A EPÍSTOLA AOS HEBREUS

2 DOUTRINAS IASD

 

35. O QUE HEBREUS 8 A 10 NOS ENSINA 


Ford declara que a epístola aos Hebreus "claramente afirma que, em cumprimento do tipo do dia da Expiação, Cristo, pelo evento da cruz-ressurreição-ascensão, entrou no ministério prefigurado pelo segundo compartimento do santuário". 


Ele ainda declara, "Hebreus 9:23 não pode legitimamente ser interpretado como aplicando-se ao futuro. Todo o uso que os Adventistas fazem deste verso como parte de uma apologia para a data de1844, ´é errôneo". "Hebreus 9 ensina que o Dia da Expiação foi cumprido por Cristo em 31 AD" ( Ford, pp. 160, 169, 192). A epístola aos Hebreus confirma essas asserções? 


Não. Paulo, a quem muitos consideram como o autor da epístola, fala do sangue de touros, e bodes, que eram oferecidos no Dia da Expiação (Heb. 9:13; 10:3, 4). Mas ele também menciona outros sacrifícios animais que nada tinham a ver com esse dia, tais como a novilha vermelha (Heb. 9:13) e o sacrifício oferecido na dedicação do primeiro concerto (Heb. 9:19-21). 


Obviamente Paulo não estava se dirigindo especialmente ao assunto do Dia da Expiação e seu cumprimento. Antes, ele estava tentando mostrar quão superior o Novo Concerto é ao velho. 


O Novo Concerto tem um sacerdote superior, um sacrifício superior, sangue superior, superiores promessas, um santuário superior e um acesso superior. A perfeição não poderia ser atingida sob o Velho Concerto, mas pode sê-lo sob o Novo. Tudo isto está em Hebreus 8, 9, e10. 


Paulo usou ilustrações e alusões do Dia da Expiação apenas na medida em que ajudavam, servindo a seu propósito principal – o de descrever a superioridade do Novo Concerto sobre o Velho. 


36. HEBREUS 6:19, 20 


Diz Hebreus 6:19, 20 que Cristo entrou no lugar santíssimo em Sua ascensão? Ford diz que sim (Ford, p, 123). Em auxílio a sua posição, Ford apela para Ellen White, que diz: "Cristo veio para demolir toda parede de separação e abrir todos os compartimentos do templo a fim de que toda alma possa ter livre acesso a Deus" (Parábolas de Jesus, p. 386; veja também O Desejado de Todas as Nações, p. 757). 


Não há dúvida de que o lugar santíssimo está incluído em Hebreus 6:19, 20. Mas João, o Revelador, evidentemente viu Cristo também em outra parte. (Veja Apoc. 1:12, 13). Parece claro que desde o dia de sua ascensão Cristo tem sido acesso a todo o Céu, e através de toda a humanidade tem tido desimpedido acesso ao trono de Deus. 


A mensagem da epístola aos Hebreus não é de que Cristo esteja em uma parte específica do santuário celestial em oposição a outra, mas de que Ele está no Céu, não na terra, e que Seu ministério é vastamente superior à obra dos sacerdotes levíticos. Os filhos de Deus são instados a ir a Ele lá, a fim de achar graça para socorro em tempo oportuno. (Veja Heb. 4:14-16; 10:19-21). 


37. A POSIÇÃO DE ELLEN WHITE SOBRE HEBREUS 6:19, 20 


Como Ellen White explica Hebreus 6:19, 20? 


Em parte alguma Ellen White dá uma exegese técnica de Hebreus 6:19, 20, mas ela cita, sim, o texto em conexão com o ministério de Cristo, tanto no lugar santo como no santíssimo da santuário celestial. Com referência a ministração de Cristo no "primeiro compartimento" no Céu, Ellen White declara: 


"O ministério do sacerdote, durante o ano todo, no primeiro compartimento do santuário, "para dentro do véu" que formava a porta e separava o lugar santo do pátio externo, representa o ministério em que entrou Cristo ao ascender ao Céu. 


