4 SEGREDOS PARA VENCER AS PREOCUPAÇÕES

SERMAO PRONTO 4


INTRODUÇÃO 


1. A complexidade do século XX envolve indivíduos e famílias no frenético redemoinho das preocupações. 


2. Para que a alegria reine no lar é necessário saber como enfrentar vitoriosamente as preocupações. 


3. Em nossos dias misturam-se grandes êxitos com angustiosos problemas. 


a) Aumenta o progresso científico e ao mesmo tempo decresce a capacidade de desfrutar estabilidade e paz interior. 


b) Bertrand Russell disse a respeito: "A época atual caracteriza-se pelo predomínio de uma intuição de perplexidade impotente. O maior obstáculo de um mundo bom é o medo. No mundo moderno, o medo excessivo, acima do nível que pode ser chamado de razoável, é mais notável que nunca antes." 

4. Esse aumento dos temores e ansiedades está causando sérios transtornos de saúde. 

a) Não faz muito, em um simpósio reunido em uma cidade, o Dr. Lerner expressou que "A tensão é nosso cárcere portátil." Em forma patética este facultativo destaca a tortuosa experiência daqueles que não encontraram uma forma satisfatória de resolver problemas, ou ao menos de encarar suas preocupações. 

b) Provavelmente ninguém escape, neste século tão especial por sua complexidade, a certo grau de tensão nervosa e de preocupações. 

c) Não sei se em outras épocas houve quem as tiveram, mas estou absolutamente convencido de que teremos que encontrar uma maneira sábia de vencer nossas preocupações ou pagaremos muito caro em saúde nossa ignorância a respeito. 


I. INFLUÊNCIA PSÍQUICO-EMOCIONAL SOBRE A SAÚDE FÍSICA


1. E. G. White, em seu livro A Ciência do Bom Viver, pág. 241, diz: "O estado da mente atua muito mais na saúde do que muitos julgam. Muitas das doenças sofridas pelos homens são resultado de depressão mental. Desgosto, ansiedade, descontentamento, remorso, culpa, desconfiança, todos tendem a consumir as forças vitais, e a convidar a decadência e a morte". 

2. Um estudo de 15.000 pacientes tratados de desarranjos digestivos na Clínica Mayo (Buenos Aires) permitiu descobrir que quatro de cada cinco não tinham uma base física para suas enfermidades do estômago. O medo, a preocupação, o ódio, um egoísmo supremo e a incapacidade para ajustar-se ao mundo das realidades eram em boa parte as causas de suas enfermidades e suas úlceras de estômago. 

3. Marcelo I. Fayard cita ao Dr. Slaughter na seguinte declaração: "A úlcera péptica é quase sempre resultado de uma tensão emocional prolongada." 

4. Por sua parte, o Dr. Montagne afirma que "as úlceras do estômago não vêm do que se come. Vêm daquilo que está comendo a gente..." 

5. Faz poucos meses, li em um dos jornais de lima cidade a notícia do surpreendente resultado de uma pesquisa médica. Os dados provinham de Londres e correspondiam a um trabalha realizado pelo Dr. Harward, psiquiatra de West Sussex, que descobriu que de 69 operados de apendicite, 16 eram sadios! A ansiedade e angústia mentais dos pacientes haviam provocado sintomas semelhantes aos que a enfermidade provoca realmente. 

6. A cientista sueca Ulia H. Olin, especialista em demografia das Nações Unidas, no discurso que pronunciou na última reunião da Associação Norte-Americana para o Progresso da Ciência, declarou que "a tensão nervosa causada pela vida nas grandes cidades diminui a fertilidade humana precisamente como sucede com os animais". 

7. Praticamente não há aspecto de vida que não fique afetado pelas preocupações quando não são resolvidas satisfatoriamente. Os efeitos sobre a saúde são tão surpreendentes como para justificar a seriedade com que deveríamos enforcara filosofia de vida a adotar, não como paliativo nem para cegar-nos voluntariamente, mas para encarar com decisão e êxito as preocupações. 

8. O Dr. Flanares Bumbrar e seus colegas do centro Médico de Nova Iorque têm estudado os casos de 1.500 enfermos de várias enfermidades, e mais da metade provinham de transtornos emocionais. 

