firme” do que o dos governos civis da terra.1) Poderosos reinos e influentes nações têm sucumbido desde eras remotas; Roma, porém, subsiste cada vez mais poderosa e influente. 


Na obra A Igreja Católica publicada em 1902, lemos: “Como é que a Itália ao entrar em Roma não se mostrou à altura de sua tarefa? Assim como houve gênios universais que estamparam seu selo sobre seus respetivos séculos, assim pode falar-se também de uma metrópole, que impõe leis a todo o orbe; a história não conhece mais que uma: Roma! Já pagã, já cristã, com o panteon ou com a igreja de São Pedro, sob o governo de César ou o de Gregório VII, Roma é sempre católica, isto é, comum a todos, dominadora do mundo. 


Podeis odiá-la como Aníbal, desprezá-la como Yugurta, invadi-la como Genserico, Roma segue sendo dominadora. Podeis trasladar o assento do império para Constantinopla, a sede papal a Avinhão, podeis fazer-vos proclamar em Paris imperador romano, Roma segue sendo a que domina”.1) E o cardeal Gibbons, referindo-se ao poder de Roma-papal, disse:


“A indestrutibilidade da igreja é verdadeiramente maravilhosa; a igreja só é capaz de despertar admiração de qualquer espírito que pensa, se se considera o número, a variedade e o temível poder de seus inimigos. Este fato só estampa o selo da divindade na frente da igreja”. “Em meio da ruína geral dos monumentos da terra ela é a única que se ergue orgulhosa em seu esplendor. Nenhuma pedra desta construção cai por terra. Em meio do assolamento geral dos reinos, o reino da igreja não é jamais destruído. A igreja é sempre antiga e sempre jovem; o tempo não pode produzir-lhe nenhuma ruga em sua frente”.2) Eis o orgulho romano de sua indestrutibilidade.


Em vão tentou Napoleão abrogar o papado e outros potentados enfrentá-lo. O poder romano não cairá jamais pelo braço secular. Todavia sua queda é incontestável e apenas questão de tempo. Sua derrocada virá de cima, inesperada e segura. O Rei dos reis e Senhor dos senhores ajustará logo contas com o poder que usurpou o Seu nome e as suas dignidades. 


As profecias neste sentido não podem ser mais evidentes. O mundo está cansado de Roma e de seus insalubres ensinos. Basta já deste poder corruptor da fé e da moral cristã. O terrível e certeiro golpe já se avizinha infalível e o mundo e a eternidade ver-se-ão livres do despotismo e da intolerância do império anticristão da besta “semelhante ao leopardo”.


O PAPADO E A DEMOCRACIA


O papado não é uma democracia nem mesmo no seu Estado. Numa democracia o soberano é eleito pelo povo de seu Estado, tornando-se então governo “do povo, pelo povo e para o povo”. Não se dá isto com o soberano do Vaticano. O papa em seu Estado, não é eleito pelo povo católico. Este não comparece às urnas para elevá-lo ao trono. Nenhum católico do mundo, exceto os cardeais, elege o seu pontífice. 


O papa é o potentado exclusivo. O que diz é executado inexoravelmente. Daí não serem os súditos mundiais do papado mais que autómatos em suas mãos. Ele domina suas consciências a seu prazer. Em matéria de fé não têm os católicos direito de pensar. O papa é quem pensa por eles. E quando o futuro restaurar completamente o seu domínio temporal, e ainda muito mais ampliado, veremos coisas e leis espantosas demandarem a terra procedentes do trono de Roma.


AS BLASFÊMIAS DA BESTA


VERSOS 5-6 — “E foi-lhe dada uma boca para proferir grandes coisas e blasfêmias; e deu-se-lhe poder para continuar por quarenta e dois meses. E abriu a sua boca em blasfêmia contra Deus, para blasfemar ao Seu nome, e do seu tabernáculo, e dos que habitam no céu”.


A DURAÇÃO DE SEU PODER TEMPORAL


Os 42 meses da dominação do papado são encontrados também no capítulo onze. O mês profético compreende 30 dias, pelo que os 42 meses perfazem um total de 1260 dias. Entretanto os 1260 dias ou 42 meses são proféticos, isto é, um dia equivale a um ano.1) Deste modo o período conta 1260 anos literais preditos como tempo da supremacia temporal do papado, antes de receber a ferida mortal de França.

 

E o ponto inicial dos 1260 anos é marcado pela derrota dos ostrogodos e levantamento do cerco de Roma por estes inimigos mortais do papado, no ano 538. Nesta data ou “no século sexto tornou-se o papado firmemente estabelecido. Fixou-se a sede de seu poderio na cidade imperial e declarou-se o bispo de Roma a cabeça de todas as igrejas. O paganismo cedera lugar ao papado. O dragão dera à besta ‘o seu poder, e o seu trono, e grande poderio’. E começaram então os 1260 anos da opressão papal preditos nas profecias de Daniel e do Apocalipse”.2)


Foi exatamente em 538 com a derrota dos ostrogodos oponentes do papado, que o novo papa eleito, “Virgílio, dócil criatura de Teodora, subiu ao trono papal sob a proteção militar de Belisário”, o vencedor dos ostrogodos.3) “Os escritores católicos romanos, datam o episcopado de Virgílio desde a morte de Silvério, reconhecendo-o daí em diante entre os papas legais”.4)


“Justiniano se enriqueceu com a propriedade de todos os ‘hereges’, isto é, os não católicos e deu aos católicos suas igrejas; no ano 538 publicou editos obrigando todos a unir-se à igreja católica no prazo de noventa dias ou a abandonarem o império sendo-lhes confiscado os bens”.5)


Vemos assim que no ano 538 o catolicismo foi por Justiniano feito religião do Estado, sendo proibidas todas as outras religiões. O que deu especial significação a esses editos foi o fato de que já no ano 533 Justiniano declarou o bispo de Roma chefe da igreja universal, e tornou súditos da Sé de Roma a todos os sacerdotes, mesmo os do Este. Em 15 de março de 533 ele (Justiniano) escreveu esse fato ao papa João II na seguinte linguagem:


“Com honra à sede Apostólica, nos apressamos em pôr ao conhecimento de Vossa Santidade tudo o que se refere à condição da igreja. Sempre foi o nosso desejo manter a união de Vossa Santa Sé Apostólica e o estado das Santas Igrejas de Deus tal como existe na atualidade, para que possa persistir sem transtorno ou oposição. Portanto, nós nos propusemos unir todos os sacerdotes do Oriente e subordiná-los à Santa Sé de Vossa Santidade. 


Por este motivo não admitimos discussão no que se refere ao estado da igreja, mesmo quando o que origina a dificuldade pode ser claro e indubitável, sem levá-lo ao conhecimento de Vossa Santidade, porque vós, sois o chefe de todas as Santas Igrejas; desse modo nos esforçamos (como já se afirmou) para aumentar a honra e autoridade de Vossa Santa Sé...


“Portanto, suplicamos ao Vosso Paternal afeto, para que mediante Vossas cartas nos informe bem como ao Mui Santo Bispo desta Imaculada Cidade e Vosso irmão, o Patriarca que escreveu pessoalmente a Vossa Santidade por intermédio dos mesmos mensageiros, ansiosos de seguir em todas as coisas a Santa Sé Apostólica de Vossa Santidade, para que confirmeis a nós que Vossa Santidade reconhece todos os fatos acima, mencionados”.1)


Parte da resposta do papa a Justiniano, imperador do Oriente, exaltando-o por submeter tudo a Roma, lemos como segue:


“João, Bispo da Cidade de Roma, a Justiniano, mais ilustre e piedoso filho. Entre as razões mais notáveis para louvar sua sabedoria e gentileza, o imperador mais cristão, um que irradia luz como a estrela, está o fato de que pelo amor à Fé, e animado pelo fervor à caridade, e douto na disciplina eclesiástica, mantivestes veneração para com a Santa Sé de Roma e submetestes todas as coisas à sua autoridade, unificando- a... Sem dúvida, esta Santa Sé é a cabeça de todas as igrejas, conforme o sustentam todos os editos dos imperadores, os regulamentos dos sacerdotes e as palavras de vossa mais reverente devoção...


“Portanto, é oportuno exclamar com voz profética, ‘O Céu se regozijará por vós e derramará sobre vós suas bênçãos, as montanhas se regozijarão e as colinas se alegrarão com grandíssimo júbilo’...


“Que a graça de nosso Senhor permaneça para sempre convosco, mui piedoso filho, amém...”2)


Contando de 538, os 1260 anos atingem ao ano de 1798, que, como constatamos amplamente, o papado recebera o golpe mortal da espada francesa de Napoleão. A profecia encontrou seu inexorável cumprimento.


AS BLASFÊMIAS DA BÊSTA


Se as palavras blasfematórias da besta atingissem apenas os seus iguais da terra e os seres celestiais comuns, isto ainda não seria tão grave. Porém, suas mais ofensivas palavras são dirigidas “contra Deus, para blasfemar de Seu nome, e do Seu tabernáculo”.


Uma blasfêmia só pode, em verdade, ser dirigida contra Deus. Um mortal não pode blasfemar de outro mortal porque ambos são iguais. Mas, quando o homem blasfema, só pode fazer contra Deus ou contra Seu Filho e Seu Santo Espírito. Enquanto no Apocalipse lemos que a besta “abriu a sua boca em blasfêmia contra Deus”, no livro de Daniel lemos: “E proferirá palavras contra o Altíssimo”.1) Ambos, o Velho e Novo Testamentos, unem-se para atestar que o papado blasfema contra o Todo-poderoso.


Em primeiro lugar, reza a inspiração, o papado blasfema contra o nome de Deus. E quando é que um ser mortal blasfema do nome de Deus? Nos evangelhos encontramos uma muito clara indicação do que seja blasfemar contra o nome de Deus. Vejamos no parágrafo seguinte.


Numa das altercações entre Cristo e os judeus, estes Lhe responderam: “Não Te apedrejamos por alguma obra boa, mas pela blasfêmia; porque, sendo Tu homem, Te fazes Deus a Ti mesmo”.2) A acusação dos judeus de blasfêmia contra Jesus de fazer-Se Ele Deus, era falsa porque Ele realmente era e é Deus. 


Mas, quando um homem se intitula Deus e assume as prerrogativas de Deus e os títulos relativos à divindade, isto constitui verdadeiramente blasfêmia. Perguntamos agora: Pretende o papado, na pessoa de seu absoluto pontífice, ser Deus na terra? A resposta é afirmativa e até mesmo profética como atesta São Paulo, dizendo: “Ninguém de maneira alguma vos engane; porque não será assim sem que antes venha a apostasia, e se manifeste o homem do pecado, o filho da perdição; o qual se opõe, e se levanta contra tudo o que se chama Deus, ou se adora; de sorte que se assentará como Deus, no templo de Deus querendo parecer Deus”.3)


O representante do papado, diz o apóstolo, fruto da apostasia da igreja, assenta-se “como Deus, no templo de Deus, querendo parecer Deus”. Perguntamos: Têm os pontífices romanos manifesto esta pretensão? A resposta é, sim. Há no direito canônico papal uma proposição que assim reza: “O para romano não ocupa o lugar de um mero homem, senão o do verdadeiro Deus neste mundo”.4) Inocêncio III, nas suas decretais, diz, referindo-se ao papa: “Deus, porque é vigário de Deus”. “O papa não é somente o representante de Jesus Cristo, mas é o mesmo Cristo escondido sob o véu da carne”.


5) “O papa é como se fosse Deus na terra, único soberano dos fiéis de Cristo, principal rei dos reis, com a plenitude do poder, a quem Deus onipotente não só confiou a direção do que é terreno, mas também a do celestial... O papa tem tão grande autoridade e poder que pode mesmo modificar, explicar ou interpretar as leis divinas”.6) Em 1938 disse o papa Pio XI: “Deus no céu e eu na terra...”7) Num congresso eucarístico de Buenos Aires, foi distribuído um pequeno folheto em honra do papa, em o qual, entre outras exaltações do pontífice de Roma, encontramos a seguinte: “Jesus Cristo pôs o papa na Igreja, para que O representasse de  tal maneira, que o papa fosse em toda a profundidade da frase: ‘O Doce Cristo na terra’. “A eleição de Pio XII, declarou o arcebispo de Paris, cardeal Verdier, ao representante da Agência Havas, ‘foi um grande acontecimento. Di-lo bem alto a atitude do mundo inteiro. 

 

Direi que o universo tem a sensação de haver encontrado o seu pai’”1) Sim, eis aí grandes blasfêmias da besta; de mortais que se arrogam igualarem- se ao Todo-poderoso Deus e a Seu Filho Jesus Cristo verdadeiro e único Salvador do mundo.


Mas a besta não blasfema só contra Deus senão também contra o “Seu tabernáculo”. No tabernáculo ou santuário de Deus, no céu, prossegue a obra de redenção do gênero humano, sendo Jesus ali o único mediador do homem. Porém, em vez do papado chamar a atenção do cristianismo para o tabernáculo de Deus e para Jesus, o seu Mediador, está sempre a chamar a atenção para os seus próprios tabernáculos terrenos, suas igrejas, e seus sacerdotes como se estes fossem mediadores entre Deus e os homens. Notemos a grande blasfêmia que segue sobre a pretendida transubstanciação:


“Nossa admiração, porém, deve ser muito maior quando encontramos que em obediência às palavras de seus sacerdotes: HOC EST CORPUS MEUM (Este é o meu corpo), Deus mesmo desce ao altar, acode onde quer que O chamem, e se coloca em suas mãos, ainda quando sejam Seus inimigos. 


E havendo acudido, coloca-se, completamente a sua disposição; transladam-no como querem de um lugar para outro; podem, se assim o desejam, encerrá-Lo nos tabernáculos ou expô-lo sobre o altar, ou levá-Lo para fora da igreja; podem se assim o decidem, comer sua carne e dá-la para alimentar a outros. ‘Oh, quão grande é seu poder! — disse São Lourenço Justiniano, falando dos sacerdotes. — Cai uma palavra de seus lábios e o corpo de Cristo está aqui substancialmente formado com a matéria do pão, e o Verbo Encarnado descido do céu acha- se realmente presente sobre a mesa do altar!’


“Assim pode o sacerdote, em certa maneira, ser chamado criador de seu Criador... ‘O poder do sacerdote — disse São Bernardino de Siena


é o poder da pessoa divina; porque a transubstanciação do pão requer tanto poder como a criação do mundo’”.2)


Poderá haver maior blasfêmia do que a pretensão de fazer do amante Salvador um verdadeiro joguete? Em milhares de igrejas em toda a terra e diariamente, os sacerdotes do papado pretendem fazer de Cristo aquilo que acima diz Alfonso Ligorio, porta-voz do romanismo. 


E’ assim que a besta romana desvia a atenção dos homens do santuário de Deus e do sacrifício realizado pelo Filho de Deus, volvendo-os a seus templos terrestres e ao sacrifício da missa que não tem lugar no plano de Deus. Jesus morreu uma vez só, diz São Paulo, pelo pecador. Mas a igreja romana, segundo ensina, arroga-se repetir na missa o sacrifício da cruz milhares de vezes diariamente.3) Isto é grande blasfêmia.


Mas as blasfêmias vão além. Atingem também os “que habitam no céu”. No santuário celestial, Jesus, como Sumo-sacerdote, é assistido por um grupo de vinte e quatro anciãos, segundo lemos nos capítulos quatro e cinco. Quando a igreja de Roma se arroga fazer de Cristo, na missa e na eucaristia o que bem entende — repetir o sacrifício do Calvário; tornar carne e ossos o Senhor dos céus; perdoar pecados de vivos e mortos, em desacordo com o ritual do templo celestial onde somente são os pecados perdoados pelo Filho de Deus — então isto é também blasfêmia contra os “que habitam no céu” e assistem o Sumo-sacerdote verdadeiro em seu serviço. 


Esta atitude da igreja católica desmantela a obra mediadora de Jesus no santuário e a dos que O assistem. Todas as pretensões do papado e todo o ritual romano não são mais que “blasfêmias contra Deus”, contra o "Seu tabernáculo” e contra os “que habitam no céu”, pois já as sete cabeças da besta estão cheias de nomes de blasfêmias.


GUERRA DA BÊSTA CONTRA OS SANTOS


VERSO 7 — “E foi-lhe permitido fazer guerra aos santos, e vencê-las; e deu-se-lhe poder sobre toda a tribo, e língua, e nação”.


”E FOI-LHE PERMITIDO FAZER GUERRA AOS SANTOS"


Aos que o papado perseguiu taxando-os de hereges, a profecia de Deus chama-os de santos. Logo que se iniciaram os 1260 anos de supremacia temporal do despotismo papal, “os cristãos foram obrigados a optar entre renunciar sua integridade e aceitar as cerimônias e culto papais, ou passar a vida nas masmorras, sofrer a morte pelos instrumentos de tortura, pela fogueira, ou pela machadinha do verdugo”. 


Desencadeou-se a perseguição sobre os fiéis com maior fúria do que nunca, e o mundo se tornou um vasto campo de batalha. Durante séculos a igreja de Cristo encontrou refúgio no isolamento e obscuridade. Assim diz o profeta: ‘A mulher fugiu para o deserto, onde já tinha lugar preparado por Deus, para que ali fosse alimentada durante mil e duzentos e sessenta dias”.


1) Porém o conde Hoensbroech diz-nos ainda dos recursos de que se valeu Roma nesta tremenda guerra contra os santos: “À direita e à esquerda o caminho seguido pela igreja romana acha-se bordado por milhares de fogueiras e por sangrentos cadafalsos. As chamas chispotearam até o céu; nosso pé tem que passar por cima de arroios de sangue humano; corpos humanos se retorcem no avermelhado resplandor, cabeças humanas rolam pelo caminho. 


Para nós se arrastam aparições queixosas; seus olhos foram apagados na grande escuridão do cárcere; seus membros são esquartejados e despedaçados pelo tormento. Suas almas são abatidas, aviltadas, cobertas de opróbrio... Que caminho! E este caminho não tem fim! Em voltas e revoltas sem fim, recorre todos os países do ocidente”. “Tormento, fogueira e espada têm sido convertidos em apóstolos da religião de Jesus Cristo!” “O auto de fé da inquisição é a manifestação mais tremenda e sangrenta que se haja apresentado como sistema sob o manto da religião no mundo cristão. O sangue que por causa dela foi derramado em rios pode ser exclusivamente imputado ao papado”.1)


Basta! A história está regada de sangue de dezenas de milhões de santos esmagados pelo tacão de Roma-papal. Os governos europeus, os quais se aliaram ao papado e estiveram sob seus pés por 1260 anos, consentiram e ajudaram-no a massacrar os seus súditos em favor de Roma. 


E’ verdadeiramente deprimente uma nação atender as sugestões dum poder estrangeiro para voltar sua espada contra seus próprios súditos em seu favor! Mas as perseguições do papado não se limitaram apenas à Europa. O misérrimo tribunal da inquisição estendeu seus estranguladores tentáculos à América, fazendo vítimas nas repúblicas de idioma espanhol, bem como noutros setores do globo.


"E DEU-SE-LHE PODER SÔBRE TÔDA A TRIBO, E LÍNGUA, E NAÇÃO"


Já salientamos que Satanás deu à besta “o seu poder, e o seu trono, e grande poderio”. O mesmo poder que exerceu em todo o mundo, “sobre toda a tribo, e língua e nação”, transferiu ele ao papado. A declaração profética alude especialmente aos dias da supremacia temporal do papado — 538 a 1798 — e também a um futuro próximo quando mesmo o poder civil das nações se tornar dependente do papado; pois em grande parte já domina suas consciências.


OS ADORADORES DA BÊSTA DEFINIDOS


VERSO 8 — “E adoraram-na todos os que habitam sobre a terra, esses cujos nomes não estão escritos no livro da vida do Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo”.


