28 Da Igreja (John Wesley)

SERMOES DE WESLEY PDF


'Rogo-vos, pois, eu, o preso do Senhor, que andeis como é digno da vocação com que fostes chamados, com toda a humildade e mansidão, com longanimidade, suportando-vos uns aos outros em amor; procurando guardar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz. Um só Senhor, uma só fé, um só batismo; um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, e por todos e em todos vós'. (Efésios 4:1-6)


I. Qual é necessariamente a Igreja de Deus? Qual é o verdadeiro significado deste termo? 


II. O que significa, 'Caminhem, merecedores da vocação a que vocês foram chamados?'. 


1. Quase continuamente, nós ouvimos falar sobre a Igreja! Para muitos, ela é matéria de conversa diária. Mas, ainda assim, quão poucos entendem sobre o que eles estão falando! Quão poucos sabem o que o termo significa! Uma palavra mais ambígua do que Igreja, dificilmente é encontrada na língua Inglesa. Algumas vezes, ela abrange a construção, separada para a adoração pública: outras, a congregação, ou o corpo de pessoas, unidas no serviço de Deus. -- Apenas o último sentido será considerado no discurso a seguir.


2. Ela pode abranger, indiferentemente, qualquer número de pessoas; por menor ou maior que seja. Como, 'quando dois ou três se reúnem em Seu nome', Cristo lá está; então, (para falar como Cipriano) 'onde duas ou três crentes se reúnem, lá está a Igreja'. Assim, é que Paulo, escrevendo aos Filipenses, menciona 'a Igreja que está em sua casa'; plenamente significando que, mesmo uma família cristã pode ser denominada uma Igreja.   


3. Diversos desses a quem Deus separou do mundo, (assim, a palavra original, propriamente, significa), unindo-se, em uma congregação, formaram uma Igreja maior; como a Igreja em Jerusalém; ou seja, todos esses em Jerusalém, aos quais Deus tinha, então, chamado. Mas considerando quão prontamente estes se multiplicaram, depois do dia de Pentecostes, não se pode supor que eles continuassem a se reunir, em um só lugar; especialmente, porque eles não tinham, até então, lugar algum maior, nem seria permitido construírem algum. Em conseqüência disto, eles devem ter se dividido, mesmo em Jerusalém, em diversas congregações distintas. 


De igual maneira, quando Paulo, diversos anos depois, escreveu para a Igreja em Roma, (endereçando sua carta, 'A todos que estão em Roma, chamados para serem santos'), não se pode supor que eles teriam algum edifício capaz de contê-los a todos; mas que eles foram divididos em diversas congregações, reunindo-se em diversas partes da cidade.   


4. A primeira vez que o Apóstolo usou a palavra Igreja, está em seu prefácio para as primeiras Epístolas aos Corintios: 'Paulo, chamado para ser um Apóstolo de Jesus Cristo, junto à Igreja de Deus que está em Corinto'. O significado desta expressão é fixado pelas palavras seguintes: 'A eles que são santificados em Jesus Cristo; com todos os outros, em todas as partes', (não Corinto apenas; assim sendo, ela foi uma espécie de carta circular) 'chamados junto ao nome de Jesus Cristo, nosso Senhor, deles e nosso'. 


Na inscrição de sua segunda carta para os Corintos, ele fala ainda mais explicitamente: 'Junto à Igreja de Deus que está em Corinto, com todos os santos que estão em toda Acaia'. Aqui ele inclui plenamente todas as Igrejas, ou congregações cristãs, que estavam em toda província. 


5. Ele freqüentemente usa a palavra no plural. Assim, em (Gálatas 1:2) 'E todos os irmãos que estão comigo, junto às igrejas da Galácia'; ou seja, as congregações cristãs - dispersas, por toda aquela região. Em todos esses lugares, (e abundantemente mais poderia ser citado), a palavra Igreja, ou Igrejas, não significam os edifícios, onde os cristãos se reuniram (como freqüentemente significa na língua Inglesa), mas as pessoas que usavam se reunir lá; uma ou mais congregações cristãs. Mas, algumas vezes, a palavra Igreja é tomada nas Escrituras, em um significado ainda mais extenso, incluindo todas as congregações cristãs que estão sobre a face da terra.  E, neste sentido, nós entendemos, em nossa Liturgia, quando dizemos: 'Vamos orar por todo o estado da Igreja de Cristo, militante aqui na terra'. Neste sentido, é inquestionavelmente tomado por Paulo, em sua exortação aos anciãos de Efésios: (Atos 20:28) 'Olhai, pois, por vós, e por todo o rebanho sobre que o Espírito Santo vos constituiu bispos, para apascentardes a igreja de Deus, que ele resgatou com seu próprio sangue'. A Igreja aqui, indubitavelmente, significa a Igreja católica ou universal; ou seja, todos os cristãos debaixo do céu. 


