PQ a IASD usa o sistema departamental e não congregacional?

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A UTILIDADE DO SISTEMA ORGANIZACIONAL EM ASSOCIAÇÕES PARA A MISSÃO DA IGREJA – FOCALIZANDO O BRASIL


Artigo escrito pelo Pr. Demóstenes Neves da Silva - Prof º do SALT/IAENE


Será que, a partir da observação da realidade brasileira atual, a estrutura administrativa da Igreja Adventista do Sétimo Dia (doravante IASD) é pertinente hoje como o foi na época dos pioneiros? Será que essas sedes e instâncias administrativas são relativamente mais numerosas ou menos necessárias? 


Essas perguntas de uma forma ou outra têm sido levantadas por membros e à vezes lideres da igreja ou respondidas de forma a combater a necessidade de associações/uniões. Algumas vezes alega-se falta de correção nos processos administrativos outras vezes alerta-se para uma suposta superação do modelo atual em vista do excesso de sedes em relação à diminuição relativa de membros e igrejas aos cuidados dos campos. 


Neste trabalho pretendemos rever as instâncias e divisões administrativas adotadas pela igreja em sua história, após a reorganização administrativa em 1901, estrutura esta mantida, basicamente, até os nossos dias. Serão comparadas as relações entre as sedes das associações/missões e seus respectivos números de igrejas e membros para verificar a pertinência ou não, por esse ângulo, da necessidade de associações missões e uniões. 


É também alvo deste trabalho demonstrar se os níveis administrativos mencionados tornaram-se grandes máquinas obsoletas com poucos membros e igrejas ou encontram-se demasiado sobrecarregados e disso decorre a queda na qualidade de atendimento aos membros, igrejas e projetos a que tem que fazer face. 


Como os questionamentos à estrutura da igreja têm surgido associados à promoção do modelo congregacionalista como alternativa ao presente modelo organizacional, uma parte deste trabalho abordará também a pertinência dessa proposta à luz das comparações referidas anteriormente acrescidas de outras ponderações consideradas importantes. 


Serão utilizados pensamentos de Ellen G. White, estatísticas  e relatos da história da IASD  que, comparados com a realidade atual no Brasil, nos ajudarão a compreender como se encontra a situação presente em comparação com o passado da igreja no que se refere a relação dos campos com o número de igrejas e os membros.


Ellen G. White, os campos em seus dias e a situação atual no Brasil


Ellen White declarou em 1900 que os traços gerais da obra não devem ser mudados, sejam relativos aos ensinos sejam à experiência e dever.  


Quanto à estrutura administrativa sempre houve,  desde 1901 (antes já havia na Europa e Austrália) , uniões, missões, associações e Associação Geral. As entidades chamadas Divisões foram criadas em 1913, dois anos antes da morte de Ellen White, e operam hoje como extensões da Associação Geral.


Desde aqueles tempos houve associações com menor número de igrejas do que hoje,  isto é, uma associação, em média,  era formada por poucas igrejas - oscilou entre 24 e 14 igrejas!


Ao ser solicitada a autorização oficial na assembleia da conferência geral em 1901 para a criação de um novo campo, e também o consentimento da associação em Battle Creek e Oakland, que tinham jurisdição sobre a área do sul dos EUA, houve resistência dos líderes da obra. Pretendia-se, na ocasião, a abertura de uma nova união com três associações e seis missões, composta de apenas 2.600 membros, assim, muitos achavam que o centro administrativo deveria ser o mesmo.      


Aquela decisão parecia uma anormalidade, na opinião de alguns que tendiam por conservar o centro da obra em Battle Creek. Não é de admirar, com esse precedente histórico, que ideias contra o sistema de criação de novos campos ainda existam hoje. O recorrente argumento ainda hoje é que a máquina está pesada e a produtividade não somente diminuirá como também as despesas aumentarão tornando-se a criação de novos campos um desperdício em setores burocráticos. 


Demonstrando sua divergência dessa visão, Ellen White apresentou os princípios que regem essa necessária providência com as seguintes palavras:

Vocês demonstram grandes deficiências tendo uma administração a centenas de milhas de distância. Essa não é a sabedoria de Deus. 


