6 A "PAROUSIA" DE CRISTO

arrebatamento secreto biblia


A PALAVRA grega parousia é possivelmente o maior obstáculo que a teoria do "Arrebatamento Secreto" encontra. 


Este vocábulo aparece 24 vezes no Novo Testamento. Somente 14 das 24 vezes se refere à segunda vinda de Cristo; 22 vezes é traduzida como "vinda", e 2 vezes como "presença". 


Alguns textos mencionam acontecimentos que os defensores do "Arrebatamento Secreto" afirmam que têm que ver com os santos na "primeira fase". Outros textos, dizem eles, se referem a acontecimentos definitivamente relacionados com os ímpios na hora da "revelação" ou "segunda fase". 


Há oito textos que indiscutivelmente têm que ver com a reação dos justos diante da segunda vinda de Cristo. 


"Pois quem é a nossa esperança, ou alegria, ou coroa em que exultamos, na presença de nosso [émprosthen] Senhor Jesus em sua vinda [parousia]?" (1 Tess. 2:19) 


"Ora, ainda vos declaramos, por palavra do Senhor, isto: nós, os vivos, os que ficarmos até à vinda [parousia] do Senhor, de modo algum precederemos os que dormem. Porquanto o Senhor mesmo, dada a sua palavra de ordem, ouvida a voz do arcanjo, e ressoada a trombeta de Deus, descerá dos céus, e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro; depois, nós, os vivos, os que ficarmos, seremos arrebatados juntamente com eles, entre nuvens, para o encontro do Senhor nos ares, e, assim, estaremos para sempre com o Senhor" (1 Tess. 4:15-17). 


"Irmãos, no que diz respeito à vinda [parousia] de nosso Senhor Jesus Cristo e à nossa reunião com ele, nós vos exortamos a que não vos demovais da vossa mente, com facilidade, nem vos perturbeis, quer por espírito, quer por palavra, quer por epístola, como se procedesse de nós, supondo tenha chegado o Dia do Senhor" (2 Tess. 2:1, 2. Veja-se também 1 Cor. 15:22; S. Tia. 5:7, 8; 1 João 2:28; 1 Tess. 3:13). 

No entanto, estas sete passagens que usam a mesma palavra grega falam acerca dos ímpios e sua destruição: 


"E a vós outros, que sois atribulados, alívio juntamente conosco, quando do céu se manifestar [apokalúpto] o Senhor Jesus com os anjos do seu poder, em chama de fogo, tomando vingança contra os que não conhecem a Deus e contra os que não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus. Estes sofrerão penalidade de eterna destruição, banidos da face do Senhor e da glória do seu poder, quando vier [érjomai] para ser glorificado nos seus santos e ser admirado em todos os que creram, naquele dia" (1 Tess. 1:7-10). 


"Então, será, de fato, revelado o iníquo, a quem o Senhor Jesus matará com o sopro de sua boca e o destruirá pela manifestação [epifáneia] de Sua vinda [parousia]. Ora, o aparecimento [parousia] do iníquo é segundo a eficácia de Satanás, com todo poder, e sinais, e prodígios da mentira " (2 Tess. 2:8-9; Ver também S. Mat. 24:26, 27, 37, 39; e 1 S. Ped. 1:16). 


Ademais, as duas passagens acima citadas usam também três das outras palavras gregas mencionadas no capítulo anterior (apokalúpto, érjomai, epifáneia), mostrando assim que estas palavras se referem a uma só segunda vinda em vez das duas fases de uma segunda vinda interrompida por um período de sete anos. 


Em vista disso, alguns crentes no "Arrebatamento Secreto" idearam dois argumentos para explicar o uso desta palavra grega: (1) a palavra parousia se refere ao período completo dos sete anos, incluindo as duas fases da interrompida segunda vinda; (2) parousia tem dois aspectos: "o aspecto da chegada" (primeira fase ou "Arrebatamento Secreto") e o "aspecto da manifestação ou presença" (segunda fase ou "revelação") (Ver os capítulos 8 e 9 do livro First the Rapture, de S. F. Strombeck). 


As duas explicações são forçadas e artificiais. A única verdade do assunto é que esta palavra grega se refere a um só acontecimento, uma segunda vinda. 


Tais explicações levantam a objeção de que Cristo disse que viria como ladrão de noite, o que pressupõe que todos os ladrões sempre vêm secretamente. Ademais ignoram que o fato de que um ladrão vir repentinamente não implica necessariamente que venha de maneira silenciosa. O ladrão pode aparecer de repente e semear ao mesmo tempo terror no coração de suas vítimas. 


O Novo Testamento compara seis vezes a vinda de Jesus com a chegada de um ladrão. Em 1 Tessalonicenses 5:2 e em 2 Pedro 3:10 diz que o "dia do Senhor [não o Senhor mesmo] virá como ladrão". De fato, este texto de Pedro desaprova eloqüentemente o conceito de um ladrão silencioso. O texto diz assim: "Virá, entretanto, como ladrão, o Dia do Senhor, no qual os céus passarão com estrepitoso estrondo". 


Em outros dois textos, S. Mat. 24:43 e S. Luc. 12:39 e Apoc. 3:3, é dito que é a hora e o tempo de Sua vinda que será "como um ladrão". Certamente só uma das seis passagens diz que Cristo virá como ladrão, mas a ênfase é posta na parte do texto que fala de vigiar e estar preparados (Apoc. 16:16), e não no suposto caráter secreto do acontecimento. 


Assim os 6 textos que comparam a vinda de Cristo à de um "ladrão" destacam o fato de que a vinda de Cristo será inesperada, e não ao fato de que será secreta. O Salmista diz: "Virá o nosso Deus e não se calará" (Sal. 50:3, RC). 


Em S. Mateus 24:37-43 e S. Lucas 17:26-36 a segunda vinda é comparada com a destruição da Terra nos dias de Noé e à destruição de Sodoma nos dias de Ló. Não há nada na Bíblia que indique que o dilúvio ou a destruição de Sodoma ocorreu em forma secreta, silenciosa, sem que os ímpios percebessem. Foi o contrário o que aconteceu. 


No entanto, estas duas passagens contêm expressões usadas pelos defensores do "Arrebatamento Secreto" para apoiar seu conceito de um acontecimento secreto ("como ladrão" e "dois estarão no campo; um será tomado, e o outro, deixado"). Obviamente crer assim supõe ignorar o contexto das passagens; é tentar provar algo contrário a todas as demais passagens da Bíblia relacionadas com este tema. 


Certamente Cristo virá inesperadamente, mas não secreta e silenciosamente.