ELLEN WHITE E A BÍBLIA

2 DOUTRINAS IASD

 

43. A POSIÇÃO DA IGREJA ASD SOBRE ELLEN WHITE 


Qual a posição oficial da Igreja Adventista do Sétimo Dia com relação o Ellen White? 


A declaração sobre o Dom de Profecia, aprovada na sessão da Conferência Geral em Dallas, 1980, diz o seguinte: 


O Dom de Profecia 


"Um dos dons do Espírito Santo é o de profecia. Este dom é um sinal distintivo da igreja remanescente e foi manifestado no ministério de Ellen.G. White. Como a mensageira do Senhor, seus escritos são uma fonte de verdade duradoura e autorizada, que provê para a igreja conforto, guia, instrução e correção. Estes escritos também tornam claro que a Bíblia é o padrão pelo qual devem ser testados todo ensino e prática. (Joel 2:28, 29; Atos 2:14-21; Heb. 1:1-3; Apoc. 12:17; 19:10)" – Seventh-Day Adventist Yearbook, 1981, p. 7. 


44. "O TESTEMUNHO DE JESUS É O ESPÍRITO DE PROFECIA" 


O que significa o texto: "O testemunho de Jesus é o espírito de profecia" (Apoc, 19:10)? 


Em Apoc. 19:10 são citadas as palavras do anjo a João: "Sou... dos teus irmãos que mantêm o testemunho de Jesus". Esta frase é paralela a "Sou... dos teus irmãos, os profetas" em Apoc. 22: 9. 


Em outras palavras, aquele que tivesse o testemunho de Jesus possuía o dom profético. O termo "espírito de profecia", da forma como é usado em Apoc. 19:10, devia então aplicar-se a qualquer um que possuísse o dom profético, inclusive o anjo, João, e os irmãos de João. 


Os adventistas crêem que Ellen White possuía o "espírito de profecia", e comumente usam o termo como um título, aplicando-o aos escritos dela. No sentido bíblico mais estrito, contudo, a frase "espírito de profecia" aplica-se ao ministério e ensinos de todos os profetas, tanto antigos quanto modernos. 


Segundo Apoc. 12:17 a igreja remanescente deveria ter "o testemunho de Jesus Cristo". Esta frase, tanto no grego quanto no português, pode significar ou testemunho sobre Cristo ou testemunho de Cristo. Desde que todos os grupos de cristãos falam sobre Cristo, isto dificilmente poderia ser uma característica distintiva da verdadeira igreja de Deus nos últimos dias. 


Todavia, ter comunicações divinas de Cristo – um ressurgimento do dom profético – facilmente identificaria o verdadeiro remanescente de outros grupos religiosos. 


Os adventistas do sétimo dia afirmam que a frase "O testemunho de Jesus" em Apoc. 12:17 é uma referência ao dom de profecia da forma como é visto no ministério de Ellen G. White. Esta interpretação está em harmonia com o sentido da frase em Apoc. 1:2 e 1:9. 


45. PROFECIA – UM DOM RARO 


O que queria dizer o apóstolo Paulo quando disse que todos devíamos desejar a habilidade de profetizar (I Cor. 14:1, 5)? Todos podem se tornar profetas? 


Não. As palavras "profeta" e "profetizar" são aparentemente usadas em sentido bastante amplo em certas passagens escriturísticas. "Todos podeis profetizar", escreveu Paulo aos coríntios, mas, admoestou ele, apenas um de cada vez (I Cor. 14:31). 


Na igreja de Corinto os membros estavam divididos em quatro grupos e estavam causando muita ansiedade ao apóstolo por causa de suas numerosas irregularidades. Quando disse: "Todos podeis profetizar", não é provável que Paulo os estivesse declarando a todos como profetas divinamente credenciados. 


Ele podia estar falando de uma reunião de louvores ou testemunhos, ou alguma reunião na qual cada um podia participar. Os músicos de Davi "profetizavam com harpas, em ações de graça e louvores ao Senhor" (I Crôn. 25:3). 


Estes músicos não eram nomeados para seu cargo diretamente pelo Senhor, mas por Davi e os chefes do serviço (v. 1). Por  outro lado, o próprio Deus chamou alguns homens e mulheres para desempenhar um papel singular como profetas e profetizas – para ser seus porta-vozes (Jer. 1:5; I Sam. 8:30). 