Há homens exatamente onde vocês se encontram que têm mentes, juízo e que precisam exercitar seus cérebros; que necessitam aprender como fazer as coisas; como executar um trabalho mais agressivo; como anexar novos territórios. Eles não devem ser dependentes de uma associação em Battle Creek ou uma comissão em Oakland. 


Mesmo com as dificuldades próprias do início da obra ela declarou, naquela ocasião, acerca do  pedido para abrir a nova união: “Eu desejo dizer que pela luz que me foi dada por Deus  deveria haver a mais tempo organizações como as que agora são propostas.” 


Em 1901, para exemplo de como o número de membros ou igrejas não era tão importante para a abertura de novos campos, a associação do Michigan, que era a maior até então, possuía 7.122 membros!   


No Brasil, por exemplo, considerando-se o número de membros, pequenas missões e associações como Sergipe-Alagoas tem (até a presente data) 22.688 membros; a Bahia-Sul 25.304; a missão Nordeste 15.128 membros. Grandes associações como a Associação Bahia, mesmo após sua divisão, mantém 41.900 membros. A Associação Baixo-Amazonas se destaca com 81.407 membros, o que significaria onze campos iguais ao maior em 1901!   


Mas isso não é tudo, nos mesmos idos de 1901, a segunda maior associação era a da Califórnia com 4.485 membros.  Em 1905 a Associação do Sul da Califórnia tinha 1.332 membros.  Uma das pequenas era a do Sul da Austrália com, pasme-se, 193 pessoas nos livros do campo.  


Isso, segundo a “luz dada por Deus”, evidencia a necessidade de se ter, sempre que possível e se demonstrar necessário, maior número de campos, uma vez que a experiência e a revelação têm deixado claro que tal medida traz a administração para perto da irmandade, interagindo mais frequentemente com a base. 


Essa medida produz melhor atendimento a irmãos e ministros, promovendo o crescimento dos distritos e igrejas e não o contrário. Além do mais, pequenos campos evidentemente dispensam grandes sedes e primam pela simplicidade, visto não haver excesso de atividades e obrigações, mesmo porque são acompanhados mais de perto pela irmandade.


Por volta de 1909 havia 21 uniões na igreja mundial   e cerca de 90.808 membros ou, aproximadamente, 4.300 membros por união, se considerada uma média simples. Comparando com a União Nordeste nos dias de hoje, que tem 165.213 membros, conclui-se que este campo lida com 38 vezes mais membros, sem contar as instituições e programas de apoio à igreja e ao ministério, inexistentes nas uniões daquele tempo. 


A União Norte tem 261.970 membros ou seja, é quase 61 vezes maior do que a média daqueles dias, mas ao ali chegar Léo Halliwell, na década de 1920 como presidente do “campo”, havia menos de 10 membros e nenhuma igreja. Após 25 anos viajando e pregando, a “administração” deixou como resultado 2.590 membros batizados, 20 igrejas, 70 obreiros, 52 escolas sabatinas, quinze escolas paroquiais, dezenove professores e 4 lanchas médico-missionárias.  Na realidade, em termos de membros e número de igrejas seria apenas um distrito hoje, mas foi a semente para a união que tem, atualmente, o maior percentual de adventistas no Brasil. 


Com certeza, qualquer união em nossos dias, tem mais membros, igrejas e presta mais serviços do que as uniões do passado. Se elas não são mais úteis hoje, por serem consideradas por alguns esvaziadas de serviço, como poderiam se justificar no passado, quando foram consideradas como um programa definitivo para o avanço da igreja?


O “tamanho” dos campos nos dias dos pioneiros e a situação no Brasil


Em 1863 uma associação/missão tinha em média 20,8 igrejas. Um grande distrito nos dias atuais eqüivaleria a uma associação daquela época, com pastores e administradores. Os críticos atuais teriam amaldiçoado Ellen White e os pioneiros por estarem “explorando” a igreja e “inflacionando” sedes administrativas e fundando uniões e associações, segundo eles,  vazias de trabalho.