9. O Dr. Candey Robinson fez um estudo de 50 enfermos que se queixavam de náuseas ou dor de estômago, e em apenas seis tinha uma causa fisiológica concreta desses sintomas, Também disse que 92% dos casos de colite muco-membranosa e de espasmos no cólon, são produzidos por desgostos. 

10. É interessante conhecer a influência que exercem as emoções nos casos de asma. 

a) É verdade que às vezes se considera o pólen de algumas flores, o pó e muitos outros ele mentos como causadores de alergia asmática, mas os doutores MacDermott e Cobb de Massachusetts descobriram que em 50 casos de asma, 37 evidenciavam uma forma definida de fatores emocionais. 

b) Marcelo I. Fayard cita em seu livro A Chave da Felicidade e a Saúde Mental, vários casos interessantes. 

(1) Numa cidade, vivia um homem que tinha freqüentes ataques. Mudou-se para outra localidade e ficou bom, até que chegou uma carta na qual comunicava-lhe que de via voltar. 

(2) Outro cavalheiro tinha ataques invariavelmente às 17 hs. Um dia o trabalho absorveu-o tanto que não se conscientizou do transcurso do tempo até às 19 horas. Não teve o ataque às 17, mas quando olhou as horas, sofreu o ataque. 

(3) Provavelmente o caso mais extremo é o caso de uma senhora, a quem a pólen das rosas produzia ataques alérgicos. Certo dia, ao fazer uma visita, observou que na sala havia um grande ramalhete de rosas. Naturalmente, veio-lhe um violento desmaio. Enquanto explicava o efeito tremendo que lhe produzia o pólen das flores, aproximou-se delas e, surpreendida, descobriu que eram artificiais.

11. D. Carnegie cita um informe do Dr. William I. L. MoGonigle apresentado ante a Associação Dental Norte-Americana com as seguintes palavras: "As emoções desagradáveis como as causadas pelas preocupações, o medo, o enfado ... podem transformar o equilíbrio do cálcio no organismo e originar as cáries." Referiu-se a um paciente que teve uma dentadura perfeita, até que começou a preocupar-se com a repentina enfermidade de sua esposa. Durante as três semanas que ela esteve internada num hospital, ele teve nove cáries. Essas cáries eram causadas pela preocupação. (D. Carnegie, Como Suprimir las Preocupaciones, p. 37.) 

12. A mesma influência têm as preocupações sobre a tensão arterial, diabetes, e tantas outras enfermidades que levaram o Dr. Alexis Carrel – prêmio Nobel da medicina em 1912 – a afirmar que "os homens de negócios que não sabem como combater a preocupação, morrem jovens. 

13. Complementando o pensamento poderíamos dizer que não é necessário se dedicar aos negócios para sofrer os mesmos resultados. Enquanto não saibamos que fazer com nossas preocupações, não importa o ramo de atividades em que nos desempenhamos, estaremos encurtando nossa vida, ou no melhor dos casos, amargando-a sem necessidade alguma. 

14. Deixaremos de enumerar os efeitos físicos das preocupações, pois não é esse o objetivo deste capítulo. Contudo, se o leitor acha que estas preocupações não são exatas, suspenda a leitura e entreviste o seu médico para que o esclareça a respeito. Verá como lhe falará sobre isto e muito mais. Volte a tomar este livro novamente e demore-se nas análises sem prejuízo das soluções que lhe ofereceremos. 


II. A  AÇÃO  AJUDA


1. Para vencer as preocupações, temos que pôr em ação um plano. A atividade faz bem. 

2. Fayard opina que "a melhor maneira de multiplicar nossas angústias, consiste em não fazer nada. Enquanto nos colocamos a fazer algo para evitar que se produza o que tememos a angústia nos abandona." 