NOMES QUE NÃO ESTÃO NO LIVRO DA VIDA DO CORDEIRO


O livro da vida é referido várias vezes no Novo Testamento. Somos informados de que ele apenas “contém os nomes de todos os que já entraram para o serviço de Deus”. E “São Paulo fala de seus fiéis cooperadores ‘cujos nomes estão no livro da vida’” “Seus nomes permanecem registados no livro da vida, e está escrito com relação a eles: ‘Comigo andarão de banco; porquanto são dignos disto”’.


2) De tudo inferimos que no livro da vida só se encontram os nomes dos que aceitaram a Cristo como Salvador pessoal, pregam Seu puro evangelho e orientam suas vidas por Ele. E isto não podemos dizer dos que adoram a Besta e se orientam por suas tradições-pagãs e não pelo evangelho de Cristo. Seus nomes, pois, “não estão escritos no livro da vida do Cordeiro”, o que equivale a dizer que não terão parte com Cristo na vida eterna.


O CORDEIRO "QUE FOI MORTO DESDE A FUNDAÇÃO DO MUNDO"


O Cordeiro aqui mencionado é Jesus. Mas, como poderia Jesus ter morrido “desde a fundação do mundo”? A inspiração conta-nos da tragédia do pecado no mundo, ainda bem no princípio de sua criação. O homem, por seu pecado devia morrer. Mas o Filho de Deus pleiteou com o Pai, oferecendo-Se para pagar a pena do pecador, morrendo por ele. 


E quando Jesus, lá no início do mundo se ofereceu para morrer pelo pecador e foi aceito por Deus como o Cordeiro “que tira o pecado do mundo”, Seu sacrifício, embora tomasse lugar 4.000 anos depois, foi considerado desde então como consumado, e foi assim que Ele foi morto desde a fundação do mundo. 


Se assim não fora, os que viveram antes da cruz não poderiam confiar no Seu sacrifício expiatório e muito menos terem esperança de libertação do pecado. Mas os adoradores da besta excluíram-se voluntariamente do imenso amor de Deus manifesto na dádiva de Jesus como o Cordeiro de Deus. Eles se puseram, por preferência à besta, afastados desse amor que inclui no livro da vida os nomes dos que reconhecem o imenso sacrifício de Deus para salvar o pecador da eterna morte.


A INOLVIDÁVEL RECOMPENSA DA BÊSTA


VERSOS 9-10 — “Se alguém tem ouvidos, ouça. Se alguém leva em cativeiro, em cativeiro irá: se alguém matar à espada, necessário é que à espada seja morto. Aqui está a paciência e a fé dos santos”.


"SE ALGUÉM TEM OUVIDOS, OUÇA"


Esta frase já tem sido apresentada muitas vezes nas cartas às sete igrejas, como uma advertência. E, agora, depois da profecia sobre a origem, obra e destino do papado, a mesma frase adverte os que dela são notificados. Noutras palavras, quem tem ainda consciência, ouça com ela a advertência, abandone Roma e ponha-se sem temor ao lado da divina verdade para salvar-se.


A RECOMPENSA DA BÊSTA


Depois de a profecia fazer alusão à guerra de Roma contra os inocentes e fiéis testemunhas de Jesus, em que sucumbiram aos milhões de milhões, faz então menção do cativeiro e da morte do poder opressor. França caiu sobre o papado, e, no teor da profecia, matou-o, embora apenas por dois anos e levou o papa em cativeiro onde morreu. No futuro que longe não está, uma outra espada, predita, cairá sobre o mesmo poder, então para eliminá-lo para todo o sempre do mundo.1)


“Aqui está a paciência e a fé dos santos”: — Esta proposição da profecia prova que Deus não deixara sem consolo os seus fiéis perseguidos de morte e caçados pelas cruzadas e tribunais da inquisição para serem chacinados. O heroísmo dos miríades de miríades de mártires na hora do suplício, bem pode ser que fosse resultante do conforto deste consolo profético de Deus e de Jesus. 


Paciência e fé são indispensáveis nas tribulações mesmo as mais dramáticas. A paciência para o devido testemunho em prol da verdade pura e de Seu Autor e a fé para a permanência na mesma verdade, aos pés do Salvador. Paciência e fé são imprescindíveis virtudes cristãs na vida espiritual.


Paciência e fé foram poderosas armas de que lançaram mãos aqueles baluartes da igreja cristã nos escuros séculos da idade Média. Quando lemos de suas prisões, seus açoites, suas torturas e finalmente a morte, infligidos pelos tribunais da inquisição; quando lemos como eram caçados pelos vales e montes como se fossem animais bravios que devessem ser destruídos; quando lemos da firmeza inabalável daquelas heroicas testemunhas de Jesus Cristo, — podemos então imaginar quão grande era a paciência e quão altaneira era a fé daqueles santos devorados pelas chacinas daqueles esbirros de Roma.


Todavia, a firmeza daqueles heroicos luminares deve infundir ânimo e coragem indómitos em todo o cristão destes derradeiros dias, quer nas tribulações comuns quer nas perseguições movidas hoje ainda por aquele mesmo poder perseguidor. Logo o mundo atual terá a oportunidade de deparar o mesmo espírito de Roma que norteou sua história naqueles chamados séculos escuros. Mas, aos heróis cristãos será garantido poder sem limite do alto, e jamais cederão às instâncias de seus algozes perseguidores. Portanto, urge, pois, que tomemos agora posição junto de Cristo e de Seu evangelho puro, para que tenhamos o Seu poder e a Sua ajuda quando a tempestade desabar sobre Sua igreja. Paciência e fé, eis as indispensáveis armas desde agora, para a segura vitória então.


II — A BÊSTA QUE SUBIU DA TERRA


Uma besta estranha


VERSO 11 — “E vi subir da terra outra besta, e tinha dois chifres semelhantes aos de um cordeiro, e falava como o dragão”.


UMA BÊSTA QUE SEGUE À PRIMEIRA


Disto se compreende que a nova besta que segue à papal, que pelo teor de sua profecia simboliza um novo poder religioso ou político-religioso, deveria ter surgido ou sido reconhecida como potência no mundo pela altura da ferida mortal aplicada ao papado ou em torno do ano 1798.


"E VI SUBIR DA TERRA OUTRA BÊSTA"


A primeira besta, o papado, surgiu do mar, ou como apreciamos, dentre as nações. Portanto, a segunda besta que subiu “da terra” e não do mar, deve ter-se levantado ou crescido em um território desocupado, solitário, deserto, numa região da terra onde ainda não havia povos e nações. Assim surgiu esta besta ou este novo poder, não em consequência de lutas e conquistas armadas como os grandes poderes mundiais das profecias, como feras rapinantes,1) mas como uma planta que nasce,  cresce e atinge a sua culminância pacificamente.


Para encontrarmos o poder representado por esta besta que subiu “da terra”, devemos sondar os continentes para nos assegurarmos qual tenha sido a potência como tal reconhecida no mundo ao tempo em que o papado recebeu o golpe mortal dos revolucionários franceses em 1798. 


Não esqueçamos, porém, que o novo poder deveria ter-se formado pacificamente longe de povos e nações, e que, por isso mesmo, não o podemos encontrar na Europa que era o setor do papado até 1798 e mesmo depois desse ano. Em torno desse ano não se levantou nenhum novo poder ou nação na Ásia, na África e muito menos que viesse satisfazer os requisitos da profecia. Pois tanto a Europa como a Ásia e a África não só eram continentes habitados como comovidos pelas tempestades da guerra, não preenchendo deste modo os requisitos de territórios desertos e pacíficos para o levantamento da segunda besta ou poder desta profecia.


No fim do século XV, porém, um novo continente foi descoberto — o continente americano. Em 1492 Cristóvão Colombo aportou no norte do continente americano, descobrindo-o para o resto do mundo. Um “novo mundo” era pela primeira vez conhecido no planeta e Colombo, ao tomar posse do continente que descobrira, proferiu a oração seguinte: “Todo- poderoso e eterno Deus que, pela energia da Tua palavra criadora, fizeste o firmamento, a terra e o mar, bendito e glorificado seja o Teu nome em todos os lugares. 


Que a Tua majestade e domínio sejam exaltados para todo o sempre, pois permitiste que Teu santo nome se tornasse conhecido por meio do mais humilde dos Teus servos nesta até agora desconhecida parte do Teu império”.2)


E’ significativa a expressão da oração de Colombo de que o continente ao qual aportou era até então desconhecido do resto do  mundo habitado, um vasto deserto, realmente um território desabitado, sem nacionalidades, sem povos. E foi, inquestionavelmente, na América solitária, que se ergueu a nova besta, o novo poder que iria ter extraordinária influência no mundo.


A BÊSTA QUE SUBIU DA TERRA NO NOVO MUNDO


E’ de grande significação o fato de que a civilização, desde os derradeiros dias do século XV, marchou para o Oeste, atravessou o Atlântico e estabeleceu-se no “novo mundo” de Cristóvão Colombo, descoberto quase simultaneamente com o grande movimento da Reforma religiosa do século XVI, aliás 25 anos antes do grito de alarme de Lutero contra a altivez e os erros de Roma. E, qual o poder representado pela besta que subiu “da terra”, nos desertos pacíficos do “novo mundo”, senão os Estados Unidos da América do Norte?


Há evidências altamente comprobatórias de que a profecia aponta aos Estados Unidos como a besta que subiu “da terra”. Em primeiro lugar, esta grande nação levantou-se dum território antes solitário, subindo, portanto, não do “mar” de povos e nações, mas duma terra deserta. 


Em segundo lugar, como evidencia a revelação, os Estados Unidos constituem um poder religioso no mundo que, como veremos, foi fundado por religiosos protestantes ingleses. Em terceiro lugar, a América do Norte está em sua história relacionada com o povo de Deus como está a besta- papal desta inspiração. Em quarto lugar, todos os detalhes da profecia harmonizam-se precisamente com a sua história.


COMO A SEGUNDA BÊSTA SUBIU "DA TERRA''


Os Estados Unidos da América do Norte constituem uma nação de língua inglesa, e, portanto, foram originalmente filhos da Inglaterra. Sua origem acha-se fundada na intolerância religiosa da Idade Média e na história dos cristãos puritanos ingleses.


Os puritanos existiam na Inglaterra desde meados do século XVI, e ainda que não  eram queridos, a  rigidez de  seus costumes e  sua abnegação impressionavam profundamente as massas. Apenas houve passado o melhor da vida (em 1603) a grande rainha Isabel, o alto clero anglicano começou a manifestar suas tendências de absolutismo e de intolerância. 


O Grande Conselho  (High Commission) criado em 1584 para servir de vanguarda contra os trabalhos dos partidários de Roma estendeu sua ação raivosa a todos os dissidentes da igreja oficial. As reuniões dos separatistas foram dissolvidas em todas as partes e perseguidos os que a elas assistiam, pelo que mui logo só se atreveram a reunir-se secretamente e a maioria de  seus membros, residentes em Nottingham, Lincoln e York, conceberam a ideia de abandonar sua pátria e buscar um país onde pudessem professar sua religião sem se verem molestados, coisa difícil por estar proibida a imigração, sem licença expressa do governo, por um decreto da rainha Izabel. 


Para iludir a lei trasladaram-se em pequenos grupos à costa; ali embarcaram para a Holanda, onde havia liberdade de culto, e em Amsterdam um de seus pregadores mais notáveis, João Robinson, fundou uma pequena comunidade composta quase em totalidade de artífices e lavradores, que sendo estrangeiros ganhavam escassamente sua subsistência com seu trabalho. Formou-se pouco a pouco outra comunidade em Leiden e novos adeptos foram chegando da Inglaterra, ainda que não gostavam muito do país nem do modo de vida de seus habitantes que nada tinham de puritanos.


Os expatriados viam com dor que seus filhos se contagiavam do mau exemplo, e antes de sucumbir de todo à influência do país, dirigiram seus olhares a outras Comarcas, primeiro à Guiana, para onde conduziu Walter Raleigh uma expedição que deu mau resultado e custou a vida àquele homem. 


Não sendo possível estabelecer-se naquela parte da América, enviaram os puritanos a dois deles, Roberto Cushman e João Carver, à Inglaterra para adquirir terras da Companhia Colonizadora de Virgínia, nome que se aplicou a quase toda a costa oriental da América do Norte. Estas negociações duraram um par de anos, até que finalmente Cushman e Brewster lograram o objetivo que se propunham, e em 1620 pôde embarcar o primeiro grupo de puritanos para a sua nova pátria, com o dinheiro que um comerciante de Londres, Thomas Weston, lhes  adiantou sob condições algo duras.


O pastor Robinson ficou na Holanda com uma parte da comunidade. Dos dois navios que fretavam um era inútil para a travessia e houve de regressar com seus passageiros à Holanda, e o outro denominado Flor de Maio, chegou à costa norte-americana no mês de novembro, depois de uma travessia muito grande. Até 16 de dezembro não encontravam os emigrantes um sítio conveniente para desembarcar. O ponto elegido foi chamado Nova Plymouth.


Antes de desembarcar firmaram os emigrantes um pacto solene pelo qual todos se obrigaram a respeitar e cumprir as disposições e leis justas e prudentes que conviesse adotar para o bem comum; ao próprio tempo nomearam um governador por um ano, a João Carver, e um lugar tenente ou suplente para quando fosse necessário. Feito isto, desembarcaram (a 21 de dezembro de 1620) em número de 101 naquela costa inóspita e na estação mais cruel.


A laboriosidade daqueles homens e a perseverança e a paciência com que suportaram todas as penalidades, seu entusiasmo religioso, seus costumes puros e sua vida simples tem-lhes valido expressivos louvores. Estava fundada assim a primeira colônia que até aos seus quatro anos, contava com apenas 32 casas e um total de 184 habitantes.


Em 1630 chegaram mais 416 emigrantes que fundaram novas colônias. Grande era o interesse que despertavam as colônias transatlânticas, onde os colonos dissidentes, como se dizia na Nova Inglaterra, podiam servir a Deus à sua maneira. A sociedade concessionária do território decidiu trasladar a direção à Nova Inglaterra e nomeou governador a João Winthrop, o qual em 1630 marchou a seu destino com 17 navios e 1500 emigrantes. O tempo encarregou-se de trazer novos colonos que iam fundando novas colônias.


Em 1643 formaram as colônias de Nova Inglaterra um projeto de união, com o nome de “Colônias Unidas de Nova Inglaterra”, de mútuo conselho e apoio em todas as coisas justas, para a conservação e propagação da verdade e dos direitos baseados no Evangelho, e para sua prosperidade e segurança mútua. Esta união foi um passo dado para fazer frente às exigências da mãe pátria, que não consideravam razoáveis.


Em 1755 atingiam os colonos a mais de 50.000. Em 1765, o congresso geral reunido em Nova York, contra a lei do timbre do Parlamento Inglês, resolveu não pagar impostos além dos já decretados e não enviar mais representantes das colônias ao Parlamento como incompatível com as condições geográficas. Começou a revolta contra a Inglaterra numa excitação cada vez mais crescente. A Insurreição  atingiu afinal todas as colônias. 


As importações da Inglaterra foram canceladas. Os exportadores ingleses para as colônias recorreram ao Parlamento solicitando medidas urgentes para a aflitiva situação em que se viam. O Parlamento revogou a lei do timbre, o que deu lugar a júbilo na Inglaterra e muito mais nas colônias americanas. Mas as relações das colônias com a metrópole não tardaram a azedar novamente numa sedição ainda maior.


 Em 28 de dezembro de 1772, um navio com 340 caixas de chá, chegado ao porto de Boston, foi assaltado e todo o carregamento, no valor de 18.000 libras esterlinas, foi arrojado ao mar. Todas as colônias aprovaram o ato e recusaram o chá por excessivo que era o seu preço. Os colonos suprimiram todo o tráfico com a Inglaterra e fomentaram sua própria indústria. 


Um exército inglês desembarcou nas colônias em 1774. O congresso das colônias autorizou a George Washington e alguns outros  a organizarem o exército de resistência. Washington foi unanimemente aclamado general em chefe do “exército continental americano”. Em .17 de junho de 1775 começaram a terçarem armas os exércitos inglês e americano, nas cercanias de Boston. O congresso americano encarregou uma comissão para redatar a declaração de independência, cujo redator Thomas Jefferson, a apresentou à apreciação do congresso. E a 4 de julho de 1776 foi lançada a histórica proclamação de independência, pelas treze colônias unidas, cujos termos temos a seguir:


“Quando, no decorrer dos acontecimentos humanos, se torna imperioso que um povo rompa os laços políticos que  o  unem  a outro, assumindo junto às potências do globo o lugar  que  lhe  compete como nação independente ao lado de seus pares, e de acordo com as leis da natureza e as leis de  Deus, impõe o  devido respeito  às opiniões da humanidade que esse povo declare os motivos que levaram à separação.


“Cremos axiomáticas as seguintes verdades: que todos os homens foram criados iguais; que lhes conferiu o Criador certos direitos inalienáveis, entre os quais o de vida, de liberdade, e o de procurarem a própria felicidade; que, para assegurar esses direitos se constituíram entre os homens governos cujos justos poderes emanam do consentimento dos governados; que sempre que qualquer forma de governo tenda a destruir esses fins, assiste ao povo o direito de mudá-la ou aboli-la, instituindo um novo governo cujos princípios básicos e organização de poderes obedeçam às normas que lhe parecerem mais próprias a promover a segurança e felicidade gerais. 


A prudência aconselha que governos, de longa data estabelecidos, não deverão ser mudados em razão de causas fúteis ou transitórias e toda a experiência do passado demonstra que a humanidade está mais disposta a sofrer males, enquanto se possam suportar que a corrigi-los com o abolir das formas a que se havia acostumado. Todavia, quando uma longa série de abusos e usurpações, todos invariavelmente dirigidos ao mesmo fim, estão a apontar o desígnio de submeter um povo a despotismo absoluto, é seu direito, é seu dever pôr Termo a tal governo, e prover novos guardiães de sua segurança futura. 


Estas colônias sofreram com paciência; mas perante a necessidade que ora surge sentem-se constrangidas a mudar seu antigo sistema de governo. A história do atual Rei da Grã-Bretanha é uma sucessão de agravos e usurpações, visando todos o estabelecimento de uma tirania absoluta sobre estes estados. Para prová-lo, submetamos os fatos ao julgamento dum mundo imparcial”. Nesta altura os colonos expõem os seus agravos.


“Nós, portanto, representantes dos Estados Unidos da América, reunidos em Congresso Geral, apelando ao Juiz Supremo do mundo, testemunha da retidão de nossas intenções, publicamos e solenemente declaramos, em nome do digno povo destas colônias e por sua autoridade, que estas Colônias Unidas são, como de direito deveriam ser, Estados Livres e Independentes; que estão isentas de fidelidade para com a coroa Britânica; que se acham cindidos, como de razão, todos os laços políticos entre elas e o Estado da Grã-Bretanha; e que, como Estados Livres e Independentes, gozam do direito de declarar guerra, assinar paz, contrair alianças, promover o comércio, e realizar todo e qualquer ato ou diligência, dentro da alçada legal de Estados Independentes. E para sustentar a presente declaração, com fé inabalável na proteção da Divina Providência, empenhamos nossas vidas, nossas fortunas, e nossa honra sagrada”.1)


Em 1777, o Congresso, reunido com os representantes  dos  treze Estados originais — Nova Hampshire, Massachussets, Rhode Island, Connecticut, Nova York, Nova Jersey, Pensilvânia, Delaware, Maryland, Virgínia, Carolina do Norte, Carolina do Sul e Geórgia — adotou os artigos da confederação.


A 3 de setembro de 1783, com o tratado de Paris firmado entre os Estados Unidos e a Inglaterra, terminou a guerra da independência, sendo reconhecida como livre da coroa Britânica a grande e primeira nação do “Novo Mundo”.


Uma década após a elaboração dos Artigos da Confederação, viu- se que estes artigos não eram suficientes para conservar juntos os Estados da União. Em maio de 1787 reuniu-se o Congresso em Filadélfia, e, depois de 90 dias de deliberações, foi adotada uma constituição pelos congressistas, que foi ratificada pelos treze Estados. A 30 de abril de 1789, Washington foi eleito primeiro presidente por unanimidade de votos,  jurou a constituição, tomando posse de seu cargo.