Era a obra do sacerdote no ministério diário, a fim de apresentar perante Deus o sangue da oferta pelo pecado, bem como o incenso que ascendia com as orações de Israel. Assim pleiteava Cristo com Seu sangue, perante o Pai, em favor dos pecadores, apresentando também, com o precioso aroma de Sua justiça, as orações dos crentes arrependidos. Esta era a obra ministerial no primeiro compartimento do santuário celeste." – O Grande Conflito, pp. 420, 421. 


Ela havia escrito anteriormente: 


"Se estivermos firmemente estabelecidos sobre a verdade presente, e tivermos nossa esperança, qual âncora da alma, lançada além do segundo véu, os vários ventos de doutrinas falsas e erros não poderão mover-nos, os excitamentos e falsas reformas deste tempo não nos moverão, pois sabemos que o Senhor da casa levantou-se em 1844, e fechou a porta do primeiro compartimento do tabernáculo celeste; e agora certamente esperamos que eles* irão com seus rebanhos' 'procurar o Senhor; mas não O acharão; Ele Se retirou (para além do segundo véu) deles'". – The Present Truth, março de 1850, p. 64. 


38. É BÍBLICO O ENSINO DE UM MINISTÉRIO NOS DOIS COMPARTIMENTOS NO CÉU 


A Sra. White não é a única a defender que Cristo começou um ministério no primeiro compartimento no Céu em Suo ascensão e um ministério especial no segundo compartimento em 1844. Esta é uma crença sustentado pelos Adventistas do Sétimo Dia em geral. É esta uma doutrina bíblica? Nesse caso, em que lugar da Bíblia é ela ensinada? 


Sim, este é um ensino bíblico. É encontrado em Daniel 7:9, 10,13, 14; e Hebreus 8:5 e 9:23. Como explicado anteriormente, a purificação do santuário celestial (o juízo investigativo) iniciou-se em 1844. Se este ministério especial no segundo compartimento começou em 1844, um ministério especial no primeiro compartimento deve tê-lo precedido. 


Os primeiros pronunciamentos doutrinários dos adventistas falavam de "compartimentos" no santuário celestial (veja SDA Yearbook de 1689, p. 149), enquanto que os pronunciamentos doutrinários mais recentes falam de duas "fases" no ministério celeste de Cristo. (Veja SDA Yearbook de 1931, p. 378; SDA Yearbook 1981, p. 8, citado acima). 


O Ancião de Dias, Deus o Pai, é representado como vindo à sala do tribunal celestial a fim de iniciar o juízo (Dan. 7:9, 10, 21, 22). Depois disso o Filho do homem é descrito como vindo ao Ancião de Dias nesse juízo (Dan. 7:13, 14). Não há contradição alguma entre esta passagem e outras que se referem a Cristo como estando na presença do Pai desde Sua ascensão. 


Hebreus 6:19, 20 e Apocalipse 3:21 dão-nos a certeza do constante acesso de Cristo ao Pai enquanto que Daniel 7:9, 10, 13, 14 falam de uma ocasião formal, o início de um ministério, que tem lugar no Céu e que se equipara ao que era realizado pelo sumo sacerdote no Dia da Expiação aqui na terra. 


Hebreus 8:5 e 9:23 declaram que o tabernáculo terrestre com seus rituais era uma sombra, ou figura do santuário celestial. Desde que o tabernáculo terrestre possuía tanto um ministério sacerdotal diário quanto um anual, é razoável concluir que há também duas fases no ministério de Cristo no Céu. 


39. UMA DOUTRINA BASEADA SOBRE TIPOS E SÍMBOLOS 


Ford declara: "Não é legítimo estabelecer uma doutrina fundamental sobre tipos ou símbolos", e "o esquema de dois compartimentos... já não está mais em uso" (Ford, pp. 471, 540). Ford tem razão aqui? 