Não  era qualquer um, de qualquer maneira, que tinha – ou poderia ter – este dom profético; era algo especial (Núm. 12:6; Amós 3:7), os dons espirituais são conferidos pelo Espírito Santo, que distribui "como lhe apraz, a cada um, individualmente" (I Cor. 12:8-11). Nem todos possuem o dom de profecia (I Cor. 12:28, 29). 


46. OS "GRAUS DE REVELAÇÃO" DE FORD 


Ford reconhece "que Ellen White era um profeta verdadeiro", mas, por outro lado, assevera que seu ministério profético  não foi da mesma qualidade que o dos profetas bíblicos. Diz ele: "Pelo fato de a atenção de Deus para com os assuntos ser proporcional a sua importância, Ele exerceu uma supervisão mais miraculosa sobre as Escrituras que sobre os escritos de Ellen G. White. 


Isto não é falar de graus de inspiração, mas antes, de graus de revelação". Ele indica que a autoridade dela deve ser limitada a edificação, exortação e consolo, como menciona I Cor. 14:3 (Ford, pp. 599-600, 602, 619). Este conceito reflete corretamente a concepção de Ellen White acerca de sua própria inspiração? 


Não. Ela escreveu: 


"Sou agora instruída de que não devo ser estorvada em meu trabalho pelos que se empenham em suposições acerca de sua natureza, cuja mente está lutando com tantos problemas intrincados em relação com a suposta obra de um profeta. Minha comissão abrange a obra de um profeta, mas não finda aí. Compreende muito mais do que pode entender a mente dos que têm estado a semear as sementes da incredulidade." – Mensagens Escolhidas, v. 1, p. 36. 


Nada existe nos escritos de Ellen White que autorizassem a conclusão de que ela possuía um "grau de revelação" inferior ao de qualquer outro profeta. Em sua introdução ao Conflito dos Séculos, ela escreveu: 


"Mediante a iluminação do Espírito Santo, as cenas do prolongado conflito entre o bem e o mal foram patenteadas à autora destas páginas. De quando em quando me foi permitido contemplar a operação, nas diversas épocas, do grande conflito entre Cristo, o Príncipe da vida, o Autor de nossa salvação, e Satanás, o príncipe do mal, o autor do pecado, ... 


"À medida que o Espírito de Deus me ia revelando à mente as grandes verdades de Sua Palavra, e as cenas do passado e do futuro, era-me ordenado tornar conhecido a outros o que assim fora revelado." – O Grande Conflito, p. 7 


Aqui estão asserções tão amplas e inequívocos como qualquer uma encontrada na Bíblia. É indubitável que Ellen White cria que sua obra abrangia a obra de um profeta genuíno. 


47. A RELAÇÃO DE ELLEN WHITE PARA COM A BÍBLIA 


Ford declara: "Ellen White nunca afirmou ser um agente da verdade que substituísse a Bíblia". "Ellen G. White não é nossa autoridade. Esta posição somente a Escritura pode ocupar" (Ford, pp. 604, 623). Qual era a concepção de Ellen White quanto a sua relação para com o Bíblia? 


Pode ser que alguns indivíduos demasiadamente zelosos, mal-informados, de fato coloquem, na prática, Ellen White acima das Escrituras. Não obstante, esta certamente não é a posição oficial da igreja, nem representa corretamente o próprio ponto de vista de Ellen White da absoluta primazia da Bíblia. 


Como uma "luz menor" ela invariavelmente dirigia seus leitores às Escrituras, a "luz maior" (Evangelismo, p. 257). Típicas de suas muitas declarações sobre a preeminência da Bíblia são os seguintes: 


"Pois esta (a Escritura) explicitamente declara ser ela mesma a norma pela qual todo ensino e experiência devem ser aferidos." – O Grande Conflito, p. 7 


"Mas Deus terá sobre a Terra um povo que mantenha a Bíblia, e a Bíblia só, como norma de todas as doutrinas e base de todas as reformas. As opiniões de homens ilustrados, as deduções da ciência, os credos ou decisões dos concílios eclesiásticos, tão numerosos e discordantes como são as igrejas que representam, a voz da maioria - nenhuma destas coisas, nem todas em conjunto, deveriam considerar-se como prova em favor ou contra qualquer ponto de fé religiosa." – Idem, p. 595. 


