INTRODUÇÃO - Subtilezas do Erro

SUBTILEZAS DO ERRO

 

TALVEZ nenhum movimento religioso no mundo tenha sido alvo de ataques ferinos e descaridosos como os adventistas do sétimo dia. E isto sem dúvida em cumprimento de Apoc. 12:17: "Irou-se o dragão*  contra a mulher e foi pelejar com os restantes da sua descendência, os que guardam os mandamentos de Deus e sustentam o testemunho de Jesus." 

Muitos libelos foram articulados contra a mensagem, mas apesar disto Deus trabalha em favor de Seu povo que, ileso através da avalanche de diatribes que lhe são assacadas, marcha triunfalmente no cumprimento de Sua missão. Os "argumentos" que visam a combater a lei divina, por mais insistentes e reeditadas que sejam, jamais conseguirão seus objetivos nem impressionarão os que são de Deus e buscam mais luz. É contrafeitos que nos vemos empenhadas nesta inglória tarefa de responder a acusações cediças, caducas, superadas e desmoralizadas, sempre envoltas no odium theologicum visando a depreciar os adventistas, as doutrinas bíblicas que sustentam, e afastar deles as almas indagadoras da verdade. 

A nascente das acusações é, indefectivelmente, o livro de D. M. Canright, trânsfuga do adventismo e figura contraditória que se esvaiu na passado: O Seventh-Day Adventist Renounced. A muitos parecia aquela obra uma fortaleza inexpugnável. Foi reeditada e proclamada irrespondível, Com o correr do tempo, porém, reduziu-se às verdadeiras proporções, as dimensões anãs das coisas inautênticas, como "ruínas lôbregas e mofadas de um castelo medieval de S. Domingos." 

O mesmo vai ocorrer com seu caudatário brasileiro O Sabatismo à Luz da Palavra de Deus que, bem pesado e medido, é quase um plágio da obra de Canright, e não tem o valor que lhe atribuem, apesar de reeditado. É anódino, incongruente, inverídico, cheio de malabarismos exegéticos. 

Apraz-nos assinalar que os evangélicos norte-americanos, de modo geral, desarmaram o espírito em relação aos adventistas do sétimo dia. Percebendo a inocuidade dos ataques contra eles, reconhecendo a boa cepa moral e espiritual dos membros da igreja da profecia, e, sobretudo, não podendo negar seu progresso impressionante na disseminação do Evangelho Eterno, decidiram ensarilhar as armas e examinar, com isenção de ânimo, os fundamentos doutrinários dos crentes em Cristo que guardam os mandamentos de Deus. 

Como resultado imediato, observou-se completa mudança de atitude em relação a nós! Não mais repetiram os surrados e desmoralizantes chavões com que nos averbam (judaizantes, sabatistas, hereges, etc.), e concluíram por proclamar o fundamento cristão da nossa doutrina, num diálogo amistoso e cordial. 

A revista Eternity, não faz muito, designou um redator membro da igreja batista para realizar uma pesquisa imparcial e profunda na mensagem dos adventistas do sétimo dia. Eis o resultado e seu pronunciamento insuspeito exarado no número de outubro de 1956, pág. 38 da citada revista Eternity: 

Este redator leu todas as publicações anti-adventistas publicadas nos últimos 57 anos arroladas no catálogo da Biblioteca do Congresso e da Biblioteca Pública de Nova York. Menos de 20 por cento daquelas obras são atuais ou contêm a exata posição dos adventistas do sétimo dia como é pregada e publicada nos meios adventistas contemporâneos. 

"Minha pesquisa resultou em descobrir o fato de que não somente muitas citações inverídicas relativas às primeiras publicações adventistas foram expurgadas das atuais publicações, mas que muitos dos críticos do adventismo do sétimo dia faziam uso constante e condenado pela ética, do processo chamado 'elipse' – ou mutilação de parte da frase, e às vezes de parágrafos inteiros entre dois períodos – a fim de forjarem a acusação de que os adventistas sustentam idéias que, em verdade, rejeitam com veemência." 