O conceito de juízo permeia toda a Bíblia. Veja, por exemplo, Atos 17:31; 24:25; Romanos 14:10; Tiago 2:12; I Pe. 1:17; 4:5. "Tipos" não são empregados nestes versos, nem tão pouco em Daniel 7:9, 10, onde está baseada a doutrina adventista do juízo investigativo. 


Não obstante, é legítimo estabelecer uma doutrina importante sobre tipos e símbolos. O mais importante ensino na Bíblia é que Cristo morreu em favor dos pecadores, a fim de que pudéssemos receber salvação eterna. A morte vicária de Cristo era conservada diante de Israel cada dia de sua vida pelos tipos e símbolos dos serviços do santuário. 


40. A APARÊNCIA DO SANTUÁRIO CELESTIAL 


O que se sabe sobre a aparência do santuário celestial? 


Os dois compartimentos do santuário terrestre eram "reproduções terrenas de realidades celestiais". Eles eram "apenas um símbolo da realidade", "apenas uma cópia e sombra do que é celeste" (Heb. 9:23, Phillips; Heb. 9:24; 8:5, New English Bible). A sombra de uma árvore ou de um edifício dá alguma informação, mas não detalhes precisos. Ellen White declara: 


"Do templo celestial, morada do Rei dos reis, onde milhares de milhares O servem, e milhões de milhões estão diante dEle (Dan. 7:10), templo repleto da glória do trono eterno, onde serafins, seus guardas resplandecentes, velam o rosto em adoração; sim, desse templo, nenhuma estrutura terrestre poderia representar a vastidão e glória. Todavia, importantes verdades relativas ao santuário celestial e à grande obra ali prosseguida em prol da redenção do homem, deveriam ser ensinadas pelo santuário terrestre e seu cerimonial." – Patriarcas e Profetas, p. 367. 


41. HEBREUS 9: 8 


Ford argumenta que "o primeiro tabernáculo" em Hebreus 9:8 significa "o primeiro compartimento", e que Hebreus 9: 9, 10 é um "comentário a respeito do ministério no primeiro compartimento". Do termo grego TA HAGIA em Hebreus 9:8 (traduzido "santuário" na versão King James), Ford declara que é "impossível sustentar que o termo abranja os dois compartimentos". 


Ele interpreta esta passagem como querendo dizer que "o primeiro compartimento representa o período antes da cruz, mas o segundo compartimento representa o período após a cruz" (Ford, pp. 165-167). Está correta a posição de Ford? 


Algumas traduções da Bíblia, tais como a New International Version, parecem apoiar a conclusão de Ford, mas o contexto não o faz; nem tão pouco as traduções de Phillips, Rotherham, Knox ou a New English Bible. 


O contraste em Hebreus 9:8 não é entre o primeiro e o segundo compartimentos e o que eles representam, mas entre o santuário terrestre e o santuário celestial. O contexto de Hebreus 9:8-10 requer que "o primeiro tabernáculo" do verso 8 seja compreendido como o santuário terrestre inteiro, não apenas o primeiro compartimento do santuário. 


Ademais, Ford está enganado ao insistir que TA HAGIA não pode significar os dois compartimentos, pois isto é precisamente  o que a expressão significa em Hebreus 13:11, onde TA HAGIA ("o santuário") inclui claramente os dois compartimentos. Veja Lev. 4:13-21; 16:15, 27. 


Hebreus 9:8 não ensina que em 31 AD Cristo tinha iniciado um ministério celestial que fosse o fac-símile do ministério do sumo-sacerdote no segundo compartimento do santuário terrestre. 


* Ellen White aparentemente se refere aqui aos Adventistas mileritas que rejeitaram o significado de 22 de outubro de 1844, e que não creram que Cristo iniciou um ministério especial no lugar santíssimo no Céu neste dia.


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