"A Bíblia, e a Bíblia tão-só, deve ser nosso credo, o único laço de união; todos os que se submeterem a essa Santa Palavra estarão em harmonia entre si. Nossos próprios pontos de vista e idéias não devem controlar nossos esforços. O homem é falível, mas a Palavra de Deus é infalível. 


Em vez de lutar uns com os outros, exaltem os homens ao Senhor. Defrontemos toda oposição, como o fez o Mestre, dizendo: "Está escrito." Ergamos o estandarte no qual está escrito: A Bíblia, nossa regra de fé e disciplina." – Mensagens Escolhidas, v. 1, p. 416. 


De seus escritos, comparados com a Bíblia, ela declarou: 


"Não devem os testemunhos da irmã White ser postos na dianteira. A Palavra de Deus é a norma infalível. Não devem os Testemunhos substituir a Palavra. ... E nunca queremos que alma nenhuma faça prevalecer os Testemunhos sobre a Bíblia." – Evangelismo, p. 256. 


No entanto, um reconhecimento da autoridade final das Escrituras em assuntos de fé e religião não nega a autoridade dos profetas que Deus usou e que não foram autores de qualquer porção das Escrituras. Elias, Eliseu e João Batista eram reconhecidos porta-vozes de Deus embora não tenham contribuído para o cânon. 


Quando Natã pronunciou o juízo do Céu sobre Davi (II Sam. 12), Davi aceitou a sentença, crendo plenamente que a mensagem de Natã era de origem divina. A existência do Pentateuco como padrão doutrinário de forma alguma diminuiu a autoridade de Natã como profeta vivo, muito embora seus escritos não pertencessem ao cânon. (Veja I Crôn. 29:29; II Crôn. 9:29). 


Da mesma forma hoje, a existência do cânon sagrado não exclui outras autoridades inspiradas. Dizer que a Bíblia é nossa autoridade, mas Ellen White não o é, é uma falsa dicotomia. Podemos possuir ambos – a Bíblia em sua esfera, e Ellen White na esfera dela. Urias Smith usou uma ilustração que tem ajudado a muitos na compreensão deste ponto. Ele escreveu: 


"Suponha que estejamos para iniciar uma viagem. O proprietário da embarcação nos dá um livro de instruções, dizendo-nos que ele contém orientações suficientes para toda a nossa viagem e que, se as seguirmos, alcançaremos em segurança nosso porto de destino. 


"Ao nos lançarmos ao mar, abrimos nosso livro para conhecer seu conteúdo. Descobrimos que seu autor esboça princípios gerais para nortear-nos em nossa viagem, e nos instrui quanto a como devemos proceder, mencionando as várias contingências que podem surgir até o final da viagem; mas ele também nos diz que a ultima parte de nossa viagem será especialmente perigosa; que os contornos da costa estão sempre se alterando por causa da areia movediça e das tempestades; 'mas para esta parte da viagem' diz ele, 'providenciei para vocês um piloto, que os encontrará e lhes dará as orientações que as circunstâncias adjacentes ou os perigos possam exigir; e a ele vocês devem atender'. 


"Com estas instruções chegamos ao tempo perigoso especificado, e o piloto, segundo a promessa, aparece. Porém alguns da tripulação, ao oferecer ele seus serviços, insurgem-se contra ele. 'Temos o livro de instruções original', dizem eles, 'e isso nos basta. Baseamo-nos nisso, e nisso somente; nada queremos de você'. Quem, agora, seguiu aquele livro original de instruções? Os que rejeitam o piloto, ou os que o recebem, como aquele livro os instrui? Julgai. 


"Mas alguns... podem nos confrontar a esta altura, com o argumento: 'Então vocês querem tomar a irmã White como seu piloto, não é mesmo?' É para evitar desde agora quaisquer esforços nesta direção que escrevemos esta sentença. De forma alguma dizemos tal coisa. 


O que em realidade dizemos é distintamente isto: que os dons do Espírito nos são dados como piloto através destes tempos de perigo, e onde quer que seja ou em quem quer que seja que encontremos manifestações genuínas dos mesmos, somos obrigados a respeitá-los, e não podemos deixar de fazer isso sem ao mesmo tempo rejeitar a Palavra de Deus, que nos instrui a recebê-los". – Review and Herald, 13 de janeiro de1863. (Veja Joel 2:28-32; I Cor. 12:8-10, 28; Efésios 4:11-13). 