Como é confortador um parágrafo como este! A verdade é que todo ataque à nossa mensagem vem eivado desse vício: deturpar afirmações nossas, quer citando-as pela metade, quer insolando-as da contexto para forçarem um sentido oposto. Canright em sua apostasia usou e abusou desse processo escuso. Em sua obra, já caduca, "Adventismo do 7°. Dia Renunciado" há uma infinidade de "elipses" desta espécie. Principalmente nas citas da Sra. White relativas ao fechamento da porta da graça, da guerra civil americana, e da reforma da vestuário, além de outras. Ainda recentemente um escritor de certa denominação citou uma frase isolada, deturpando-a para tentar provar que a Sra. White afirmara que Cristo possuía uma natureza corrompida!!! A que ponto chega a paixão cega! 

Volvendo à revista Eternity, no mesmo número de novembro de1956, conclui o pesquisador: 

"Este redator de modo algum é adventista do sétimo dia, e tampouco – como batista que é – poderia sustentar as doutrinas distintivas dos adventistas. ... porém um estudo imparcial dos fatos, cobrindo um período de sete anos, entrevistas com lideres da igreja adventista, e sobretudo através de conhecimentos de uma infinidade de publicações adventistas e contra eles, conduziu-me como pesquisador a crer que um reexame da crença do adventismo do sétimo dia é necessidade imperiosa nos círculos evangélicos ortodoxos dos nossos dias." 

Aí está a justiça que nos é feita. Ai está o que os evangélicos honestos deviam ter feito há muito tempo: um reexame criterioso e imparcial da mensagem adventista, da sua história, das suas publicações, da sua obra. Por certo nunca mais escreveriam inverdades contra nós. Por certo não nos veriam mais através das lentes embaciadas do renegado Canright. 

O pastor Walter Martin, polemista e escritor batista norte-americano, escrevera, no passado, muita inverdade (por má informação) contra os adventistas do sétimo dia. Após investigação honesta sobre a exata posição doutrinaria dos cristãos que guardam os mandamentos de Deus, publicou recentemente um livro de grande repercussão nos meios evangélicos, intitulado The Truth About Seventh-Day Adventism (A Verdade a Respeito da Adventismo do Sétimo Dia), em que se penitencia de muitos exageros e incorreções em que incidira em relação a nós. Embora discordando de pontos doutrinários que sustentamos, desculpou-se das invencionices e acusações gratuitas, deixou Canright à margem e faz-nos justiça, chegando à conclusão irreversível: os adventistas são cristãos genuínos, crentes em Cristo, salvos pela fé. 

Tem sido quase radical a mudança de atitude do mundo evangélico para com os adventistas. Falando, há algum tempo, na emissora radiofônica de prefixo KBT, o pastor da Tenth Avenue Baptist Church (Nova York), assim se expressou: 

"Os adventistas do sétimo dia são membros dignos e recomendáveis da comunidade. Suas pequenas igrejas estão espalhadas entre colinas e vales. Seus hospitais realizam excelentes ministrações aos doentes. São bons vizinhos, bons camaradas e bons cidadãos. Eles têm dado ao mundo a ministério da cura. Têm-se apresentado, não como fanáticos ou teóricos, mas como empíricos, adotando as mais lídimas descobertas da ciência médica e cirúrgica, imprimindo em tudo o doce espírito de Jesus de Nazaré. Estes são os homens que infatigavelmente seguem as pegadas dAquele que veio fazer o bem. Em todos as casos têm-se esforçado para combinarem a cura do corpo com a da alma. Deus os abençoa. 

"Ser adventista do sétimo dia é conhecer de novo a significado da cruz. Possuem fundos suficientes para executar o trabalho do Mestre. Por quê? Porque cada membro obedece à lei do dízimo. Suas igrejas estão repletas de adoradores, porque insistem na lealdade ao Senhor. Para o adventista do sétimo dia, a paz de Cristo e não a loucura dos prazeres pecaminosos, é a grande busca da alma. Vós não os encontrareis nas profanas casas de espetácu1os. Suas mulheres não são vistas com a postura mundana, nem exibindo nudismo. Seus homens e mulheres são encontrados nos lugares onde as orações costumam ser feitas. Este povo aguarda a vinda de Jesus, O estão esperando, e quando o Mestre vier, Ele os encontrará onde os cristãos devem estar." 