Os Estados Unidos, a segunda besta desta profecia, devia subir da terra ou serem reconhecidos como potência independente no mundo, quando a primeira besta, o papado, recebesse a ferida mortal, que ocorreu em 1798 pela espada de França. João Wesley, em suas notas sobre o Apocalipse treze, escritas em 1754, diz acerca da besta de dois chifres: “Todavia não apareceu ainda, ainda que não pode estar longe. Porque deve aparecer no fim dos quarenta e dois meses da primeira besta”.


1) Os 42 meses a que se referira Wesley, são os 1260 anos da supremacia temporal do papado, findos em 1798. Dentro de nove anos, desde que a Constituição norte-americana entrou em vigor até 1798, os Estados unidos foram reconhecidos no mundo como nação soberana e o papado, a primeira besta, estava ferido de morte. Estava cumprida a profecia. A besta de dois chifres levantou-se “da terra” deserta do “novo mundo” tornando-se soberana no tempo indicado pela inspiração.


A grande nação iniciou sua marcha com mais de  dois milhões  de quilômetros quadrados e com menos de quatro milhões de habitantes. Todavia sua população continuou a crescer  rapidamente. De  seus 3.929.214 habitantes em 1790, atingiu 62.947.714 em 1890.  Em 1935 sua população alcançava 127.521.000 habitantes e 148.000.000 em fins de 1948. Em 1955 contava  já  165.495.000.  Em todo o sentido, como nação de importância, seu crescimento foi sem paralelo na história das nacionalidades. Cresceu grandemente em território, atingindo, atualmente, no continente, 9.212.270 quilômetros quadrados, tendo por limites a Leste e a Oeste os dois maiores oceanos


o Atlântico e o Pacífico, e ao Norte e ao Sul os lagos do Canadá e o Golfo do México. Possui 49 Estados semeados de grandes e populosas cidades. Cresceu extraordinariamente em todos os ramos da ciência. Cresceu em poder internacional mais que qualquer outra potência. Cresceu em influência econômica e monetária mundial acima  das outras nações.


A expressão do profeta: “E vi subir da terra outra besta”, indica seu vertiginoso crescimento em todo o sentido. Os Estados Unidos cumprem sobejamente a profecia inspirada. Não é possível encontrar outra nação que preencha tão precisamente todos os detalhes desta revelação do Apocalipse. Subiu da terra, dum lugar deserto, sem conquistas armadas. 


Nenhuma outra nação foi derribada para dar o lugar aos Estados Unidos. Verdadeiramente eles nasceram e cresceram num território antes desabitado. “Reiteradas vezes, ao descreverem a origem e o crescimento desta nação, oradores e escritores têm emitido inconscientemente o mesmo pensamento e quase que empregado as mesmas palavras do escritor sagrado”. 


No jornal europeu The Dublin Nation, de 1850, um escritor referiu-se aos Estados Unidos como de um “império” admirável que “surgira”, e “aumentara diariamente seu poder e sua pujança em meio ao silêncio da terra”. Em um discurso sobre os desterrados peregrinos que fundaram os Estados Unidos, disse Eduardo Everette: “Procuraram um local afastado, inofensivo por sua obscuridade, e seguro pela distância, onde a pequena igreja de Leyden pudesse gozar  da liberdade de consciência? Eis as imensas regiões sobre as quais, em conquista pacífica,... implantaram os estandartes da cruz!”.1


Disse Townsend referindo-se aos Estados Unidos: “Crescemos em silêncio como uma semente e tomamos proporções de poderoso Estado...”2) O Dr. S. Ruge, referindo-se aos colonos peregrinos, disse: “Não recorreram às terras em marcha triunfal, mas vagarosa e continuamente apossaram- se do solo. E só quando lançaram fundas raízes na costa penetraram terra a dentro atravessando os montes... No livre desenvolvimento dos negócios internos prosperaram notavelmente as colônias”.3)


Em 1854 dizia já o Dr. Felipe Schaff: “Os Estados Unidos da América do Norte são um prodígio nos anais da humanidade. Seu desenvolvimento deixa muito atrás em rapidez e em gigantescas proporções tudo o que até aqui se tem comprovado, e seu significado para o porvir zomba os mais audazes cálculos. Com menos de um século de existência e devido a sua força natural de expansão constituem já os Estados Unidos um dos mais poderosos Estados do mundo civilizado que já intervêm em todo um continente e em dois oceanos e que estendem as redes de sua influência pacífica sobre a Europa, África e Ásia”.4)


Cremos que o que já foi dito é o suficiente como comprovante de que nenhuma outra nação, além dos Estados Unidos, preenche tão completamente estas palavras da inspiração: “E vi subir da terra outra besta”.


UMA NAÇÃO ESSENCIALMENTE PROTESTANTE


Segundo já pudemos ver, os Estados Unidos constituem uma nação  essencialmente  protestante. Esta nação é filha legítima da Reforma protestante do século dezesseis. Aludindo a isto, diz Bancroft: ‘“Filha da Reforma’ estreitamente unida com os séculos passados e com os maiores combates espirituais da humanidade, foi colonizada Nova Inglaterra por gente entusiasta que não temia a outro senhor que a Deus’. 


E diz mais: ‘A Reforma, à qual se devem os choques entre dissidentes ingleses e a jerarquia anglicana, foi a que colonizou Norte América; a Reforma que emancipou os Países Baixos unidos conduziu ao estabelecimento dos europeus nas margens do Hudson’. Observa também sobre os colonos de Nova York: ‘Os colonos eram os restos dos primeiros frutos da Reforma procedentes das províncias belgas e da Inglaterra, da França e da Boêmia, da Alemanha e da Suíça, do Piemonte e dos Alpes italianos’”.1)


Sem dúvida alguma, os alicerces e a vida da grande nação são inteiramente protestantes, e, ao nos referirmos à besta que subiu da terra, temos nela os Estados Unidos da América do Norte Protestantes, ou, mais propriamente, o Protestantismo Estadunidense, pois a nação nada mais é que um poder civil-religioso.


"E TINHA DOIS CHIFRES SEMELHANTES AOS DE UM CORDEIRO"


Antes de tudo urge dizer-se que a besta que subiu “da terra” não é um cordeiro. O profeta enfaticamente diz que apenas os seus dois chifres são de cordeiro. Numa besta real jamais encontramos esta disparidade. Porém, numa besta simbólica como esta, é para temer-se; temer-se, não os simbólicos e inofensivos chifres de cordeiro, mas a própria besta que, sob o disfarce de chifres de cordeiro, esconde sua verdadeira natureza a ser por ela revelada na ocasião propícia, sendo neste sentido muito evidente o conjunto da profecia.


“Dois chifres semelhantes aos de um cordeiro”. Ao descrever Daniel os dois chifres do carneiro da profecia do oitavo capítulo do seu livro, diz que eles representavam duas nações irmanadas ou dois poderes distintos unidos na conquista do mundo — a Pérsia e a Média. Na descrição do domínio mundial da Grécia declara Daniel, referindo-se às quatro pontas do bode, que o mesmo poder se dividiria em quatro reinos. 


E, ao fazer menção do quarto animal representativo de Roma-pagã, diz o profeta que os 10 chifres indicavam 10 reinos em que se dividiria o poder romano.2) Agora, porém, temos uma outra besta, com dois chifres dos quais nada é dito sobre divisão em dois do poder da besta que os traz. O que representam os dois chifres então?


Os dois chifres de cordeiro designam  os  dois  característicos dos Estados Unidos Protestantes, manifestos pela primeira vez no mundo por uma nação. Estes dois característicos da nova nação podemos entendê-los usando uma mui simples  ilustração.  Por exemplo: Que nos poderia acontecer diante de um cordeiro? Investiria ele sobre nós? Usaria ele contra nós, para nos ferir, os seus dois pequeninos e tenros chifres? 


Fugiríamos dele porventura por causa de seus dois chifrezinhos? Todas as respostas são negativas. Um cordeiro natural deixa-nos em paz, em liberdade e jamais fará uso de seus dois chifrezinhos para ferir a alguém. Podemos dizer que seus dois chifres são emblemas de seu poder pacífico. Diante de um cordeiro, pois, estamos em plena liberdade.


Assim são os dois característicos dos Estados Unidos representados pelos dois chifres da besta que é seu símbolo. São emblemas das duas grandes liberdades — liberdade civil e liberdade religiosa — que caracterizam o governo e a nação Norte Americana. Um escritor estadunidense, frisando acentuadamente este ponto, diz “que o espetáculo que essa nação ofereceu então ao mundo e que durante séculos não lhe tinha dado gozar, foi o de uma Igreja sem papa e de um Estado sem Rei”. 


Uma igreja sem papa para escravizar as consciências e um Estado sem rei para oprimir — como manifesto até àquela época do Velho Mundo. Em outros termos, os dois princípios fundamentais da nação — liberdade civil e religiosa — que distinguiram e notabilizaram os Estados Unidos, podem ser resumidos nestas outras duas palavras: Protestantismo e Republicanismo. 


Estes princípios que são o segredo do poder e prosperidade dos Estados Unidos, era o anelo dos peregrinos quando para o “novo mundo” fugiram da Europa oprimida pela igreja de Roma em conluio com os reis daquelas nações. Ainda estavam em alto mar quando assentaram os planos para estabelecerem estas duas sagradas liberdades no novo continente. Bancroft, o historiador, a isto refere-se, dizendo:


“Este documento foi firmado por todos os homens, que eram 41, os quais com suas famílias constituíam uma colônia de 100 pessoas, uma verdadeira democracia que se estabeleceu na Nova Inglaterra. Tal foi a origem da liberdade constitucional do povo”. “No camarote da ‘Flor de Maio’ recuperou a humanidade seus direitos e estabeleceu a soberania sobre as bases de ‘leis’ iguais para o ‘bem comum’”.1)


Quando mais tarde, como colonos unidos, formularam a declaração de independência, inseriram no preâmbulo a essência dos dois grandes princípios de liberdade, como já apreciamos páginas atrás.


Quando, por fim, as colônias unidas estabeleceram a Constituição Americana, que ainda hoje é a mesma, asseguraram por ela plena liberdade de consciência. No preâmbulo do grande documento, lemos:


“Nós, o povo dos Estados Unidos, a fim de formar uma união mais perfeita, estabelecer a justiça, assegurar  a  tranquilidade interna, prover a defesa comum, promover o bem-estar geral, e  garantir para nós e para os nossos descendentes os benefícios da liberdade, promulgamos e estabelecemos esta Constituição para os Estados Unidos da América”. 


No artigo seis e na primeira emenda lemos: “Jamais se exigirá, como condição para o exercício de qualquer função ou cargo público sob a autoridade dos Estados Unidos, a posse de qualquer qualificação do ponto de vista de religião”, “O Congresso não poderá passar nenhuma lei estabelecendo uma religião, proibindo o livre exercício dos cultos, cerceando a liberdade da palavra ou da imprensa, restringindo o direito do povo se reunir pacificamente ou de dirigir ao governo petições para a reparação de seus agravos”.1)


Era este o espírito de George Washington, o primeiro presidente da nação, que disse: “Todo o homem que se conduz como bom cidadão, só a Deus é responsável quanto à sua fé religiosa, e deve ser protegido no exercício do culto que prestar a Deus segundo os ditames de sua consciência”.


Em outro parágrafo que antes já havia sido adotado em uma assembleia do Estado de Virgínia, reza assim: “A religião ou o dever que temos para com o nosso Criador e a maneira como dela nos desempenhamos só pode ser regulada pelo bom senso e pela convicção individual, mas nunca pelo constrangimento ou pela violência, donde se conclui que todos gozam igualmente do direito de praticar a religião de acordo com os ditames da razão. Constitui portanto dever mútuo de todos os homens usar uns com os outros de caridade, tolerância e simpatia”.2)


Um projeto de lei apresentado por Thomas Jefferson (1785) para garantia da liberdade religiosa e adotado por maioria de votos, concluía deste modo: “Resolve portanto a assembleia geral, que pessoa  alguma deve ser constrangida a frequentar ou contribuir para qualquer culto divino, lugar ou ofício religioso, nem sofrer danos, constrangimento ou outra pena qualquer em sua pessoa ou em sua propriedade por motivo de sua fé ou de suas convicções religiosas; mas que todo o homem deve ter plena liberdade de professar, externar e defender as suas ideias sobre religião sem que isto afete de alguma maneira o seu caráter ou a sua posição como cidadão”.3)


Logo depois da proclamação da constituição, foram cunhadas moedas (1793, 1794, 1795) que traziam num lado a inscrição LIBERTY e 15 estrelas correspondentes aos Estados da União, e no lado oposto a frase


United States of America.


Temos deste modo patente na Constituição da nação  Americana, nas dos Estados que a formam e em suas próprias moedas, a interpretação dos “dois chifres semelhantes aos de um cordeiro”: Liberdade civil e liberdade religiosa. O Estado e a Igreja encontram-se evidentemente separados pela Constituição estadunidense. Estes princípios da nação americana são a essência do evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo — dar a César o que lhe é de direito e dar a Deus   o que Lhe é devido. 


A jovem República consagrava, pela primeira vez na história, estes dois sagrados, princípios inalienáveis de consciência, em que ao governo não assiste o direito de legislar em matéria de religião e nem à igreja compete imiscuir-se no que respeita ao governo civil. Os abusos destes dois princípios básicos do bom governo, foi que deu à Idade Média a hedionda alcunha de “Idade Escura” e resultou em morticínios e chacinas de milhões que procuravam liberdade de consciência para praticar a sua religião e adorar livremente a Deus. 


Todavia, nação alguma antes dos Estados Unidos houve jamais em que aos homens fosse garantida tão plena liberdade de adorar a Deus segundo os ditames da consciência. Em nação alguma e em época nenhuma foi o evangelho tão desembaraçado de qualquer impecílio no que diz respeito à sua difusão quer em voz audível quer pela página impressa. Mesmo até uma sociedade bíblica e inúmeras sedes de missões cristãs de além mar têm plena liberdade nos Estados Unidos. E, ainda como maior evidência da completa liberdade de culto na grande nação, informa o Year book of American Churches, de 1943, que haviam ali operando livremente, em 1942, nada menos de 256 corpos religiosos cristãos.


Toda a antiga história havia girado em torno da soberania espiritual e temporal. Os Estados Unidos, porém, quebraram por sua Constituição o intolerável ritmo até então seguido pelas nações e lhes deram o exemplo de povo livre. Bancroft expressa o cumprimento da profecia pelos Estados Unidos, nestas palavras: “Os americanos estavam convencidos de que haviam sido escolhidos para desenvolver e propalar a liberdade civil e religiosa; que haviam sido destinados a experimentar grandes bênçãos e grandes provas, a sustentar grandes lutas e  a  conhecer grandes gozos, a cumprir gloriosamente com seu grande dever  de fundar no Novo Mundo a liberdade e dar o exemplo ao antigo”.


1) “Nos Estados mais antigos da história o governo e a religião não formavam mais que uma só entidade individual”. “Ninguém pensava então fazer da religião assunto da consciência particular do indivíduo, até que se ouviu afinal uma voz na Judeia que ordenava não dar a César senão o que era de César. Isto era a aurora da maior e mais importante época da vida da humanidade e mediante ela criou-se para todo o governo humano uma religião pura, espiritual e geral. 


A regra ficou em estado virtual durante   a infância do evangelho para todos os homens. Porém, tão logo como esta religião foi adotada pelo chefe do império romano, viu-se  despojada de  seu caráter geral e avassalada por sua união profana com um Estado profano. E assim seguiu sendo até que a nova nação que havia sido aviltada o menos possível pelos desconsoladores sarcasmos do século XVIII e onde vivia um povo que melhor que nenhum outro em todo o curso da história apegara-se ao cristianismo, sendo assim dito povo a principal herança da Reforma em sua forma mais pura, negou-se ao constituir um governo para os Estados Unidos tratar a fé e a religião como algo que um corpo legislativo pudesse reger ou que pudesse ter por chefe a um monarca ou a um Estado. 


Ao proclamar o direito pessoal em assunto de religião atreveu-se a nova nação a dar um exemplo em suas relações com Deus e como devia adotar-se o princípio assentado pela primeira vez por Deus na Judeia. Entregou a direção das coisas temporais ao poder temporal, porém, a Constituição americana, em conformidade com o povo dos diferentes Estados, negou ao governo geral o direito de penetrar no santuário da razão, no baluarte da consciência e da alma; e isto não por indiferença, senão para deixar que o espírito infinito da eterna verdade se desenvolvesse em sua liberdade, em sua pureza e em seu poder”.1)


Em confirmação disto diz o Dr. Hinschius: “O país clássico em que ficou realizado este sistema da separação do Estado e da Igreja é o dos Estados Unidos da América do Norte”.2)


Temos até este passo constatada, plenamente, a profecia apocalíptica sobre a besta que subiu “da terra”. Nenhuma crítica poderá contestá-la, pois a própria voz da grande nação do Novo Mundo a comprova com inquestionável segurança e dá fé absoluta a seu inolvidável cumprimento.


"E FALAVA COMO O DRAGÃO"


A poderosa nação norte-americana, fundada na gloriosa base profética de liberdade, é drasticamente denunciada na profecia que lhe diz respeito. A revelação põe-nos a par que, embora a besta protestante- estadunidense possua chifres de cordeiro e tenha com eles demonstrado pacíficas intensões, — falará, afinal, como o dragão. Aqui se nos apresenta patentemente a desastrosa mudança que no transcurso do tempo sofrerá a grande nação americana.


“Os cornos semelhantes aos do cordeiro e a voz do dragão deste símbolo indicam flagrantemente contradição entre o que professa e  pratica a nação assim representada. A ‘fala’ da nação são os atos de suas autoridades legislativas e judiciárias. Por esses atos desmentirá os princípios liberais e pacíficos que estabeleceu como fundamento de sua política”.


3) E quais haverão de ser os atos da nação norte-americana através de seus dois órgãos — legislativo e judiciário — que  representarão a voz do dragão? Antes de tudo tenhamos em vista que, em outros textos do Apocalipse, são os Estados Unidos denominados  de  “falso profeta”.


4) E, um falso profeta, segundo as Sagradas Escrituras, tem a pretensão de falar e ensinar matéria de religião em nome de Deus, quando em verdade sua mensagem e sua interpretação do evangelho inspirado são falsas. E’ em matéria de religião, portanto, que os Estados Unidos falarão, futuramente, “como o dragão”, através “de suas autoridades legislativas e judiciárias”.


Como comprovação disto, certificar-nos-emos das verdadeiras palavras ou da evidente voz do dragão segundo somos informados nas Escrituras Sagradas. Antes de tudo diga-se que o dragão, como simbolizado no Apocalipse doze, é o próprio Satanás. A primeira vez que o mundo ouviu sua voz ou fala, foi no jardim do Éden para contrariar a revelação e afastar o homem de Deus e levá-lo à ruína e perdição eternas.


1) E’ claro que ele fala por intermédio de seus agentes humanos e por eles planeja para perverter o puro evangelho de Cristo e perseguir os que a ele se atêm fielmente. Foi esta a razão que o levou à guerra contra Cristo e os apóstolos, sendo seus agentes os judeus. Depois dos judeus usou o paganismo romano, e, depois deste, tomou Roma-papal em suas mãos para exterminar a igreja cristã verdadeira, se possível, e mesclar de erros a verdade evangélica original. Sim, Satanás sente-se mal em ver a verdade isenta de erros e uma igreja fiel no desempenho de sua missão cristã. Não há nenhuma dúvida pois, quanto à fala do dragão.


Ao falar no futuro “como o dragão”, a besta de “dois chifres semelhantes aos de um cordeiro”, ou os Estados Unidos, demonstrará o mesmo caráter de intolerância e perseguição religiosa que o dragão demonstrou através de Roma-pagã e de Roma-papal. Os Estados Unidos protestantes virão futuramente a adotar princípios que serão perfeita negação daqueles que o caracterizaram originalmente. 