48.  A  CRENÇA EM ELLEN WHITE NÃO É UM TESTE DE DISCIPULADO 


É necessário crer em Ellen White a fim de ser um adventista do sétimo dia? Ford declara: "Da própria pena de Ellen White vem o conselho de que a crença em sua posição específica na igreja não devia tornar-se um teste de comunhão ou discipulado" (Ford, p. 605). 


É verdade que a crença na posição singular de Ellen White como mensageira inspirada não é um teste de discipulado na Igreja Adventista do Sétimo Dia. 


Poder-se-ia inferir, contudo, da declaração de Ford, que um membro da igreja pode manifestar qualquer atitude que desejar com relação a Ellen White e ainda ser considerado numa posição perfeitamente regular. Mas tal não ocorre. 


Ford cita um parágrafo de Testimonies, vol, 1, pp. 327-328, e outro da p. 329, em apoio a Sua posição, mas omite um importante parágrafo que fica entre os dois citados. Esta passagem omitida diz, daqueles que se opõem às visões, que "a igreja pode saber que eles não são corretos" (Testimonies, vol. 1, p. 328). 


49. ELLEN WHITE COMO INTÉRPRETE DAS ESCRITURAS 


São dignos de confiança as interpretações de Ellen White sobre a Bíblia, e devemos compreender as Escrituras apenas da forma como ela as interpreta? Ford assevera: "Em todo assunto doutrinário nossos teólogos se sentem mutilados, com receio de que a expressão de suas conclusões provindas de estudo acurado parecessem contradizer qualquer coisa nos escritos de Ellen White. 


Esta é uma situação deplorável, e a igreja pouco progresso fará até que a situação seja remediada". "Nosso principal erro tem sido fazer com que os escritos de Ellen White tenham autoridade de veto sobre as Escrituras" (Ford, pp. 661, 12). 


No esforço de chegar a uma resposta satisfatória à questão da autoridade de Ellen White como intérprete da Escritura, vários fatores devem ser mantidos em mente: 


1. Dar a um indivíduo completo controle interpretativo sobre a Bíblia era, em realidade, elevar tal pessoa acima do Bíblia. Seria um equívoco permitir que mesmo o apóstolo Paulo exercesse controle interpretativo sobre todos os outros escritores bíblicos. Nesse caso, Paulo, e não toda a Bíblia, seria nossa autoridade última. 


2. Os escritos de Ellen White não estavam à disposição de ninguém antes do séc. XIX. E mesmo hoje, a distribuição de suas obras através do mundo limita-se largamente aos adventistas do sétimo dia. Se as Escrituras podem ser compreendidas apenas da forma como interpretadas por Ellen White, muitas pessoas nunca serão capazes de entender a Palavra de Deus. 


3. Os escritos de Ellen White são em geral de natureza homilética e evangélica, e não estritamente exegéticos. Em O Desejado de Todas as Nações, p. 211, a Sra. White cita João 5:39 como "Examinais as Escrituras", mas em Mensagens Escolhidas, vol. 2, p. 39, ela diz "Examinai as Escrituras".


A primeira citação é da Revised Version, enquanto que a última é da King James Version. Ela se sentia livre para usar qualquer tradução, dependendo do ponto onde queria chegar. É preciso estar totalmente certo de como Ellen White está usando um dado texto antes de afirmar que ela está interpretando o texto de um ponto de vista exegético para o leitor. 


4. Segundo W. C. White, algumas das interpretações de sua mãe sobre as Escrituras podem não ter sido tão perfeitas em certos detalhes de somenos importância. Ele escreveu: 


"Onde ela seguiu a descrição de historiadores ou a exposição de escritores adventistas, creio que Deus lhe deu discernimento para usar aquilo que é correto e que está em harmonia com a verdade acerca de todas as questões essenciais à salvação. 


Se por meio de diligente estudo for constatado que ela seguiu algumas exposições da profecia que nalgum pormenor referente a datas não possamos harmonizar com nossa compreensão da história secular, isto não influirá sobre a minha confiança nos seus escritos como um todo, assim como a minha confiança na Bíblia também não é influenciada pelo fato de que não consigo harmonizar muitas das declarações relacionadas com a cronologia." – Mensagens Escolhidas, v. 3, pp. 449-450. 


