Cristologia – Século VI – Halicarnasso
O corpo de Cristo era incorruptível.
O bispo Juliano de Halicarnasso ensinava e defendia ardorosamente a teologia de que o corpo de Cristo sempre foi incorruptível. Ou seja, ele jamais poderia decompor-se.
Essa doutrina ficou sendo conhecida pelo nome de aftartodocetismo, uma palavra de origem grega, que significa o seguinte: aphthartos = incorruptível e dokein = parecer.
Juliano era bispo de Halicarnasso e formou muitos discípulos entre os ortodoxos orientais. Halicarnasso era uma antiga cidade localizada na costa sudoeste da Anatólia, no golfo de Cós.
Essa cidade tornou-se celebre porque entrou para a lista das sete maravilhas do mundo antigo, por causa do Mausoléu de Halicarnasso, uma tumba construída entre 353 a. C., pela rainha Artemísia II, para servir de túmulo para o seu irmão e esposo, o rei Mausolo.
A doutrina aftartodoceta defendida por Juliano de Halicarnasso entrou em conflito direto com a doutrina de outro patriarca ortodoxo oriental, Severo de Antioquia (456-538), o qual defendia que o corpo de Cristo tornou-se incorruptível somente depois de Sua ressurreição.
A teologia de Juliano ganhou impulso em 564, quando o imperador bizantino Justiniano I (483-565) adotou a posição doutrinária aftartodocetista, e desejou colocar essa doutrina na posição de ortodoxia e dogma.
Justiniano era um imperador autocrático, que controlava todo o sistema político e religioso do império. Uma grande quantidade de funcionários públicos vigiava a vida dos cidadãos do império.
Ele sempre demonstrou possuir grande interesse em questões teológicas. Seu intento sempre foi o que unificar o Oriente e o Ocidente por meio do catolicismo.
Porém, quando Eutíquio, patriarca de Constantinopla, soube que Justiniano queria impor o aftartodocetismo numa posição de dogma, passou a opor-se aos desejos imperiais, sob o argumento de incompatibilidade da teologia dos aftartodocetistas com as Escrituras Sagradas.
Como resultado da oposição ao intransigente imperador, Eutíquio foi afastado de seu patriarcado em Constantinopla e substituído por João Escolástico.
Anastácio, patriarca de Antioquia, ameaçou certo descontentamento com a posição do imperador. Ele foi imediatamente advertido e preferiu o silêncio.
Então que Justiniano preparou um édito para impor a teologia aftartodocetista entre as comunidades cristãs do Império Bizantino.
Porém, o édito não chegou a ser publicado em face da súbita morte do imperador no dia catorze de novembro de 565, durante seu trigésimo-nono ano de reinado.
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