Gnosticismo – Século I – Alexandria
O corpo físico de Jesus era apenas uma ilusão e sua crucifixão foi apenas aparente.
O docetismo é uma palavra de origem grega, que significa “parecer” ou “para parecer”. Ela foi definida no contexto cristão para designar uma doutrina cristológica criada no final do primeiro século na cidade de Alexandria, localizada no Egito.
Fundada por Alexandre Magno em 332 a.C., a cidade de Alexandria rapidamente tornou-se o centro intelectual da cultura grega.
A cidade tinha grandes palácios, instituições públicas, museus, bibliotecas, templos e a mais importante base marítima do Mediterrâneo. Havia também o Farol de Alexandria, com 135 metros de altura, considerada uma das maravilhas do mundo antigo.
Foi nesse clima cultural que o docetismo foi elaborado por pensadores cristãos gnósticos. Essa doutrina aparece presente na exortação do apóstolo João sobre aqueles que negam “que Jesus Cristo veio em carne” (I João 4:2; II João 1:7).
O docetismo defendia a tese cristológica de que o corpo de Jesus Cristo era apenas uma ilusão, e que a sua crucificação teria sido apenas aparente.
O docetismo não era uma seita independente e separada do cristianismo, mas consistia numa corrente teológica de pensamento que corria pelas igrejas. A doutrina negava que Jesus Cristo veio em carne, mas afirmava a sua divindade.
A origem do pensamento docetista é atribuída às diversas correntes gnósticas. Está baseada num dualismo, onde o mundo material era essencialmente mau e corrompido, enquanto que somente o espírito era bom.
Para o docetista, Cristo não poderia ter vindo em carne porque sendo a matéria má e o espírito bom, Ele jamais poderia possuir um corpo real, mas possuía apenas um corpo aparente.
Portanto, Cristo parecia homem, mas na realidade não o era.Por ter um corpo que era uma simples ilusão dos sentidos, então somente “parecia” que Cristo tinha sido crucificado, uma vez que o Seu corpo não era real.
Aqueles filosofos-religiosos gentios procuravam aliar racionalmente a natureza divina e humana de Cristo à filosofia platônica, visão de racionalidade prevalecente na época.
O docetismo foi combatido especialmente por Inácio de Antioquia (35- 107) e Irineu de Lyon (130-202). Posteriormente a doutrina foi condenada como herética pelo Concílio Ecumênico de Calcedônia (451).
Em grande parte a doutrina docetista desapareceu durante o primeiro milênio.
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