5. Ellen White não tomou posição sobre assuntos doutrinários que ela não considerava importantes, tais como "o contínuo", os 144 mil, e o rei do norte. 


6. Houve casos específicos, contudo, em que ela reivindicou autoridade divina para a interpretação de passagens específicas das Escrituras. Por exemplo, quanto a Gênesis 1, ela escreveu: 


"Fui então levada em retrocesso até a criação e foi-me mostrado que a primeira semana, na qual Deus realizou a obra da criação em seis dias e descansou no sétimo, era justamente igual a qualquer outra semana". – Spiritual Gifts, v. 3, p. 90. 


7. Ellen White também reivindica que, em conexão com fervoroso estudo das Escrituras, os principais pontos da fé adventista foram-lhe apresentados em visão. Ela declara, no que respeita a reuniões realizadas no fim da década de 1840: 


"Naquele tempo, erro após erro procurava forçar entrada entre nós; ministros e doutores introduziam novas doutrinas. Nós estudávamos as Escrituras com muita oração, e o Espírito Santo nos trazia ao espírito a verdade. Por vezes noites inteiras eram consagradas à pesquisa das Escrituras, a pedir fervorosamente a Deus Sua guia. 


Juntavam-se para esse fim grupos de homens e mulheres pios. O poder de Deus vinha sobre mim, e eu era habilitada a definir claramente o que era verdade ou erro. Ao serem assim estabelecidos os pontos de nossa fé, nossos pés se colocavam sobre um firme fundamento. Aceitávamos a verdade ponto por ponto, sob a demonstração do Espírito Santo." – Obreiros Evangélicos, p. 302. 


"Então o Espírito de Deus descia sobre mim, eu era arrebatada em visão, e concedia-se-me uma clara explicação das passagens que estivéramos estudando. ... Uma linha da verdade estendendo-se daquela época até o tempo em que entraremos na cidade de Deus foi claramente demarcada perante mim". – Este Dia com Deus, p. 315. 


8. Ellen White foi usada por Deus em mais de uma ocasião através dos anos para solucionar controvérsias doutrinárias da Igreja Adventista. Por exemplo, em 1848, muito tempo antes que a igreja fosse organizada, ela resolveu certas controvérsias na reunião no celeiro de David Arnold em Volney, N. Y. A respeito das diferenças manifestadas sobre a Ceia do Senhor e a doutrina do milênio, escreveu Ellen White: 


"Meu anjo assistente me apresentou alguns dos erros dos presentes, e também a verdade em contraste com seus erros. Essas opiniões contraditórias, que eles pretendiam achar-se em harmonia com as Escrituras, estavam apenas de conformidade com a sua opinião no tocante aos ensinos da Bíblia; foi-me mandado dizer-lhes que deveriam abandonar seus erros, e aceitar as verdades da mensagem do terceiro anjo. 


"Nossa reunião encerrou-se triunfantemente. A verdade ganhou a vitória. Nossos irmãos renunciaram a seus erros e uniram-se à mensagem do terceiro anjo; e Deus grandemente os abençoou e acrescentou muitos ao seu número." – Vida e Ensinos, pp. 119. 


Meio século mais tarde, os ensinos doutrinários de Ellen White ainda estavam trazendo bênção e unidade à igreja. Em 1898 ela saiu firmemente contra o semi-arianismo de Urias Smith (compare o editorial de Urias Smith na Review de 16 de março de 1897 com O Desejado de Todas as Nações, p. 507). Em 1901 ela pôs fim ao ensino da "carne senta" (veja Mensagens Escolhidas, v. 2, pp. 31-36). De 1903 em diante ele censurou o Dr. Kellogg e seu tipo especial de panteísmo. (Veja Mensagens Escolhidas, v. 8, pp. 193-208; Testimonies for the Church, v. 8, pp. 255-328). 


Em 1905 ela tirou da igreja os pontos de vista de A. F. Ballenger sobre o santuário. (Veja Mensagens Escolhidas, v. 1, pp. 160-162 e Manuscript Release # 760). 


