6 OUTRAS CLAMOROSAS INVERDADES

SUBTILEZAS DO ERRO


PROSSEGUE o autor com suas arengas destituídas de fundamento, plagiadas, quase todas, do desmoralizado Canright. 

Mais duas acusações gratuitas são assacadas contra a Sra. White: 

1ª. Que ela recebera a revelação de que Cristo voltaria à Terra antes da abolição da escravatura nos EE. UU. 

2ª. Que o sistema de escravatura provocaria outra rebelião, e a Inglaterra declararia guerra aos EE.UU. e nada disso aconteceu, concluindo ser a autora dessas declarações uma falsa profetisa. 

De fato o seria se ela tivesse profetizado tais eventos; acontece porém, que tal não é verdade e são falsas as fontes desses informes tendenciosas e deturpados. 

Pode-se reptar o autor a que prove que a Sra. White tenha afirmado que Cristo voltaria à Terra antes da abolição da escravatura da grande nação americana. E para isso pode ser posta à sua disposição toda a vastíssima biblioteca da serva do Senhor, seus artigos, discursos e mesmo os testemunhos ainda não publicados. Nada se encontrará, pela simples razão de que ela jamais escreveu tais coisas. Tivesse ela realmente afirmado tal absurdo, então teria fixado um tempo para a volta de Jesus, e ficou provado, à saciedade, no capítulo anterior, que jamais algum adventista do sétimo dia o fez. E já que no fundo de todas as falsas acusações está o desditoso Canright, vamos reproduzir o que ele mesmo escreveu, num livro que se seguiu ao Seventh-Day Adventism Renounced: 

"A seu crédito deve ser dito que os adventistas do sétimo dia não crêem em tempo definitivamente fixado [para a volta de Jesus] desde 1844." – The Lord's Day, pág. 38. 

Aí está uma confissão valiosa que destrói o próprio autor em suas imputações contra os adventistas do sétimo dia , muito embora antes do desapontamento de 1844 não houvesse adventista do sétimo dia. E ele também sabia disso, mas a sua insinceridade o induziu a escrever grossas inverdades históricas a nosso respeito. Assim, à pág. 148 do Seventh-Day Adventism Renounced, ele procurou habilmente baralhar frases da Sra. White, isolando-as do seu contexto, pretendendo provar que a serva do Senhor falhou em suas "profecias". Processo doloso este, como, por exemplo o de destacar a expressão não há Deus" do Sal. 14:1 e concluir que a Bíblia afirma que Deus não existe. Frases deslocadas do contexto tornam-se maleáveis e podem provar as coisas mais estapafúrdias. Mas – perguntamos – será honesto e cristão tal procedimento? 

Como o autor de O Sabatismo à Luz da Palavra de Deus só reproduz duas dessas supostas predições da Sra. White, vamos respondê-las. A primeira segundo ele, é um vaticínio de que o sistema de escravatura provocaria outra rebelião – fato que não ocorreu. Isto foi baseado numa frase que o Sr. Canright retirou de um livro da irmã White, e o fez com notária má fé. Esta sentença, no entanto, dentro da seu contexto, pode facilmente ser vista no seu verdadeira sentido, que nem de leve tem o caráter de predição. É apenas uma citação de pensamentos e apreensões de terceiros, expressando os seus pontos de vista sobre a revolta naquele tempo. O caráter de predição foi engendrado por Canright. 

Vamos desmascarar a acusação, reproduzindo o parágrafo completo da Sra. White, do qual se destacou a frase relativa à eclosão de outra rebelião. Encontra-se no livro Testimonies, vol. I, págs. 254 e 255, e foi escrito em 4 de janeiro de 1862. Em grifo, a frase que Canright isolou para inculcar a idéia de uma predição frustrada, e que o nosso atual oponente cegamente endossou. Eis o que escreveu textualmente a serva do Senhor: 

"Aqueles que se arriscaram a deixar seus lares e sacrificar suas vidas para pôr fim à escravatura, estão descontentes. Eles não vêem nenhum bom resultado da guerra, a não ser a preservação federativa, e para tanto milhares de vidas têm que ser sacrificadas e lares tornados desolados. Muitos se perderam e muitos morrem nos hospitais; outros tornaram-se prisioneiros dos rebeldes – desgraça mais horrível do que a morte. 