Pouco a pouco cederá lugar a um caráter diametralmente oposto e imitará os poderes  que séculos atrás ergueram a espada contra os verdadeiros adoradores de Deus fiéis a Seus mandamentos. “E’ doloroso ver que uma nação nascida tão pacificamente e consagrada a princípios de governo tão nobres chegará a assumir a natureza dos poderes que a precederam e, ao fazê-lo, se rebaixará até perseguir o povo de Deus.


 Porém não nos resta outro remédio que nos deixar guiar em nosso estudo pelo esboço divinamente inspirado que nos deu a profecia. Posto que os Estados Unidos são a potência representada pelo símbolo que fala como o dragão, deduz-se que haverão de promulgar leis injustas e opressivas contra a fé religiosa e prática de seus cidadãos a ponto de merecer o nome de potência perseguidora”.2) São estas as palavras que o dragão falará pela grande nação e que são plenamente confirmadas pela continuação desta explanação como haveremos de apreciar.


EXERCENDO O PODER DO PAPADO


VERSO 12 — “E exerce todo o poder da primeira besta na sua presença, e faz que a terra e os que nela habitam adorem a primeira besta, cuja chaga mortal fora curada”.


"E EXERCE TODO O PODER DA PRIMEIRA BÊSTA"


A primeira besta da visão deste capítulo treze é o papado romano. O poder do papado que exercerá a besta de “dois chifres” ou sejam os Estados Unidos, sob a liderança do protestantismo estadunidense, é o poder religioso despótico sobre as consciências. A nação protestante chegará ao ponto de exercer o poder perseguidor do papado contra todos quantos não se puseram em harmonia com seus ensinos em matéria de religião. “A predição de falar ‘como o dragão’, e exercer ‘todo o poder da primeira besta’, claramente anuncia o desenvolvimento do espírito de intolerância e perseguição que manifestaram as nações representadas pelo dragão e pela besta semelhante ao leopardo”.1)


Mas o poder opressor do papado que exercerão os Estados Unidos, será exercido em presença do mesmo papado. E’ bem de ver que a profecia anuncia aqui, com insofismável clareza, a união dos Estados Unidos, na qualidade de nação protestante, com o papado romano. O tempo encarregar-se-á desta união e de enviar um embaixador da nação protestante ao Vaticano. Já nestes últimos anos os presidentes Roosevelt e Truman tiveram um representante pessoal — Miron Taylor — junto ao poder papal, no Vaticano. 


O Congresso americano, porém, tomará este encargo, afinal, em suas mãos. E’ notável como a profecia salienta o fato de que é a nação protestante americana que procurará esta aliança com Roma. De outro lado, o catolicismo minou de tal maneira os Estados Unidos e exerce em sua vida uma tão poderosa influência, que a nação não terá outra alternativa senão procurar aliança com a Sé de Roma. O parágrafo seguinte demonstra com indiscutível evidência o poder cada vez mais crescente do catolicismo — vanguarda do papado — nos Estados Unidos.


“Desde que a Igreja Católica foi estabelecida oficialmente nos Estados Unidos, há 168 anos, seu progresso tem sido constante, ao ponto de hoje haver neste país 30 milhões de católicos, e já 32.403.332 em 1955, em comparação com os 25 mil que havia em 1784, ano  em  que o reverencio John Carroll foi nomeado prefeito apostólico para o território que então ocupava a jovem república norte-americana. 


Autoridades católicas dizem que a Igreja nos Estados Unidos, em  1952, possuía grande influência e prestígio e que sua voz, em,  inúmeras questões sociais, é escutada e respeitada, hoje, pois uma quinta parte da população dos Estados Unidos é católica e sua influência na vida norte-americana alcançou um grau bastante elevado. 


As estatísticas para o ano de 1951 indicam existir neste país mais de 12 mil instituições educativas autônomas, sob os auspícios católicos. O pessoal permanente de tais instituições alcança mais de 111 mil pessoas e quase cinco milhões de adultos de ambos os sexos recebem instrução nos 392 seminários, 236 colégios e universidades, 365 escolas e 8710 escolas primárias. 


Ademais, a Igreja Católica mantém 1.096 hospitais e instituições afins em todo o território norte-americano, com mais de 136 mil leitos para enfermos. A imprensa católica nos Estados Unidos tem atualmente 422 publicações, cuja circulação total passa de 15 milhões. Para os serviços de cura de almas dos 30 milhões de fiéis, há 45 mil sacerdotes e 160 mil frades, monges, etc. ‘Em suma’, acrescentaram, ‘a Igreja Católica constitui hoje um aspecto integral de cultura dos Estados Unidos e os porta-vozes de seus fiéis estão ajudando a guiar os Estados Unidos e o mundo entre os perigos que arrastam nesta segunda metade do século vinte”’.1)


Além disso os Estados Unidos são sede de cinco cardinalatos em cidades religiosamente estratégicas da nação: Washington, Nova York, Chicago, Detroit e São Luís. E o pensamento de grandes vultos do protestantismo é — estender as mãos a Roma. Um jornal protestante brasileiro publicou em 1935 um artigo em que se lia estas palavras: “O protestantismo caminha certo para um destes dois fins: Ou a formação de um papismo protestante ou a inteira reconciliação com Roma”.


2) Se o espaço permitisse seriam aqui acrescentados não poucas páginas atestando o pensamento de destacados clérigos do protestantismo advogando a convergência para Roma. Porém, os versículos dezesseis a dezoito são bastante elucidativos para comprovarem evidentemente desde agora o anelo protestante de sua união com a igreja de Roma.


"E FAZ QUE A TERRA E OS QUE NELA HABITAM ADOREM A PRIMEIRA BÊSTA"


“E a declaração de que a besta de dois cornos faz com ‘que a terra e os que nela habitam adorem a primeira besta’, indica que a autoridade desta nação deve ser exercida impondo ela alguma observância que constituirá ato de homenagem ao papapo. Semelhante atitude seria abertamente contrária aos princípios deste governo, ao espírito de suas instituições livres, às afirmações insofismáveis e solenes  da  Declaração de Independência, e à Constituição. 


Os fundadores da nação procuraram sabiamente prevenir o emprego do poder secular por parte da igreja, com seu inevitável resultado — intolerância e perseguição. A Mangna Carta estipula que ‘o Congresso não fará lei quanto a oficializar  alguma  religião, ou proibir o livre exercício da mesma’, e que ‘nenhuma prova de natureza religiosa será jamais exigida como requisito para  qualquer  cargo de confiança pública nos Estados Unidos’. 


Somente em flagrante violação destas garantias à liberdade da nação, poderá qualquer observância religiosa ser imposta pela autoridade civil. Mas  a  incoerência de tal procedimento não é maior do que o que se encontra representado no símbolo. E’ a besta de cornos semelhantes aos de cordeiro — professando-se pura, suave e inofensiva — que fala como o dragão”.1) Henry Ford escreveu:


“Baseia-se o orgulho de nosso país em que ninguém seja perseguido por sua raça, cor, nem fé, senão que todo o mundo tenha direito à liberdade”.2)


Todavia, a nação americana quebrará logo esse orgulho no que diz respeito à fé e consciência religiosa, para exaltar o papado e perseguir os verdadeiros seguidores do Senhor Jesus contrários à apostasia de Roma. A declaração: “E faz que a terra e os que nela habitam adorem a primeira besta”, ressalta o futuro consórcio entre as duas bestas ou entre o papado- romano e o protestantismo-estadunidense. Leis serão promulgadas pelo Congresso americano em exaltação do papado e seus dogmas. E aqueles que pela Reforma saíram da velha igreja mãe apóstata, a ela estenderão suas mãos para exaltá-la, adorá-la e fazer através de leis com que todos a adorem.


E FAZ GRANDES SINAIS


VERSO 13 — “E faz grandes sinais, de maneira que até fogo faz descer do céu, à terra à vista dos homens”.


PRODÍGIOS SOBRENATURAIS


No capítulo dezesseis é enfatizado que da boca do falso profeta, que é a nação norte-americana, protestante, como também da boca do dragão e da boca da besta ou do papado, vira S. João sair “espíritos imundos” ou “espíritos de demônios que fazem prodígios”. No capítulo dezenove é referido que o “falso profeta” — os Estados Unidos — “fizera os sinais, com que enganou...” Temos assim tornado claro, pela própria revelação que os “grandes sinais”, incluso “até fogo” descer do céu à terra, à vista dos homens”, é obra exclusiva dos demônios através da besta que subiu “da terra”, cujo objetivo é enganar os seus próprios súditos. 


Nisto, pois, vemos também que fazer prodígios e mesmo descer fogo do céu, não é natural. Portanto, deve haver nos Estados Unidos um poder sobrenatural que opera sob o controle dos demônios enganadores e que, no futuro, ao tempo da união dessa nação com Roma, fará até cair fogo do céu para mais prontamente enganar e perder a própria nação. E qual é o poder sobrenatural que nos Estados Unidos há? Eis a resposta única: O Espiritismo.


A exposição que segue é irrefragável de que o Espiritismo é obra prima dos demônios e de que nestes tempos modernos, segundo esta profecia apocalíptica, ressurgiu nos Estados Unidos com um cunho diferente de seu passado. Basta que a besta de  dois  chifres fale “como o dragão” — Satanás — para que nos certifiquemos de que todos os seus atos que cumprem a sua profecia, incluso o Espiritismo, sejam atos do dragão e seus demônios ou anjos maus rebeldes caídos, expulsos do céu, como exposto no capítulo doze.


UM ENGANO TÃO ANTIGO COMO O MUNDO


O primeiro grande engano do mundo, ocorrido nos dias do seu alvorecer, foi obra do Espiritismo. O homem criado fora advertido que a desobediência seria a morte inexorável.1) Um dia, porém, um ser irracional, a serpente, contradisse a grande advertência, dizendo: “Certamente não morrereis”. Não podemos admitir que a serpente, como nenhum outro irracional, pudesse falar. 


Portanto, alguém deve ter falado e ao mesmo tempo dado a impressão de que fora a serpente quem falara.  E a inspiração não nos deixa em dúvida nesta questão. No Apocalipse temos a seguinte declaração: “E foi precipitado o grande dragão, a antiga serpente, chamada o Diabo e Satanás que engana a todo o mundo...”2) Notemos que um dos nomes de Satanás é — antiga serpente. 


Na verdade ele não é e nunca foi uma serpente. Este versículo e os anteriores contêm  a sua história que o apresenta como um anjo querubim caído de sua elevada posição com multidões de anjos por ele iludidos. Mas, o nome de “antiga serpente” dado a Satanás, pela revelação, o acusa de ser o inspirador do engano no jardim do Éden. Ele tão somente usou a serpente como intermediária do grande engano.


Verificou-se no jardim do Éden a primeira sessão espírita havida na terra. A serpente era o médium e o espírito que por ela atuara era Satanás. Não era possível que um espírito de morto atuasse através do animal porque ninguém ainda havia morrido na terra. Porém, baseados na revelação infalível do evangelho, temos a irrefutável certeza de que o arqui-inimigo do bem foi o agente enganador invisível do homem por cujo engano visou perdê-lo e com ele a sua descendência.3)


O ESPIRITISMO ATRAVÉS DOS SÉCULOS


Desde após o primeiro engano no jardim do Éden os séculos da história estão permeados de fenômenos que levaram os homens a tecer sobre eles as mais desencontradas conjeturas. Esses fenômenos eram cridos como manifestações de forças ocultas sem porém darem os homens uma definição razoável da origem de ditas forças. 


Daí ter nascido, fundamentado em tais fenômenos, o paganismo que encheu a terra toda dos mais degradantes ritos e pretensões religiosas. Os oráculos dos povos remotos falam ainda, através de numerosos livros, de fenômenos inúmeros que eram em geral cridos como manifestações de espíritos de mortos. Nisto jaz a razão porque os profetas do Velho Testamento contrariavam as teorias de que os espíritos dos mortos se comunicavam com os vivos. 


Todavia os séculos da era cristã encheram-se ainda mais acentuadamente, dos velhos fenômenos e manifestações atribuídas aos espíritos dos que morreram. Mas, o caráter de tais fenômenos e manifestações, evidencia o fato de que todos eles visavam e visam enganar os homens, pelo que não eram nem são mais nem menos do que as mesmas artimanhas ampliadas daquele que enganou no Éden o primeiro casal da terra e arruinou o mundo. Satanás esteve aperfeiçoando por séculos e milênios, à medida que a humanidade se desenvolvia, o seu primitivo e maior engano — o Espiritismo — para apresentá-lo no século da ciência revestido com brilhante roupagem.


O ESPIRITISMO MODERNO E SUA ORIGEM


O Espiritismo moderno é filho legítimo dos Estados Unidos da América do Norte. Nesta nação deveria ele surgir segundo os ditames da profecia sobre a besta de dois chifres. E agora, como comprovação disto, ouçamos um dos expoentes máximos do Espiritismo, que foi León Denis, que viveu no século passado:


“Cerca do meado deste século, cujo Termo se aproxima, o homem iludido por todas as teorias contraditórias, por todos os sistemas deficientes com que pretenderam nutrir-lhe o pensamento, se deixava embalar pela dúvida; perdia cada vez mais a noção da vida futura. Foi então que o mundo invisível veio ter com ele e o perseguiu até em sua própria casa. Por diversos meios os mortos se manifestaram aos vivos. As vozes de além-túmulo falaram. Os mistérios dos santuários orientais; os fenômenos ocultos da Idade Média, depois de um longo silêncio, se renovaram; nasceu o espiritismo.


“Foi além dos mares, em um mundo jovem, rico de energia vital, de ardente expansão, menos escravizado do que a velha Europa ao espírito de rotina e aos prejuízos do passado, foi na América do Norte que se produziram as primeiras manifestações do moderno espiritualismo. Foi de lá que elas se espalharam por todo o globo. Essa escolha era profundamente judiciosa. A livre América era justamente o meio propício para uma obra de difusão e de renovação. Por isso nela se contam hoje vinte milhões de ‘modernos espiritualistas”.1)


Eis acima a confissão de um dos maiores expoentes do espiritismo moderno comprovando a profecia do nascimento do grande engano nos Estados Unidos. Como fora em verdade o seu nascimento na livre América teremos a seguir:


Em 1848, na cidade de Hydesville, estado de Nova York, na residência da família de João D. Fox, foram ouvidas, certa noite, pancadas estranhas no quarto de suas duas filhas, Marta e Kate. Aborrecidas pelas persistentes pancadas, noite após noite, uma das moças atreveu-se a interrogar o intruso que as perturbava. Inquiriu-  o dizendo: “O’ seu pé  lascado, faça como eu faço”, e deu um  estalo  com os dedos. 


Imediatamente alguém respondeu identicamente estalando os dedos. A família Fox percebeu que alguém em oculto, inteligente e real, produzia as pancadas. Trataram de interrogá-lo mais, estabelecendo que suas respostas deviam ser dadas com certo número de pancadas convencionais. E tudo era respondido’ corretamente pelo invisível ser inteligente interrogado. 


O resultado foi que, naquela casa de Hydesille, ou na América do Norte, como descreveu León Denis, “nasceu o espiritismo”. Aquelas duas filhas do fazendeiro João D. Fox tornaram-se as duas primeiras médias ou médiuns do espiritismo moderno. Da América do Norte o espiritismo alastrou-se por todo o mundo. Na França fez rápidos progressos. Em Paris, um francês, de nome Hipolité León Denizar Rivail, começou a frequentar as sessões e, logo, tornou-se médium de fama, sendo posteriormente conhecido pelo nome comum de Allan Kardec, a quem é atribuída a organização do espiritismo moderno, escrevendo ele grande número de obras sobre a matéria.


O que deve ficar aqui assentado é o fato de que o espiritismo moderno, filho dos Estados Unidos Protestantes, é o mesmo embuste do jardim do Éden, e, como afirmara León Denis, “os mesmos mistérios dos santuários orientais”, os mesmos “fenômenos da Idade Média”. Sim, o espiritismo, revestido com uma roupagem de gala. 


Hoje, diante do adiantamento da humanidade, diante da pujança da ciência e em face da profusão da pregação do evangelho em todo o mundo, se Satanás revelasse o Espiritismo nos mesmos moldes em que o revelou nos séculos passados, seria o engano repelido infalivelmente. Urgia, pois, modernizá-lo, dar-lhe um outro cunho, adaptá-lo à moderna civilização para que fosse aceito. 


E quando hoje vemos o espiritismo manipulado por médiuns extremamente diferentes dos do passado; quando contemplamos seus hospitais, seus albergues, suas clínicas mediúnicas e suas obras de caridade, vemos em tudo isto e em muito mais ainda, o vestido novo que Satanás lhe conferiu para não ser conhecido como a velha trapaça dos tempos antigos.


Quando ouvimos de milagres operados pelo moderno espiritismo, não devemos com isto maravilhar-nos. Somos informados por Jesus Cristo que nos últimos dias milagres, “grandes sinais e prodígios”, seriam operados por “falsos profetas”, em cujo Termo se enquadram os médiuns espíritas.


1) Basta que os Estados Unidos sejam apontados na profecia do Apocalipse como “falso profeta” que fala como o dragão e do qual procedem “espíritos imundos” e que o espiritismo moderno seja seu filho, para certificarmo-nos de que os milagres deste grande engano espiritualista são produzidos por Satanás e seus maus anjos, com o fim de ludibriar e fazer crer à humanidade que sua procedência é divina. “Através do Espiritismo, Satanás aparece como um benfeitor da raça, curando as enfermidades do povo, e professando apresentar um novo e mais exaltado sistema de fé religiosa”.2)

 

E no futuro, como reza a profecia, a culminação dos milagres enganosos do espiritismo será “fazer descer fogo do céu à terra, à vista dos homens”. “O poder de Satanás se incrementará, e alguns de seus devotos seguidores terão poder para operar milagres, e mesmo fazer descer fogo do céu à vista dos homens”.1)


Satanás sabe muito bem que a obra do evangelho encerrar-se-á com demonstrações de milagres e prodígios reais operados pela igreja de Cristo. É, pois, natural, que o inimigo também execute milagres especiais através de seus humanos instrumentos, na esperança de contrafazer os verdadeiros milagres e enganar os que não se refugiaram em Deus e na Sua verdade.


O ESPIRITISMO PERANTE AS SAGRADAS ESCRITURAS


A Bíblia ou as Sagradas Escrituras, em termos explícitos, repelem consultar aos mortos pela razão de que ensinam não haver consciência além-túmulo. “Porque os vivos sabem que hão de morrer, mas os mortos não sabem coisa nenhuma, nem tão pouco eles têm jamais recompensa, mas a sua memória ficou entregue ao esquecimento”. “Entre ti não se achará quem faça passar pelo fogo o seu filho ou a sua filha, nem adivinhador, nem prognosticador, nem agoureiro, nem feiticeiro; nem encantador de encantamentos, nem quem consulte um espírito adivinhante, nem mágico, nem quem consulte os mortos: pois todo aquele que faz tal coisa é abominação ao Senhor”.


2) Ai está o próprio Deus dizendo ser abominação consultar os mortos. Ele não deseja que seus filhos sejam iludidos pelo arque enganador, pelo que os tem advertido contra seus embustes desde épocas remotas. Um dos que foram em outros tempos enganados por não darem ouvidos à voz de Deus contra o espiritismo, foi Saul, rei de Israel. A história de como este antigo monarca fora consultar uma médium espírita e sua morte por tê-lo feito, pode ser lida nos textos aqui indicados.3)


Tudo quanto devemos fazer em face do espiritismo, é livrarmo-nos dele. S. Paulo, olhando aos nossos dias, advertiu-nos contra o espiritismo, nestas palavras: “Mas o Espírito expressamente diz que nos últimos tempos apostatarão alguns da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores, e a doutrinas de demônios”.4) E devemos crer quando as Escrituras Sagradas falam. 


Satanás e seus maus anjos não poderiam ter inventado um engano maior do que este de que os mortos podem comunicar-se com os vivos. Quem não gostaria realmente comunicar-se com seus queridos já mortos? Sim, todos quantos não estão a par deste engano têm desejo de falar com os seus mortos. 