3. Pode ajudar-nos a reflexionar o que aconteceu a certo agricultor. 

a) Havia um cavalo velho que caiu em um poço. Como o animal já não lhe servia mais, e vendo que tinha água até os joelhos e não dispunha de meios para tirá-lo, se lhe ocorreu que o usaria como recheio para tapar o poço. De maneira que arregaçou as mangas, tomou sua pá e começou a puxar a terra. A idéia não causou graça para o cavalo. O animal não queria morrer, assim que, à medida que a terra ia cobrindo suas patas ia pisando os torrões que caíam. Assim se foi enchendo o poço até que o cavalo pôde sair e marchar para o canto de sua "querência". 

b) Você e eu cremos ser mais inteligentes que um cavalo, e sem dúvida que é assim. Mas neste caso temos que admitir a instintiva sabedoria com a qual atuou aquele animal. Não permitiu que as contingências pouco gratas da vida o esmagassem. Pôs-se em movimento para resolver suas dificuldades e se saiu bem. 

c) E. G. White disse: "Devemos ser amos das circunstâncias e não escravos dela." E eu estou de acorda com esse pensamento. Não permitamos que as dificuldades se nos vão acumulando, sejamos nós os que orientemos as coisas, tomemos as rédeas e avancemos.

4. É possível que alguém pense: "Faz anos que estou lutando energicamente e não passo resolver a situação. As forças já começam a faltar-me e invade-me o desânimo diante da idéia do fracasso. Reagirmos e lutar não é o suficiente." 

a) E provavelmente tenha razão. 

b) Colocar-nos em ação é bom, alivia, mas não é tudo. 

c) Se até aqui, estando ativo, não obtive êxito razoável ao que pude aspirar, é porque não apontei na direção correta. 

d) Tem que descobrir o plano que dê resultado.


III. O  PLANO  MAIS  EFICAZ  QUE  CONHEÇO


1. Bernard Shaw disse que "quando se quer que uma pessoa não aprenda uma coisa, temos que tratar de ensiná-la." Não desejo discutir se estava certo ou não. Pelas dúvidas procurarei fazer-lhe caso e deixar que os amáveis leitores exerçam seu juízo crítico para decidir o valor do que diremos. 

2. A. E. Housman, professor da Universidade de Cambridge, em uma conferência que pronunciou nessa casa de altos estudos, manifestou: "A verdade maior que jamais se tinha dito e o mais profundo descobrimento moral de todas os tempos foram estas palavras de Jesus: 'Quem encontrar sua vida, perdê-la-á, e quem perder sua vida, por minha causa, achá-la-á'."

a) O mais significativo é que essas palavras foram ditas por um catedrático ateu. 

b) Apesar de todos os seus preconceitos contra a religião, chegou a reconhecer o tremendo poder e a grande importância das palavras do Senhor Jesus.

3. Faz um tempo fui convidado para assistir a uma classe de magistério ditada em uma das faculdades de Buenos Aires. Assim que finalizaram os atos, fiquei conversando com um dos membros do pessoal do corpo docente da faculdade. Em um determinado ponto de nosso diálogo, o educador expressou: "As coisas mais grandiosas que posso explicar em minhas aulas para os alunos, são extraídas do Sermão do Monte – uma das partes das Sagradas Escrituras. Se eles o soubessem escutariam com preconceitos; mas nunca lhes digo que isso foi dito por Jesus; nem onde está ou onde aparece o discurso maior de Nosso Senhor Jesus Cristo." 

a) Amigos, eu não tenho esses temores. 

b) Além disso, quero ser intelectualmente honesto reconhecendo o direito de autor de Jesus. 

c) Sei que o melhor que se disse e possa dizer-se sobre a arte de enfrentar nossas preocupações e vencê-las brotam dos lábios de nosso Senhor Jesus. 

d) E o mesmo opinou o Dr. Guillermo Sadler em sua monumental obra Modern Psychiatry, pág. 760: 

"Os ensinamentos de Jesus aplicados à nossa civilização moderna – aplicados com toda compreensão e não aceitas em forma puramente nominal – nos purificariam, elevariam e vitalizariam de tal maneira que a raça humana chegaria a estar constituída de imediato por uma nova ordem de seres que possuiriam capacidades mentais superiores e uma acrescentada força moral. 

"Prescindindo das recompensas futuras da religião, deixando de lado toda discussão sobre a vida do além, valeria a pena que todo homem e mulher vivessem a vida cristã tão-somente pelas recompensas mentais e morais que aquela proporciona aqui no mundo presente. Algum dia o homem despertará, talvez, ao fato de que os ensinamentos de Cristo são poderosos para prevenir e curar a enfermidade. Algum dia nosso tão comentado desenvolvimento científico será colocado em dia e a nível dos ensinamentos do Homem da Galiléia." 

