NEM SEMPRE OS PROFETAS FORAM BEM-VINDOS (Apendice)

2 DOUTRINAS IASD

 APÊNDICE 


(El material que reproducimos en este Apéndice fue publicado en la Revista Adventista de enero de 1982.)


NEM SEMPRE OS PROFETAS FORAM BEM-VINDOS


Quando Don João Donoso Cortês ingressou na Academia espanhola proferiu sua famosa dissertação sobre a Bíblia. Dessa peça magistral, extraímos o seguinte parágrafo: 


"Ninguém está firme a não ser em Deus, tudo o mais passa e morre, como passa e morre a espuma que vai quebrando a onda. 


"Em meio de tão procelosas tempestades, Deus despertou os Seus grandes profetas. 


"Não sei se existe na História uma mais belo espetáculo que o dos profetas do povo de Deus lutando armados com apenas o ministério da palavra contra todos os poderes da Terra. 


E não sei se houve no mundo poetas mais elevados, oradores mais eloqüentes, mais dignos homens, mais santos e mais livres; nada faltou em sua glória, nem a santidade de vida nem a santidade da causa que sustentavam, nem a coroa do martírio." 


O ofício do profeta chamado por Deus, sempre foi árduo. Jesus deu importância ao sofrimento do profeta: "Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas e apedrejas os que te foram enviados!" (Mat. 23:37). 


Quando São Paulo resume a sorte de vários mensageiros de Deus, o faz com referências igualmente difíceis para a vida desses "santos homens de Deus" (Heb. 11:36-38). 


Esses mensageiros do Senhor foram recebidos por alguns líderes do povo de Deus e rejeitados por outros. Em sua mensagem, próximo de sua lapidação, Estêvão pergunta corajosamente: "Qual dos profetas vossos pais não perseguiram?" (Atos 7:52). 


Infelizmente, não poderíamos esperar que o dom profético manifesto em Ellen G. White escapasse da oposição nestes últimos dias. Também, paralelamente, alguns homens destacados, como outrora, se oporiam ao seu ministério. 


Os profetas estavam a serviço de Deus, de forma semelhante, através dos séculos. Às vezes tinham que escrever mensagens reveladas diretamente de Deus. Outras vezes, guiados pelo espírito Santo, como Lucas (cap. 1:1-4), tinham que reunir materiais ou parcial ou totalmente conhecidos, e ampliá-los sob a supervisão do Espírito Santo, para entregá-los ao povo de Deus. 


Recentemente um par de homens tentaram diminuir a influência da mensageira do Senhor. Afirmam que fez uso de material de autores que falaram de temas às vezes em parte semelhantes aos que ela apresentou ao povo de Deus. 


No entanto, estes poucos críticos não consignaram que o Espírito Santo guiou Sua mensageira para não aceitar erros, que às vezes estavam junto com o que o Senhor a inspirou a usar com acerto. Falam das semelhanças, não das diferenças. 


Os leitores da Revista Adventista, que durante anos apreciaram de modo pessoal e experimental os escritos de Ellen G. White, poderiam dar testemunho dessas mensagens na própria vida. Esses mesmos leitores apreciarão as notícias que damos, extraídas do trabalho sobre dependência literária, que foi realizado pelo estúdio jurídico Diller, Ramik & Wight, Ltd., e que entregamos a seguir. – A Redação. 


ELLEN  G.  WHITE  E  O  USO  DAS  FONTES 


Um advogado de Washington, especialista em direitos autorais, chegou à conclusão que Ellen G. White não cometeu plágio e que suas obras não infringem as leis de direitos autorais. 


Ellen G. White não é culpada de infringir as leis de direitos autorais nem de plágio. Esta é a opinião de Diller, Ramik & Wight, Ltd., um advogado que se especializa em leis relacionadas com patentes, marcas e direitos autorais, em Washington, D. C. 


O Dr. Ramik começou a investigar os escritos de Ellen G. White, depois que Warren L. Johns, chefe do Departamento Jurídico da Conferência Geral, solicitou os serviços de Diller, Ramik & Wight, Ltd. em abril do ano passado, por causa das acusações feitas contra a Sra. White por Walter Real, na época pastor em Long Beach, Califórnia. 


Ramik, que é católico romano, dedicou mais de 300 horas à investigação de mil casos relevantes na história legal americana. Conclui sua opinião legal de 27 páginas com uma declaração inequívoca: "Com base no estudo dos fatos e os procedimentos legais . . . Ellen G. White não cometeu plágio, e suas obras não constituem uma violação das leis de direito autoral nem pirataria". 


O processo legal foi entregue no escritório de Johns no fim de agosto do ano passado. Responde especificamente seis perguntas: 


1. Havia uma lei federal de direito autoral entre os anos 1850 (quando Ellen G. White começou a publicar) e 1915 (o ano de sua morte) que concedia aos autores direitos sobre sua produção literária? Se houve, qual era a essência dessa lei? Diferia substancialmente das leis vigentes em 1981? 


2. O pagamento de favores da parte dos editores era uma prática comercial e legal naquela época? 


3. Os acordos de permissão para o uso da propriedade literária era uma prática comercial comum naquela época? 


4. Havia uma norma literária que estabelecesse o uso de aspas, notas de rodapé e citações bibliográficas nas obras literárias que usaram material literário de outros autores? 