Milhões hoje no mundo pensam estarem se comunicando com os seus mortos e assim são, por esse ardiloso laço, o espiritismo, presos nas malhas do grande enganador. Todavia é irrecusável o fato de que a morte só é possível por estas sete razões: Velhice, enfermidade, fome, sede, desastre, suicídio e homicídio. Jamais fora lavrado um atestado de óbito por ter alguém morrido com 100% de saúde ou por ter seu espírito abandonado o corpo.


O ESPIRITISMO E O PLANO DA SALVAÇÃO


Posto que o espiritismo professe exaltar o evangelho de Cristo, nega-o categoricamente por sua interpretação errônea e por sua rejeição a seus ensinos vitais. Começa por negar a criação do mundo como referida no Gênesis. Não admite a entrada do pecado como o Gênesis apresenta, e, por isso mesmo, nega a salvação de Deus oferecida ao homem segundo apresentada no evangelho. 


Assim nega e também por seus escritos, a concepção sobrenatural de Jesus pela virgem Maria. Não aceita a morte expiatória de Cristo na cruz e a Sua ressurreição corpórea. Não admite a obra mediadora do Filho de Deus em prol do pecador, diante de Deus, e recusa perentoriamente a Sua segunda vinda como ensinada no Velho e no Novo Testamentos. Enfim, negando estes pontos capitais da salvação do homem, nega todo o evangelho e demonstra ser verdadeiramente uma obra de puro engano satânico.


Um dos mais irrisórios ensinos do espiritismo — que é uma contrafação da doutrina evangélica da regeneração do homem — é a reencarnação para aperfeiçoamento do espírito. Imaginai se é possível alguém aperfeiçoar-se na carne corrompida pelo pecado! Imaginai se é possível alguém aperfeiçoar-se sem ter consciência do seu anterior estado! Se vivemos em reencarnações passadas, porque não nos lembramos do nosso modo de vida nelas, para podermos então nos aperfeiçoar? 


Sim, a reencarnação não só é uma contradição da nova vida como apresentada nas Escrituras Sagradas, como também ilógica e irrisória. E’ uma doutrina, se como tal pode ser chamada, que acusa a Deus de carrasco, pois ensina que é a Sua vontade que seus filhos sofram desta, daquela e daquela outra maneira para aperfeiçoarem-se. Um Deus bondoso e amoroso para com as Suas criaturas é apresentado pelo espiritismo, através do ensino da reencarnação, como um Deus mau e vingativo que tem prazer em ver os sofrimentos de Seus filhos. Livremo-nos deste diabólico ensinamento falso do poder das trevas. O espiritismo não é uma religião e nem uma ciência, mas sim a mais astuta filosofia enganadora das potências das trevas.


O pior perigo que oferece o espiritismo é sua forma cristã: “E’ verdade que o espiritismo hoje está mudando a sua forma, e, ocultando alguns de seus mais reprováveis aspectos, reveste-se de aparência cristã. Mas as suas declarações pela tribuna e pela imprensa têm estado perante o público durante muitos anos, e nelas o seu verdadeiro caráter se acha revelado. Estes ensinos não podem ser negados nem encobertos.


“Mesmo em sua forma atual, longe de ser mais tolerável do que o foi anteriormente, é na verdade um engano mais perigoso, por isso mais sútil. Embora antes atacasse a Cristo e a Escritura Sagrada, hoje professa aceitar a ambos. Mas a Bíblia é interpretada de molde a agradar ao coração não regenerado, enquanto suas verdades solenes vitais são anuladas. 


Preocupa-se com o amor, como o principal atributo de Deus, rebaixando-o, porém, até reduzi-lo a sentimentalismo enfermiço, pouca distinção fazendo entre o bem e o mal. A justiça de Deus, Sua reprovação ao pecado, os requisitos de Sua lei, tudo isto é posto de parte. O povo é ensinado a considerar o Decálogo como letra morta. Fábulas aprazíveis, fascinantes, cativam os sentidos, levando os homens a rejeitar as Sagradas Escrituras como o fundamento da fé. Cristo é tão verdadeiramente negado como antes; mas Satanás a tal ponto cegou o povo que o engano não pode ser discernido.


“Poucos há que tenham justa concepção do poder enganador do espiritismo e do perigo de colocar-se sob sua influência. Muitos se intrometem com ele, simplesmente para satisfazer a curiosidade. Não têm realmente nenhuma fé nele, e encher-se-iam de horror ao pensamento de se entregarem ao domínio dos espíritos. Aventuram-se, porém, a entrar no terreno proibido e o poderoso destruidor exerce a sua força sobre eles contra a sua vontade. Uma vez induzidos a submeter a mente, à sua direção, segura-os ele em cativeiro. E’ impossível pela sua própria força romperem com o fascinante, sedutor encanto. Nada, a não ser o poder de Deus, concedido em resposta à fervorosa oração da fé, poderá livrar essas almas prisioneiras”.1)


A IMAGEM DA BÊSTA


VERSO 14 — “E engana os que habitam na terra com sinais que lhe foi permitido que fizesse em presença da besta, dizendo aos que habitam na terra que fizessem uma imagem à besta que recebera a ferida da espada e vivia”.


O QUE É A IMAGEM DA BÊSTA?


Não devemos ter nenhuma dúvida de que quando o Apocalipse se refere à “besta”, do capítulo treze em diante, sempre alude ao papado ou Roma-papal. A imagem da besta deverá ser feita pela besta de “dois chifres semelhantes aos de um cordeiro” — os Estados Unidos. 


O fato de o versículo quinze dizer que a “imagem da besta”, ao ser feita, falará e matará, é evidente não tratar-se, como alguns entendem, de uma imagem devocional ou de um ídolo do culto do catolicismo. Segundo o versículo dois do capítulo quinze, a “imagem da besta” é um poder contra o qual sairão vitoriosos os que estarão afinal no mar de vidro. 


E uma vez que sairão vitoriosos dela, terão de contra ela lutar, o que evidencia tratar-se de um poder que os perseguirá. Diante disto, a “imagem da besta” a ser formada pelos Estados Unidos, deverá ser uma transformação da nação protestante numa semelhança do papado. Porém, para assegurarmo-nos do que constitui o papado mesmo, temos que recorrer à sua história, e então teremos encontrado o que será a formação da “imagem da besta” pela América Protestante.


A história profética passada do papado mediou entre 538 e 1798. Alguns poucos anos antes de 538, Justiniano, imperador do Oriente, investiu o papa, ou melhor, o papado, como “cabeça da igreja e corretor de hereges”. Mas, para que pudesse ser o “corretor de hereges”, deveria o papado ter poder para tal além do poder eclesiástico. Foi então que premeditou e realizou o seu sonho de unir-se ao governo civil e este com ele. 


Por essa união com o poder civil, tinha em suas mãos a sua espada para enfrentar os chamados hereges dissidentes, castigá-los, confiscar seus bens, encarcerá-los, torturá-los e sentenciá-los à morte. Foi isto — Igreja e Estado unidos — que constituiu o papado na Europa Medieval, o que o constitui hoje no Estado do Vaticano e o que o constituirá no futuro em todas as nações católicas. A união da igreja papal ou do próprio papado com o Estado, foi a mais negra experiência da história humana. 


Por essa união em que Roma papal dominou o poder civil, o papado tornou-se intolerante, e, pela força do Estado, procurou impor seus dogmas e eliminar os oponentes. Sua história foi regada com o sangue de dezenas de milhões de inocentes santos seguidores de Cristo que recusaram seguir o erro de Roma como hediondo resultado do consórcio entre Igreja e Estado. No capítulo dezessete temos esta profética união mais em evidência.


Uma imagem da besta nos Estados Unidos, será uma identificação do papado, como vimos acima. Será a união do protestantismo americano com o Estado Americano. Estado e Igreja num consórcio idêntico ao do papado com o poder civil. E este estado de coisas exarado na profecia, está já sendo a cogitação do protestantismo norte-americano, tendo, desde já algum tempo e para conseguir seus fins, procurado agremiar todas as igrejas protestantes numa única federação, principalmente as maiores denominações.


“Numa sessão do Executivo dessa Federação das Igrejas, realizada em Siracusa, New York, foi declarado que o fim dessa federação é ‘aperfeiçoar uma organização que daria ao protestantismo o que ele tanto necessita como assistência eficaz e realizaria A SUPREMACIA REPRESENTATIVA DA REPÚBLICA APOSTÓLICA, assegurando-lhe dessa forma as vantagens que a Igreja de Roma possui na Sua magnífica organização’”1)


“Vejamos agora o fim declarado dessa federação que, propondo- se imitar ‘a admirável organização’ da Igreja católica, propõe-se naturalmente imitar o seu sistema de governo. Removendo o obstáculo do estado diviso do protestantismo pela criação de uma igreja universal e conseguintemente de um credo universal, pretende ela criar um padrão uniforme e definido de religião cristã, e assim realizar o seu objetivo que, de acordo com o artigo IV do seu plano de organização, é ‘assegurar uma vasta influência combinada das Igrejas de Cristo em todos os negócios que dizem respeito às condições morais e sociais do povo de modo a prover e aplicar a lei de Cristo em todas as relações da vida humana’”. No concílio em que foram discutidas as bases dessa federação, o dr. Dikey, desenvolvendo este ponto, disse:


‘“Confio que um dos resultados práticos dessa assembleia será a organização de uma força que seja respeitada e tomada em consideração tanto por parte dos prevaricadores como dos promulgadores das leis, em se tratando das magnas questões da moral... 


E’ da nossa jurisdição exigir dos que governam, em nome de nosso Rei supremo e tendo em vista o bem da humanidade, que respeitem O CÓDIGO DE NOSSO REINO. Os governos podem desconhecer seitas, mas HÃO DE RESPEITAR A IGREJA. Esta federação há de impor audiência E FALAR COM PODER, quando ela tiver posto de parte as suas diferenças, fazendo da coesão o seu argumento’.


“O bispo Hendrix, expondo as relações dessa federação com o Estado, disse em resumo o seguinte: ‘O Estado é a mais completa e mais universal de todas as agremiações humanas. A súplica contida na oração dominical: ‘Venha o Teu reino’, está definida nas palavras imediatas: ‘Faça- se a Tua vontade assim na terra como no céu’. 


E’ esse o Estado ideal... O nosso objetivo não é ter uma religião estabelecida pelo Estado e sim ter um Estado estabelecido pela religião. O de que nós precisamos em nosso país não é uma Igreja estabelecida e sim um Estado estabelecido (pela Igreja). Uma parte da missão da Igreja é pois estabelecer o Estado”.1)


A igreja ou igrejas protestantes americanas usarão o poder civil para reprimir tudo quanto julgar ser heresia, impor seus dogmas sob pena de confiscação de bens, de prisão e de morte dos recalcitrantes. Entretanto, a “imagem da besta” será um ato, como reza o versículo, de engano sob a tutela de “sinais que lhe foi permitido que fizesse em presença da besta”.


A IMAGEM DA BÊSTA EM FACE DA CONSTITUIÇÃO DOS ESTADOS UNIDOS


A constituição dos Estados Unidos não permite a formação da “imagem da besta”, isto é, a união da Igreja com o  Estado,  ou,  melhor, a supremacia da Igreja sobre o Estado. A constituição americana é a garantia absoluta da liberdade de  consciência  pela qual labutaram e na qual fundamentaram a vida da nação os seus fundadores. 


Disse o Honorable Enrique D. Elabrook, na Associação dos Advogados de Connecticut: “Neste grande continente, que Deus havia mantido oculto em um pequeno mundo, aqui, com um novo céu e uma nova terra, onde haviam passado as coisas velhas, veio gente de muitas nações, de diversas necessidades e credos variados, porém unida de coração, alma e espírito por um mesmo propósito, e edificou um altar à liberdade, o primeiro que se construira jamais ou que se pode construir, e o denominou: A Constituição dos Estados Unidos”.1)


Mas o grande altar estadunidense, a sua Constituição de liberdade, está fadado a ser aniquilado pelo espírito de intolerância que desde algum tempo toma vulto no seio das igrejas protestantes da nação. “Em 1803 Samuel B. Wylie, doutor em teologia, comparava em um sermão os autores daquele documento (a declaração da independência dos Estados Unidos da América do Norte) aos loucos mencionados nos salmos, que no seu coração dizem: ‘Não há Deus’.


Oito anos depois o dr. Samuel Austin declarava o fato da Constituição desse país não se envolver com a religião ‘a falha capital’ nesse documento, a qual inevitavelmente acarretaria a queda da nação. Em 1812 o presidente Dwight, do Yale College, lamentava em um sermão a falta de se haver deixado de reconhecer a Deus na Constituição, dizendo: ‘Debaixo do atual regimen começamos a nossa existência nacional sem Deus’. 


Em 1819 o dr. Duffiel declarava a Constituição ‘absolutamente ateísta’. Em 1859 o professor J. H. Mc. IIvaine deplorava em um artigo publicado no Princeton Review que ‘o efeito prático da Constituição’ fosse ‘a neutralidade do governo perante todas as religiões’, mostrando-se muito desgostoso por ‘não poder-se empregar a menor influência do governo pró ou contra alguma forma de fé religiosa”’2)


Em 1863 uma reunião de preeminentes protestantes teve por único objetivo influir para que uma emenda na Constituição federal viesse a ser votada pelo Congresso, a fim de que fizesse dos Estados Unidos uma nação “cristã”! No ano seguinte surgiu uma completa organização sob o nome de “Liga para a consecução de uma emenda religiosa à constituição”, passando a chamar-se Liga de Reforma Nacional.


Já ao ser elaborado o grande documento, grupos religiosos protestantes rogaram que “o reconhecimento explicito do único Deus verdadeiro e de Jesus Cristo” se incluísse na Constituição. Porém este pedido foi negado, e, Thomas Jefferson, ao escrever sobre o incidente, disse: “A inserção foi rechaçada por uma grande maioria, em prova de que queria abraçar com o manto de sua proteção ao judeu e ao gentio, ao cristão e ao maometano, ao hindu e ao infiel de toda a denominação”.3)


“O primeiro ato dessa liga foi uma representação ao Congresso Nacional solicitando uma emenda à Constituição no sentido de ser Deus reconhecido como a fonte de toda a autoridade e  poder  no governo civil e  Cristo como o  dominador supremo entre as nações e  sua vontade revelada como a lei suprema do país, para que o governo  dos Estados Unidos fosse acatado como um governo cristão. Foi esta a primeira tentativa coletiva no sentido de produzir uma imagem do papismo. Em 1867 foi fundado o ‘The Christian Stateman’, órgão oficial da supradita Liga, que, em 1884, inseria um artigo, com esta declaração:


‘“Dê-se a entender a todo o mundo que constituímos uma nação cristã e que, por acreditarmos não poder subsistir sem o cristianismo, nos vemos na contingência de conservar por todos os meios o nosso caráter cristão. Inscreva-se isto no pavilhão de nossa Constituição... Obrigue-se a todos os que vierem ter ao nosso país a obedecer às leis da moral cristã’.


“Num artigo publicado no mesmo jornal, em data de 13 de janeiro de 1887, dizia o Rev. M. A. Gaul, um dos vultos mais eminentes dessa Liga e advogado da Reforma Nacional: ‘O nosso remédio contra todas as influências perniciosas está em decretar o Governo a Lei Moral e reconhecer a autoridade de Deus que está por detrás desta, deitando mão a toda a religião que se não conformar com a mesma’. A 21 de março de 1888, o vice-presidente dessa Liga, num discurso publicado no mesmo jornal, dizia o seguinte:


’’‘Podemos acrescentar com todo o direito: Se os adversários da Bíblia não se agradarem de nosso governo e de sua lei cristã, que vão para um país selvagem e deserto e o conquistem em nome do diabo e para o diabo, fundando aí para si um governo baseado nas suas ideias incrédulas e ateístas, e se o puderem suportar, que continuem lá até morrer’.


“Numa convenção realizada pela Liga a 26 de fevereiro do mesmo ano, em New York, o dr. Jonathan Edwards declarava sem rebuços: ‘Queremos uma união de Igreja e Estado e havemos de tê-la. Até onde os negócios do Estado necessitam de religião, esta deve ser a religião revelada de Cristo. O juramento cristão e a moral cristã devem ter neste país uma base legal iniludível’.


“Em 1877 a Liga da Reforma Nacional aliou-se com a Liga de Temperança das Mulheres Cristãs, um dos mais eminentes vultos da qual foi a Sra.. Francis Willard, que, num relatório dessa Liga, publicado em 1886, disse o seguinte:


“Ainda havemos de ter uma verdadeira teocracia... A bem da humanidade importa que, na lei, Cristo seja elevado ao trono pelos legisladores. Por isso solicito, como patriota cristã, o direito de voto para as mulheres’.


“Em outubro de 1888 realizou-se em New York uma convenção dessa Liga, na qual foi tomada a seguinte resolução: ‘Resolvemos que Cristo e Seu Evangelho devem dominar soberanamente, o primeiro como Rei Universal e o segundo como Código Geral, no nosso governo e nos negócios do Estado’.


“O objetivo principal dessa Liga transpira  ainda  mais nitidamente de um discurso proferido numa assembleia geral pela mesma Sra.. Francis Willard, então presidente da Liga: ‘A Liga de Temperança das Mulheres Cristãs local, estadual, nacional e universal se inspira num pensamento vivo e orgânico, num objetivo que faz perder de vista todos os demais, num entusiasmo imorredouro, a saber, que Cristo deve ser o Rei deste mundo’.


“O reino de Cristo tem de ser estabelecido na lei, entrando pela porta da política. Por isso suplicamos a Deus que não lhes dê sossego (aos partidos contrários) até que jurem vassalagem a Cristo, e, formados num único e grande exército, marchem para as urnas a fim de glorificar a Deus’.


“Ora, Cristo perentoriamente declarou que o Seu reino não é deste mundo.1) A Sua Igreja é um reino todo espiritual que nada tem que ver com o mundo e com a política. Materialmente esta deve estar sujeita aos governos civis como qualquer outro indivíduo, dando a César o que é de César, sem pretender invadir os domínios deste. 


Espiritualmente ela deve estar toda subordinada a Deus, dando a Deus o que é de Deus.2) E’ o domínio espiritual sobre a Sua Igreja e exclusivamente sobre esta que Cristo se reserva neste mundo, declinando em absoluto qualquer outro domínio. Qualquer desejo ou tentativa, pois, será apenas um pretexto para sua exaltação própria no trono do mundo e sua consequente separação de Cristo. Quando aquela multidão se propunha apoderar-se violentamente de Jesus para fazê-Lo Rei deste mundo, Cristo afastou-Se resolutamente dela abandonando-a a si própria!3)


“Em 1887 a Liga de Reforma Nacional, reforçada já pela sua aliança com a Liga de Temperança das Mulheres Cristãs que, no fundo, pugnava pelo mesmo ideal, fez aliança com o segundo elemento, o Partido Proibicionista, cujo objetivo foi claramente definido por um de seus membros, num discurso pronunciado em Cansas City: ‘Desejo e espero que não estará longe o dia em que no nosso país a voz da igreja de Cristo há de ser ouvida e acatada em todas as importantes questões da vida. 


Aguardo saudoso o despontar do dia em que a legislatura, tanto estadual como municipal, há de estar de acordo com o eterno princípio da retidão e da justiça conforme elas foram reveladas por Cristo e são proclamadas pela igreja. O’ dia abençoado, quando o juízo unânime do povo de Deus na América há de ser acolhido com respeito nas importantes questões sobre temperança, castidade e decência, e ser convertido em lei”.


“Praticamente o papismo jamais aspirou a alguma  outra  coisa. Toda a sua aspiração e esforço se concentrou sempre em que a legislatura civil, tanto nacional, como estadual e municipal, de qualquer país, estivesse de acordo com os princípios da retidão e da justiça, conforme eram proclamadas pela igreja, e que o  juízo  unânime do povo de Deus (apurado nos concílios), fosse acatado e convertido em lei. 