Em 1870 a média era 16,2 igrejas por associação/missão. Em 1890 eram 24 igrejas em média por associação.Com a reorganização de 1901 que os críticos (pelos menos alguns) admitem foi dirigida por Deus, havia o “estupendo” número de 21,7 igrejas para cada associação.


Em 1910 quando Ellen White garantiu que a ordem que Deus queria na igreja era para seguir esse rumo, nós tínhamos 14,3 igrejas para cada associação/missão! Esse número médio, de acordo com as estatísticas da igreja, oscilou pouco até 1930 e cresceu para 27 igrejas por associação (1950); 36 (1960); 44 (1970); 57 (1980) e 69 (1990).  Hoje, a média é de 69 igrejas para cada associação/missão. 


As sedes administrativas, ao contrário do que alguns têm imaginado, foram, proporcionalmente ao número de igrejas e membros, reduzidas e não acrescidas ao longo do tempo, e assim, permaneceram aquém do número necessário para manter o padrão médio da época e adequar-se à demanda por assistência por parte da igreja.


Hoje temos muitas uniões cuidando de poucas associações então? Seria o caso, então, de termos as associações sobrecarregadas e as uniões desnecessárias e obsoletas? A resposta nos parece um óbvio não. Ora, hoje, a depender do custo de implantação de um campo, parece ser mais econômico criar uma união para um maior número de associações. 


Nesse caso o equilíbrio é, como sempre, de bom alvitre, pois não é adequada uma união muito grande e distante da demanda do campo, e nem campos demasiado pequenos que não suportem as obrigações financeiras a que pode ter de fazer frente, especialmente no primeiro momento de sua fundação.


Fora o caso atípico até 1900 (só havia uniões na Europa e Austrália) no qual a média mundial chegaria a 43 missões/associações por união, já a partir de 1910 a média oscilou entre o máximo de oito e o mínimo de 4,5 campos por união. 


Considerando que os campos (missões/associações) naquela época eram formados por quatorze a vinte igrejas (digamos uma média de dezessete), então, se transpusermos para a realidade do Brasil, a situação em 1999,   em relação ao número de igrejas, seria a seguinte:


União Central


Suas 822 igrejas significariam, para os padrões dos pioneiros, 48 missões/associações, mas  a união tem apenas oito campos. Na realidade cada associação da União Central  poderia ser uma união com várias associações e com média acima do praticado nos dias de Ellen White (vinte a quatorze igrejas por campo). Em relação ao número de igrejas, pastores, serviços e membros as sedes da igreja hoje, em geral, são mais enxutas do que no passado, e, nessa área, as oposições ao sistema parecem estar fundamentadas em outras razões, mas de forma alguma em fatos.


União Norte


Deveria ter pelos padrões dos dias de Ellen White cerca de 34 campos e tem somente quatro.


União Nordeste


Pelos padrões sob a liderança do Espírito de Profecia a UNeB deveria ter aproximadamente 35 campos, mas tem somente seis.


União Este


Pelos padrões dos pioneiros, até 1930, deveria haver para suas 656 igrejas em torno de  38 associações/missões, mas existem apenas quatro.


União Sul


A União Sul se fosse nos dias de Ellen White, teria cerca de 32 campos, mas realmente tem seis.


Em relação com o modelo original e sua média histórica, as uniões hoje operam com mais associações, mais igrejas do que no passado e com mais membros, e isso sem contar os grupos, as instituições educacionais e de saúde entre outras, além de projetos diversos com que têm de tratar.


O  congregacionalismo e o sistema organizacional centralizado


Caso as uniões e associações fossem desativadas restariam apenas as igrejas locais e o órgão representante da igreja mundial. Essa medida poderia levar a, entre outras distorções, uma grande centralização de poder em mãos de poucas pessoas, distância da realidade regional e morosidade nas decisões. 


A alternativa seria adotar um sistema baseado na independência congregacional, tornando-se as associações, apenas órgãos consultivos, orientadores, mas sem autoridade administrativa ou eclesiástica sobre as propriedades, instituições, funcionários ou ministros. Nesse modelo cada unidade independente se “filiaria” ou não à associação e se desligaria a qualquer momento sem maiores consequências. 