5. Que lei havia entre 1850 e 1915 que pudesse sugerir as características da proteção de um autor contra a pirataria literária? 


6. Há algo entre as obras produzidas por Ellen G. White que pudesse sugerir a existência de pirataria literária (infração da lei federal de direitos de autor) de acordo com as normas existentes entre 1850 e 1915? 


A produção literária de Ellen G. White tem uma extensão de aproximadamente 25 milhões de palavras numa carreira como escritora de quase 70 anos. Uma boa quantidade de mais de 90 livros, inclusive compilações, que resultaram de sua pena foram traduzidos em mais de cem línguas. 


O fato de que Ellen G. White incorpore citações e material parafraseado de outros autores (principalmente historiadores da Reforma e escritores devocionais contemporâneos do século XIX) em seus livros e artigos não é o que tem estado em discussão. 


Durante sua vida, ela e os líderes da igreja reconheceram esse uso repetidamente. Walter Rea deu-se ao trabalho de identificar as diferentes fontes que usou. Esse estudo demonstrou que a Sra. White usou outras fontes com mais profusão do que antes se pensava. 


Livros  Sem  Direito  de  Autor


Ramik descobriu que muitos dos livros que Ellen G. White usou não tinham direito de autor. Mas, continuou dizendo que embora protegidos por lei, o uso da fraseologia e inclusive o de vários parágrafos constituía uma infração da lei de direitos autorais, não plágio. 


"Se o problema fosse levado às cortes entre 1850 e 1915, Ellen G. White não seria declarada culpada de infração da lei de direito autoral", concluiu Ramik.


O especialista em leis achou irônico o fato de os mais encarniçados críticos de Ellen G. White oferecessem "a melhor evidência" para sustentar a posição da não infração. "Em momento algum – assinalou Ramik – pudemos mostrar que os livros de Ellen G. White seguiram virtualmente o mesmo plano e caráter que o de seus antecedentes. 


Tão pouco encontramos, nem a ele se referiram seus críticos, uma intenção em Ellen G. White de colocar suas obras no mercado para o mesmo tipo de leitores e compradores". Em vez disso, invariavelmente introduziu uma considerável quantidade de material novo ao que tinha usado, indo mais além de meras "mudanças superficiais", e o efeito criou uma obra literária completamente original. 


Além disso, "a cabal compilação das obras de Ellen G. White reflete necessariamente seu trabalho e habilidade. Visto que não copiou (e a evidência o estabelece claramente) as obras anteriores num grau substancial, fica perfeitamente dentro das margens legais do 'uso honesto'. 


Além do mais, sendo que os materiais foram selecionados de uma variedade de fontes, e foram dispostos e combinados com certas passagens do texto da obra original, demonstrando de alguma forma o exercício da discrição, habilidade, experiência, juízo, o uso foi 'honesto'." 


A intenção é um ingrediente principal que deve ser apresentado nos casos de plágio; e Ramik acredita que provou não apenas por meio das declarações publicadas pela própria Sra. White mas pelo que os próprios críticos admitiram, de que ela não teve intenção de cometer fraude ao servir-se de outras produções literárias. 


"Agindo unicamente com as mais elevadas intenções e motivos – disse Ramik – a Sra. White modificou, exaltou e melhorou" muito do que outros escreveram, de uma forma completamente ética e legal. 


"É impossível imaginar-se que a intenção de Ellen G. White, tal como refletem seus escritos e o esforço prodigioso realizado por ela, não foi nada mais que um esforço motivado pela sinceridade e a falta de egoísmo para dizer as verdades bíblicas de uma forma coerente para que todos as vissem e as compreendessem. 


"Mais ainda. A natureza e o conteúdo de seus escritos tinham uma esperança e intenção: que a humanidade pudesse compreender a Palavra de Deus". Em seu documento Ramik concluiu: "Considerando todos os fatores necessários para chegar a uma conclusão justa sobre este assunto, declaramos que os escritos de Ellen G. White definitivamente não constitui plágio". 


"SIMPLESMENTE  NÃO  HÁ  MOTIVOS"


Entrevista com o advogado Vincent L. Ramik, sócio de Diller, Ramik & Wight, Ltd., Washington, D. C., especialistas em casos de marcas, patentes e leis de direitos autorais, sobre os escritos de Ellen G. White. 


Revista Adventista: Dr. Ramik, quanto o senhor conhecia acerca dos adventistas em geral e de Ellen G. White em particular antes que lhe fosse pedido pesquisar os assuntos legais envolvidos no uso das fontes literárias de Ellen G. White? 


Vincent L. Ramik: Na verdade, meu conhecimento era muito limitado. Nossa firma fez algum trabalho para os adventistas há uns 50 anos, antes de eu me incorporar a ela. E continuamos representando os adventistas em diferentes assuntos ao longo dos anos. Mas meu conhecimento deles era mínimo. E não sabia acerca de Ellen G. White a não ser o que havia lido em algum jornal e, claro, a publicação do Washington Post em novembro do ano passado, que não foi muito favorável que digamos. 


Revista: Lembra como se envolveu no caso presente? 


Ramik: Sim. O Dr. Warren Johns, do Departamento de Serviços Legais da Conferência Geral, me chamou para fazer-me uma meia dúzia de perguntas sobre plágio, pirataria literária, infrações de direitos autorais, e outras coisas do estilo. Mas não citou nomes. 