6. Quais desses são propriamente ‘a Igreja de Deus’, o Apóstolo mostra amplamente, e isto da maneira mais clara e mais decisiva, na passagem acima citada; por meio da qual, ele igualmente instrui todos os membros da Igreja, a como ‘caminharem merecedores da vocação, por meio da qual eles foram chamados’. 


I


1. Vamos considerar, Primeiro: o que é propriamente a Igreja de Deus? Qual é o verdadeiro significado deste termo? 'A Igreja em Efésios', como o próprio Apóstolo explica, 'os santos', as pessoas santas, 'que estão em Efésios', e lá se reúnem para adorar a Deus, o Pai, e seu Filho, Jesus Cristo; quer tenham feito isto, em um, ou (como nós podemos provavelmente supor) em diversos lugares. Mas é a Igreja, em geral, a Igreja católica, ou universal, que o Apóstolo aqui considera como um corpo: Compreendendo, não apenas os cristãos na casa de Filemon, ou qualquer família; não apenas os cristãos de uma congregação, de uma cidade, de uma província, ou nação; mas todas as pessoas sobre a face da terra, que respondem ao caráter dado aqui. As diversas particularidades, contidas nisto, podemos agora mais distintamente considerar:


2. 'Existe um só Espírito', que anima todas essas; todos os membros existentes na Igreja de Deus. Alguns entendem, por meio disto, o próprio Espírito Santo, a Fonte de toda vida espiritual; e é certo que, 'se algum homem não tem o Espírito de Cristo, ele é nada Dele'. Outros entendem que isto se trata dos dons espirituais e disposições santas que serão mais tarde mencionadas.


3. 'Existe', em todos estes que têm recebido este Espírito, 'uma esperança'; a esperança completa da imortalidade. Eles sabem que morrer não é estar perdido: O panorama deles se estende além da sepultura. Eles podem alegremente dizer: 'Abençoado seja Deus, e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que, de acordo com sua misericórdia abundante, tem nos recriado, para uma esperança viva, através da ressurreição de Jesus Cristo, dos mortos, para uma herança incorruptível, inviolável e que não desaparece'.  


4. 'Existe um só Senhor', que tem agora domínio sobre eles, que tem fixado seu reino em seus corações, e reinado sobre todos esses que são parceiros dessa esperança. Obedecer a ele, e seguir seus mandamentos, é a glória e alegria deles. E, enquanto eles estão fazendo isto, com a mente disposta, eles, por assim dizer, 'se sentam nos lugares celestiais com Jesus Cristo'. 


5. 'Existe uma só fé'; que é o dom livre de Deus, e é o alicerce da esperança deles. Isto não é meramente a fé de um ateu; ou seja, crer que 'existe um Deus', e que ele é gracioso e justo, e, conseqüentemente, 'quem recompensa aquele que diligentemente o busca'. Nem é meramente a fé de um demônio; embora este vá muito além do que o primeiro. Porque os diabos acreditam, e não podem deixar de acreditar que tudo que está escrito no Velho e Novo Testamento seja verdadeiro. Mas é a fé de Thomas, ensinando a ele a dizer com coragem santa: 'Meu Senhor, e meu Deus!'. É a fé que capacita todo cristão verdadeiro a testificar com Paulo: 'A vida que eu agora vivo, eu vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e deu a si mesmo por mim'.  