"À vista de tudo isso – perguntam eles – se formos bem sucedidos em sufocar esta revolução, o que se ganhará? Eles só podem responder tristemente: nada. O que causou a rebelião foi removido. O sistema de escravatura, que arruinou a nossa nação, é deixado a imperar e suscitar outra rebelião. 

"São amargos os sentimentos de milhares de nossos soldados. Sofrem as maiores privações; estas suportariam eles de boa vontade, mas acham que foram enganados e estão desanimados. Os nossos dirigentes nacionais estão perplexos; os seus corações estão tomados de temor. Receiam proclamar liberdade aos escravos dos rebeldes, porque assim agindo, exasperarão a parte do Sul que não se uniu à revolta, e são fortes esclavagistas." 

Como é evidente, a autora está simplesmente expressando o receio dos participantes da guerra, quanto à eclosão de coisas piores. Mas não fez nenhum vaticínio. Só mesmo a má fé pode concluir que o trecho acima seja uma profecia. 

A segunda suposta predição sabre um conflito entre a Inglaterra e os EE.UU., foi igualmente engendrada pelo imaginoso apóstata, que escreveu textualmente: "Ainda mais: 'Quando a Inglaterra declarar guerra, todas as nações terão seu próprio interesse em acudir, e haverá guerra geral'. Aconteceu algo disso? Não." (1) 

Como no caso precedente, a frase fui extraída do livro Testimonies, vol. 1, pág. 259, e isolada do seu contexto. Mas, para decepção dos nossos opositores, também não é uma predição. Foi escrita durante a primeira parte da guerra civil, e apenas expressa condições e temores existentes na ocasião, referindo-se aos movimentos de opinião que agitavam nações de outros continentes, em relação à Inglaterra. 

Em vista da carência de espaço, não reproduzimos todo a trecho em que a serva do Senhor aborda este assunto. Bastará uma simples leitura do mesmo para excluir-se qualquer caráter preditivo, pois o contexto mostra claramente que se tratava de uma hipótese, quanto a Inglaterra declarar ou não a guerra. O Parágrafo imediatamente anterior, diz: 'Se a Inglaterra pensa que poderá fazê-lo [declarar guerra], não hesitará um só momento em alargar suas oportunidades de exercer seu poderio e humilhar a nossa nação." 

Não há absolutamente nenhuma predição de guerra com os Estados Unidos. E a este diapasão se afinam os outros exemplos apontados por Canright, e aceitos como verazes pelo nosso oponente. 

Reafirmamos com absoluta segurança: a irmã White jamais escreveu uma inverdade nem fez predições que não se cumprissem. E nisto se confirma ser ela portadora do dom de profecia – um dos característicos da igreja verdadeira. 

Outras acusações de algibeira são feitas ao nosso movimento, no final do capítulo. Respondamos sucintamente aos apontados "indícios de falsidade" dos adventistas do sétimo dia. Afirma-se que pregamos doutrinas da Sra. White, sem indicar-lhes a procedência. 

A bem da verdade deve-se dizer que desconhecemos o que seja "doutrinas da Sra. White", de vez que ela não apresentou nenhuma doutrina nova ou algo que já não estivesse na Escritura Sagrada. E nas publicações de seus trabalhos consta, bem legível, o seu nome. Os pretendidos "enganos" e "decepções" só existam na fértil imaginação dos nossos gratuitos atacantes, como aqueles que acabamos de analisar. 

A Sra. White, nesta última edição de O Sabatismo, está sendo mais rudemente atacada, inclusive numa tentativa de forçá-la a ser a "Besta do número 666. Pois bem, vamos dar duas respostas usando armas dos próprios batistas. A primeira acha-se estampada na revista Eternity, de outubro de 1956, pág. 38, escrita pelo pastor batista que pesquisou exaustivamente a doutrina adventista. Diz textualmente: 

"Este redator leu exaustivamente as publicações adventistas e quase todos os escritos da Sra. Ellen G. White, incluindo seus 'testemunhos,' e sente-se à vontade para dizer que não tem a menor dúvida de que a Sra. White era uma mulher realmente cristã, 'nascida de novo,' que amava verdadeiramente o Senhor Jesus Cristo e que se devotou de corpo e alma à tarefa, de dar testemunhos para Ele, como se sentia chamada a fazê-lo. 