Como eu lera o artigo no Post pouco tempo antes, perguntei ao Sr. Johns: "Isto tem relação com o tema de Ellen G. White em sua igreja?" Respondeu afirmativamente. E continuamos desde então. 


Revista: Uma vez que o caso lhe foi entregue, que preparação fez por meio de leituras, antes da pesquisar a lei relacionada com assuntos literários? 


Ramik: Consegui um exemplar de O Grande Conflito que li de capa a capa. Consegui cópias de outros trabalhos de Ellen G. White. Tive uma entrevista com Ron Graybill, da Conferência Geral, e ele me deu uma quantidade de material – um livro da Life of Christ por Hanna, e outras coisas do estilo. Também me deu material dos críticos, desde Canright até Walter Rea. 


E me entregou uma quantidade de obras de autores adventistas que tentavam defender a Sra. White. No relatório menciono muitas obras que foram consultadas. 


Revista: Qual foi sua reação depois de revisar todos esse material? 


Ramik: Bem, esta é uma pergunta interessante. Comecei, creio, sendo neutro com relação às acusações literárias. Mas de alguma forma, ao ler uma defesa de Ellen G. White feita por um autor adventista, fiquei com a sensação de que não estava sendo bem defendida. 


Revista: Que quer dizer com isso? 


Ramik: Bem, fiquei pensando que a Sra. White era, se se pode usar uma expressão usada por outros, uma pessoa que "pedia material emprestado" de outras fontes literárias. E que se havia servido de uma quantidade delas com muito pouca candura e honestidade – fiquei predisposto contra ela no sentido de que era culpada de plágio, como havia sugerido seu último crítico, Walter Rea. 


Revista: Uma vez que pôde mergulhar em seus próprios escritos, essa impressão negativa se fortaleceu ou foi mudada de algum modo? 


Ramik: Gradativamente dei uma volta de 180º em direção contrária. Descobri que as acusações simplesmente não eram verdadeiras. Mas precisei descobri-lo em seus próprios escritos; não me convenci pelo que diziam os que pensavam que cometeu plágio, nem pelos que a defendiam. Tive que ler seus escritos e logo matar em minha mente o preconceito que tinha construído. Mas me tomou mais de 300 horas de leitura – incluindo algumas histórias legais, claro. 


Revista: De modo que foi a leitura de seus escritos o que mudou seu pensamento? 


Ramik: Foi a leitura das mensagens em seus escritos que mudou meu pensamento. E creio que há uma diferença muito grande nessa distinção. 


Revista: Poderia descrever a diferença que o senhor vê? 


Ramik: Creio que os críticos se equivocaram ao focalizar os escritos de Ellen G. White em vez de focalizar as mensagens dos escritos de Ellen G. White. 


Revista: Que encontrou nas mensagens, Dr. Ramik? Como o afetaram? 


Ramik: A Sra. White me comoveu. Com toda sinceridade, me comoveu. Sou católico romano, mas à parte disso, me comoveu. E creio que seus escritos comoverão a qualquer um, a menos que esteja constantemente preconcebido e extraviado. 


Revista: Poderia explicar o que quer dizer? 


Ramik: Bem, uma pessoa pode caminhar por esta Terra fazendo boas obras e dizendo-se a si mesmo (e talvez a outros): "Sou uma pessoa excepcional". E depois de algum tempo você chega a pensar que o é. 


Mas quando foi a última vez que você viu-se a si mesmo e descobriu o que realmente era? Agora, há uma quantidade de coisas que Ellen G. White pôs no papel que, sendo lido seriamente, podem levar a pessoa a olhar ao seu interior com sinceridade. E se o faz, o verdadeiro eu fica manifesto. Creio que conheço um pouco melhor o verdadeiro Vincent Ramik do que o conhecia antes de começar a ler a mensagem de Ellen White, e não simplesmente seus escritos. 


Revista: Esta reação o surpreendeu? 


Ramik: Creio que se disser "agradavelmente surpreendido" seria fazer uma declaração muito simples. Porque ela diz algumas coisas muito profundas, tão francamente, muito embora soem como se alguém já as tivessem dito antes. 


Sinceramente, creio que terminei essa tarefa recebendo mais do que dei. A Sra. White me fez conhecer melhor a Cristo. Penso que por isso hoje sou uma pessoa melhor do que quando comecei esta tarefa. 


Revista: E a mensagem? 


Ramik: A mensagem é crucial. O crítico lê uma frase, e não pode encontrar significado. Pode, e com freqüência o faz, inclusive tira-la do contexto. Mas leia a mensagem completa. 


Qual é a mensagem do autor? O que é que está dizendo realmente? De onde provêem as palavras não é nesse caso o mais importante. Qual a mensagem por trás delas? Se se descuida a mensagem, então a própria Bíblia não mereceria ser lida. Isto, se no caso o único importante fossem as palavras. 


Revista: Qual dos livros de Ellen G. White achou mais útil? 


Ramik: O único que li integralmente foi O Grande Conflito. Mas na verdade, antes de terminar minha pesquisa, pude folhear uma grande quantidade de seus livros. Na verdade não creio que seja tão importante qual dos livros se lê; creio que ocorre o mesmo com qualquer das obras que a pessoa tenha diante de si, por qualquer motivo que o necessite. 


Revista: Não o incomodou, ou lhe preocupou o que algumas pessoas disseram que ela tomou muito de outros livros e escritores? 