Neste caso, os destinos das instituições, propriedades, ministério, projetos evangelísticos seriam individualizados total ou parcialmente e a unidade administrativa e também doutrinária seriam opcionais ou sujeitas a mudanças. As consequências não são difíceis de serem previstas: perpetuação vitalícia no poder, desvio de recursos muito mais acentuado, independência na formulação doutrinária, desigualdade ministerial tanto na assistência como na distribuição dos pastores, ausência de projetos unificados ou dispersão de esforços. 


Os tópicos seguintes são adaptados principalmente, mas não totalmente, do artigo do professor George R. Knight, professor de História da Igreja no Seminário Teológico da Universidade de Andrews no EUA.  Esses tópicos foram reservados para esta parte porque eles enfatizam a necessidade de unidade organizacional em contraste com a divisão e enfraquecimento resultantes do congregacionalismo. 


Também porque apresentam razões ligadas diretamente ao modelo organizacional unificado e por outro lado à independência congregacional. Esta abordagem parece pertinente ao assunto da unidade organizacional da igreja, através do sistema de associações, que abordamos neste trabalho.


Algumas razões que não recomendam o congregacionalismo são as seguintes:


1. Deve-se lembrar que os pioneiros vieram de organizações religiosas congregacionalistas. Eles imaginavam, a princípio que esse era o melhor caminho para a igreja.


2. Tiago White e José Bates introduziram o congregacionalismo, que durou por volta de dez anos, no grupo dos adventistas que se destacariam como guardadores do sábado.


3. Durante mais de cinquenta anos (1850-1901) foi adotado o sistema itinerante/fixo, à moda metodista sendo abandonado na organização a partir de 1901. 


4. Tiago White, administrador pioneiro do movimento, percebeu logo que o congregacionalismo não era suficiente para formar uma igreja unida.


5. Após a decepção de 1844, os ramos do milerismo que adotaram o congregacionalismo se tornaram fracos na unidade da igreja e cumprimento da missão.


6. Segundo os mais importantes historiadores adventistas do sétimo dia os ramos mileritas que se tornaram fracos devem isso à perda de um centro organizacional e a visão de serem um povo apocalíptico com uma missão mundial para o fim do tempo.


7. O congregacionalismo decorre de uma visão individualista e isolacionista de algumas congregações e indivíduos.


8. O congregacionalismo é o resultado do desconhecimento da eclesiologia, o estudo da natureza da igreja e sua missão, segundo a Bíblia e o Espírito de Profecia.


9. O congregacionalismo dá ênfase na independência em lugar da unidade da igreja e tende a fixar o seu olhar mais nas necessidades locais.


10. O sistema congregacionalista tende a esquecer a mais ampla missão mundial da igreja.


11. O sistema congregacionalista, com seu excesso de independência, sofre mais desvios doutrinários de igreja para igreja.


12. O sistema congregacionalista é sujeito a exploração de líderes carismáticos inescrupulosos e com suas mensagens extremistas.


13. Alguns defensores do congregacionalismo confessadamente e outros camufladamente desejam despir a igreja de alguns pontos teológicos que os incomodam o que somente podem pôr em prática se separados da organização unida, ou seja, num sistema congregacional. 


14. Não há base para alegar que o modelo no NT era congregacional ou organizacional-centralizado pois era um sistema iniciante – havia poucas igrejas e em desenvolvimento. A igreja do NT aponta estruturalmente para uma unidade espiritual centralizada em Cristo e daí para uma organização centralizada em líderes nomeados pela igreja, sendo a unidade em Cristo a inspiração para a unidade física-organizacional. (II Tm 4:5; Tt 2:15; 1:5).


15. O modelo do NT era conectado com líderes que reunidos em assembléia tomavam decisões para toda igreja (At 15), sistema este mais complexo do que o congregacionalismo.