6. 'Existe um só batismo'; que é o sinal exterior, de toda aquela graça interior e espiritual, que nosso único Senhor tem se agradado de indicar, e que ele está continuamente conferindo sobre sua Igreja. É igualmente um meio precioso, pelo qual esta fé e esperança são dadas para aqueles que diligentemente o buscam. Alguns, de fato, têm se inclinado a interpretar isto, em um sentido figurado; como se ele se referisse àquele batismo do Espírito Santo, que os Apóstolos receberam, no dia de Pentecostes, e que, em um grau menor, é dado a todos os crentes: mas é uma regra imutável, ao se interpretar as Escrituras, nunca se separar do sentido claro e literal, a menos que ele implique em absurdo. E além disto, se nós assim entendemos isto, seria uma repetição desnecessária, já que está incluído em 'existe um único Espírito'.    


7. 'Existe um único Deus e Pai de todos' que têm o Espírito de adoção, que 'clamam em seus corações, Aba, Pai', que 'testemunha' continuamente 'com os espíritos deles', que eles são filhos de Deus: 'Que está acima de tudo', -- o Altíssimo, o Criador, o Sustentador, o Governador de todo o universo: 'E através de tudo', -- penetrando todo o espaço, preenchendo céus e terra:


"Totam mens agitans molem, et magno se corpore miscens": --


[A seguir está a tradução de Whaton desta citação de Virgilio: 'A alma, em geral, vive nas partes, e se agita no todo'. - Editor]


'E em todos vocês, -- de uma maneira peculiar, como um só corpo, através de um só espírito: fazendo das suas almas Sua habitação amada. Os templos do Deus que lá habita.


8. Aqui, então, está uma resposta clara e inquestionável para esta pergunta: 'O que é a Igreja?'. A Igreja católica ou universal significa todas as pessoas no universo, às quais Deus tem separado do mundo, como tendo 'um só corpo', unido a 'um só espírito'; tendo 'uma só fé, uma só esperança, um só batismo; um só Deus e Pai de todos, que está acima de tudo, e através de tudo, e em todos eles'. 

9. A parte deste grande corpo da Igreja universal, que habita algum reino ou nação, nós podemos propriamente denominar de uma Igreja Nacional; como é o caso da Igreja da França; da Igreja da Inglaterra; da Igreja da Escócia. A menor parte da Igreja universal seria os cristãos que habitam uma metrópole ou cidade; como os da Igreja de Efésio, e os do restante das sete Igrejas mencionadas no Apocalipse. No sentido mais estreito da palavra, dois ou três crentes cristãos unidos são uma Igreja. Tal como foi a Igreja, na casa de Filemon, e aquela, na casa de Ninfa, mencionadas em (Colossenses 4:15) 'Saudai aos irmãos que estão em Laodicéia e a Ninfa e à igreja que está em sua casa'. Uma Igreja particular pode, portanto, consistir de algum número de membros, quer duas ou três pessoas, ou dois ou três milhões. Mas, ainda assim, quer ele seja maior ou menor, a mesma idéia deverá ser preservada. Eles são um só corpo, e têm um só Espírito, um só Senhor, uma só esperança, uma só fé, um só batismo, e um só Deus e Pai de todos.    


10. Este relato é exatamente concordante com o nono Artigo de nossa Igreja, a Igreja da Inglaterra: (Apenas o Artigo incluiu um pouco menos do que o Apóstolo tem expressado):


DA IGREJA 


'A Igreja visível de Cristo é uma congregação de homens fieis, aos quais a palavra pura de Deus é pregada, e os sacramentos são propriamente administrados'.


Pode ser observado que, ao mesmo tempo, nossos trinta e nove artigos foram compilados e publicados; uma tradução em Latim deles foi publicada pela mesma autoridade. Neles, as palavras eram "coetus credentium"; "uma congregação de crentes"; plenamente mostrando que, através de homens fiéis, os compiladores significaram homens dotados de uma fé viva. Isto traz o Artigo para uma concordância mais próxima ao relato dado pelo Apóstolo.  


Mas, é possível duvidar-se, se o Artigo fala de uma Igreja particular, ou da Igreja universal. O título, "Da Igreja", parece fazer referência à Igreja católica; mas a segunda cláusula do Artigo menciona as Igrejas particulares de Jerusalém, Antioquia, Alexandria e Roma. Talvez, fosse pretendido tomar em ambos; assim, definir a Igreja universal, tendo em vista as diversas Igrejas particulares do qual ela é composta. 