Ramik: Dizer quarenta ou quatrocentos é algo totalmente imaterial. Não haveria nenhuma diferença para mim mesmo que ela tivesse tomado tudo de outras obras. 


Revista: O que diria então acerca do plágio? Então o plágio não existe? 


Ramik: Nas leis não existe tal coisa como "plágio". Os delitos literários são os de infração da lei de direito autoral. O roubo literário não é algo tão fácil de provar. Não se pode ler os escritos de alguém e encontrar uma palavra, uma frase, uma oração, e dizer: "Aqui está. Encontrei. Tomou de outro escritor". 


Deixem-me explicar desta maneira: Ontem à noite li meu relatório sobre este caso, e descobri que havia usado o adjetivo "prodígio" ao referir-me à Sra. White como escritora. Por coincidência, li também ontem à noite um livro que me emprestaram chamado The Vision Bold. Falava da Sra. 


White como uma "prodigiosa" escritora. Logo, quando entrei neste lugar esta tarde, alguém a chamou "prodigiosa" escritora. Bem, eu não usei esse termo porque outros o tivessem usado; usei porque é uma palavra que uso naturalmente. Mas os críticos tomam esse tipo de coisas e fazem uma montanha. 


Outro assunto que os críticos geralmente ignoram é este: As declarações que o suposto plagiador tomou de um escritor anterior, eram realmente originais do autor anterior, ou talvez ele as tomou consciente ou inconscientemente de outro autor ainda mais antigo? 


Agora falemos um pouco de Walter Rea. Ele lê Ellen G. White e diz: Achei uma frase aqui, e outro parágrafo ali, que provinham deste predecessor. Bem, isso não é uma prova; é uma suposição. 


Creio que o primeiro passo de toda crítica exata é voltar ao verdadeiro original – pode ter sido Virgílio, Homero, ou a Bíblia. Mas, como fazer para saber se era algo original do predecessor, como fazer para saber se não o conseguiu de alguma outra fonte que ao mesmo tempo a obteve de uma fonte ainda mais antiga. Não disse Salomão que "nada há novo debaixo do sol"? 


Revista: Em processo legal, Dr. Ramik, o senhor assinala que algumas das obras das que se acusa a Ellen G. White de ter tomado porções, na verdade não tinham sido registradas com direitos autorais nem de publicação, portanto eram de propriedade pública. 


O senhor assinala mais, que embora tivessem tido direitos autorais, o uso que faz Ellen G. White desses materiais está dentro dos limites prescritos como de "uso honesto", tal como o definiam as leis de seus dias. 


No entanto, um crítico contemporâneo põe na pauta o assunto da ética e da propriedade. Era moral que Ellen G. White usasse com profusão as produções literárias de outras pessoas e não reconhecesse pelo menos as fontes? Poderia nos dizer alguma coisa com respeito à ética? 


Ramik: Bem, lhe direi. Walter Rea disse publicamente (ouvi o cassete gravado com uma de suas apresentações e li cuidadosamente a transcrição textual) que não há nada "moral" numa definição puramente legal de plágio. 


Por outro lado, ataca a Sra. White no terreno moral ao referir-se ao uso ético dos materiais de outros. Bem, em primeiro lugar está totalmente equivocado ao dizer que não há elementos de moral na acusação de plágio. H. N. Paull, que escreveu Literary Ethics cerca de 1928, é ainda reconhecido como autoridade no assunto. 


Casualmente, embora ele nunca definiu o "plágio" em seu livro (porque, tal como o disse anteriormente, "plágio" por si não é um delito), contrasta o plágio com a pirataria. O pirata literário não se preocupa se o pegarão; mas o que comete plágio se preocupa que o descubram. (Há alguém que diz que não há elementos de moralidade no plágio?) Acusar a Ellen White de plagiar Life of Paul de Conybeare & Howson que não tinha direitos autorais é absurdo, ao menos pelo fato de que publicamente instou  a seus leitores a tomar um exemplar e lê-lo pessoalmente. 


Revista: Muito bem, mas se incomodaria de comentar que Ellen G. White entrava na esfera da ética ao utilizar materiais – citações, paráfrases, idéias, etc. – de outros, sem declarar publicamente de onde os tinha conseguido? 


Ramik: Não há razão pela qual Ellen G. White não pudesse utilizar as idéias de outros ao expressar os pensamentos que ela queria entregar. Nem sequer é racional esperar que alguém escreva sobre um tema teológico, por exemplo, e que o faça abstratamente, sem pesquisar o que outros fizeram antes – inclusive seus contemporâneos – ou com relação ao assunto. 


Em mediados do século XIX – justo quando Ellen G. White estava começando a escrever para a imprensa, em 1845 – no caso legal de Emerson vs. Davies, o distrito judicial de Massachusetts exonerou o escritor que usara palavras e idéias de outra pessoa e as havia misturado em sua composição. 


Com efeito, o relatório do juiz diz: Somente os insensatos tentam tornar a fazer o que foi bem feito no passado; ninguém é dono exclusivo de uma linguagem. 


Em outras palavras, as palavras em si mesmas existem desde muitos anos. O ponto crucial é como são dispostas, e o efeito que se tenta produzir com estas palavras. 


Agora, se alguém no passado, consoante o relatório do juiz, escreveu algo que está esplendidamente bem – algo que é histórico, algo que é uma experiência comum e cotidiana do ser humano – por que matar-se tentando dizer melhor se alguém já o disse? 