E’ a autoridade da Igreja superposta a dos governos seculares e interferindo com a destes nos negócios civis, contra os ensinamentos claros de Cristo; é a elevação da Igreja à paridade com Deus e a exaltação do homem em lugar dele, usurpando-Lhe este as atribuições e exercendo-as sob pretexto de ser o substituto de Deus na terra, exatamente como sucede com o papismo”.1)


Os legisladores estadunidenses tem até agora sustado o pedido de emenda religiosa da Constituição. Porém, diante da pressão que os assedia de todos os lados, não serão capazes de sustê-lo por muito mais tempo.


Já vimos páginas atrás como uma petição fora rechaçada, ao ser elaborada a Constituição, pró inclusão na Magna carta de uma cláusula religiosa. E em resposta a um pedido pró emenda religiosa constitucional, a Comissão de Assuntos Judiciais da Câmara deu já em 18 de fevereiro de 1874 a seguinte resposta. 


“Como este país, de cujo governo estavam lançando o fundamento então, devia ser pátria dos oprimidos de todas as nações da terra, fossem cristãos ou pagãos, e compreendendo plenamente os perigos que a união entre a Igreja e o Estado havia imposto a tantas nações do Velho Mundo com grande unanimidade (concordaram) que não convinha pôr na Constituição ou a forma de governo algo que pudesse interpretar-se como referindo-se a qualquer credo religioso ou doutrina”.2)


A IMAGEM DA BÊSTA É UMA HOMENAGEM AO PAPADO


Apesar de tudo, logo veremos suprimida a liberdade de  consciência na grande nação do Novo Mundo. E ninguém pense que a supressão do credo de liberdade não é uma inspiração de Roma. O dragão do capítulo doze é símbolo de Roma-pagã e no capítulo treze Roma-papal, a continuação da Velha Roma, recebeu todo o poder do dragão, e a besta de dois chifres que é os Estados Unidos, fala “como o dragão” que é a força do poder do papado. 


Além disso, segundo os ditames da profecia, a “imagem da besta” será realizada nos Estados Unidos como uma homenagem a Roma, em virtude de se propor exaltar o “sinal da besta”, o domingo, por uma lei constitucional. E’ por influência de Roma que o Congresso americano suprimirá a liberdade de consciência de sua Constituição. Vejamos o que dissera o papa Leão XIII aos católicos dos Estados Unidos em uma pastoral de 7 de novembro de 1885:


“Se os católicos dão prova de indolência as rendas do governo cairão em mãos de pessoas cujas ideias são pouco favoráveis ao bem estar (da igreja). Suficiente motivo têm os católicos para intervir na vida política, para que o sangue vivo da ciência e  da  virtude  católicas penetre em todo o organismo dos Estados. Todos os  católicos que se prezam sê-lo hão de ter sempre em mente este fim e hão de trabalhar e influir até que cada um dos Estados se torne transformado conforme a imagem descrita por nós”.1) Vemos que a profecia e seu cumprimento não podiam ajustar-se melhor.


Grandes organizações protestantes influentes estão em franca atividade desde algum tempo para conseguir os seus fins que afinal resultarão na “imagem da besta”. Fundaram agremiações com o propósito de conseguir o objetivo comum, algumas das quais se denominam National Reform Association; International Reform Ruriau; Lords Day Alliance; Federal Concil of the Church of Christ in America. Também sociedades católicas nos Estados Unidos procuram atingir o mesmo fim; e assim o protestantismo como o catolicismo conjugam suas forças num desmedido esforço marchando juntos para a consecução da “imagem da besta” em homenagem ao papado romano.


Deste modo a “imagem da besta” encaminha-se para sua formação segundo os moldes de Roma, como reza a inspiração. E a nação norte- americana alicerçada nos mais sagrados direitos inalienáveis do homem


— a liberdade de consciência — transformar-se-á em nação opressora, falando deveras como o dragão. E o denominado “Conselho Mundial de Igrejas” está apressando, conjuntamente com as demais entidades que trabalham para o mesmo fim, a aproximação da catástrofe futura da nação da liberdade.


O ESPÍRITO DADO À IMAGEM DA BÊSTA


VERSO 15 — “E foi-lhe concedido que desse espírito à imagem da besta, para que também a imagem da besta falasse, e fizesse que fossem mortos todos os que não adorassem a imagem da besta”.


QUEM DARÁ ESPÍRITO À IMAGEM DA BÊSTA?


Temos amplamente demonstrado que os Estados Unidos são a besta de “dois chifres semelhantes ao de um cordeiro”. O poder exercido pelo governo desta nação é o poder do povo. Assim, a sua transformação de um país de liberdade em uma “imagem da besta”, é um ato do povo através do seu governo. Portanto, quando os Estados Unidos deixarem de ser o que agora são para formarem a “imagem da besta”, entregarão a esta o poder governativo que agora exercem. 


A voz ativa da nação será daí em diante a voz da “imagem da besta” e não mais a voz de uma nação de liberdade. Em outras palavras, como a “imagem da besta” é a união entre Igreja e Estado, em que aquela faz deste o seu servo, a igreja terá o poder para falar e o Estado o dever de executar a sua fala. Ou podemos também dizer que o Estado falará não mais como um Estado civil livre, mas como um Estado religioso opressor que é a “imagem da besta”. E’ isto o que quer dizer: “Ê foi-lhe (ao Estado pelo dragão) concedido que desse espírito à imagem da besta, para que a imagem da besta falasse”, e falasse como o dragão.

 

CONTRA QUEM FALARÁ A "IMAGEM DA BÊSTA"?


Neste respeito a profecia é muito evidente. A “imagem da besta”, revestida do poder da própria nação, falará contra os que se lhe oporem, isto é, contra aqueles que protestarão contra a união ilícita e anti- evangélica de Igreja e Estado. Sua fala contra eles será de morte, dada a fidelidade deles aos mandamentos de Deus e a recusa da aceitação da “imagem da besta” e de suas imposturas.


Mas nenhum dos servos de Deus há de morrer pelas sentenças da “imagem da besta” estadunidense. Deus os protegerá de modo a não lhes cair um só fio de cabelo da cabeça. Serão protegidos pelas legiões de santos anjos celestiais, pelo que não será executada contra eles a sentença de morte em razão da lealdade que manifestam à lei de Deus e ao evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo. Eles, reza a profecia, sairão “vitoriosos da besta, e da sua imagem”.1) Esse futuro tempo será para eles a “angústia de Jacó” e não morte de Jacó, pois este não morreu em sua angústia.


A EXALTAÇÃO DO SINAL DA BÊSTA


VERSOS 16-17 — “E faz que a todos, pequenos e grandes, ricos e pobres, livres e servos, lhes seja posto um sinal na sua. mão direita, ou nas suas testas; para que ninguém possa comprar ou vender, senão aquele que tiver o sinal, ou o nome da besta, ou o número do seu nome”.


O ATENTADO DA BÊSTA CONTRA A LEI DE DEUS


Em harmonia com o exposto acima, o “sinal da besta” é o sinal do papado, que é a “besta”. Portanto, como o papado é um poder religioso, seu sinal deve ser infalivelmente uma instituição religiosa sua por meio da qual pretenda ser reconhecido no mundo como autoridade suprema. 


O apóstolo Paulo descreve o papado, na pessoa do papa, como “homem do pecado” que se arroga o direito de supremacia “contra tudo o que se chama Deus” ou revela o nome de Deus, “se adora” e se assenta “no templo de Deus”, a igreja, “querendo parecer Deus”.2) Deste modo pretende o papado destronar a Deus e ser olhado por toda a igreja como autoridade em lugar de Deus e acima de Deus, pois revela o apóstolo que se exalta “contra tudo o que se chama Deus”.


Quando um poder pretende ter derribado outro poder, trata imediatamente de abrogar ou modificar a lei daquele  a  quem destronou por meio da qual ele exercia a sua autoridade. Estabelece então uma outra lei ou Constituição que revele a sua autoridade como novo soberano vencedor. 


E foi precisamente isto que o  papado  procurou realizar para exaltar-se a si mesmo acima de Deus como usurpador dos direitos de Deus. Referindo-se às suas pretensões menciona o profeta Daniel três coisas que o papado faria ao colocar-se acima de Deus: 1) “Proferirá palavras contra o Altíssimo”. 2) “Destruirá os santos do Altíssimo”. 3) “Cuidará em mudar os tempos e a lei ”.1) Note-se a lógica profética no que respeita a um poder usurpador: 1) Fala contra o poder que derribou. 2) Elimina os súditos do poder derribado se não se simpatizarem com a nova ordem. 3) Muda a lei ou a Constituição do poder vencido. E não foi nada mais do que isto que o papado cometeu em relação a Deus.


Dos três pontos, porém, o que a profecia mais destaca é o que trata da lei em que é dito que o papado — cuidará em mudar os tempos e a lei. O vocábulo “Lei”, do hebraico “dath”, está no singular e não no plural. Se estivesse no plural, teríamos a ideia de que o texto trataria das leis dos potentados que o papado dominou, a respeito das quais ele não pensou jamais na possibilidade de mudá-las mas anulou-as e pretende ainda ter poder para anulá-las e ditar-lhes outras. 


Os séculos da Idade Média são testemunhas de que o papado anulou decretos de potentados europeus e absolveu os súditos destes do juramento de fidelidade a eles prestado. Interpôs-se nos negócios das nações e em a mais repelentes humildade obrigou os príncipes governantes a prostrarem-se diante de si beijando-lhe os pés. Mas, a profecia de Daniel aponta diretamente ao papado, colocado por si mesmo acima de Deus, e, portanto, a lei que cuidaria ou pensaria em mudar, não pode ser outra senão a lei do próprio governo de Deus. 


Pois jamais poderia ele exercer seu abjeto despotismo religioso e colocar-se acima de Deus a menos que alterasse a Sua lei suprema, afastando dela a Sua autoridade como Rei do universo. Todavia, segundo a expressão da profecia de Daniel, o papado intentaria cometer contra a lei de Deus um ato que não lhe assiste o direito de cometer, mas que pensaria poder cometê-lo. Mas, enquanto Daniel no seu tempo vaticinara que o papado cuidaria em mudar a lei de Deus, nós hoje vemos a profecia cumprida. Ao lograr que o mundo adotasse a lei mudada em vez da lei original, logrou seu objetivo: ser reconhecido como deus e acima de Deus.


Assim tem o cristianismo duas leis — a lei original, escrita pelo dedo do Criador e a lei adulterada pelo papado. A lei de Deus, que é a expressão de Seu próprio caráter, requer obediência de Suas criaturas a seus princípios. A lei papal, que emana de Roma, exige fidelidade à vontade do papa. Ambos, o Deus do céu e o deus de Roma, exigem obediência às suas leis. A lei a que os homens obedecerem revela o Deus que eles adoram e servem.


A mudança da lei de Deus ou sua alteração pelo papado romano, deveria atingir especialmente o preceito da lei que trata de Deus como legislador da mesma e que encerra as razões da sua legislação.  Em outros termos, para que Deus não continuasse mais a reinar na terra e sim o papado, era imprescindível que este poder afastasse  da  lei  de Deus o preceito que expressa a Sua suprema autoridade e substituísse por um outro que revelasse, na lei, a suprema autoridade papal. 


Podemos repetir que, se não fora essa a alteração da lei, vaticinada pela inspiração, jamais ela falaria das pretensões do papado assentar-se “como Deus”, “querendo parecer Deus” e levantando-se “contra tudo o que se chama Deus”. Na lei moral do Decálogo, o preceito que expressa a autoridade de Deus como legislador e como Deus soberano nos céu e na terra, é o quarto mandamento, que assim reza:


“Lembra-te do dia do sábado, para o santificar. Seis dias trabalharás, e farás toda a tua obra. Mas o sétimo dia é o sábado do Senhor teu Deus: não farás nenhuma obra, nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o teu estrangeiro, que está dentro das tuas portas. Porque em seis dias fez o Senhor os céus e a terra, o mar e tudo que neles há, e ao sétimo dia descansou: portanto abençoou o Senhor o dia do sábado, e o santificou”.1)


Inquestionavelmente, o quarto mandamento da lei de Deus, ordenando a santificação do sábado do sétimo dia, contém, por suas expressões, a assinatura de Deus como legislador da lei do Decálogo, pelo que a lei é inalterável, insubstituível e todos os seus preceitos de  obrigação indiscutível para todo o ser humano. 


Vemos assim que o  repouso semanal do sábado do sétimo dia encerra a autoridade soberana de Deus, revelando Seu nome, Suas funções e sua jurisdição nos céus e na terra, sendo esta a razão da santificação e da bênção que o Criador colocara sobre este dia ao criar o mundo. Todo o homem que acata o Sábado como dia de repouso divino e o observa conforme a ordenança do quarto mandamento, homenageia a Deus como Criador e O reverencia como seu Deus a quem unicamente adora e serve na terra.


Para que o papado pudesse colocar-se acima de Deus e o seu pontífice pretendesse ser deus na terra, é evidente que deveria abolir especialmente o quarto mandamento que ordena a santificação do sábado do sétimo dia e apresenta a Deus como Criador, e substituí-lo por um outro dia de repouso semanal que designasse, não mais ao Criador como legislador da lei e supremo Deus nos céus e na terra, mas sim ao papa ou ao papado como “deus deste mundo” ou substituto de Deus entronizado em Roma. 


E, posto que a Bíblia chamada católica, a Vulgata, conserve intacto o quarto mandamento ordenando o repouso do sétimo dia, temos nos catecismos autorizados da igreja católica uma lei, neles denominada de lei de Deus, em que o dia de repouso semanal original não é mais apresentado como dia de repouso. O primeiro dia da semana é definido  nos catecismos como dia de repouso substituto do sábado do sétimo dia. 


E esta mudança do dia de repouso é confessada por autoridade católicas como obra real do papado. Vejamos o que diz um escritor católico: “Nós católicos, romanos, guardamos o domingo, em lembrança da ressurreição de Cristo, e por ordem do chefe de nossa igreja, que preceituou tal ordem do sábado ser do Antigo Testamento, e não obrigar mais no Novo Testamento”.1) Está aí a confissão de um renomado vulto do sacerdócio católico de que o papado atentou contra a lei da soberania de Deus. 


Outras autoridades dizem como segue: “Em um catecismo de doutrina, à página 174, lemos: ‘Podeis provar ainda de outro modo que a igreja tem autoridade para preceituar dias de festas? Resp.: Se ela não tivesse tal autoridade, não poderia ter substituído a observância do sábado do 7.o dia ao domingo, primeiro dia da semana, mudança essa que não tem nenhuma autoridade nas Escrituras”.


“Hootsman, chanceler do arce-bispo Ryan de Filadélfia, numa carta a Mr. E. E. Franke a propósito da questão do sábado, reafirma nestes termos o testemunho citado: ‘Consultai qualquer obra católica que contenha um capítulo sobre tradição, e aí encontrareis o que estais precisando: a igreja é a única autoridade para a transferência do sábado para o domingo. O sábado o mais famoso dia da lei, foi transferido para o dia do Senhor. Estas e outras coisas semelhantes, não cessaram em virtude da pregação de Cristo (pois diz que não veio abolir a lei mas cumprir) mas foram mudadas por autoridade da igreja”’2)


O SINAL DA BÊSTA


As Sagradas Escrituras ensinam que o Sábado é o sinal de Deus e o “dia do Senhor”. Para não aduzir novamente as provas indestrutíveis desta verdade, consultem-se os textos aqui indicados.3)


Na transferência do repouso semanal do Sábado do sétimo dia para o primeiro dia da semana, o papado não fez nada mais nem menos do que substituir o sinal da autoridade suprema de Deus pelo sinal de sua própria autoridade como um falso deus sobre a terra. Daí o domingo, na lei modificada do catecismo católico, ser o sinal do papado que é, como tal, constatado pelos dignatários deste poder.


“Numa carta escrita em novembro de 1895, o Snr. H. F. Thomas, chanceler do cardeal Gibbons, respondendo a um inquérito feito a respeito da afirmação que a igreja faz de ter mudado o sábado, disse: ‘Naturalmente, a igreja católica afirma que a mudança do sábado é um ato totalmente seu... e que este ato é o Sinal de sua autoridade nas coisas religiosas’”.4) Veja-se Apêndice sobre o culto do sol e a origem do domingo.


A "IMAGEM DA BÊSTA" IMPÕE O "SINAL DA BÊSTA"


Urge repetir que a “besta” é o papado e que a “imagem da besta” são os Estados Unidos. Agora tudo está claro diante de nós. Podemos confiar seguramente na profecia e crer que, ao realizar-se nos Estados Unidos a fusão entre o Estado e a Igreja ou entre aquele e o protestantismo, e este tiver a supremacia sobre aquele, então a “imagem da besta” estará formada e entrará em ação imediatamente. 


Do resultado desta fusão, a profecia somente salienta que a “imagem da besta” imporá, sob pena de graves consequências, o “sinal da besta” “a todos, pequenos e grandes, ricos e pobres, livres e servos”. Isto é, ao ser alterada a Constituição Norte-Americana e o protestantismo tornar-se religião oficial do Estado e este um Estado religioso dirigido por aquele, então a igreja obrigará o Estado a impor pela lei o “sinal da besta” papal, isto é, a observância obrigatória do domingo.


“E’ em torno desse sinal que gira toda a controvérsia, como claramente se deduz da profecia; e que é por meio desse sinal que o movimento se propõe vencer confessa-o francamente o dr. Crafts, um dos mais esforçados campeões da Liga de Reforma Nacional, a cuja testa se encontra há muitos anos. 


Eis a sua declaração: ‘Como Colombo e outros descobridores de seu tempo tinham por costume levantar uma cruz em  cada país que descobriam, fazendo-o na presunção de o haverem conquistado para algum reino cristão, assim também o dia do Senhor (domingo) foi estabelecido em todos os países do mundo em sinal de sua presumível conquista para o nosso divino Senhor. Não há outro sinal de unidade cristã, de unidade do mundo”. “Dia do Senhor, porém, é num certo sentido o seu título preeminente, o sinal em que havemos de vencer”.1)


“Em janeiro de 1914 reuniram-se em New York os representantes de todas as corporações religiosas constituídas para a defesa do domingo a fim de discutirem as bases e assentarem os planos para o grande Concílio Internacional do Dia do Senhor a realizar-se proximamente em Washington. Foi convidado para assistir a esse Concílio, na qualidade de seu presidente honorário, o presidente Wilson, que aceitou o convite. O Jornal de Providence (Rhode Island) dando notícia dessa reunião, assim a comenta em seu número de 13 de julho do mesmo ano:


“Reuniram-se em New York, a 22 de janeiro, os  representantes das diversas organizações do Dia do Senhor a fim de acordarem nas medidas preliminares para a celebração do  Concílio. Os planos já vão adiantados. Organizou-se uma Comissão geral de projetos e elegeu-se uma Comissão Executiva, à qual foi cometido o trabalho principal no aperfeiçoamento dos planos para o futuro Concílio”. “O domingo será discutido sob todos os seus aspectos mundiais. Far-se-á primeiro um estudo geral de cada país e das condições de cada nação.  


Em seguida o Congresso abordará o problema do domingo, considerando-o sob os seus múltiplos aspectos — religioso, moral, industrial, econômico, higiênico, social, legal e governamental. Tentar-se-á também organizar um programa para uma ação combinada e para direção da cooperação ativa daqueles que estão interessados em promover a legítima observância do domingo. Já um bom número das denominações religiosas principais endossou o movimento, insistindo em que todas as associações, não importa de que espécie, religiosas ou profanas, devem alistar-se no mesmo ao lado dos seus promotores, enviando delegados às suas assembleias”.1)


Destas declarações depreendemos, o que é sumamente importante em nossa apreciação da profecia, que o alvo do movimento protestante nos Estados Unidos é erigir o domingo como sinal do movimento que visa fazer uma “imagem à besta” e obrigar a todos a adorá-la. e a receber o seu sinal. E note-se que o movimento do protestantismo estadunidense visa o mundo inteiro. Nisto vemos o cumprimento da profecia, em processo, pois reza ela que a besta de dois chifres induzirá a “todos os que habitam sobre a terra” a fazer uma “imagem à besta” pela exaltação do seu sinal.