4. É altamente significativo e reconfortante o fato de que tantos psicólogos e psiquiatras alguns em forma consciente, outros, quem sabe, sem sabê-lo, estejam empunhando os conselhos do Senhor para restabelecer a estabilidade psíquica, e em outros casos emocional, de seus pacientes. Em especial os ensinamentos contidos no Sermão do Monte. 

5. Como é lógico supor, os leitores têm convicções muito diferentes uns dos outros. 

a) Alguns serão profundos cristãos. 

b) Outros incrédulos. 

c) Alguns, talvez, ateus. 

d) Haverá os que – sem ser ateus – não vêm a Jesus como o vemos, como cristãos. 

e) Com respeito às convicções sinceras de todos, por isso convido-os somente para provar a eficiência dos conselhos de Jesus. 

f) Eu o fiz e depois de avaliar os resultados decidi não abandoná-los jamais. 

g) Poderia citar psicólogos judeus, ateus e de outras correntes de pensamento que têm conhecido o sublime dos ensinamentos de Cristo. 

6. Em vez de expormos as opiniões de outros, transcrevamos alguns parágrafos que o Grande Professor apresenta de métodos a seguir, para vencer as preocupações: [Mat. 6:25-34]

"25 Por isso, vos digo: não andeis ansiosos pela vossa vida, quanto ao que haveis de comer ou beber; nem pelo vosso corpo, quanto ao que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o alimento, e o corpo, mais do que as vestes? 

"26  Observai as aves do céu: não semeiam, não colhem, nem ajuntam em celeiros; contudo, vosso Pai celeste as sustenta. Porventura, não valeis vós muito mais do que as aves? 

"27  Qual de vós, por ansioso que esteja, pode acrescentar um côvado ao curso da sua vida? 

"28  E por que andais ansiosos quanto ao vestuário? Considerai como crescem os lírios do campo: eles não trabalham, nem fiam. 

"29  Eu, contudo, vos afirmo que nem Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer deles. 

"30  Ora, se Deus veste assim a erva do campo, que hoje existe e amanhã é lançada no forno, quanto mais a vós outros, homens de pequena fé? 

"31  Portanto, não vos inquieteis, dizendo: Que comeremos? Que beberemos? Ou: Com que nos vestiremos? 

"32  Porque os gentios é que procuram todas estas coisas; pois vosso Pai celeste sabe que necessitais de todas elas; 

"33  buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas. 

"34  Portanto, não vos inquieteis com o dia de amanhã, pois o amanhã trará os seus cuidados; basta ao dia o seu próprio mal." 

(Estas palavras estão registradas na Santa Bíblia, no Evangelho segundo de São Mateus, capítulo 6, versículo 25 a 34.)


IV. O  MÉTODO  CRISTÃO  PARA  VENCER  AS  PREOCUPAÇÕES


Vivamos com sabedoria o presente, ou utilizando as palavras de Carnegie "vivamos um dia de cada vez". 

1. Não queremos dizer com isto que temos que ser desagradecidos com o passado, nem imprevisíveis com respeito ao futuro. 

a) Desejamos fazer ressaltar o fato de que o ontem é flor murcha que já cumpriu seu dever, e o futuro é um botão sem abrir que não poderemos desfrutar e de cuja beleza e formosura devemos cuidar.  

b) Alguém disse que "Cada dia é unta nova vida para o homem ajuizado". Não permita que o ontem arruine o presente.  

c) Tagore disse: "Se choras por haver perdido o sol, as lágrimas te impedirão de ver as estrelas." 

d) É verdade que pode haver na vida de qualquer ser humano erros passados que tenham que ser emendados. Nossas palavras também incluem essa reparação. Se temos que arrumar algo hoje, façamos já, mas não permitamos que as sombras do passado governem o presente. 