16. O congregacionalismo não oferece estabilidade, firmeza denominacional.


Portanto, se o congregacionalismo não dispõe de base profética e histórica  bem sucedida no começo do movimento adventista; se fragiliza a ação unificada para o cumprimento da missão; se foi a causa da ruína de outros movimentos que se dividiram e desapareceram a partir do movimento milerita; se propicia o desvio doutrinário e não tem base na Bíblia, para que se cogitar retornar ao que não funcionou?


Algumas razões que favorecem o sistema organizacional unificado como foi adotado pela IASD e estimulado pelos pioneiros e Ellen G. White:


1. As declarações do Espírito de Profecia são organizacionais e não congregacionalistas e orienta o fortalecimento do sistema organizacional, como já foi demonstrado.


2. As alegações acerca do “peso da máquina” não são tão procedentes e nem a divisão dos campos uma “coisa recente” como já vimos.


3. O sistema mundial organizacional e nacional pode reunir recursos humanos e financeiros, deslocando-os e concentrando-os onde a obra mais necessita, para espalhar a pregação do evangelho como acontece na IASD.


4. O sistema organizacional fornece uma visão global e mundial da igreja e provê continuidade e unidade das partes que constituem a igreja.


5. De acordo com teses doutorais como de Andrew Mustard e Barry Oliver o sistema organizacional ASD tem sua base em sua funcionalidade para o cumprimento da missão e, assim podemos concluir que ela não decorre da preferência dos administradores e nem em arbitrárias declarações do Espírito de Profecia.


6. O sistema organizacional unificado pode auto-analisar-se mais rigorosamente corrigindo suas falhas o que se torna difícil no pulverizado sistema congregacionalista.


7. O sistema organizacional pode se tornar burocrático, desestimular a criatividade e sufocar a individualidade devido a sua pouca flexibilidade, mas pode evitar essas situações com incentivos maiores a ações locais e patrociná-las a partir de prioridades democraticamente eleitas por representantes da congregação.


8. O sistema organizacional pode prover adaptações à liberdade das congregações de sorte a combinar o melhor dos dois modelos o que não é possível fazer partindo ou começando do congregacionalismo.


9. A acusação de que o sistema organizacional resulta em abuso de poder desconhece ou prefere desconhecer que o sistema congregacionalista faz o mesmo, pois o problema não está necessariamente no sistema mas no ser humano. O sistema organizacional, no entanto, dispõe de instâncias de apelação e eleições que evitam a permanência de um mau líder em caráter vitalício como ocorre em algumas congregações.


10. O argumento de que o sistema organizacional promove a falta de recursos locais esquece que o sistema congregacional pode ser afetado pelo mesmo problema, especialmente se for implantado na base da filosofia da desconsideração aos mais amplos conselhos sobre o uso do dízimo na Bíblia e no Espírito de Profecia. Além do mais a falta de recursos locais pode ser resolvido com o incentivo à fidelidade não somente nos dízimos mas também nas ofertas.


11. Sob a fiscalização dos membros e líderes competentes o sistema organizacional pode adaptar-se, quando necessário, enxugando sua máquina administrativa.


12. O sistema organizacional pode e tem meios para aumentar o “ouvir e responder” aos apelos e queixas dos irmãos e congregações, procurando atende-los mais de perto em suas necessidades.


13. Não é preciso abolir um sistema para corrigir seus defeitos, como declara o Espírito de Profecia: “Sinto-me confiante de que Ele porá em ordem as coisas que parecem estar-se movendo erradamente.” . 

 

Não há necessidade de dúvida, de ter medo de que a obra não tenha êxito. Deus está à frente do trabalho, e porá tudo em ordem. Se houver necessidade de ajustar questões na chefia da obra, Deus cuidará disso, e endireitará todo o erro. Tenhamos fé de que Deus conduzirá seguramente ao porto o nobre navio que conduz o povo de Deus.  (1892).


Ellen G. White e a organização no fim do tempo


Talvez a solidez da organização, como um eficaz instrumento que favorece o crescimento da evangelização mundial, explique porque há tanta gente criticando e tentando desmoralizar a organização da igreja (Apoc 12:17).  Afinal, o Dragão está irado contra as instituições adventistas, unidas com as igrejas e pastores num sistema que dá, sob a direção do Espírito Santo, mais eficiência à pregação da mensagem e mais amplitude para pregar em “todo mundo” (Ap. 14:6 a 12).