11. Com assas coisas estando consideradas, fica fácil responder àquela questão: 'O que é a Igreja da Inglaterra?'.  Trata-se daquela parte; daqueles membros da Igreja Universal que são os habitantes da Inglaterra. A Igreja da Inglaterra é aquele corpo de homens na Inglaterra, no qual 'existe um só Espírito, uma só esperança, um só Senhor, uma só fé'; no qual existe 'um só batismo', e 'um só Deus e Pai de todos'. Isto, e apenas isto é a Igreja da Inglaterra, de acordo com a doutrina do Apóstolo.  


12. Mas a definição de uma Igreja, colocada no Artigo, inclui não apenas isto, mas muito mais, através daquela notável adição: 'em que a palavra pura de Deus é pregada, e os sacramentos são devidamente administrados'. De acordo com esta definição, essas congregações, nas quais a Palavra pura de Deus (uma forte expressão) não é pregada, elas não são partes, quer da Igreja da Inglaterra, quer da Igreja católica; nem são estas, nas quais os sacramentos não são propriamente administrados. 


13.  Eu não irei me incumbir de defender a exatidão desta definição. Eu não me atrevo a excluir, mesmo da Igreja católica, todas essas congregações, nas quais algumas doutrinas não bíblicas, que não se pode afirmar sejam 'a palavra pura de Deus', sejam, algumas vezes, ou freqüentemente pregadas; nem todas essas congregações, nas quais os sacramentos não são 'devidamente administrados'. Certamente, se essas coisas forem assim, a Igreja de Roma não poderia fazer parte da Igreja católica, uma vez que nela nem a 'palavra pura de Deus' é pregada; nem os sacramentos são 'propriamente administrados'. Quem quer que sejam eles, que tenham 'um só espírito, uma só esperança, um só Senhor, uma só fé, um só Deus e Pai de todos', eu posso facilmente testemunhar com eles, que abraçam opiniões errôneas; sim, e modos de adoração supersticiosos: Nem eu, diante desses relatos, teria ainda algum escrúpulo de incluí-los no seio da Igreja católica; nem faria qualquer objeção de recebê-los, se eles desejassem isto, como membros da Igreja da Inglaterra.  


II


Nós prosseguimos agora para o Segundo ponto. O que significa 'caminharmos, merecedores da vocação pela qual fomos chamados?'.


1. Deve se lembrar sempre que a palavra caminhar, na linguagem do Apóstolo, tem um significado muito mais extenso. Ela inclui todos os nossos movimentos interiores e exteriores; todos os nossos pensamentos; e palavras, e ações. Ela é tomada, não apenas em tudo que fazemos, mas em tudo que falamos ou pensamos. Por conseguinte, não se trata de uma coisa pequena: 'caminhar', neste sentindo da palavra, 'merecedores da vocação, pela qual fomos chamados'; é pensar, falar, e agir, em toda instância, da maneira merecedora de nosso chamado cristão. 


2. Nós somos chamados para caminhar, Primeiro, 'com toda humildade': termos aquela mente, que havia também em Jesus Cristo; não pensarmos em nós mesmos mais altamente do que devemos pensar; sermos pequenos, pobres, insignificantes, e vis aos nossos olhos; conhecermos a nós mesmos, como também somos conhecidos por Ele a quem nossos corações estão abertos; estarmos profundamente conscientes de nosso desmerecimento, da corrupção universal de nossa natureza (na qual não habitam coisas boas) – propensa a todo mal; avessa a todo bem; de tal maneira, que nós não estamos apenas doentes, mas mortos, nas transgressões e pecados, até que Deus sopre junto aos ossos secos, e crie vida dos frutos de seus lábios. E suponha que isto seja feito, -- suponha que Ele agora tenha nos estimulado, infundindo vida em nossas almas mortas; ainda assim, quanto da mente carnal permanece! Quão prontamente nosso coração ainda está de se afastar do Deus vivo! Que inclinação para pecar permanece em nossos corações, embora saibamos que nossos pecados passados foram perdoados!


E quanto pecado, a despeito de todos os nossos esforços, penetra tanto nossas palavras quanto ações! Quem pode ser propriamente consciente de quanto pecado permanece em si mesmo, de sua inimizade natural para com Deus, ou quão longe ele ainda está alienado de Deus, pela ignorância que está nele?