Nesse tipo de escritos nada há de mau ou incongruente. Pelo contrário, o homem sensível, o homem sábio é aquele que utiliza o que já foi dito, quando foi bem dito. Em algum lugar de nossos arquivos legais há uma inscrição na porta que diz: "O passado é prólogo". Creio que isso se aplica aos escritos também. 


Ellen G. White utilizou os escritos de outros; mas a maneira como os usou transformou-os em únicos, ética e legalmente. E é interessante notar que invariavelmente melhorou o que tinha "selecionado". 


Revista: Há algo que gostaria de acrescentar a este assunto fascinante? 


Ramik: Sim. Creio que foi Warren Johns que compartiu esta analogia comigo quando estávamos discutindo este caso: A situação é semelhante à do construtor que deseja construir uma casa. Há certos elementos básicos, essenciais – os materiais de construção – que tem à sua disposição: janelas, portas, tijolos, etc. Há também alguns estilos e projetos perfeitamente reconhecíveis que foram criados com diferentes variações mas com esses materiais, por construções anteriores. 


O construtor toma vários desses elementos e os utiliza. Entretanto, o desenho da casa, a aparência final, a última forma, tamanho, encanto, são patrimônio exclusivo do construtor contemporâneo. Ele coloca individualmente seu próprio selo sobre o projeto final, e é inteiramente seu. (E não precisa dizer: tomei este tijolo daqui, aquela porta de lá, esta janela de acolá.)


Creio que assim ocorreu com o uso que Ellen G. White faz com palavras, frases, cláusulas, orações, parágrafos, e inclusive páginas dos escritos dos que a precederam. Ela se manteve dentro dos limites legais do "uso honesto" e criou algo era substancialmente melhor (e ainda mais belo) que a mera compilação de componentes. Creio que a tragédia é que os críticos não reconhecem este fato. 


Tenho sido perguntado se penso que Ellen G. White foi "inspirada". Bem, a inspiração é uma palavra teológica, não uma palavra legal. Sinto-me mais à vontade com palavras legais do que com termos teológicos. 


Eu não sei se ela foi inspirada no sentido teológico. Creio sim que foi altamente motivada. E se não foi Deus quem a motivou, então não sei quem pôde fazê-lo. 


Por isso posso adverti-lo simplesmente de seus próprios escritos. Não estava ali quando escreveu, e suponho que tão pouco estavam ali seus críticos. Tenho a impressão de que a menos que se tenha alguma forma de "motivação", você não pode pôr em palavras o que eu recebi dela graças a seus escritos. 


Agora, pessoalmente não me incomoda o pensamento de que Deus a tenha inspirado para escolher algo de um determinado livro. E se Deus a inspirou a escolher algo que já tinha sido escrito melhor do que ela podia escrever, qual é o problema? 


Na verdade, em última análise creio que tudo se reduz a uma questão de fé. E quanto a mim, não tenho problema em aceitar o que ela escreveu como um assunto de fé. 


O ponto é: o que realmente importa é a mensagem de Ellen G. White, não meramente a mecânica da escrita: palavras, cláusulas, frases. Os teólogos, segundo me disseram, distinguem aqui a inspiração verbal e a inspiração dinâmica. Muitos dos críticos falham nesse ponto. E creio que é lamentável. 


Pessoalmente fiquei comovido, profundamente comovido, por esses escritos. Me transformaram. Creio que sou um homem melhor graças a eles. E anelo que os críticos possam descobri-lo! 


Revista: Dr. Ramik, como resumiria o caso legal contra Ellen G. White com respeito às acusações de plágio, e infração dos direitos autorais? 

 

Ramik: Se eu fosse envolvido legalmente neste caso, preferiria estar na defesa e não na promotoria. Simplesmente não há motivos para acusá-la! 


A  HISTÓRIA  POR  TRÁS  DESTA  PESQUISA 


Uma entrevista com Warren L. Johns, conselheiro chefe do Escritório de Assessoria Legal da Conferência Geral dos Adventistas do Sétimo Dia. 


Revista Adventista: Dr. Johns, como e sob que circunstâncias o Departamento de Serviços Legais da Conferência Geral está envolvido na contratação da firma Diller, Ramik & Wight, Ltd., para investigar assuntos referentes a Ellen G. White e seu uso de fontes literárias? 


Warren L. Johns: Bem, no mês de outubro de 1980, um pastor adventista da costa oeste ocupou um lugar de destaque nas colunas do Times de Los Angeles.  Apresentou sérias acusações de plágio contra Ellen G. White. 


A notícia, transmitida pelo serviço de teletipo e um sindicato de notícias, apareceu em dezenas de diários e jornais dos Estados Unidos. Chegou até a ser publicado no Guardian de Manchester, Inglaterra. Como se pode imaginar, despertou um quantidade de perguntas nas mentes de nossos membros de igreja, bem como entre os leitores não-adventistas. 


Em abril passado – seis meses mais tarde – nosso escritório decidiu que devíamos ir bem fundo nos aspectos legais e as implicações do caso. Por isso, contratamos os serviços de uma firma muito respeitável,  especialista em patentes, marcas registradas e leis de direito autoral (copyright). Recentemente nos fizeram chegar sua opinião legal de modo mais completo. 


Revista: Poderiam os oficiais da Conferência Geral ou os do White Estate que procederam neste sentido? 