Não seria devido ao seu incontestável valor que a profecia manda que a organização como a herdamos seja mais fortalecida à medida que o fim se aproxima? Como diz Ellen G. White:


Oh, como Satanás se regozijaria se conseguisse êxito em seus esforços por penetrar no meio deste povo, e desorganizar a obra num tempo em que a organização completa é essencial, e constitui o maior poder para manter fora os levantes espúrios, e refutar pretensões não abonadas pela Palavra de Deus! Precisamos manter as linhas uniformemente, para que não haja quebra do sistema de organização e ordem que se ergueu por meio de sábio, cuidadoso labor. Não se deve dar licença a elementos desordeiros que desejem controlar a obra neste tempo.


Alguns têm apresentado a ideia de que, ao aproximarmo-nos do fim do tempo, cada filho de Deus agirá independentemente de qualquer organização religiosa. Mas fui instruída pelo Senhor de que nesta obra não há isso de cada qual ser independente. As estrelas no céu estão todas sujeitas a leis, cada uma influenciando a outra a fazer a vontade de Deus, prestando obediência comum à lei que dirige sua ação. E, para que a obra do Senhor possa avançar sadia e solidamente, Seu povo deve unir-se. 


Essa declaração é do documento lido perante os delegados na Conferência Geral, em maio de 1909, período (1900-1910) que não seria considerado hoje em dia como dos mais animadores: com mais 41 por cento de pessoal adicionado à ‘administração’, em relação ao total dos que estavam no campo como pastores, e um resultado em batismos de 36 por cento em relação ao número anterior de membros,  o menor da história da igreja até hoje.  


Certamente ela teria motivos para ser pessimista quanto aos resultados e à própria estrutura organizacional, mas tirou de toda aquela situação uma mensagem de unidade, lealdade e esperança. Que contraste com a posição de tantos hoje!


Conclusão


O grande problema do sistema não foi o acúmulo de níveis ao longo do tempo pois eles são os mesmos desde 1901. Também não foi e nem é a multiplicação de associações, uniões. As uniões e associações, comparativamente à sua realidade histórica, não são desnecessárias nem ociosas, pois o seriam, se hoje fossem muito mais desnecessárias e ociosas em todas as décadas examinadas desde 1901.


A solução do problema não se encontra na concentração de poder numa instância superior através do cancelamento de níveis existentes pois inevitavelmente resultaria na concentração de autoridade num órgão distante. Muito menos na diluição da unidade administrativa e eclesiástica e adoção da divisão em “átomos independentes” conforme o modelo congregacional.


Conforme pôde ser visto, os precedentes históricos, em geral, as declarações de Ellen G. White, em especial, propõem campos pequenos e consequentemente próximos dos membros e igrejas.


A constante busca pela otimização da estrutura não passa pela anulação do modelo vigente considerando-a um mau em si mesma. As adaptações e ajustes necessários podem ser feitos desde que não propiciem a fragilidade pela desagregação de esforços, recursos e mesmo a divisão doutrinária. O problema encontra-se em adequar a estrutura às exigências do trabalho, aproximando-a de quem precisa ser assistido e habilitando-a a cumprir melhor sua missão.


Curiosamente, muitos pareceres desfavoráveis à organização como a temos e herdamos dirigem-se ao chamado “grande número de novas instâncias” e “multiplicação de associações e uniões”. Na verdade o clamor deveria ser ao contrário: por mais uniões e campos menores, mais próximos e enxutos como no princípio de nossa história denominacional. Assim, as queixas recentes vêm exigindo, pelo ângulo deste trabalho,  ações que agravam em lugar de solucionar do problema.


Possivelmente as vastas extensões territoriais e o grande número de membros, igrejas, pastores e instituições, além de serviços diversos com os quais os campos devem lidar é que tornam necessário e estimulam o estabelecimento de sedes maiores e mais pesadas administrativamente. 


