27 O PRIMEIRO LÍDER

Radiografia Jeovismo temas



Quando se traz à baila a figura do fundador do movimento, os jeovistas procuram contornar os fatos mediante dois estratagemas: a) afirmar que os fatos imputados a Russell são invencionice dos "religionistas", ou b) que não se sentem hoje ligados a Russell e a seus ensinos. 


Ora, no presente trabalho evitaremos ao máximo os comentários. Deixaremos os documentos falarem por si. E o leitor que tire as conclusões. 


1.° Fato: O Divórcio do Corifeu Russelita


Charles Taze Russell faleceu no dia 31 de outubro de 1916, em plena viagem num trem transcontinental, no Texas. Conforme seus últimos desejos, foi sepultado envolto num lençol que lembrava uma toga romana. 


A edição do dia seguinte (1.° de novembro de 1916) do jornal The Brooklyn Daily Eagle, publicou na seção de óbitos o noticiário do falecimento do líder, e uma biografia muito franca, contendo inclusive os fatos desabonadores. 


Citaremos literalmente os seguintes trechos alusivos ao seu divórcio. Após seis anos de separação, devido ao temperamento insuportável de Russell, a esposa pediu e obteve a divórcio. 


"Um ano depois de ter sido fundada a publicação The Watchtower, Russell consorciou-se com Maria Ackley em Pittsburgh. Ela se interessou par ele através de seus ensinos, e o ajudou a dirigir a Torre de Vigia. (...) 

"A Sociedade [Torre de Vigia] prosperou extraordinariamente sob a administração conjunta do marido e da esposa, mas em 1887 a senhora Russell abandonou o esposo. Seis anos depois, em 1903 ela propôs em juízo a separação. Foi obtida a sentença em 1906 depois de sensacional depoimento, e o 'pastor' Russell foi repreendido pelos tribunais. 

"Houve muito litígio desfavorável à pretensão do 'pastor', concernente à ação de alimentos contra ele intentada pela esposa, até que em 1909 foi fixado o pagamento de US$ 6.036 para a senhora Russell". 

O tribunal, condenando o 'pastor', aceitou os motivos apresentados contra ele, a saber, "orgulho, egotismo, prepotência e conduta imprópria para com outras mulheres". 

Quando, em 1913, Russell fora outra vez condenado pelos tribunais como "perjuro", na ação contra Ross, um dos fatos que contribuíram para isso foi ter jurado ao promotor público Staunton que jamais a esposa se divorciara dele, e nem fora condenado na ação de alimentos. Contudo uma fácil devassa no foro pôs à calva sua mentira, e foi forçado a confessar o divórcio e os alimentos que teve de pagar à ex-esposa. Tudo isto se encontra na parte final do processo de difamação que Russell moveu a Ross, arquivado na Alta Corte de Ontario. 


2.° Fato: As Pregações Fantasmas


Em 1912, Russell decide empreender uma viagem missionária ao redor do mundo, precedido de grandes alardes publicitários. Um jornal secular que jamais o poupava, investigou a excursão do líder em terras além-mar. E na edição de 19 de fevereiro de 1912, o The Daily Brooklyn Daily Eagle, à página 18, publica extensa reportagem com os seguintes títulos e subtítulos: 

"OS IMAGINÁRIOS SERMÕES DO 'PASTOR' RUSSELL – RELATÓRIOS IMPRESSOS DE DISCURSOS EM TERRAS ESTRANGEIRAS, QUE JAMAIS FORAM PROFERIDOS – CITAMOS COMO EXEMPLO O DISCURSO 'PROFERIDO' EM HAVAÍ". 

Reproduzimos os seguintes trechos: 

"[Russell] está pregando sermões a auditórios imaginários nas ilhas tropicais, e completando suas 'acuradas pesquisas' em termos missionários na China e no Japão, detendo-se poucas horas em cada país. (...) 

"Pôs sua tipografia a trabalhar a fim de imprimir, com antecipação, sua literatura que, em grandes quantidades, são enviadas a todos os lugares onde o pregador tenciona visitar. A seguir, comprou espaço em muitos jornais americanos para, como matéria paga, serem divulgados seus sermões imaginários. 

"Deixando a Costa do Pacífico, sua primeira parada foi em Honolulu. E lá – coisa prodigiosa! – os jornais cujo espaço havia sido comprado para publicarem matéria paga, estamparam longos despachos que apresentavam os discursos do 'pastor'. 