Johns: Não. Agimos por iniciativa própria. Nenhuma das entidades teve participação. Em 21 de abril expliquei ao secretário do White Estate o que nos propúnhamos fazer; mas nem seu departamento nem os oficiais da Conferência Geral tomaram a iniciativa. 


Ademais, nenhum de nós sabia o rumo que estava tomando a investigação ou as conclusões a que se chegaria até que o, até que o trabalho terminou e recebemos o relatório. O custo deste tipo de investigação legal é substancioso, mas nosso escritório considerou importante conseguir um relatório sério e verdadeiro. 


Revista: Por que vocês escolheram a firma Diller, Ramik & Wight, Ltd., para esta tarefa? 


Johns: As acusações de plágio apresentavam assuntos de implicações legais incrivelmente profundas e complexas. Sentíamos que precisávamos de um especialista, e isso é o que conseguimos. 


As melhores firmas do ramo da lei aqui em Washington, e temos trabalhado com o escritório do Dr. Ramik em outros casos nos últimos quatro ou cinco anos. Durante este tempo comprovamos seu nível altamente profissional e sua notável competência. Pelo grande respeito profissional que temos por ele, solicitamos seus serviços. 


Revista: O senhor ficou preocupado – enquanto considerava a possibilidade de contrata-lo – que o Dr. Ramik, católico, teria que necessariamente ler O Grande Conflito na íntegra (livro que alguns católicos acham ofensivo) 


Johns: Reconhecemos que alguns adventistas podem perguntar se ele estaria em condições de ser objetivo. Mas, por outro lado, se contratássemos um advogado adventista e chegasse a uma conclusão favorável, alguns talvez podiam dizer: "Oh, ele tinha interesse particular, que outra coisa poderia se esperar? 


Por outro lado, conhecíamos o Dr. Ramik como um homem altamente profissional e objetivo e, o mais importante, queríamos conhecer a verdade. Que os fatos caíssem onde devessem. Consideramos que devíamos descobrir os fatos, aplicar a lei, e resolver o assunto para a igreja de uma vez por todas. 


Revista: O senhor acredita que este abrangente relatório de 27 páginas, resolve os pontos objetados? 

Johns: Absolutamente! 


Revista: Na sua opinião, qual é o significado deste relatório para nossa igreja? 


Johns: As acusações de plágio, pirataria literária, infração de direitos autorais (copyright), e outros, foram achados sem fundamento legal. A Sra. White, ao usar material literário de outros autores estava completamente dentro da definição legal de "uso honesto". 


Pelas definições estabelecidas na própria lei, podemos vê-la não só agindo corretamente dentro da lei, como também de uma forma elevada e ética. As acusações feitas contra ela simplesmente não resistem às provas. Ela não agiu clandestinamente, ou com falta de ética como declaram as acusações. 


Foi uma mulher e escritora cristã honesta e honrada. Posso acrescentar também que com relação à lei, há uma prova legal de um fator casual que bem pode ser aplicado ao ministério da Sra. White. Às vezes nos referimos a esta prova como a "se não fosse por": se não fosse por este fato particular, ou causa, aquele resultado particular não teria ocorrido. E eu vejo Ellen G. White sob essa luz. Se não tivesse sido por Ellen G. White, não teria havido Igreja Adventista do Sétimo Dia como hoje a conhecemos. 


Revista: Isso é interessante? E como vê o futuro? 


Johns: Estou de acordo com o sociólogo Ingard Simon, estudante avançado de uma universidade em Münster, Westphalia, Alemanha, o qual em 1965 escreveu em sua tese doutoral (que versava sobre o adventismo e Ellen G. White): "Os adventistas ainda vivem no espírito de Ellen G. White, e enquanto esta herança continue viva, têm futuro". 


Em 19 de janeiro de 1981, o redator especialista em religião da revista Newsweek, Kenneth L. Woodward, usou uma linguagem semelhante: "Se perder sua mãe fundadora, a igreja pode ver que também perdeu sua alma visionária distintiva". 


Revista: Qual será o impacto do relatório de Ramik na igreja, e os críticos de Ellen G. White? Silenciará os críticos? 


Johns: Bem, estou certo de que confirmará a fé dos que se sentiram incomodados pela acusações que agora se demonstram sem fundamento. E pode levar alguns dos críticos a refletirem. Mas na análise final, para os que escolhem crer, nenhuma prova é necessária; e para os que escolhem duvidar, nenhuma prova é suficiente! 


"ESTA  OBRA  É  DE  DEUS  OU  NÃO  É"


Durante décadas, os amigos e os críticos discutiram o uso da parte de Ellen G. White das fontes literárias e seus escritos. Os críticos têm-na acusado de que seu "empréstimo" chegava ao ponto do plágio e violação dos direitos autorais (copyright). 


Os defensores refutaram, dizendo que seu "empréstimo" devia ser classificado como "uso honesto". O debate foi tão intenso há três décadas que F. D. Nichol, em seu livro Ellen G. White and Her Critics, dedicou 64 páginas (pp. 403-467) a esse tema. 


Até 1981, entretanto, não dispúnhamos de nenhuma opinião pesquisada escrupulosamente da parte dos homens das leis. Todos os que intervieram no debate foram leigos neste sentido: ministros, educadores, médicos. 