2. Deveríamos aplicar o mesmo critério com respeito no futuro. Algumas coisas nas quais já estivemos de acordo nos ajudarão a harmonizar também neste ponto. 

a) Todos nós concordamos que não é possível colher o trigo antes de que haja sido semeado; que se tornaria sem lógica pensar em descer do ônibus antes de haver subido nele; que não teria sentido procurar dar volta à esquina antes de encontrá-la; que não teria finalidade procurar subir uma montanha, antes de alcançá-la; que façamos o que queiramos não poderemos ver mais além do horizonte. 

b) Por que então querer resolver hoje os problemas que nos corresponderá resolver amanhã, ou carregar no presente com as dificuldades que pertencem ao futuro? 

c) Quando fazemos assim não estamos sendo justos com a vida nem leais com nós mesmos, pois a ânsia de viver o dia de amanhã com suas fatigas e dificuldades não nos permitirá cumprir nossas responsabilidades presentes. 

d) Ao viver sabiamente o dia de hoje estaremos colocando o fundamento sólido que merece o futuro.

3. Se a noiva escuta dos lábios de seu pretendente a proposta de casamento e pensar em quantos pratos terá que lavar até cumprir 10 anos de casada, tenho certeza que até a mais corajosa desmaiaria. Mas não é problema porque cada dia lava os pratos correspondentes a esse dia, e isso pode fazê-lo. 

a) Assim também Deus, nosso Senhor, nos dá a vida de um dia cada vez, para que em cada jornada nos defrontemos com as contingências que ela nos traz. 

b) Querer viver o futuro seria como querer roubar a Deus uma vida que ainda não nos pertence e que ignoramos se alguma vez nos corresponderia viver. 

c) Roberto Luís Stevenson expressou: "Todo o mundo pode suportar sua carga, por pesada que seja, até à noite. Todo o mundo pode realizar seu trabalho, por mais duro que seja, durante o dia. Todos podem viver suavemente, pacientemente, de modo amável e puro, até que o sol se ponha. E isto é tudo o que a vida realmente significa." 

4. Um consciencioso estudo da vida nos permitirá descobrir que de cada dez problemas que avistamos no horizonte de nossa vida, sete desaparecerão antes que cheguemos a eles; um será resolvido somente amanhã; outro não tem solução; um, só um, nos compete resolver hoje, e a esse devemos dedicar-nos. 

5. Quando nosso Senhor disse: "Portanto, não vos inquieteis com o dia de amanhã, pois o amanhã trará os seus cuidados; basta ao dia o seu próprio mal", queria tirar de sobre nossos ombros esses 90% de carga factícia que levamos e que esgotam nossas energias a tal ponto de tomar defeituosa a solução de nossas dificuldades reais, ou pelo menos muito mais dificultosa. 

6. Voltando ao que dizíamos momentos atrás, se em vez de procurar dar voltas à esquina antes de chegar a ela nos dedicássemos a adiantar na reta que ainda temos que percorrer, chegaríamos antes e com menos contratempos. Ao viver um dia cada vez com pureza e integridade, chegaremos ao amanhã com maior felicidade e sem os incômodos de um passado defeituoso; encontraremos que uma grande porcentagem de nossas perplexidades desaparecem e que as restantes podem ser aliviadas alegremente. Jesus quis orientar-nos neste sentido e também a respeito desses 10% de problemas que não têm solução. Falaremos sobre isso a seguir. 


Colaboremos com o inevitável. 

1. Quando não é possível mudar as coisas, recordemos que ao menos podemos mudar nossa atitude com respeito a elas. 

a) Certa moça sentia-se infeliz pelas contínuas discórdias que havia em seu lar. Um dia ela foi vista muito contente, refletindo paz interior. Alguém perguntou: 

– Como vão as coisas em seu lar? 

– Como sempre – respondeu a jovem – mas agora eu sou diferente. 

2. Com respeito aos problemas insolúveis ou situações inevitáveis, devemos ser diferentes do normal das pessoas, e até, talvez da maneira como temos sido até aqui. 

a) Milton dizia que "não é uma desdita ser cego e sim não ser capaz de suportar a cegueira". 

b) O grande psicólogo prático William James nos disse "Aceita que seja assim. A aceitação do que tem sucedido é o primeiro passo para superar as conseqüências de qualquer desgraça."  

c) Não somente para superar as desgraças, mas para vencer as preocupações também.