"O jornal local publicou, como matéria paga, um artigo que assim começava: 'A Comissão de Estudantes Internacionais da Bíblia' (Investigação de Missão Estrangeira) fez alto em Honolulu para observações. O Pastor Russell, Presidente da Comissão, proferiu um discurso público, diante de um grande auditório que o ouvia atentamente. Num trecho da sermão, o 'pastor' alude à ilha como sendo o 'Paraíso do Pacífico'. Disse textualmente: 'Observo vosso clima maravilhoso e tudo o mais que contribui para formar essa semelhança de Paraíso'. 

"A verdade é que o 'pastor' Russell jamais falou na ilha de Honolulu durante as poucas horas que o navio ali se deteve para abastecer-se de carvão. (...) 

"O diretor deste jornal escreveu ao redator do Hawaiian Star que circula em Honolulu, interessado em apurar a veracidade dos fatos, e eis literalmente a resposta: 

'Em resposta à sua indagação de 19 de dezembro a respeito do Pastor Russell, cumpre-me informar que ele esteve aqui por algumas horas juntamente com a Comissão de Estudantes da Bíblia (...) mas não proferiu nenhum sermão como fora anunciado. – Walter G. Smith, redator do Star'." 

Diga-se, de passagem, que a carta final foi estampada em clichê. A publicação prossegue, referindo-se à estada de Russell em Tóquio. Um jornal local, cujo título traduzido é "Crônica Semanal do Japão" (Japan Weekly Chronicle), na edição de 11 de janeiro, reclama que a redação do jornal, por semanas a fio, fora assediada pelos agentes de Russell e sua literatura "como se aquele reverendo e seus asseclas constituíssem uma companhia teatral secular". 

Depois de publicar a chegada de Russell a Tóquio, a pregação de um sermão sobre o destino dos mortos, e a volta para a China, tudo escrito em tom de blague, conclui seriamente: "A verdade é que toda essa expedição não passou de tremendo ardil publicitário". Nada houve de real! 

E no famoso processo do chamado "trigo milagroso", que Russell perdeu nos tribunais, também "foi provado que, em muitos casos, os sermões nunca foram proferidos nos lugares referidos". 


3.° Fato: A Fraude do Chamado "Trigo Milagroso"


Em 1913 ocorre o escândalo do "trigo milagroso". Do jornal The Brooklyn Daily Eagle, de 1.° de novembro de 1916, extraímos o seguinte: 

"A publicação de Russell, The Watchtower anunciava sementes de trigo à venda por um dólar a libra-peso. Foi denominado 'O Trigo Milagroso', e garantia-se que produzia dez vezes mais do que qualquer outra espécie de trigo. Havia outras pretensões em favor desse trigo, e os adeptos eram aconselhados a comprar as sementes, de vez que o resultado financeiro seria revertido para a Torre de Vigia e aplicado na publicação dos sermões do 'pastor'. 

"Por ter este jornal publicado os fatos acerca dessa nova aventura russelita, inclusive estampando uma charge a respeito do 'pastor' e seu 'trigo milagroso', o senhor Russell nos moveu uma ação de calúnia, exigindo uma indenização de cem mil dólares. 

"No processo, os peritos do Governo examinaram o trigo pelo qual se cobrava um dólar a libra-peso, e eles foram arrolados como testemunhas principais na sessão de instrução e julgamento, o que ocorreu em janeiro de 1913. Ficou patenteado que o chamado 'Trigo Milagroso', nos testes realizados, era de padrão ordinário. Assim o afirmou o laudo dos peritos. Este jornal ganhou a questão nos tribunais". 


4.° Fato: O Controle Financeiro da Organização


No decorrer do processo do "trigo milagroso", foi levantada a questão do controle financeiro do império russelita. O citado jornal Eagle que acompanhava a tramitação do processo, sendo ele uma das partes em juízo, publica em sua edição de 25 de janeiro de 1913, à p. 16, relatórios financeiros da Sociedade Torre de Vigia, elaborados pelo secretário-tesoureiro Van Amberg. Por eles fica evidenciado que Russell manejava os fundos da organização sem ter que prestar contas a quem quer que fosse. Pressionado em juízo, Van Amberg declarou: "A ninguém temos que dar conta de nossos gastos. Somos responsáveis somente para com Deus". 