No entanto, agora pela primeira vez um advogado de primeira linha passou umas 300 horas revisando o cenário editorial de 1790 a 1915, estudou cuidadosamente as definições de plágio, examinou o uso das fontes da parte de Ellen G. White, e deu sua opinião: "Ellen G. White não foi uma plagiadora e suas não constituem violação dos direitos autorais". 


Não somos tão ingênuos para pensar que esta declaração tão extraordinariamente franca e inequívoca terminará a discussão. Outro advogado, com credenciais semelhantemente respeitáveis, pode estudar o problema e chegar a uma conclusão menos firme, ou diferente. Com freqüência, inclusive ao argumentar com dados idênticos, os advogados divergem. 


Se assim não fora, seriam desnecessárias as cortes e os juízes. É claro que os juízes às vezes diferem, mesmo os da Suprema Corte. Às vezes é dada uma decisão majoritária, como também minoritária. A lei suprema da nação raramente é o que os nove jurados dizem que é; com freqüência, é o que apenas cinco deles dizem que é. 


O relatório de 27 páginas do Dr. Ramik cita fartamente casos legais que têm que ver com violação de direitos autorais e plágio. Gastamos tempo considerável lendo e estudando esses casos. Como exemplo, reproduzimos dois. No caso de Emerson vs. Davies, et al., o senhor Story, quem, de acordo com o Dr. Ramik, "é reconhecido como o juiz mais influente na área da lei dos direitos autorais da época em questão", concluiu que "o problema não é se os materiais usados são inteiramente novos e nunca foram usados, nem sequer se nunca antes foram usados com o mesmo propósito. 


A questão vital é se o mesmo plano, organização e combinação de materiais foram usados antes com o mesmo propósito ou com qualquer outro propósito . . . [o autor] pode ter reunido detalhes para seu plano e disposição, ou para uma parte deles, de fontes existentes e conhecidas. Pode ter tomado emprestado de outros muito de seu material, mas se está combinado de uma forma diferente da usada antes, e se seu plano e disposição são autênticas melhoras das idéias existentes, merece um copyright no livro que abriga tal melhora'." 


No caso de Lawrence vs. Dana et al., o juiz Storrow reconheceu: "Poucos juízes delinearam regras mais seguras sobre o tema do que o juiz Story. Ele sustenta que . . . se se toma tanto emprestado que o valor do original fica substancialmente diminuído, ou o esforço do autor original foi por outro apropriado substancialmente, ou até um limite injurioso, isto é suficiente do ponto de vista da lei para constituir uma violação; que, ao decidir questões desse tipo, as cortes devem 'observar a natureza e os objetivos das escolhas que feitas, a quantidade e o valor dos materiais usados, e o grau em que o uso pode prejudicar a venda, ou diminuir os lucros, ou invalidar os objetivos da obra original'." 


O advogado Ramik comenta: "A forma de tomar, a extensão do que se toma, a intenção envolvida e o dano provocado são todos fatores determinantes da existência ou não de plágio". 


Ele cita a decisão do juiz Story no caso de Emerson vs. Davies, et al.: "Penso que pode dar-se por sentado que o claro resultado das autoridades em casos desta natureza, que a verdadeira prova de pirataria (violação do copyright) ou não, é esclarecer se o acusado usou, de fato, o plano, as disposições e ilustrações do demandante como modelo de seu próprio livro, com alterações e variações só para encobrir o uso posterior; ou se sua obra é resultado de seu próprio trabalho, habilidade e uso de materiais e fontes comuns de conhecimentos abertos a todos, e as semelhanças são ora acidentais ou surgem da natureza do tema. 


Em outras palavras, deve-se determinar se o livro do demandado é uma imitação servil ou evasiva da obra do demandante, ou uma compilação original de boa fé de outras fontes comuns ou independentes'." 


Concluímos estas declarações para destacar o fato de que embora os fatos referentes à profissão legal, ao comparar as normas legais com a forma como Ellen G. White usou suas fontes, estão virtualmente de acordo ao chegar a conclusões idênticas às do Dr. Ramik.


Quanto à Inspiração 


Para os editores da Review os esforços de outras épocas ou os contemporâneos, de rotular a Sra. White como violadora dos direitos autorais nunca os impressionaram muito. A maioria se originou de uma compreensão falsa ou inadequada do processo de revelação-inspiração. 


Com relação a isso é importante reconhecer que o estudo do Dr. Ramik não resolve a questão da inspiração da Sra. White. Embora possamos considerar resolvida a questão de se ela violou os direitos autorais, ainda temos que determinar por nós mesmos se cremos que ela foi inteiramente inspirada por Deus, como os antigos profetas e apóstolos. 


Foi ela inspirada? Respondemos: Sim, baseados no peso da evidência. 


1. Temos aplicado as numerosas provas bíblicas de um profeta verdadeiro a Ellen G. White e cremos que as supera mais que adequadamente. 


2. Temos provado individual e coletivamente o valor de seus conselhos, em nossos respectivos ministérios nos continentes ao redor do mundo. Temos provado e comprovado sua obra. A Sra. White e suas obras suportam a prova do pragmatismo. 


3. Seus escritos alimentam nossas próprias almas como nenhum outro livro, exceto as próprias Escrituras. 


Além disso, seus escritos estão de acordo com a Bíblia: exaltam a Jesus como nosso Salvador, nosso Substituto e Exemplo; estão acompanhados de um poder sobrenatural para mudar vidas; são de qualidade que se autentica a si mesma; e têm sido aceitos de forma esmagadora através das décadas pela comunidade adventista. 