"Deve ficar claramente entendido que, em muitos pontos a teologia cristã ortodoxa e a interpretação da Sra. White não concordam; em muitas partes há discordâncias, mas nas doutrinas essenciais da fé cristã necessária à salvação da alma e ao crescimento da vida em Cristo, a Sra. Ellen G. White jamais escreveu alguma coisa que fosse de algum modo contrária às claras e simples declarações do Evangelho." 

A outra arma, então, é sensacional, e bem brasileira pois o jornal Batista, de 12 de maio de 1955, na primeira coluna da primeira página publica interessante artigo sob a epígrafe "A Voz de Deus." E há nele o seguinte tópico: 

"Escreve um comentarista sacro que 'os dias em que vivemos são solenes e importantes. O Espírito de Deus está gradual, mas seguramente, sendo retirado da Terra. Pragas e juízos estão caindo sobre os desprezadores da graça Deus. As calamidades em terra e mar, as agitadas condições sociais, os rumores de guerra, são assombrosos. Eles prenunciam a proximidade de acontecimentos da maior importância. As agências do mal estão combinando suas forças e consolidando-se. Elas estão robustecendo-se para a e grande crise. Grandes mudanças estão prestes a operar-se no mundo e os últimos acontecimentos serão rápidos'." 

Está aí uma coisa sensacional, da autoria da pena inspirada da Sra. White, transformada em colaboradora do Jornal Batista!!! Embora o articulista, talvez de indústria, não cite o nome da serva do Senhor, ele transcreveu nada menos que um trecho, ad literam, dos Testemunhos Seletos, vol. 3. pág. 280. E isto fora escrito por um comentarista sacro nos idos de 1909! 

Vezes várias lemos na seção "Pensamentos," do aludido jornal, frases da Sra. White, sobre oração, santificação etc. Prova de que ela não é o que nosso oponente diz! 

O autor faz pesada carga contra os adventistas do sétimo dia porque "não dizem quem são" quando se apresentam para doutrinar. E vê nesse fato a ausência de lisura. No entanto, há fatos que justificam esta atitude, e é bastante notar que o próprio Cristo, em muitas ocasiões, ocultava a Sua identidade. Leiam-se, Por exemplo, estas passagens: 

"Disse-lhe, então, Jesus: Olha, não o digas a ninguém." S. Mat. 8:4.

"Jesus, porém, os advertiu severamente, dizendo: Acautelai-vos de que ninguém o saiba." Mat. 9:30. 

"Então, advertiu os discípulos de que a ninguém dissessem ser ele o Cristo." S. Mat. 16:20. 

Por estes exemplos se vê que há motivos circunstanciais para, por vezes, esconder-se a identidade, no início de trabalhos evangelísticos, principalmente quando é forte o preconceito contra a doutrina. 

O erudito comentador metodista Adam Clarke assim comenta S. Mat. 16:20. 

"O tempo de Sua [de Cristo] plena manifestação ainda não havia chegado e Ele não desejava provocar a malícia dos judeus ou a inveja dos romanos, permitindo a Seus discípulos que O anunciassem como Salvador de um mundo perdido. Ele preferiu esperar, até que Sua ressurreição e ascensão lançassem plena luz sobre esta verdade, já então fora do alcance de reações que viessem prejudicá-Lo." – Clark's Commentary. 

Certamente, Cristo de início seria interceptado em Seu ministério, com prematura oposição, altamente prejudicial, se Ele Se apresentasse abertamente como o Messias diante de incrédulos. No devido tempo Ele Se revelou. 

Por isso, ainda hoje, salvo raras exceções, ouvimos programas radiofônicos evangélicos que não apregoam sua denominação. 