3. Sim, suponha que Deus agora limpou totalmente nossos corações e dissipou os últimos pecados remanescentes; ainda assim, como nós podemos estar conscientes o suficiente de nossa impotência, nossa extrema incapacidade para todo o bem, exceto que sejamos a cada hora; sim, a cada momento, dotados do poder do alto? Quem é capaz de ter um pensamento bom, ou formar um bom desejo, a menos que seja pelo poder do Altíssimo, que é operado em nós, ambos para desejar e fazer o que é do seu bom prazer? Nós necessitamos, mesmo neste estado da graça, sermos totalmente e continuamente penetrados, com o sentido disto. Do contrário, estaremos em perigo perpétuo de roubar de Deus sua honra, glorificando, em tudo que temos recebido, como se não o tivéssemos. 


4. Quando o mais profundo de nossas almas é impregnado totalmente, permanece que 'somos revestidos com a humildade'. (I Pedro 5:5) 'Semelhantemente vós jovens, sede sujeitos aos anciãos; e sede todos sujeitos uns aos outros, e revesti-vos de humildade, porque Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes'. A palavra usada por Pedro parece implicar que nós somos cobertos por ela interiormente; que nós somos toda a humildade, dentro e fora; impregnando tudo o que pensamos, falamos e fazemos. Que nossas ações brotem desta fonte; que nossas palavras respirem deste espírito; que todos os homens possam saber que temos sido com Jesus, temos aprendido dele a sermos mansos de coração. 


5. E sendo ensinados por Ele, que foi manso e humilde no coração, sejamos, então, capacitados a 'caminhamos com toda mansidão'; sendo ensinados por Ele, que nos ensinou como nunca antes um homem o fizera, a sermos mansos, e humildes no coração. Isto implica, não apenas um poder sobre a ira, mas sobre toda paixão violenta e turbulenta. Isto implica em termos todas as nossas paixões, na proporção devida; nenhuma delas tão forte, ou tão fraca; mas todas devidamente balanceadas, umas com as outras; todas subordinadas à razão; e a razão, direcionada pelo Espírito Santo de Deus. Que esta equanimidade governe todas as suas almas; que seus pensamentos possam fluir na mesma correnteza, e o teor uniforme, de suas palavras e ações, seja ajustado nisto. Nisto 'a perseverança' irá, então, 'possuir suas almas'; que não serão nossas, enquanto formos sacudidos pelas paixões obstinadas. E, através disto, todos os homens podem saber que somos, realmente, seguidores do manso e humilde, Jesus. 


6. Caminharmos com toda 'longanimidade'. Esta está proximamente relacionada à mansidão, mas implica alguma coisa mais. Ela continua a vitória já obtida sobre todas as suas paixões turbulentas; não obstante todos os poderes da escuridão; todos os assaltos dos homens diabólicos ou espíritos maus. Ela está pacientemente triunfante sobre toda oposição, e inabalável, embora todas as ondulações e tormentas passem por nós. Embora, tão freqüentemente desafiada, ela ainda é a mesma, -- inabalável e inflexível; não sendo 'dominada pelo mal', mas superando o mal com o bem. 


7. O 'sermos indulgentes uns aos outros no amor' parece significar, não apenas não nos ressentirmos com alguma coisa, e não nos vingarmos; não apenas, não sermos injustos, magoarmos, ou afligirmos uns aos outros, seja por palavra ou feito; mas também, suportarmos reciprocamente os fardos; sim, e amenizando-os, por todos os meios em nosso poder. Isto implica solidarizarmo-nos com eles, em suas tristezas, aflições, e enfermidades; mantendo-os firmes, o que, sem nossa ajuda, eles seriam capazes de sucumbir, por meio deles. E esforçando-nos para erguermos suas cabeças caídas, e fortalecendo seus joelhos fracos. 


8. Por fim: os verdadeiros membros da Igreja de Cristo 'esforçam-se', com toda a diligência possível, com todo cuidado e dores, com paciência incansável, (e pouco será necessário) para 'mantermos a unidade do Espírito nos limites da paz'; para preservarmos inviolado o mesmo espírito de humildade e mansidão, de longanimidade, de clemência e amor mútuos; e todos esses cimentados e unidos, através daquele vínculo sagrado – a paz de Deus preenchendo o coração. Assim, tão somente, podemos ser, e continuarmos membros vivos daquela Igreja que é o corpo de Cristo. 