Deste modo o protestantismo estadunidense rejeitará definitivamente a lei de Deus dada no Sinai e acatará a lei alterada pelo papado. Confirmará seu desacato a Deus rejeitando a sua autoridade expressa no Decálogo. Isto será ir de encontro à própria Confissão de Augsburgo em que os protestantes acusaram a igreja católica de alterar a lei de Deus, transferindo o repouso do Sábado para o domingo. Vejamos:


“Assim, testifica-se também que o Sábado foi mudado para o domingo, como eles o pretendem, contra os dez mandamentos; e nenhum exemplo é alardeado tanto como a mudança do Sábado, querendo eles com isso sustentar que é grande o poder da igreja, visto que dispensou com os dez mandamentos alterando os mesmos”.2)


E, impondo o “sinal da besta” papal, o domingo, rejeitará o santo repouso semanal do sétimo dia, derribando assim, como fizera o papado, a autoridade de Deus nos céus, na terra, no mar e sobretudo o que neles há, conforme expresso o quarto mandamento.


A cada súdito da “imagem da besta” será imposto o “sinal da besta” “na sua mão direita, ou nas suas testas”. Para a “imagem da besta” será indiferente estar o “sinal da besta” na mão direita ou na testa; o que lhe importa é que todos ostentem a marca da apostasia papal. 


A mão direita é a mão da ação, e, a grande massa da nação submeter-se-á à imposição do repouso obrigatório do domingo, simplesmente por consideração de comodidade ou  conveniência pessoal, sem com isso reconhecer nenhum fundamento religioso, mas dando, deste modo, indiretamente, o seu apoio  moral  a  uma instituição religiosa e aceitando implicitamente a autoridade da besta imposta por sua imagem. 


Pactuando, embora de modo indireto, com o propósito da besta, lhe dão como que a destra, de parceria,  favorecendo os seus intuitos, e constituindo-se o seu braço direito pelo auxílio valioso que prestam. Esses receberão o sinal na sua mão direita com a qual, indiretamente, apoiam as pretensões da besta e sua imagem. A outra classe será constituída pelos que espontaneamente se hão de submeter às suas imposições, não por considerações meramente pessoais, mas pelo coração e pelo entendimento, crendo, com efeito, estar servindo e apoiando uma causa santa. Estes estarão identificados com a doutrina  e por ela com o caráter da besta, tanto pelo coração como pela inteligência, e terão o sinal em suas testas. 


Portanto, por convicção ou não, todos serão obrigados, pelo protestantismo e o Estado irmanados, a levarem o “sinal da besta”. Quando tudo isto suceder em breve, na América Protestante agora livre, ficará assentado com toda a evidência que o “característico  especial da besta e de sua imagem — é a violação dos mandamento de Deus”.1)


Pretendendo a nação protestante estabelecer por lei o domingo como “dia do Senhor”, a profecia declara que estabelecerá como “sinal da besta”, como dia do papado. Satanás não poderia levar um povo inteiro a maior engano do que este. A própria revelação apresentando os Estados Unidos como falso profeta, diz “que enganou os que receberam o sinal da besta e adoraram a sua imagem”.2)


O sinal da besta é a imitação de um antigo costume de obediência aos homens e aos falsos deuses. “Entre os antigos era costume que os servos recebessem a marca de seu amo, e os soldados, a de seu general; e os devotos de uma divindade particular, a dessa divindade. Estas marcas imprimiam-se geralmente sobre a mão direita ou na testa, e consistiam em alguns hieróglifos, ou o nome expresso em letras comuns, ou disfarçado por letras numéricas, segundo a fantasia de quem impunha a marca”.3)


“Prideaux diz que Tolomeu Filopator ordenou que a todos os judeus que solicitavam ser matriculados como cidadãos de Alexandria se lhes imprimisse com ferro candente, sob pena de morte, os traços de uma folha de Hera (insígnia de seu deus, Baco”.4)


Que está em plena fermentação — nos Estados Unidos — um movimento pró estabelecimento da “imagem da besta”, já o vimos atrás. E que este movimento tem por objetivo primário a imposição obrigatória do “sinal da besta”, o domingo, também confirmam abundantes evidências que seguem:


“Em 1888 a Liga de Reforma Nacional aliou-se ainda com um terceiro elemento, a Liga Americana do Sábado (domingo), cujo fim principal, e que é um dos principais fins de todas as ligas congêneres, é promover a observância obrigatória do domingo. Em uma convenção realizada a 8 de novembro de 1887 no Estado de Illinois, o Rev. Dr. Mandeville, orador oficial dessa Liga, referindo-se à maneira como Neemias fizera respeitar o dia de repouso, disse: ‘Assim também nós podemos obrigar os executores da lei a cumprir o seu dever’”.


Um outro orador da Liga, o prof. Blanchard, fez na mesma ocasião a seguinte formal declaração: ‘Nesta obra que empreendemos a favor do domingo nós somos os SUBSTITUTOS de Deus’.

 

“Já em 1881 a Liga de Reforma Nacional admitia francamente a conveniência de uma tal aliança (com a igreja católica), publicando no The Christian Statesman um artigo em que se lia o seguinte: ‘O interesse comum nesta questão devia confirmar-nos neste trabalho e dispor-nos, para a sua realização, a agirmos de mãos dadas com os nossos concidadãos católicos... A urgência do estado de coisas atual nos obriga a dar esse passo’.


“A 12 de dezembro do mesmo ano o The Christian Statesman inseria um outro artigo com esta declaração categórica: ‘Se a Igreja Católica estiver disposta a agir de comum acordo conosco nesta luta contra o ateísmo político, do melhor grado a reconheceremos como nossa aliada’.


“Em 1888 o senador Henry Blair apresentou ao Congresso Nacional dos Estados Unidos um projeto de lei, reconhecendo como oficial a religião cristã e estabelecendo o ensino religioso nas escolas públicas, além de outro decretando a observância religiosa do domingo como dia do Senhor. 


Nessa ocasião o secretário da Liga Americana do Sábado, aliada principal da Liga de Reforma Nacional, escreveu ao primeiro representante do papado nesse país, o cardeal Gibbons, pedindo-lhe o seu concurso no sentido de persuadir o Congresso a votar a dita lei, que decretava a observância do domingo como dia de culto religioso. O cardeal respondeu incontinente anuindo ao pedido e exprimindo em termos afetuosos a satisfação que experimentava por poder juntar o seu nome aos dos milhões que pugnavam por uma causa tão nobre qual a de fazer respeitar o domingo”.


“A 12 de novembro de 1889 realizou-se em Baltimore uma convenção do clero secular católico, onde foi lido um manifesto redigido pelo Snr. Manly B. Tello, redator do Catholic Universe, no qual se dizia: ‘Devíamos de qualquer modo aliar-nos com os protestantes que desejam a santificação do domingo... Podemos assim induzir as massas protestantes a uma observância respeitosa do domingo católico’.


“Uma das deliberações então tomadas sobre esse ponto declarava haver toda a conveniência numa tal aliança e que os católicos deviam unir-se com os protestantes na questão do domingo a fim de promover a sua observância obrigatória. 


Essa resolução foi acolhida com grande júbilo pela Liga Americana do Sábado, que exprimiu a sua satisfação nos seguintes termos: ‘A convenção nacional do clero secular católico, depois de se haver correspondido e tomado consulta com a Liga Americana do Sábado, aprovou a resolução proposta de uma ação comum com os protestantes na reforma do sábado (domingo). Isto não quer dizer todavia que o reino milenário há de  ser estabelecido num só dia. Foi isto apenas uma declaração de amor e os dois partidos como que se aproximaram timidamente’.


“Celebrados os esponsais, porém, há de sem dúvida seguir-se o consórcio, mormente quando a união é ditada por conveniências mútuas de tão alta ordem. Comentando o caso, termina dizendo o autor de ‘As Duas Republicas’: ‘Deste modo os cabeças do protestantismo se aliaram com o papismo no intuito único de criar no governo dos Estados Unidos condições idênticas às que assinalaram o primeiro período do papado, e não deve admirar- nos que o elo conectivo que os une nesta obra iniqua, seja precisamente aquele venerável dies solis pelo qual o papismo primeiro alcançou domínio sobre o poder civil, obrigando por ele aos dissidentes a sujeitar-se aos ditames da igreja, donde resultou perseguição e derramamento de sangue’.


“O que aí se vê é simplesmente a repetição da história. Com a elevação do dia santo solar pagão à lei do Estado, debaixo de Constantino, foi preparado o caminho para a fraternização do cristianismo nominal com o paganismo, acentuando-se dia a dia a aproximação entre um e outro até que a Igreja, confundindo-se com este, engendrou um sistema que era a perfeita imagem do sistema pagão. 


Do mesmo modo a elevação do domingo à lei do Estado há de tornar-se o meio pelo qual o protestantismo nominal virá a fazer causa comum com o papismo e produzir-lhe uma imagem. Como lá o venerável dia do sol, posto que um produto genuinamente pagão, consultava o interesse de ambos, aplainando as dificuldades para a fusão dos dois  sistemas, assim aqui o domingo, que no seu caráter atual é uma instituição genuinamente católica, interessando igualmente ao protestantismo nominal e ao catolicismo, há de fazer desaparecer as dificuldades que  porventura obstem a uma aliança efetiva entre ambos para a produção de uma imagem do papismo”.1)


O Dr. Bowdy, secretário geral dessa Aliança, disse o seguinte: ‘Advogando as leis dominicais, nós representamos a Igreja em ação. Há todavia uma dificuldade, que é incutir no coração do povo os princípios de Jesus Cristo. O protestantismo e o catolicismo hão de entretanto trabalhar de mãos dadas neste movimento. Como igrejas temos de penetrar no Congresso e na legislação do país e reclamar uma legislação para proteção  do dia do Senhor, a fim de que o reino de Cristo possa ser estabelecido’”.2)


“No movimento ora em ação nos Estados Unidos a fim de conseguir para as instituições e usos da igreja o apoio do Estado, os protestantes estão a seguir as pegadas dos romanistas. Na verdade, mais que isto, estão abrindo a porta para o papado a fim de readquirir na América protestante a supremacia que perdeu no Velho Mundo. 


E o que dá maior significação a este movimento é o fato de que o principal objetivo visado é a obrigatoriedade da observância do domingo, prática que se originou com Roma, e que ela alega como sinal de sua autoridade. E’ o espírito do papado — espírito de conformidade com os costumes mundanos, com a veneração das tradições humanas acima dos mandamentos de Deus — que está embebendo as igrejas protestantes e levando-as a fazer a mesma obra de exaltação do domingo, a qual antes delas fez o papado”.3)


OPRESSÃO E MORTE AOS RECALCITRANTES


Sancionada a “imagem da besta” por ato constitucional, a “outra besta”, a norte-americana, com “dois chifres semelhantes aos de um cordeiro", revelará imediatamente o seu novo e verdadeiro caráter. Naquele tempo breve futuro os Estados Unidos, convertidos em “imagem da besta” papal, não mais alçarão a sua voz para falar em liberdade de consciência e de culto. Sua voz será uma nova voz — a voz do dragão. Ficará então constatado que a nação é constituída de “poderes religiosos, aliados ao céu pela profissão, e pretendendo ter os característicos de um cordeiro, mostrarão por seus atos que eles têm o coração de dragão, e que eles são instigados e controlados por Satanás”.1)


A pena de morte será a inexorável sentença a “todos os que não” adorarem “a imagem da besta” ou não concordarem com ela e com suas deliberações e decretos em matéria de doutrina. Antes de tudo, porém, a compulsão aos recalcitrantes será levada ao ponto de esbulhá-los de seus direitos civis e sociais; pois não poderão “comprar ou vender” a menos que resolvam receber o sinal da besta que corresponde ao seu nome e ao número de seu nome. 


Em outras palavras, sob o regime estadunidense da “imagem da besta”, o cidadão norte-americano que por direito de consciência recusar o “sinal da besta” — domingo — será boicotado, perdendo todos os direitos de cidadão. E, se persistir em sua deliberada recusa de acatar o “sinal da besta", então a solução para o seu caso é uma só — a pena de morte. Nada mais do que isto é o que a profecia nos esclarece sobre este assunto.


O POVO QUE SERÁ ALVO DA PERSEGUIÇÃO DA "IMAGEM DA BÊSTA"


O povo de Deus, fiel à Sua lei original, os dez mandamentos do Decálogo, será alvo exclusivo dos decretos da “imagem da besta” por se recusar receber o “sinal da besta”. “Os que honram o sábado bíblico serão denunciados como inimigos da lei e da ordem, como que a derribar as restrições morais da sociedade, causando anarquia e corrupção, e atraindo os juízos de Deus sobre a terra. Declarar-se-á que seus conscienciosos escrúpulos são teimosia, obstinação e desdém à autoridade. 


Serão acusados de deslealdade para com o governo. Ministros que negam a obrigatoriedade da lei divina, apresentarão do púlpito o dever de prestar obediência às autoridades civis, como ordenadas de Deus. Nas assembleias legislativas e tribunais de justiça, os observadores dos mandamentos serão caluniados e condenados. Dar-se-á um falso colorido às suas palavras; a pior interpretação será dada aos seus intuitos.


“Ao rejeitarem as igrejas os argumentos claros das Escrituras Sagradas, em defesa da lei de Deus, almejarão fazer silenciar aqueles cuja fé não podem subverter pela Bíblia. Embora fechem os olhos ao fato, estão agora a enveredar por caminho que levará à perseguição dos que conscienciosamente se recusam a fazer o que o resto do mundo cristão se acha a praticar, e a reconhecer as pretensões do sábado papal”.1)


Não há dúvida alguma que, a Igreja Adventista do Sétimo Dia, que não se curvará jamais a instituições do engano, será o alvo da ‘imagem da besta”.


“Uma' importante associação, dentre as muitas que se têm organizado com o fim de promover a decretação de leis dominicais nos Estados Unidos da América do Norte, é a ‘Aliança do Dia do Senhor’. No 25.° relatório anual dessa agremiação, recentemente publicado, depara-se com este trecho:


“‘A Aliança do Dia do Senhor vai-se tornando de ano em ano melhor conhecida do povo e da casa congressista dos Estados Unidos, bem como do capitólio nacional. Do Dr. W. W. Davis, secretário da Aliança em Maryland, recebemos uma comunicação insistindo na necessidade de nossa Aliança pôr-se em contacto mais frequente com a capital de Washington, e que uma vez por semana, ao menos, estando em sessão o Congresso, devíamos tratar nela de perto e pessoalmente os nossos negócios... Revela notar que os Adventistas do Sétimo Dia dispõem em Washington de uma força regular de obreiros, correndo a nós o dever de cuidar em que esses perturbadores de Israel não façam aí violência ao nosso sábado cristão (domingo)’.


“Na assembleia acima referida assentou-se um plano de trabalho agressivo tendo por objeto influir sobre o Congresso a fim de conseguir uma lei dominical para o Distrito Federal de Washington. A esse propósito um orador externou-se nos seguintes termos: ‘Tão certo como estais sentados aqui em vossas poltronas, uma lei dominical há de ser decretada pelo Congresso Federal. Tenho intimidade com o presidente Wilson, e antes que ele deixe o seu posto, procurarei falar-lhe, representando-lhe que é tempo de fazer uma limpeza em Washington no tocante à profanação do domingo. 


Uma lei dominical conseguir-se-á mais facilmente com a cooperação de todas as igrejas. A Aliança do Dia do Senhor já conta com o apoio de dezesseis denominações, número que espera dentro em pouco elevar-se a trinta. Em breve teremos movimentado todas as comunidades. Quando falarmos, havemos de ser ouvidos. Já estamos principiando a falar. 


Entraremos pelas escolas e estabelecimentos de ensino a fim de educar os futuros orientadores do pensamento. De aqui a um ano uma grande convenção vai ser celebrada em Washington, na qual se hão de concretizar todos os esforços empenhados em prol da observância do domingo. Havemos de angariar influências que hão de atuar sobre todos os congressistas cristãos. Os adventistas têm despejado no Congresso um tal aluvião de petições e cartas, que se poderia imaginar estarem eles em maioria neste país”.


Falando ainda o Dr. W. W. Davis, expressou-se desta maneira: “Na próxima sessão do Congresso contamos apresentar um projeto de lei dominical que assegure ao Distrito Federal de Colúmbia um dia de descanso perfeito. Havemos de organizar as nossas forças de modo a termos em cada Estado um homem habilitado com três representantes superiores das três principais denominações em cada um dos distritos congressistas. 


Esses homens deverão organizar as igrejas sobre uma base cooperativa de maneira que, quando um projeto de lei dominical haja de subir à Câmara, em vez de, como tem sucedido das outras vezes, os adventistas de todos os Estados Unidos despejarem no Congresso um tonel de petições contra esse projeto, nós estejamos no caso de despejar nele um tonel por cada um dos Estados da União”.1)


PRENÚNCIOS DA OPRESSÃO DA "IMAGEM DA BÊSTA"


Com o movimento para estabelecer a “imagem da besta” e o seu sinal na América agora livre, o dragão tem desde algum tempo procurado ensaiar a sua voz através de leis compulsórias esparsas contra os fiéis adventistas do sétimo dia. O que segue é já uma amostra, ainda que tênue, do que há de ser num breve futuro a “imagem da besta” estadunidense com a força e o poder do dragão em evidência:


“E’ fato incontestável que dos 49 Estados da União nada menos de


17 Estados, que possuem leis dominicais, têm procedido judicialmente contra fiéis observadores do sétimo dia. Esses Estados são Alabama, Califórnia, Geórgia, Maryland, Michigan, Carolina do Norte e do Sul, Pensilvânia, Arkansas, Flórida, Illinois, Massachusetts, Mississípi, Temesse, Virgínia e Texas. Essas leis dominicais estão se provando uma causa fecunda de perseguições religiosas, o que se evidencia do fato de terem sido processados de 1885 a 1896, em virtude de tais leis, mais de cem adventistas nos Estados Unidos e mais de 30 em outros países, por haverem executado trabalhos leves no primeiro dia da semana”. 


“Para que o leitor possa fazer uma ideia de como se procede naquele país contra os infratores dessas leis atentatórias da liberdade religiosa proclamada pela Constituição, e que nada mais são do que a “imagem da besta” em embrião, já em franca evolução nalguns Estados, vamos transcrever aqui a narração de um desses casos, feita por testemunha insuspeita, o nobre senador Crockett, perante o Senado de Arkansas. Ei-la:


“Senhor presidente, consenti que por um ou dois exemplos eu vos pinte os efeitos dessa lei. Um tal Snr. Swearigen, procedente de um dos Estados do Norte, havia-se mudado para um sítio  no  condado de... O seu sítio distava quatro milhas da cidade mais próxima e estava bastante retirado de qualquer das casas de oração. 


Era um membro da Igreja dos Adventistas do Sétimo Dia; e como houvesse observado o dia de repouso de sua Igreja, que é o sábado do sétimo dia, abstendo-se nele de todo o trabalho secular, entregou-se, ele mais o seu filho, um mancebo de 17 anos, tranquilamente ao serviço de sua lavoura, no primeiro dia da semana. Não incomodavam a ninguém não prejudicavam os interesses de quem quer que fosse. Mas, foram espiados, sendo o caso denunciado aos magistrados, que os mandaram prender. 


No julgamento foram condenados a multas e como não tivessem com que pagar, esses honrados cidadãos cristãos foram lançados na prisão onde, quais vis criminosos, permaneceram encarcerados por espaço de 25 dias, e porquê? — Porque tiveram a ousadia de no ano da graça de Nosso Senhor Jesus de 1887 adorar a Deus segundo os ditames de sua consciência na chamada terra da liberdade. 