É-nos dito que a primitiva história dos Quakers e também dos batistas traz exemplos de atitudes semelhantes, motivadas pela forte oposição. (2). O mesmo faziam os valdenses. Por que acusar somente os adventistas neste ponto? 

Outra acusação infundada é a que nos atribui um modo "original" de interpretar as Escrituras, citando-as livremente. O autor engana-se redondamente. Para nós, a Bíblia – como única e infalível regra de fé e prática – é interpretada por si mesma. "A Palavra do Senhor ... um pouco aqui e um pouco ali," "comparando coisas espirituais com as espirituais," Isa. 28:13 e I Cor. 2:13. Nada doutrinamos sem contexto claro. Aceitamos a Bíblia e só a Bíblia, sem acréscimo de tradição, patrística etc., como o fazem as igrejas populares, e se às vezes nos referimos a estas fontes extrabíblicas é somente para demonstrar o quanto a verdade foi deturpada, e não – como fazem outros – para justificar práticas doutrinarias que as Escrituras não trazem. Assim o batismo infantil, o aspersionismo, a guarda do domingo e outras práticas pagãs que se infiltraram nas igrejas, são indefensáveis nas páginas da Bíblia e requerem as escoras dos "mandamentos de homens." 

À acusação de que baseamos a maior parte do nosso sistema doutrinário em Daniel e Apocalipse, não é procedente. Cremos que esses livros são essencialmente proféticos e apontam fatos que se desenrolam nos dias finais e, por isso, merecem oportuna atenção e aprofundado estudo. Mas a nossa doutrina poreja em toda a Bíblia. Muitas verdades básicas como a lei, o sábado, a temperança não se encontram particularmente naqueles livros. Não somos modernistas nem exclusivamente neotestamentários, porque cremos que "toda a Escritura é inspirada por Deus." Por que só Daniel e Apocalipse? Este conceito precisa ser revisto, porque não traduz a verdade. E é ofensivo o pressuposto de que pretendemos enganar os outros com interpretações simbólicas destes livros. 

Finalmente o autor nos taxa de alarmistas, em dizendo que precisamos recorrer a fatos espantosos, como terremotos etc., para impressionar os homens com a nossa mensagem. Esta acusação deveria ser primeiramente feita a Cristo, Pedro, João e os profetas. Por exemplo, leiam-se cuidadosamente apenas estas passagens: S. Mat. 24:29; S. Luc. 21:11, 25, 26 e 28; II S. Ped. 3:7, 10 e 12; Apoc. 6:12, 13 e14. 

Como eram alarmistas! 

Alarmista foi Noé, que pregou o cataclismo do dilúvio; outro tanto foram Elias, Jonas e João Batista. Os profetas têm não poucas tópicos virtualmente alarmistas, nas suas predições contra certas cidades. Por que não são incriminados por recorrerem a fatos catastróficos ao invés de falarem uma mensagem que apele ao coração? 

Precisamos convencer o mundo de pecado, de justiça e de juízo. A pregação paulina acentuava a temperança, a justiça e o juízo vindouro. Se damos ênfase aos sinais no mundo físico, é porque honestamente, como os batistas, "cremos que o fim do mundo está se aproximando; que no último dia Cristo descerá do céu." Artigo de Fé XVIII, das Igrejas Batistas. 

O dia escuro e o chuveiro de meteoritos cumpriram-se. As guerras –com os recursos da física nuclear – são de proporções e conseqüências inimagináveis; terremotos, ciclones e tornados devastam muitas regiões. Todos estes fatos patentes, a par dos sinais nas esferas política, social e religiosa, estão confirmando, dia a dia, a veracidade da nossa mensagem de advertência final a um mundo agonizante. Tudo aponta para a iminente volta do Rei dos reis e Senhor dos senhores. 

E muitos – á vista destes fatos proféticos – tendem-se a Deus e refugiam-se na Rocha dos Séculos, enquanto a porta da graça está aberta. 

Graças a Deus! 


Referências: 


Seventh-Day Adventism Renounced, pág. 148. 

F. D. Nichol, Answers to Objections, pág. 420.