3. Elsie McCormick opinava que "quando deixamos de lutar pelo inevitável deixamos em liberdade uma energia que nos permite criar uma vida mais rica." Por outro lado, essas energias antes desperdiçadas para lutar contra o impossível, nos permitirão solucionar as coisas que estão ao nosso alcance resolver, e também isso será fonte de alivio. 

4. Yousuf Karsh, célebre fotógrafo, foi ao Vaticano para retratar o papa João XXIII acompanhado do bispo Flaton Sheen. Enquanto Karsh preparava a máquina, o papa, dirigindo-se ao bispo Sheen, observou: "Deus sabia há 77 anos que algum dia eu seria papa. Por que não me fez mais fotogênico?" Essa atitude que João XXIII fez em tom de brincadeira é uma realidade amarga na vida de milhares de pessoas que se desgastam em lutar contra o inevitável. 

a) Não aceitar o indispensável é uma atitude tão carente de bom senso como querer parar o sol ou "tapar o sol com a peneira". 

b) A verdadeira paz de espírito – dizia Lin Yutang – provém da aceitação do pior. Psicologicamente, creio que isto significa uma liberação de energia." 

c) Exato! Liberação de uma energia que necessitamos para viver prazerosa e satisfatoriamente o dia de hoje.

5. Dizem que os chineses têm um provérbio que se traduzimos para o português expressa: "O problema tem solução? Então, por que me preocupo?" 

6. Se não gostou desse refrão pode ser que encontre lógica nesta outra sentença: "Para os males do mundo pode haver ou não remédios; se houver, vá procurá-los, e se não, não seja néscio." 

7. Os psicólogos têm muita fé neste princípio maravilhoso. O maravilhoso é saber que já o tinha sido exposto pelo nosso Senhor nas palavras do Sermão do Monte e que já citamos anteriormente. Depois de falar da confiança com a qual deveríamos enfrentar a vida, disse: "Qual de vós, por ansioso que esteja, pode acrescentar um côvado ao curso da sua vida?" 

a) Se com o preocupar-se uma pessoa pudesse crescer alguns centímetros, muitos viveriam com um complexo a menos, não é verdade? 

b) Mas também é certo que o complexo desapareceria se estivessem dispostas a aceitar – que é mais que resignar-se – o inevitável. 

c) Papai costumava dizer-nos: "Se com o lamentar pudéssemos ordenar as coisas, eu também o faria todos os dias. Mas as palavras 'que lástima' não solucionam nada." E é verdade, com tudo nem sempre se tomaria fácil aplicar este princípio, capaz de terminar com uma enorme quantidade de preocupações, a menos que aceitemos o outro princípio mencionado por Jesus Cristo.


Tenhamos fé em Deus. 

1. Muitos de nós caminhamos na vida como as crianças que ainda não foram à escola. 

a) Tomam em suas mãos um livro, olham as páginas impressas, mas não captam seu significado. 

b) Isto nos enche de perplexidade a tal ponto de perder o sono, sofrer palpitações, hipertensões, úlceras ou qualquer outra forma como a vida nos cobra nossa falta de fé no futuro e em Deus nosso Senhor. 

2. O exemplo de um soldado que foi aprisionado durante a segunda guerra mundial pode nos ajudar. Foi encerrado numa cela semelhante a uma masmorra, mas durante todo o cativeiro ele se manteve com um semblante alegre. Assobiava e cantava, a tal ponto que parecia se sentir mais feliz do que seus captores. Um dia o guardião perguntou-lhe o porquê de sua atitude e esta foi sua resposta: 

– Olhe aquela janela lá em cima. Quando olho para fora, posso ver o céu azul. Não há razão para desesperar-se enquanto continue estando ali.