Tão impressionante é a influência adventista no mundo hodierno que a uma das grandes editoras mundiais, a McGraw-Hill Book Company, Inc. incumbiu a grande jornalista e escritor Booton Herndon (notemos que tanto a editora quanto o escritor não têm nenhuma vinculação com os adventistas) de escrever um livro sobre a obra que os adventistas do sétimo dia realizam no mundo. Assim surgiu o livro The 7th-Day, já em 6.ª edição, e vertido para a castelhano e logo o será em outras línguas. Nele se retrata com justeza o que os adventistas realizam no mundo para a felicidade do gênero humano. 

O preconceito cego, contudo, não vê estas coisas, e insiste na obra que visa minimizar esse povo. Continua sendo o "povo incompreendido" no dizer do escritor Herndon. Incompreendido, atacado e injuriado pelos que se dizem cristãos. Quase ninguém se detém a investigar a VERDADE acerca dos ASD, mas, quando o fazem sinceramente, mudam de opinião sabre eles. 

O apóstata Canright, patrono e co-autor de O Adventismo à Luz da Palavra de Deus, ainda em 1899 "profetizou" a próxima extinção do movimento adventista. Falando dos esforços dos adventistas para ampliarem e manterem sua obra, escreveu: "É quase certo que por muito tempo não poderão manter esse trabalho sem que sobrevenha o colapso total." Ora, Deus não Se deixa escarnecer, e prosperou grandemente o trabalho dos que "guardam os mandamentos de Deus e a fé de Jesus" Apoc. 14:12.  

Todo ataque à lei de Deus tem por base o anominianismo, ou seja uma posição teológica definida que sustenta a tese de que Cristo aboliu a lei de Deus. Dentro desse esquema pré-fabricado, a imutável lei moral divina, contida nos Dez Mandamentos – transcrito do caráter de Deus – é reduzida a trapos, de cambulhada com preceitos cerimoniais e civis do povo judaico, que eram transitórios. 

Outro background teológico que favorece o anominianismo é o dispensacionalismo que divide radicalmente a economia divina em dois compartimentos estanques: dispensação judaica ou da lei, e dispensação cristã ou da graça. Fruto desses dois erros rançosos é o livro que vamos analisar. 

O autor mostra-se veemente e contraditório em tentar derribar o sábado divino, mas não tem convicção quanto ao dia de guarda, e não defende ardorosamente a domingo. 


Citemos algumas de suas estranhas expressões, colhidas aqui e ali nos capítulos VI e VII: 

"... qualquer dia daria o mesmo resultado tão bem como o dá o sábado... Pode-se mudar este dia para um outro ..." 

"A única coisa que faz caso é que um dia das sete seja guardado." 

"Sábado, domingo ou qualquer outro dia." 

"Não há nenhum mandamento que mande observar... o domingo no Novo Testamento " 

"Guardamos o domingo... porque o mundo em geral guarda este dia." 

"O domingo não é uma substituição do sábado judaico." 


A conclusão é que vemos um demolidor sem capacidade de construir; combatendo um dia de guarda instituído por Deus, mas não tendo convicção alguma para defender o Domingo!!! 


O grande evangelista Billy Graham, batista, disse há pouco em Miami Beach: "Devemos viver todos os dias santamente ao Senhor. Mas penso que os adventistas têm um ponto forte para a aceitação do sábado." (Entrevista com Pauline Goddard, em O Colportor Eficiente de janeiro de 1964, pág. 2). 

Teólogos, escritores e ministros batistas de projeção defendem a vigência da lei de Deus contida no Decálogo, e eles serão exaustivamente citados neste trabalho: Strong, S. Ginsburg, W. Taylor, Spurgeon, Broadus, B. Graham e outros. Isto prova que a autor de O Adventismo à Luz da Palavra de Deus se guiou por uma bússola desacertada, louvando-se nas informações inverídicas, nos raciocínios capciosos e na hermenêutica vesga de Canright, e de tal modo se desacertou, que acabou indo de encontro à ortodoxia doutrinária da própria denominação, ou seja, o fundamentalismo batista, como se define na Declaração de Fé de New Hampshire, no Manual das Igrejas, no teor dos sermões de Spurgeon, Hiscox e outros. 


São os Apóstatas Dignos de Crédito?