Ainda quando da ação de divórcio de sua esposa ficou comprovado que as atividades religiosas de Russell se espraiavam através de sociedades subsidiárias. Afirmava o Eagle, o jornal processado por Russell: 

"Toda a riqueza que fluía para ele, provinda dessas sociedades, estavam sob o controle único de uma original sociedade por ações e na qual o 'pastor' mantinha US$ 990 dos US$ l.000 de capital. Os US$ 10 restantes figuravam como pertencendo a dois adeptos seus". 

Isto quer dizer que Russell controlava a Sociedade Torre de Vigia possuindo 99% das ações, e portanto qualquer contribuição à Sociedade era na verdade praticamente para ele. 


5.° Fato: O Conhecimento da Língua Grega


Em 1912, um pastor batista de nome J. J. Ross publicou um folheto denunciando as heresias russelitas, dando ênfase no despreparo e à falta de idoneidade de Russell. Este contratou o "juiz" J. F. Rutherford (que depois seria seu sucessor na direção do russelismo), como seu advogado e moveu uma ação de calúnia contra Ross. Russell foi desafiado pelo advogado de Ross a provar que tinha credenciais de ministro religioso bem como conhecimentos humanísticos. Russell jurara sobre a Bíblia dizer a verdade, só a verdade  e nada senão a verdade, conforme a tradicional praxe dos tribunais estadunidenses. Afirmou que era pastor ordenado, e conhecia o Grego. 

Perdeu a ação em juízo e foi condenado oficialmente como perjuro. (Réu por falsidade à fé jurada). Na memorável sessão de março de 1913, o Supremo Tribunal de Ontário deu ganho de causa a Ross. Nos arquivos daquela Suprema Corte há o processo em cuja capa se pode ler: "C. T. Russell contra J. J. Ross" – Ação: Calúnia – Julgado 17 de março de 1913. "No Bill" – 

Uma das peças dos autos registra o interrogatório a que o Promotor Staunton submeteu Russell, no que tange ao alardeado e jurado conhecimento de Grego. Ei-lo transcrito ipsis literis: 

Pergunta (Promotor Staunton) – "O senhor conhece o alfabeto grego?" 

Resposta (Russel) – "Sim". 

Pergunta (Staunton) – "O senhor pode me dizer os nomes destas letras que o senhor vê?" 

Resposta (Russell), hesitante - "Algumas delas (...) talvez eu possa me enganar em algumas delas". 

Pergunta (Staunton) – "O senhor quer me dizer os nomes destas letras no alto da página, da página 447 que tenho aqui? 

Resposta (Russell) – "Bem, não sei se serei capaz". 

Pergunta (Staunton) – "O senhor pode me dizer que letras são estas? Olhe bem para elas, e veja se pode dizer". 

Resposta (Russell) – "Estou em dificuldade (...) (neste ponto foi interrompido)". 

Pergunta (Staunton) – "O senhor está familiarizado com a língua grega?" 

Resposta (Russell) – "Não". 

Dispensa comentários! 


6.° Fato: A Questão da Ordenação Pastoral


Tendo jurado perante a autoridade judiciária que era pastor, passou por maus bocados durante o julgamento. Do mesmo processo, extraímos o seguinte tópico de interrogatório: 

Pergunta (o advogado de Ross) – "É verdade que o senhor nunca foi ordenado Pastor?" 

Resposta (Russell) – "Não é verdade". 

A esta altura, o promotor Staunton solicita do magistrado permissão para formular uma pergunta direta ao interrogado, e faz a seguinte: 

Pergunta (Promotor Staunton) – "Veja bem: o senhor nunca foi ordenado por um bispo, um clérigo, um presbitério, um concílio, ou por uma corporação de homens vivos?" 

Resposta (Russell), depois de longa pausa) – "Nunca fui". 


Perdeu em juízo, com a pecha de "perjuro". Interessante é notar que o homem cuja doutrina fulmina os governos constituídos como organização de Satanás, tenha em sua vida pedido abrigo nas cortes de justiça, movendo processos contra todo o mundo, e sempre perdendo! 

Para finalizar, reproduzamos uma declaração que se encontra no livro Seja Deus Verdadeiro, pp. 215 e 216: 

"É verdade que, desde o século dezanove, homens coma C. T. Russell (...) participaram proeminentemente neste trabalho mundial COMO TESTEMUNHAS DE JEOVÁ, assim como nos tempos antigos, Cristo Jesus, Paulo, João o Batista, Moisés, Abraão, Noé, Abel e muitos outros participaram destacadamente no trabalho servindo POR TESTEMUNHAS DE JEOVÁ". – (Grifos e versais acrescentados, para darem ênfase). 

As conclusões ficam a cargo dos leitores.