3. Voltava para casa depois de realizar uma de minhas viagens. Através da janelinha vi repetir-se várias vezes a mesma cena. Um homem assentado em seu trator dando voltas à terra deixando um ancinho de discos. Atrás dele, uma grande quantidade de aves brancas esvoaçando com candura e inocência. Seguiam o agricultor e iam comendo as sementes como se ele estivesse realizando essa tarefa para elas. Sem dúvida que na época da semeadura não será interessante ao chacareiro ver que as aves o seguem, mas para elas – repito – o seguirão como se a tarefa estivesse sendo realizada para elas. 

a) Ao ler parte do parágrafo das Sagradas Escrituras que já transcrevemos, sentir-nos-íamos inclinados a pensar que de certa forma é assim 

(1) O Senhor ensinou: "Portanto vos digo: Não vos preocupeis com vossa vida, que haveis de beber; nem por vosso corpo, que haveis de vestir. Não é a vida mais que o alimento, e o corpo que o vestido? Olhai as aves do céu, que não semeiam, nem segam, nem ajuntam em celeiros; e vosso Pai celestial as alimente. Não tendes vós muito mais valor que elas? ... E por que andais ansiosos quanto ao vestuário? Considerai como crescem os lírios do campo: eles não trabalham nem fiam. Eu, contudo vos afirmo que nem Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer deles. Ora, se Deus veste assim a erva do campo, que hoje existe e amanhã é lançada no forno, quanto mais a vós outros, homens de pequena fé? Portanto não vos inquieteis, dizendo: Que comeremos? Que beberemos? Ou: Com que nos vestiremos? Porque os gentios é que procuram todas estas cousas; pois vosso Pai celeste sabe que necessitais de todas elas. Buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas." 

4. O secretário de Oliver Cromwell teve que aprender esta lição. Foi enviado à Europa para uma missão importante. Deveria passar a noite num povoado da costa, mas não pôde dormir. A preocupação o corroía e empurrava-o a dar voltas repetidas vezes em sua cama. De acordo ao velho costume, um servente dormia em seu quarto, e a verdade é que o fazia bem profundamente. Este fato o deixou ainda mais nervoso de maneira que terminou por despertá-lo. O servo, então, perguntou por quê seu amo não podia descansar. 

– Tenho medo que minha embaixada não saia bem – respondeu.  

Criando um pouco mais de confiança o servo voltou a falar. 

– Senhor, posso tomar a liberdade de fazer-lhe uma pergunta ou duas? 

– Claro que sim, concedeu o embaixador. 

– Governava Deus o mundo antes que nós tivéssemos nascido? – perguntou timidamente o servo. 

– Naturalmente. 

– E Ele continuará fazendo-o depois de havermos morrido, senhor? 

– Sem dúvida que sim. 

– Então meu amo – disse com mais segurança – por que não deixa que Ele governe agora também? 

Poucos minutos depois ambos dormiam profundamente. 

5. O apóstolo S. Pedro, que sem dúvida haverá estado entre os que escutaram os ensinamentos que, naquele dia, o Mestre partilhou da montanha, nos aconselha: "Lançando sobre Ele toda a vossa ansiedade, parque Ele tem cuidado de vós" 

6. Amigo, por que você não faz também esta prova? Você verá como os problemas que o preocupam neste momento diminuirão instantaneamente desde o momento em que você focalizar sua fé – não importa se ela é pequena e fraca – no Todo Poderoso Criador do universo. Se Ele cuida das aves, como não Se interessaria em resolver suas dificuldades? O Senhor está esperando somente, que você tenha fé nEle e O deixe operar poderosamente em seu favor.  

E agora, encerremos esta conferência com a lição que nos conta um relato oriental. Aconteceu num desses reinos antigos. 

Certo rei sentia-se aborrecido com um de seus súditos e desejava eliminá-lo. No entanto, este cumpria com tanta fidelidade e eficiência suas responsabilidades que o monarca não encontrava uma forma para terminar com ele e ao mesmo tempo manter as aparências. 

Um dia, apresentou-se-lhe a oportunidade esperada. Outro rei presenteou-lhe uma magnífica coroa de ouro com a parte da frente preparada para colocar ali a inscrição que desejasse. Chamou o súdito, mostrou-lhe a coroa e ordenou-lhe: 

– Você terá que encontrar a palavra que gravarei na coroa. Mas tem que ser uma palavra especial. Uma palavra que, quando me encontrar deprimido, preocupado, mergulhado na angústia, levante meus ânimos e me leve ao plano da normalidade, e que quando me encontrar demasiado eufórico, chame-me à reflexão e me coloque novamente no plano da normalidade. Você terá tempo até amanhã para isso. Se até então não encontrar essa palavra, morrerá imperdoavelmente. 