Do nosso ponto de vista, uma pessoa não pode assumir uma posição neutra com relação à Sra. White e seus escritos. Ou a aceita como enviada por Deus ou a rechaça, considerando-a emissária de Satanás. Ela própria tomou esta atitude. Por exemplo, escreveu: 


"Se você está convencido de que Deus não falou por nosso meio, por que não age segundo sua fé e deixa de ter algo a ver com um povo que está sob tão grande engano? Se você tem estado agindo de acordo com os ditames do Espírito de Deus, você está correto e nós estamos equivocados. 


Deus está ensinando Sua igreja, reprovando seus erros e fortalecendo sua fé, ou não o está. Esta obra é de Deus ou não é. Deus não faz nada em parceria com Satanás. Minha obra dos últimos  trinta anos traz o selo de Deus ou o selo do inimigo. Não há meio termo neste assunto" (Testimonies, v. 4, p. 230). 


Escrevendo ao "Irmão G", a Sra. White diz: 


"Se nos entregamos a Deus, escolheremos a luz e rejeitaremos a escuridão. Se desejamos manter a independência do coração natural, e recusar a disciplina de Deus, levaremos adiante teimosamente nossos propósitos e nossas idéias, como os judeus fizeram, e estaremos em perigo de um engano tão grande como o que veio sobre eles; e em nossa cega obstinação poderíamos chegar a extremos tão grandes como eles, e ainda assim jactar-nos de que estamos trabalhando para Deus. 


"Irmão G, você não permanecerá muito tempo onde está agora. O caminho que você iniciou difere do verdadeiro e o separa do povo a quem Deus está provando para purificá-lo para a vitória final. Você se unirá a esse movimento, e trabalhará fervorosamente para contestar a oração de Cristo, e se tornará mais e mais incrédulo. 


Questionará ponto após ponto da fé estabelecida pelo movimento, se tornará mais confiado em sua própria opinião, e ficará cada vez mais em trevas quanto à obra de Deus para este tempo, até confundir a luz com as trevas e as trevas com a luz" (Ibid, p. 231). 


Nos dias de Jesus, o povo rechaçou o querido Filho de Deus porque rejeitou as provas que o Espírito Santo lhe deu e olhou ao redor para ver o que os líderes pensavam sobre Ele. Quando os guardas do templo foram enviados para prender a Jesus, voltaram de mãos vazias, e explicaram o fracasso nas palavras: "Jamais alguém falou como este homem" (João 7:46). 


Ficaram profundamente convencidos de que Ele não era uma pessoa comum. Mas quando os líderes religiosos perguntaram sarcasticamente: "Porventura, creu nele alguém dentre as autoridades ou algum dos fariseus?" (v. 48), rechaçaram a evidência da razão e dos próprios sentidos. A prova aplicada foi simplesmente a credibilidade na fonte. Pareciam tomar a posição de que se um assunto é certo será aceito pela maioria, ou pelo menos, pela classe dirigente: líderes, sacerdotes, mestres e outros. A Sra. White apresenta esta contundente observação: 


"Aqueles aos quais é pregada a mensagem da verdade, raras vezes perguntam se ela é verdadeira, mas sim: "Por quem é ela defendida?" Multidões a avaliam pelo número dos que a aceitam; e faz-se ainda a pergunta: "Creu qualquer dos homens eruditos ou dos guias religiosos?" ... Não é um argumento contra a verdade que grande número de pessoas não estejam dispostas a aceitá-la, ou que ela não seja recebida pelos grandes do mundo, ou mesmo pelos guias religiosos." (O Desejado de Todas as Nações, pp. 459, 460). 


Pensamos novamente no testemunho pessoal do Dr. Ramik, um leigo católico, que declarou que ele sentia que os problemas dos críticos de Ellen G. White é que se concentram em seus escritos enquanto deixam de lado a mensagem de Ellen G. White. 


Os eruditos liberais têm se preocupado durante muito tempo mais com o texto da Bíblia, a metodologia dos profetas, o pano de fundo histórico cultural e outros fatores associados com a comunicação de Deus à humanidade, que por chegar-se à Palavra de Deus com reverência, para escutar nela a voz de Deus e então obedecer Suas ordens. Aparentemente, muitos críticos de Ellen G. White estão seguindo esse caminho, muito palmilhado, que finalmente tem levado muitos ao ceticismo. 


O fato de que o mensageiro chefe do Departamento Jurídico da Conferência Geral pediu à firma Diller, Ramik & Wight para investigar a questão legal sobre se a Sra. White violou ou não direitos autorais, provê maior evidência de que a igreja quer a verdade e a continuará buscando a qualquer preço. 


Mas nunca esqueçamos que a fé sempre será o elemento essencial para o cristão, tratando-se dos escritos da Bíblia ou dos de Ellen G. White. Como o Dr. Johns diz: "Para os que escolhem crer, nenhuma prova é necessária; e para os que escolhem duvidar, nenhuma prova é suficiente". E a maneira como cada um se relaciona com o propósito de Deus de alcançar a alma pela mensageira moderna de Deus, pode determinar seu destino eterno. 

K. H. W. 


VEJA AQUI O 👉 Índice Completo Sobre o Santuário e Ellen White