9. Ellen White insiste em que ela nunca ensina heresias. Declara ela: 


"A Bíblia deve ser o vosso conselheiro. Estudai-a e os Testemunhos que Deus tem dado; pois eles nunca contradizem Sua Palavra." – Mensagens Escolhidas, v. 3, p. 32. 


"Há uma corrente de verdade retilínea, sem uma só frase herética, naquilo que escrevi." – Idem, p. 52. 


10. Ellen White reconhecia que algumas interpretações escriturísticas podiam não ser inteiramente corretas e que contínuo estudo das Escrituras seria amplamente recompensado. Ela declara: 


"No processo de íntima investigação de cada jota e til que cremos ser uma verdade estabelecida, de comparação de Escritura com Escritura, pode ser que descubramos erros em nossa interpretação da Bíblia. Cristo deseja que o pesquisador de Sua Palavra cave mais fundo nas minas da verdade. Se a pesquisa for conduzida de forma apropriada, jóias de valor inestimável serão encontrados". – Review and Herald, 12 de julho de 1898. 


11. Ellen White declara positivamente, contudo, que quaisquer novas interpretações das Escrituras, se corretas, estarão em harmonia com nossas doutrinas distintivas. Eis o que ela diz: 


"Aparecerá um, e ainda outro, com nova iluminação, que contradiz aquela que foi dada por Deus sob a demonstração de Seu Santo Espírito.  ... 


"Não devemos receber as palavras dos que vêm com uma mensagem em contradição com os pontos essenciais de nossa fé." – Mensagens Escolhidas, v, l, p. 161 


12. Finalmente, nos é dada a promessa de que "todos os que crêem que o Senhor tem falado por intermédio da irmã White, e lhe tem dado uma mensagem, estarão livres dos muitos enganos que surgirão nestes últimos dias". – Mensagens Escolhidas, v. 3, p. 84. 


50. O PAPEL DE ELLEN WHITE EM CONTROVÉRSIAS DOUTRINÁRIAS 


Ellen White pretendia – ou não – que seus escritos fossem usados para resolver debates doutrinários na igreja? Segundo Ford, "Ellen G. White recusava ser o árbitro em assuntos de controvérsia doutrinária. Vez após vez foi-lhe solicitado que pusesse termo à controvérsia sobre o "contínuo" por meio de alguma palavra autorizada do Senhor. . . 


Isto ela recusou fazer, e instou com todos para que estudassem sua Bíblia e fizessem a decisão baseados nessa autoridade suprema, ao invés de fazerem citações de seus escritos. Isto preparou caminho para uma correta abordagem em relação a problemas doutrinários similares, oferecendo à igreja um padrão de procedimento salutar". (Ford, pp. 606, 616). 


Ford admite que o Senhor usou Ellen White para resolver controvérsias doutrinárias no início do movimento do advento. Declara ele: 


"É verdade que nos primeiros tempos do movimento, quando nossos irmãos ainda dependiam do método "texto-prova", e quando cada homem tinha uma interpretação diferente, neste tempo Deus, através de Ellen G. White, indicava alguma evidência da Escritura que decidia o ponto em questão". – Ford, p. 605. 


Contudo, Ford afirma que a igreja não recebeu diretivas doutrinárias em anos posteriores. Ele assume que a atitude de Ellen White com respeito à controvérsia sobre o "contínuo" deve ser tomada como norma para a atitude dela com respeito a todas as controvérsias doutrinárias. 


É fato que Ellen White realmente instrui os irmãos a não usarem seus escritos para resolver o debate sobre o "contínuo" ("costumado" – Versão Almeida Revista e Atualizada) en Daniel 8:12, 13. Contudo, ela disse que o "contínuo" não era "um assunto de importância vital" e o Senhor não lhe havia dado nenhuma "instrução sobre o ponto em discussão". (Mensagens Escolhidas, v. 1, p. 164). 


Alguns debates, por outro lado, eram de importância vital, e sobre muitos assuntos doutrinários ela tinha recebido instruções. Com respeito à controvérsia com A. F. Ballenger, por exemplo, ela declarou: 


"Apeguem-se todos à verdade estabelecida do santuário. ... Se as teorias que o irmão Ballenger apresenta fossem recebidas, levariam muitos a se apartar da fé. Elas iriam contra as verdades sobre as quais o povo de Deus tem se firmado durante os últimos cinqüenta anos. 