O pobre homem sentiu uma corrente gelada correr por sua coluna vertebral, que seu rosto se enchia de um suor frio e que as pernas lhe tremiam. Pensou em sua esposa, que ficaria desamparada, em seus filhos que tanto necessitavam dele; na injustiça da ordem e no inapelável que resultavam as palavras pronunciadas por um soberano, e em quem sabe quantas coisas mais... 

Aquela tarde regressou à sua casa um pouco mais cedo que de costume. A esposa notou a preocupação angustiosa que estava passando e interessou-se em saber o que acontecia. Mas, por que preocupá-la também com algo que aparentemente não tinha solução? Negou-se em falar várias vezes, mas diante de cada negativa a mulher redobrava mais e mais sua determinação em saber o que estava acontecendo. 

– O que acontece é que você não me quer mais, por isso não me confia mais os seus problemas. 

– Minha querida, como você quer que eu lhe confie meus problemas, se não os tenho? – explicava o esposo. 

– Como que não os tem se nem sequer quis jantar? É o que eu disse, já não me quer mais...! 


Amigo leitor, você sabe como são as esposas, quando querem inteirar-se de alguma coisa, não é verdade? Pois finalmente aconteceu o que havia proposto. Foi pouco depois de deitar-se para dormir. O atribulado esposo deu tantas voltas na cama que não pôde dormir e acabou contando à sua companheira o que havia acontecido. 

– Por isso é que estou preocupado, meu amor. Amanhã, na primeira hora do dia o rei me pedirá que lhe diga qual é essa palavra capaz de levantá-lo do poço de suas preocupações e fazê-lo sentir-se normal, e ao mesmo tempo com poder para fazê-lo descer dos cumes de sua euforia. E eu não sei qual é a palavra. Então ordenará minha execução... 

– É por isso que está tão preocupado? – replicou a esposa. Mas isso é muito simples! Eu sei qual é a palavra. 

– Pois, então diga-me; assim poderei dormir em paz! 

– Ah, não! Para que você aprenda a lição por não haver me dito antes, somente lhe direi amanhã bem cedo, 

De nada valeram as petições e mesmo as ameaças do esposo. A esposa voltou-se para o outro lado e logo depois, dormia tranqüilamente. os primeiros raios de sol encontraram o súdito daquele rei sem haver conciliado o sono. Apenas despertou sua mulher, quis conhecer a palavra exigida pelo monarca, mas ela disse: 

– Depois do desjejum. 

Esse foi o desjejum mais amargo que havia servido em toda sua vida, em troca a esposa tomou-o cheia de otimismo. 

Finalmente, quando estava despedindo-se para ir rumo ao palácio, a esposa consentiu em dizer qual era essa palavra tão especial. o súdito sentiu que a alma lhe volvia ao corpo. Respirou como se todo o ar do mundo não fosse suficiente para encher seus pulmões e soltou um grande suspiro de alívio. Então exclamou: 

– Mas claro! Como não se me tinha ocorrido antes? E foi satisfeito rumo ao palácio. 

Sentado no trono, o monarca saboreava com antecipação o que cria que seria seu triunfo. Quando viu aparecer seu súdito, perguntou-lhe maliciosamente: 

– Você lembrou da minha incumbência? Já tem essa palavra que quando me encontrar mergulhado no desânimo, nas preocupações e, talvez, no desespero, levante-me o ânimo como para levar-me à linha da normalidade, e que quando me encontrar exageradamente otimista, eufórico, pensando em tocar as nuvens com minhas mãos, me faça descer ao plano da normalidade? 

– Sim majestade – respondeu serenamente o servo. 

– Pois bem, diga-me. 

– Majestade, a palavra capaz de produzir as efeitos que você deseja é: "PASSARÁ". 


CONCLUSÃO: 


1. Vivamos com plena fé em Deus. 

2. Um dia de cada vez. 

3. Aceitando o inevitável. 

4. Recordando que todo problema, por mais angustioso que seja, passará. 

5. Então desaparecerão as preocupações e poderemos desfrutar a paz dAquele que "tem cuidado de nós". 



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