E acaso foi isto o fim da história? Ah, não, snr. presidente. Postos que tinham sido em liberdade, confiscou-se ao pobre velho o único cavalo que possuía para ganhar a subsistência de seus filhos, a fim de com o seu produto pagar às custas do processo e a multa, o que tudo importava em 35 dólares. O cavalo foi vendido em hasta pública por 27 dólares.


“Dias depois chegou o oficial de justiça e requereu ao velho mais 38 dólares, sendo onze para completar a soma anteriormente fixada, e mais vinte e cinco para as despesas de alimentação do pai e do filho durante o tempo de sua prisão. E ao protestar o pobre velho com olhos lacrimejantes que não tinha dinheiro, confiscou-se-lhe também a vaca, pela qual posteriormente foi aceita uma garantia, cuja importância foi coletada entre os seus irmãos na fé. Senhor presidente, todo o meu coração se revolta ao repetir essa história infame”. “Um outro caso, ocorrido no Estado de Tennessee, é assim narrado pelo ‘Freie Prece’ de Texas:


“O lavrador Capps, morador de Dresden, Tennessee, cidadão pacato e ordeiro, tornou-se vítima de uma abominável  perseguição pelo motivo de haver trabalhado no primeiro dia da semana. Já vai para um ano que Capps foi prezo e condenado pelo juízo distrital de Weackl Country a uma multa de 10 dólares e nas custas do processo, que importavam em 51,80 dólares.

 

Capps apelou da sentença para o Supremo Tribunal, que confirmou a sentença da primeira instância, cobrando-lhe pelo processo 58,65 dólares, de sorte que Capps devia pagar ao todo 110,45 dólares. Como é homem sem recursos, está obrigado a remir a multa e as custas do processo com prisão, e isto na razão de 25 cents por dia. 


A consequência é que Capps terá de permanecer ao todo 442 dias ou um ano e três meses na cadeia pelo crime de haver trabalhado no primeiro dia da semana!” “Capps tem uma jovem mulher e três filhos, dos quais o mais velho conta apenas 6 anos de idade. Seu pequeno sítio fica um tanto retirado de outros moradores, de sorte que a pequena família, quando seu chefe houver  de dar entrada na prisão, estará totalmente ao desamparo e  sem  meios de subsistência. O que torna o fato ainda  mais abominável é  que Capps não só é homem probo e diligente, como também dotado de um alto sentimento religioso. 


O caso, porém, e que Capps pertence à seita dos adventistas do sétimo dia, que se apega rigorosamente ao texto do Gênesis, onde está escrito que o Senhor trabalhou seis dias e ao sétimo descansou, pelo que guardam o sábado, como os judeus, e não o domingo ou o primeiro dia da semana. Na fidelidade à sua convicção religiosa Capps foi a ponto de recusar pagara a primeira multa de 10 dólares, porque entendia que ‘importa obedecer mais a Deus do que aos homens’, reputando uma injustiça pagar multa por um ato que, na sua opinião, nada mais é do que o cumprimento de um dever religioso.


“A hipotecar o seu pequeno sítio, que é ao que seria obrigado para poder pagar a importância acima, Capps prefere, pois, dar entrada na cadeia e fá-lo com perfeita tranquilidade de espírito, embora seu médico lhe houvesse declarado que, em virtude de sua compleição débil e do seu hábito de vida ao ar livre, ele não poderia resistir o tempo que lhe fora imposto atrás dos muros da prisão”.


“Ouvindo ou lendo alguém um caso desses” continua o mesmo jornal, “imagina-se transportado ao tempo em que ainda vigoravam as afamadas leis draconianas conhecidas pelo nome de Blue Laws de Connecticut. Como é possível, à vista de tais fatos, blazonar-se ainda a gente de liberdade civil e religiosa? Essa decantada liberdade afinal nada mais é do que a liberdade ou antes o direito de opressão e sujeição da maioria sobre a minoria. E’ isto pois a mesma perseguição que há mais de um século foi aqui promovida pelos puritanos ou pelos espanhóis ao tempo da inquisição”.


“E cumpre notar que são casos esses em que a lei ainda foi benigna; outros houve em que os indivíduos foram condenados a trabalhar acorrentados com criminosos na via pública, passando por vexames e violências as mais revoltantes, ao passo que ainda outros foram metidos em masmorras úmidas e frias, resultando-lhes daí enfermidades, algumas das quais fatais. De um sabemos que, tendo passado sucessivamente por três julgamentos, foi em última instância condenado a ser vendido a uma companhia agrícola, sendo porém à última hora posto em liberdade por ter um anônimo pago a multa que o condenado se havia recusado a pagar. 


Um outro que foi arrancado ao aconchego de sua família na hora em que sua mulher estava a ponto de dar à  luz, passou pelo desgosto de  não  tornar mais a ver esta nem a seu filhinho, que não resistiram ao choque da desgraça que os atingia. Depois de haver estado prezo durante meses  e ter todos os seus bens confiscados, desapareceu, sendo finalmente encontrado morto no cemitério abraçado à sepultura de seus entes queridos. 


E por que? Porque estes homens fossem  criminosos?  —  Não, mas porque, obedecendo aos ditames de sua consciência e entendendo que em matéria religiosa lhes cumpria obedecer  mais  a Deus do que aos homens, haviam cometido o sacrilégio de desrespeitar uma instituição da Igreja a que as leis do Estado prestavam o seu apoio em flagrante contradição com os princípios estabelecidos pela Constituição”.1)


A GRANDE ADVERTÊNCIA PROFÉTICA


No capítulo dezesseis, versículo dois, encontramos uma solene advertência em adição à do terceiro anjo, que nos dá uma ideia precisa das tremendas consequências que advirão aos que receberem o “sinal da besta” prestando com isso adoração à besta e à sua imagem. Os súditos dos Estados Unidos, em especial, estarão como que entre a faca e a parede. Deus exigir-lhes-á que recebam o Seu sinal, o Sábado, e a “imagem da besta” exigir-lhes-á que recebam o “sinal da besta”, o domingo. 


Ambos, Deus e a “imagem da besta”, lançam solenes ameaças. De um lado a “imagem da besta” os ameaça com o boicote e com a pena de morte se não receberem o “sinal da besta”. De outro lado Deus os adverte com a rejeição e também a pena de morte se receberem o “sinal da besta”. Sim, esta é uma das maiores crises que logo sobrevirá, não só nos Estados Unidos mas também em todos os países católicos e protestantes. 


Cada homem e cada mulher terá que decidir — ou adorará a “besta” e a sua “imagem” e receberá o seu sinal correspondente, ou adorará a Deus e receberá o Seu sinal. Cada um decidirá, pois, o seu destino naquele derradeiro fim do “tempo do fim”.


QUEM RECEBERÁ O SINAL DA BÊSTA


“Os cristãos das gerações passadas observaram o domingo, supondo que em assim fazendo estavam a guardar o sábado bíblico; e hoje existem verdadeiros cristãos em todas as igrejas, não excetuando a comunhão católica romana, que creem sinceramente ser o domingo o dia de repouso divinamente instituído. Deus aceita a sinceridade de propósito de tais pessoas e sua integridade. 


Quando, porém, a observância do domingo for imposta por lei, e o mundo for esclarecido relativamente à obrigação do verdadeiro sábado,  quem então transgredir o mandamento de Deus para obedecer a um preceito que não tem maior autoridade que a de Roma, honrará desta maneira ao papado mais do que a Deus. Prestará homenagem a Roma, e ao poder que impõe a instituição que Roma ordenou. Adorará a besta e a sua imagem. 


Ao rejeitarem os homens a instituição que Deus declarou ser o sinal de Sua autoridade, e honrarem em seu lugar a que Roma escolheu como sinal de sua supremacia, aceitarão, de fato, o sinal de fidelidade para com Roma — ‘o sinal da besta’. E somente depois que esta situação esteja assim plenamente exposta perante o povo, e este seja levado a optar entre os mandamentos de Deus e os dos homens, é que, então, aqueles que continuam a transgredir hão de receber ‘o sinal da besta’”.1)

 

“Mas ninguém deverá sofrer a ira de Deus antes que a verdade se tenha apresentado ao espírito e consciência, e haja sido rejeitada. Há muitos que nunca tiveram oportunidade de ouvir as verdades especiais para este tempo. A obrigatoriedade do quarto mandamento nunca lhes foi apresentada em sua verdadeira luz. 


Aquele que lê todos os corações e prova todos os intuitos, não deixará que pessoa alguma que deseje o conhecimento da verdade seja enganada quanto ao desfecho da controvérsia. O decreto não será imposto ao povo cegamente. Cada qual receberá luz bastante para fazer inteligentemente a sua decisão”.1)


Temos assim que o sinal da besta e o sinal de Deus só serão impostos quando o mundo for logo esclarecido de toda esta questão, como se acha predito no Apocalipse capítulo dezoito versículos um a quatro.


O NÚMERO DA BÊSTA


VERSO 18 — “Aqui há sabedoria. Aquele que tem entendimento, calcule o número da besta; porque é o número de um homem, e o seu número é seiscentos e sessenta e seis”.


O NOME DA BÊSTA


Chegamos afinal ao término da tragédia da besta-papal e de sua imagem protestante-estadunidense, tal como nos é apresentada na profecia do Apocalipse treze e confirmada pelos fatos históricos. O versículo dezoito dá-nos a prova suprema de que a “besta” de que trata esta profecia, é evidentemente o papado romano. O versículo anterior refere que a “besta” tem um nome e que seu nome encerra um número. 


Disto concordamos que para encontrarmos o seu número é imprescindível sabermos antecipadamente o seu nome. Ora, sendo que a “besta” é um poder na terra e que o seu número é o número de um homem que a representa absoluto, é evidente que o seu nome deve ser um título representativo do seu poder empregado pelo referido homem e não o nome comum desse homem. Quer dizer ainda que esse homem, e a “besta” que ele representa, pertencem a uma nacionalidade cujo sistema numeral é exemplificado não em caracteres matemáticos árabes, mas em letras do seu próprio idioma. E’ assim que o número do seu nome é encontrado nas letras do seu nome.


O homem, cujo nome revela o título do papado, é o seu representante pessoal — o papa. Seu nome titular como representante central do papado deve identificá-lo com ele e ser o próprio nome do papado. Ora, como as pretensões do papado na terra são as de representante do Filho de Deus, o nome oficial do governo papal, ostentado pelo papa deve relacionar-se, em verdade, com o Filho de Deus sem o que suas pretensões não seriam expressas por seu título; pois um título por alguém ostentado, deve revelar ou ser a expressão de seu encargo.


E “o nome da besta” que é ao mesmo tempo o título do papado que é a “bêsta”, pretendido pelo papa, devemos buscá-lo na literatura católica, e não esquecer-nos que o referido título deve ser latino, pôsto que o latim é o idioma oficial de Roma papal, e conter o número 666, segundo o equivalente das letras numerais latinas.


Com frequência lemos na literatura católica e também ouvimos dos lábios do clero papal os nomes: Vigário de Cristo e Vigário de Jesus Cristo, atribuídos ao papa. Nestes nome quando escritos em latim, não encontramos o número 666. Êstes nomes devem ser apenas variações do nome ou do título oficial que deve encerrar o número 666 apontado pela profecia. Uma citação do cardeal Manning, porém, apresenta, conjuntamente com uma das variações aludidas, um outro nome pretendido pelo papa em que contém o número latino 666 e expressa inequivocamente as pretensões do papado: Leiamos:


“Igualmente dizem agora: Veja esta igreja Católica, esta igreja de Deus, débil e rechassada ainda pelas próprias nações que se dizem católicas. Ali está a França Católica, a Alemanha Católica e a Itália Católica que renunciaram à refutada ficção do poder temporal do Vigário de Jesus Cristo’. E assim, porque a Igreja parece débil, e o Vigário do Filho de Deus está revivendo a paixão de seu Mestre na terra, nos escandalizamos e apartamos dêle o rosto”.1)


Êste outro nome atribuído ao papa pelo cardeal Manning, que infalivelmente é o título oficial do papado — Vicarius Filii Dei — preenche exatamente os requisitos da profecia. Aqui temos evidentemente um nome do papa que expressa as pretensões do papado e o seu número 666. Êste é o título oficial do papado e cumpre perfeitamente a profecia.


“Êste título particular de Vicários Filii Dei aparece já em 752-774 num documento conhecido historicamente como a “Doação de Constantino”.


“O documento que emprega o título foi confirmado por um concílio da igreja, diz Binio, alto dignatário católico romano de Colônia citado por Labré e Cossort. Foi incorporado na lei canônica romana católica por Graciano, e quando esta última obra foi revisada e publicada, com o bom visto do papa Gregório XIII, o título conservou-se. 


Quando Lúcio Ferraris escreveu sua elaborada obra teológica pelo ano 1755, deu sob o artigo ‘papa’ o título Vicários Filii Dei, e citou como autoridade a respeito a lei canônica revisada. Novamente, quando a obra de Ferrari foi revisada, ampliada e publicada em Roma em 1890, continuaram nela o documento e o título”.2)


“Citamos em continuação o latim da Doação de Constantino, confirmada por um concílio da igreja, incorporada na lei canônica romana e citada por Ferraris: “Ut sicut Beatus Petrus in terris Vicarius Filii Dei fuit constitutus, ita et Pontífices eius succesores in terris principatus potestarem amplius, quam terrenae imperialis nostrae serenitatis mansuetudo habere videtur”.1)


“Cristobal Coleman traduz êste parágrafo da lei canônica de Graciano como segue:


“Como se vê que o bem-aventurado Pedro foi constituído Vigário do Filho de Deus na terra, assim também os pontífices que são os representantes daquele mesmo príncipe dos apóstolos, devem obter de nós e de nosso império o poder de uma supremacia maior que a elemência de nossa serenidade imperial terrenal”.2)


Uma outra obra declara que o título papal — Vicarivs Filii Dei — lia-se na tiara do papa Gregório XVI.3) Uma publicação católica datada de 1915, escrevia: “As letras escritas na mitra do papa são estas Vicarius Filii Dei, que é o latim de Vigário do Filho de Deus”.


4) Esta informação certamente faz alusão a uma antiga tiara usada por papas do passado, não constando que a tiara atual do papa contenha a inscrição de seu título como representante do papado. Seja como fôr, a proposição — Vicarivs Filii Dei — referida na literatura católica como título do papado, encerra dois irrecusáveis fatos comprobatórios de que êste é o título verdadeiro de Roma-papal: O nome de um homem, expressivo de suas pretensões, e o “número da bêsta” como referido na profecia.


"O NÚMERO DO SEU NOME"


Somos informados através do versículo dezoito que é necessário “sabedoria” para calcular o “número da bêsta” ou do poder papal, contido no seu título que é o nome de seu representante único, o papa. Ainda, frisando bem as declarações dêste versículo dezoito, diz uma outra versão: “Aqui está o ensejo por discernimento; procure o leitor, se êle tem habilidade, tirar a soma das figuras no nome da bêsta, conforme nosso modo humano, e o número será seiscentos e sessenta e seis”.


5) Uma outra versão reza o texto assim: “Procure o povo de sagaz inteligência calcular o número da bêsta, porque êle indica um certo homem, e seu número é 666”.6) Assim estas versões aconselham-nos a calcular “o número da bêsta”, “tirar a soma das figuras no nome da bêsta”. 


Em outros têrmos, devemos proceder uma operação matemática para extrairmos do “nome da bêsta” o “número do seu nome”. Já vimos que o título papal — Vicarivs Filii Dei — é um título latino porque latino é o idioma oficial de Roma- papal. Dêste modo devemos separar do título oficial do papado as letras correspondentes aos números latinos, para encontrarmos o número previsto na profecia. Façamos a operação em sentido vertical para maior facilidade de compreensão:


V ........................................... 5

I ........................................... 1

C ........................................... 100

A

R

I ........................................... 1

V ........................................... 5

S

F

I ........................................... 1

L ........................................... 50

I ........................................... 1

I ........................................... 1

D ........................................... 500

E

I ........................................... 1


Nome Nr. 666


O “nome da bêsta” e o “número do seu nome”, testificam que a bêsta desta profecia é indiscutivelmente o papado-romano. Também fica comprovado que o “sinal da bêsta” que a “sua imagem”, os Estados  Unidos, imporá por lei no devido tempo, é o sinal do poder papal, que como já vimos amplamente, é o domingo. 


Deste modo a “imagem da bêsta”, obrigando a aceitação e observância do “sinal da bêsta”, o domingo, a todos obriga, direta ou indiretamente, a reconhecer a autoridade da bêsta, ou do papado, como substituto do Filho de Deus. A estas culminâncias chegará o apóstata protestantismo estadunidense ao consorciar-se com o Estado numa “imagem da bêsta”.


O NÚMERO DA FALSIDADE


A profecia salienta dois fatos particulares sôbre o “número da bêsta” e que não podemos deixá-los de lado. Em primeiro lugar, diz que o “número da bêsta” é o “número de um homem”, o que revela e adverte-nos com a máxima evidência que o poder papal não é divino ou de instituição divina, como êle pretende que seja, mas exclusivamente humano. 


Em segundo  lugar, a prova do número 666 é simplesmente “zero”, o que significa e adverte-nos que as pretensões do papado, sob a apreciação do Revelador da profecia, é uma farsa como poder cristão. Por um poder provado pela revelação como essencialmente humano e sem valor cristão, não devemos em realidade nos interessar, a não ser que, a despeito das advertências da profecia, queiramos cair voluntàriamente no desagrado de Deus.

 

O NÚMERO DE BABILÔNIA


Nas profecias do Apocalipse, o papado e o protestantismo são apresentados como a moderna Babilônia espiritual. Na antiga Babilônia das margens do rio Eufrates, o número 666 era o signo do antigo “deus do sol”, principal deus do paganismo. A ciência astrológica pagã dividiu o céu estrelado em 36 constelações, cujos números foram arranjados num quadro (como dado abaixo), e usado como um sêlo ou amuleto pelos sacerdotes pagãos e devotos do deus sol:


1 32 34 3 35 6

30 8 27 28 11 7

20 24 15 16 13 23

19 17 21 22 18 14

10 26 12 9 29 25

31 4 2 33 5 36


Somadas estas colunas numéricas horizontal ou verticalmente, dão seis vêzes o número 111, que, somados por sua vez, perfazem o númedo 666. Êste foi o número sagrado do “deus sol” e constitui a sua identificação. O paganismo romano dos Césares não foi mais que uma sucessão do paganismo Babilônio e Roma-papal não é mais que uma sucessão de Roma-pagã, pelo que através desta sucessão está ligada à velha Babilônia e seu culto idolátrico solar. 


Era assim natural que, como a Babilônia das profecias, também tivesse Roma-papal como número de identificação de sua supremacia o mesmo número 666 do “deus sol” da velha Babilônia. Deste modo o deus do antigo paganismo babilônico, o “sol”, e o deus do moderno cristianismo paganizado, o papa, identificam-se pelo mesmo número 666. 


E os Estados Unidos, quando transformados em “imagem da bêsta”, passarão irrefragável e definitivamente, para a órbita de Babilônia através de sua união com o papado e receberão dêste o seu sinal, o domingo, primitivo sinal do “deus sol” de Babilônia, para impô-lo pela fôrça da lei e ameaças de morte a seus súditos.


Diante da exposição dêste décimo terceiro capítulo do Apocalipse, a mais acertada decisão que todo o homem e tôda a mulher devem tomar, uma vez que desejam ser e continuar sendo cristãos, é escapar a tôda pressa de Babilônia, livrar-se decididamente de Roma-papal e de Roma-protestante com a maior urgência, para escapar das dramáticas consequências que sobrevirão aos que persistirem em permanecer na “grande Babilônia”. 


Refugiar-se na igreja de Deus, que guarda os mandamentos de Deus, e ter o sinal de Deus, eis a única salvaguarda possível desde agora e mòrmente no tempo futuro da grande crise como enfatizada nos versículos quinze a dezessete desta profecia.


Esse é o conteúdo do livro A Verdade Sobre as Profecias do Apocalipse, de Araceli Melo - Confira aqui o índice Completo.