Finalmente, nessa questão do “tamanho” e número de campos, é que eles, ao contrário do que se tem alegado, não se multiplicaram na mesma proporção que aumentaram as igrejas e membros e, por conseguinte, não estão esvaziados de serviço e trabalho.


Deve-se lembrar, que a estrutura da igreja é um todo, do qual fazemos parte, e nesse todo, cada indivíduo é merecedor dos créditos e deméritos em suas ações. Às vezes alguém pode ser tentado a dar-se apenas os créditos e à “organização” os deméritos. Só há um que merece apenas os créditos: Jesus, o Senhor da Igreja. 


NOTAS


O termo “campo” estará sendo usado neste trabalho no sentido de uma unidade administrativa da igreja com jurisdição sobre determinada área geográfica e que opera num determinado nível como as missões, associações, uniões e associação geral. As divisões não estão sendo consideradas como nível administrativa por serem extensões da associação geral.


Este artigo foi escrito em 1999 e por essa razão os dados estatísticos se estendem àquele ano.


WHITE, Ellen G. Testemunhos Seletos. Vol. 2. Santo André, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1954, 372, 373. Veja também WHITE, Ellen G. Obreiros Evangélicos. 4ª ed. Santo André, SP, Casa Publicadora Brasileira, 1969. 487.


WHITE, Arthur L., The Early Elmshaven Years. 71. Apesar das experiências na Europa e Austrália, desde 1863 até 1901 apenas dois níveis administrativos eram reconhecidos: o de associação local e Associação Geral.


Todos os dados seguintes referentes à estrutura denominacional, salvo quando indicados, são do World Statistical Report of Seventh-Day Adventist of General Conference 1999 (doravante World Statistical Report).


WHITE, Arthur L. The Early Elmshaven Years, 86. (grifo suprido).

  

General Conference of S D A. Seventh-Day Adventist Year Book 1999 (Year Book). Hagerstown, MD, Review and Herald Publishing Association, 1999. 266, 269-270.


  WHITE, Arthur L. The Early Elmshaven Years, 71.

  WHITE, Arthur L. The Later Elmshaven Years, 14.

  WHITE, Arthur L. The Early Elmshaven Years, 71.

  WHITE, Arthur L. The Later Elmshaven Years, 193.


STREITHORST, Olga S. Léo Halliwell na Amazônia. Santo André, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1979, 156.


World Statistical Report, 68, 69.


Não estão incluídas as congregações ou igrejas não organizadas, o que elevaria, mais ainda a necessidade de novos campos.


O pensamento original do autor aqui mencionados encontra-se em KNIGTH, George R. “Adventist Congregationalism: Wake-up Call or Death Knell.” Adventist Review, Hagerstown, MD, Review and Herald Publishing Association, Jan. 1999.


Carta 4, 1901  (grifos supridos). Veja White, Obreiros Evangélicos, 489, 490.


WHITE, Ellen G. Mensagens Escolhidas. Vol.2, Santo André, SP, Casa Publicadora Brasileira, 1986, 390 (grifos supridos) 


Em 1853 dois pastores adventistas se apartaram da igreja e atraíram “vários ex-ministros e um bom número de membros” para, entre outras coisas,  “derribar a tirania estabelecida pela igreja” e promover “as virtudes do sistema congregacional que concede à igreja local autonomia plena e final”. 


Para atingir seus objetivos “iniciaram a publicação de um periódico” que, apesar das esdrúxulas interpretações proféticas e calúnias contra a igreja ousou chamar-se “Messenger of Truth” (Mensageiro da Verdade). 


Tendo irrompido alternadamente em vários locais dissipou-se com a apostasia de seus líderes. Urias Smith à época, identificando o verdadeiro espírito por trás do disfarce de um zelo aparente, escreveu: “Mas que espécie de gozo pode alguém encontrar em uma causa cujas origens se encontram nos pantanais da revolta?.” OLIVEIRA, Enoch de. A Mão de Deus ao Leme. Santo André, SP, Casa Publicadora Brasileira, 1985, 118-120.


White, Obreiros Evangélicos, 487.