Foi-me ordenado dizer em nome do Senhor que o pastor Ballenger está seguindo uma falsa luz. O Senhor não lhe deu a mensagem que ele está levando sobre o ritual do santuário. ... 


"As provas do pastor Ballenger não são dignas de confiança. Outros e mais outros se levantarão e introduzirão pseudo grande esclarecimento, e farão suas afirmações. 


"Nós, porém, permanecemos com os velhos marcos". – Manuscript Release Nº 760, pp. 6, 10, 19, escrito em 1905. 


51. DISSECANDO OS TESTEMUNHOS 


O que Ellen White queria dizer quando declarou: "Se os testemunhos não falarem de acordo com a Palavra de Deus, rejeitai-os"? Ellen White nos encoraja a dissecar seus escritos e aceitar apenas o que achamos que está em harmonia com a Escritura? Achava ela que estava certa em alguns lugares mas errada em outros? 


Não, certamente não era essa sua intenção. De fato, ela disse exatamente o oposto. Aqui estão suas palavras: 


"Não deprimais, pela vossa crítica, a força, a virtude e a importância dos Testemunhos. Não imagineis que podeis analisá-los de modo a acomodá-los às vossas próprias idéias, pretendendo que Deus vos deu perícia para discernir o que é luz do Céu e o que é mera sabedoria humana. 


Se os Testemunhos não falarem de acordo com a Palavra de Deus, rejeitai-os. Cristo e Belial não se unem." – Testemunhos Seletos, v. 2, p. 302. 


O que ela estava dizendo eia: ou minha obra era: ou minha oba é de Deus ou do diabo. É uma coisa ou outra. Não tenteis fazer seleção do que é válido ou não. Aceitai minha obra em sua totalidade ou rejeitai-a em sua totalidade. 


52. NÃO CITEIS MEUS ESCRITOS ATÉ QUE OBEDEÇAIS A BÍBLIA 


O que Ellen White queria dizer com a seguinte declaração? "Não vos peço que aceiteis minhas palavras. Colocai de lado a irmã White. Não citeis minhas palavras novamente enquanto viverdes até que possais obedecer a Bíblia. 


Quando fizerdes da Bíblia vosso alimento, vossa comida e bebida, quando fizerdes de seus princípios elementos de vosso caráter, sabereis melhor como receber conselho de Deus. Exalto perante vós hoje a preciosa Palavra. Não repitais o que eu disse, dizendo: 'A Sra. White disse isto' e 'a irmã White disse aquilo'. Descobri o que diz o Senhor Deus de Israel, e fazei então o que Ele ordena" (Citado por Ford, p. 589). 


Estas palavras foram faladas aos líderes da igreja adventista e de suas instituições em uma reunião especial realizada na biblioteca do Colégio de Battle Creek, na véspera da abertura da Conferência Geral de 1901. 


Muitos dos conselhos de Ellen White durante a década anterior ainda eram quase totalmente ignorados. O sanatório estava-se desviando de qualquer ênfase denominacional, a casa publicadora tinha se tornado em grande medida um apenas um empreendimento comercial, e alguns homens-chave estavam exercendo controle indevido sobre a igreja através de comissões diretivas interligadas. 


Ellen White estava convicta de que uma completa reorganização era vital para a sobrevivência da igreja. Ela dirigiu palavras marcantes à liderança da igreja: "Como pode o Senhor abençoar os que manifestam o espírito de "não me importa", que os leva a andar em sentido oposto à luz que o Senhor lhes deu?" (Mensagens Escolhidas, v. 3, p. 33). E então segue-se a passagem citada por Ford. 


O que Ellen White tinha dito, em realidade, era isto: Irmãos, não tendes apenas colocado de lado a irmã White, mas tendes ignorado a Bíblia. Não estais em condições de apreciar minhas palavras enquanto continuais a ignorar a Palavra de Deus. 


Dai prioridade ao que é essencial. Começai a obedecer à Palavra de Deus como deveis. Então, e somente então, estareis em condições de entender e apreciar meus conselhos. (Ver Mensagens Escolhidas, v. 3, p. 33, nota de rodapé. 


* Nota do tradutor. Isto ocorre nos originais em inglês, mas não foi mantido nas respectivas traduções em português.


VEJA AQUI O 👉 Índice Completo Sobre o Santuário e Ellen White