O nosso oponente superestima as acusações forjadas por Canright, pelo fato de ter sido ele um pregador adventista por muitos anos. Se as palavras e atitudes dos abjurantes têm peso no terreno doutrinário, então a coisa é séria! Judas Iscariotes fora um dos doze até quase no fim do ministério do Senhor, mas acabou fora do redil. Quanta coisa teria ele dito aos sacerdotes! A sua defecção do colégio apostólico serviria de argumento contra os ensinos de Jesus? Demas, companheiro de Paulo nas lides missionárias, abandonou-o também, no ocaso do ministério do apóstolo das gentes. É-nos dito que voltou para o mundo, o que indica que não mais cria na doutrina cristã. Seria curial apresentar Demas como argumento de que o ensino de Paulo era errado? 

Em todos os tempos e em todos os grupos houve renunciantes e desertores. Não há denominação que não tenha tido esses dissabores. A própria história luminosa do cristianismo é mareada pelas sombras de apostasias chocantes. 

O exemplo de Canright tem paralelo com o do pastor E. Fairfield, que foi pastor batista por mais de 25 anos e acabou abandonando essa igreja, dando à publicidade um trabalho – vertido para o português sob o título "Cartas Sobre o Batismo" – no qual apresenta as razões de sua defecção. Nesses escritos ele abjura formalmente a sua crença no princípio fundamental e distintivo da igreja batista, defendendo posição contrária. E os aspersionistas de todos os quadrantes se servem, ainda hoje, desse trabalho para combater os batistas, insistindo que Fairfield devia saber o que dizia, pois que fora até lente de seminário batista, e exercera o ministério lá por mais de um quarto de século. .. 

No Brasil, há muitos anos um tal Prof. Luiz Lavenere, depois de ter estado perto de quarenta anos na denominação batista, abandonou-a para abraçar o catolicismo romano. E o pastor Severino Lira, conferencista fogoso, que também abandonou a denominação batista e abraçou o catolicismo, lá em Pernambuco? Persiste o argumento? 

Os verdadeiros motivos, só Deus conhece! A verdade não se afere pelo que afirmam homens volúveis, por mais cultos e considerados que sejam, mas pelo infalível: "Assim diz o Senhor." Esta é a norma. 

O livro O Adventismo à Luz da Palavra de Deus, confuso, contraditório e caviloso, está virtualmente condenado pelo consenso das almas esclarecidas e humildes que se rendem ante a inab-rogabilidade da lei divina; condenado pelo bom senso que percebe as manhas exegéticas para sustentar uma posição irrazoável sobre a santa lei do Senhor; condenado por teólogos (cito o pastor William Kerr, de saudosa memória, que me afirmou ser o livro uma aberração teológica, e o saudoso Prof. Otoniel Mota, de quem muito aprendi, fez idêntica observação a um amigo nosso.) Condenado – por incrível que pareça – por membros da própria igreja batista, como alguns me afiançaram; condenado pela posição fundamentalista e ortodoxa de vultos exponenciais da igreja batista que serão citados exaustivamente no texto desta obra; condenado pela sua inépcia (pois em 40 anos de existência o libelo não "converteu" mais de uma dúzia e mais quatro pretensos adventistas – é a informação que nos dá – enquanto nesse mesmo espaço de tempo centenas de batistas tornaram-se convictos adventistas do sétimo dia e alguns deles foram alçadas ao nosso ministério, destacando-se um como dos mais eficientes conferencistas da nossa igreja! Mas a tudo sobreleva o "Assim diz o Senhor." 

Aliás, seja dito de passagem, somos honrados com a amizade de muitos bons membros da denominação batista e de alguns de seus conspícuos pastores. E estes sabem que os adventistas do sétimo dia são cristãos fundamentalistas que se apegam unicamente nos méritos de Cristo para a salvação, sendo a própria fé um dom de Deus. E que tudo quanto o adventista fiei passa "fazer" (se assim nos podemos expressar), não ele quem faz mas Cristo que nele vive. Quem guarda a lei é Cristo que vive nele. Crê que o ato de obedecer aos reclamos divinos e andar nas boas obras são coisas que Deus realiza nele. "Senhor... todas as nossas obras Tu as fazes por nós." Isaías 26:12. 

O legalismo é uma aberração, é uma idéia equivocada, espúria, judaizante e "não tem parte neste ministério": o santo Evangelho de Cristo. 

Graças a Deus que é assim! 


* O dragão aí referido é o de Apoc. 12:9.