9. Não aparece claramente, de todo esse relato, o porquê que no Credo ancião, comumente chamado de Credo dos Apóstolos, nós denominamos a Igreja Universal ou Igreja Católica, -- 'a Igreja Católica santa?'. Quantas razões maravilhosas têm sido encontradas para dar a ela esse título! Um homem ilustrado nos informa: 'A Igreja é chamada santa, porque Cristo, o Chefe dela, é santo'. Um outro autor eminente afirma: 'Ela é assim chamada, porque todas as suas ordenanças são designadas para promover a santidade': e, outro ainda: 'porque nosso Senhor pretendeu que todos os membros da Igreja pudessem ser santos'. Mais do que isto, a razão mais simples, e clara, que pode ser dada, e a única verdadeira é: 'A Igreja é chamada santa, porque ela é santa, porque todo membro dela é santo, embora que em diferentes níveis, como Ele que os chamou é santo. Quão claro é isto! Se a Igreja, assim como para toda a essência dela, é um corpo de crentes, nenhum homem que seja um crente cristão pode ser um membro dela. 


Quão claro isto é! Se a Igreja, assim como toda a essência dela, é um corpo de crentes, nenhum homem que não seja um crente cristão pode ser um membro dela. Se todo esse corpo for animado por um espírito, e dotado de uma só fé, e uma só esperança de seu chamado; então, ele que não tem aquele espírito, aquela fé, e esperança, não é membro deste corpo. Segue-se que, não apenas o praguejador comum, o que não respeita o Sabbah, o bêbado, o devasso, o ladrão, o mentiroso, nenhum desses que vivem em pecado exterior, mas, ninguém que tiver debaixo do poder da ira, do orgulho, do amor ao mundo, em uma palavra, ninguém que esteja morto para Deus pode ser um membro da sua Igreja.  


10. Pode alguma coisa, então, ser mais absurda do que os homens clamarem, 'A Igreja! A Igreja!' E fingirem ser muito zelosos por ela, e violentos defensores dela, enquanto eles mesmos têm nem parte, nem porção nela; nem realmente sabem o que é a Igreja? E, ainda assim, a mão de Deus está na mesma coisa! Mesmo aí, sua maravilhosa sabedoria aparece, direcionando o erro deles, para sua própria glória, e fazendo com que a 'terra ajude a mulher'. (Apocalipse 12:16) 'E a terra ajudou a mulher; e a terra abriu a sua boca, e tragou o rio que o dragão lançara da sua boca'. Imaginando que eles são membros dela, os homens do mundo freqüentemente defendem a Igreja: Do contrário, os lobos que circundam o pequeno rebanho, de todos os lados, os fariam em pedaços, em pouco tempo. E, por esta mesma razão, não é sábio provocá-los, mais do que seja inevitável. Mesmo neste terreno, vamos, se for possível, tanto quanto nos compete, 'vivermos pacificamente com todos os homens'. Especialmente, porque nós não conhecemos, quão logo, Deus pode chamá-los também para fora do reino de satanás, e para dentro do reino de seu querido Filho.


11. Neste meio tempo, permitam que todos esses que são membros verdadeiros da Igreja, vejam que eles caminhem, santos e impecáveis, em todas as coisas. 'Vocês são a luz do mundo!'. Vocês são 'uma cidade situada numa colina', e 'não podem ficar ocultos'. 'Deixem que a luz de vocês brilhe diante dos homens!'. Mostrem a eles sua fé, através de suas obras. Permitam que eles vejam, pelo teor da conversa de vocês, que a esperança de vocês está nas coisas acima! Permita que todas as suas palavras e ações evidenciem o espírito, por meio da qual elas são avivadas! Acima de todas as coisas, que o amor de vocês abunde. Que ele se estenda a todos os filhos dos homens: Que ele inunde todo filho de Deus. Por meio disto, permita que todos os homens saibam de quem eles são discípulos, porque vocês 'amam uns aos outros'. 


[Editado por Keanan Williams, estudante da Northwest Nazarene College (Nampa, ID), com correções por George Lyons para a Wesley Center for Applied Theology.] 


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