39 ARENGAS SEM FUNDAMENTO

SUBTILEZAS DO ERRO


DIZ à pág. 104, que a expressão final do Sal. 90:10, "vamos voando" significa a "alma" que se evade do corpo quando morre o homem. Isso é uma infantilidade. 


Se o oponente lesse com absoluta isenção de ânimo a aludido salmo chegaria à conclusão insofismável de que seu autor simplesmente se refere à brevidade da vida humana (que é o teor do salmo-oração), pois "tudo passa rapidamente e nós voamos", isto é, os nossos dias transcorrem com muita celeridade para o fim. Tal é o sentido exato. Por que sofismar? 


Com relação à frase divina a Adão, pág. 109, era plano de Deus que Adão jamais morresse, e tivesse a imortalidade que lhe seria outorgada sob condição de obedecer. E quando o Senhor lhe disse: Certamente morrerás... quis dizer apenas que o dia em que desobedecesse a ordem e comesse do fruto proibido marcaria para ele a perda da imortalidade que lhe seria assegurada pela outra Árvore, a da vida. A dialética rançosa da opositor não pode deformar a cristalinidade do texto! 

A "segunda morte" referida à pág. 110, e do texto de Apoc. 20:6, é a destruição dos ímpios. Primeiro, morreram fisicamente (1ª. morte); segundo, não tomaram parte na primeira ressurreição, a dos justos, e pois não são "bem-aventurados e santos" como reza a mesmo texto, pois "os restantes dos mortos não reviveram até que se completassem os mil anos e, portanto, nessa segunda ressurreição, voltaram temporariamente à vida para algum tempo depois serão destruídos pelo fogo e enxofre (2ª. morte). A alusão à morte espiritual não cabe aqui. 


A Punição dos Ímpios é Eterna


Cita à pág. 11, o conhecido texto de S. Mateus 25:41 e 46, para ver nas expressões "fogo eterno", "castigo eterno" e "vida eterna," uma duração infindável. A velha superficialidade carregada da idéia medieval do inferno! 


Para qualquer pessoa isenta de preconceito, as palavras que se traduzem por "eterno" e "todo o sempre" não significam necessariamente que nunca terão fim. No Novo Testamento, vêem do grego aion, ou do adjetivo aionios. É impossível forçar esse radical grego significar sempre um período que não tem fim. 


Quando aplicado a coisas terrenas, tem sentido restrito de duração enquanto durar a coisa a que se liga; quando junto de Deus ou coisas derivadas de Deus, então, sim, exprime duração sem-fim. No caso dos textos invocados pelo oponente as palavras "fogo" e "castigo" são temporais e o adjetivo aionios ali tem sentido restrito. Quanto ao fogo, durará enquanto houver o que queimar. 

Caso idêntico ocorre em Judas 7 onde se diz que "Sodoma e Gomorra e as cidades circunvizinhas" sofreram "a pena do fogo eterno [pyros aionios]. Por acaso essas cidades ainda estão ardendo? Não, pois foram "reduzidas a cinzas" II S. Ped. 2:6. Assim será o fogo eterno [aionios] destinado a destruir os ímpios. Queimá-los-á, enquanto houver algo para ser queimado. É uma duração ilimitada; porém, não eterna, no sentido infindável. Em Filemom 15, lemos "a fim de que tu o retivesses para sempre [aionios]." 

No entanto, o erudito H. G. Moule, comentando o texto, diz: 

"O adjetivo aionios tende a marcar a duração enquanto a natureza da matéria o permite. E no uso geral tem íntima relação com as coisas espirituais. 'Para sempre' neste texto significa, permanência de restauração tanto natural como espiritual." 

Ligado, porém, a Deus significa eterno, para sempre. Também ligado à "vida" que provém de Deus, significa uma vida de duração sem-fim. 

A obra clássica de Liddel & Scott (Dicionário Grego) dá os seguintes significadas de aion: 

"1. Um espaço ou período de tempo, especialmente toda a vida. Vida. Também a vida de uma pessoa. Idade: a idade do homem... 

2. Um longo período de tempo. Eternidade... 

3. Mais tarde. um espaço de tempo claramente definido... Uma era. A vida presente. Este mundo." 

Alexandre Cruden, em sua conhecida Concordância (em inglês), assim anota a palavra "eterno": 

"As palavras 'eterno, 'perpétuo', 'para sempre' são algumas vezes tomadas no sentido de um longo espaço de tempo, e não devem sempre ter estritamente esse sentido." 

Falta, portanto, profundidade no estudo dos eternistas e imortalistas! 

Obadias 16 não se refere exclusivamente a Edom, como pretende o autor. A partir do verso 15 fala da restauração final de Israel, mas amplia ainda a assunto para todas as nações (v. 15). Refere-se ao "dia do Senhor", ao dia do juízo. 

Apoc. 20:9 refere-se aos ímpios, pois as fatos mencionados ocorrerão depois do milênio. Todas as nações (formadas pelos ímpios ressuscitados na segunda ressurreição) sitiarão a Nova Jerusalém. Então ocorrerá a destruição delas! Um comentador batista diz que essas nações são símbolos "dos inimigos ferozes de Cristo e do povo de Deus," Portanto os ímpios, aliados a Satanás. (O Apocalipse, sua Mensagem e Significação, (batista) E. A. McDowell, pág. 237) 

Repetimos que a destruição dos ímpios não é instantânea, como diz o oponente na sua completa ignorância de nossa doutrina, mas será lenta, uma cena dantesca, horripilante, na qual os mais impenitentes arderão no fogo e enxofre, entre grites lancinantes, por um tempo dilatado, pois a punição será proporcional ao grau de culpabilidade de cada um apurada no juízo investigativo. É a "estranha obra de Deus" (Isa. 28:21). 

Os ímpios perecerão. "... não pereça, mas tenha a vida eterna." S. João 3:16; 10:28; Rom. 2:12; Sal. 37:20; 92:9, 20; 92:9. 

Os ímpios serão destruídos. Sal. 145:20; 92:7i Prov. 29:1; S. Luc. 17:27 e 29; I Tess. 5:3; II Tess. 2:8 e 9; Filip. 3:19. 

Os ímpios morrerão. Ezeq. 18:4 e 26; Rom. 8:13; 6:23; Tia. 1:15; Apoc. 21:8. 

Os ímpios serão desarraigados. Sal. 37:28, 22 e 38; 94:23; Prov. 2:22; I Sam. 28:9. 

Os ímpios serão consumidos. Sal. 21:9; II Tess. 2:8; Deut. 32:22; Isa. 5:24; Sal. 104:35. 

Os ímpios morrerão. S. Luc. 19:27; Isa. 11:4; Sal. 34:21. 

Os ímpios deixarão de existir. Sal. 37:10; 104:35. Obadias16. 

A vida ser-lhes-á tirada. Prov. 22:23. 

Serão abrasados. Sal. 97:3; S. Mat. 3:12. 

Tornar-se-ão em cinza. Mal. 4:3. 

Desfar-se-ão em fumo. Sal. 37:20. 


O Estado do Homem na Morte


Está dormindo. Que a morte é um sono ocorre 75 vezes nas Escrituras, sendo 47 vezes no Velho Testamento e 18 no Novo Testamento. A teologia popular procura em vão desembaraçar-se desta verdade, alegando ser uma "aparência," mas Jesus afirma que o sono é a morte real e não a aparência dela. S. João 11:13 e 14. 

Está na sepultura. S. João 5:28 e 29; S. Mat. 28:6; S. João11:43. 

Está no pó da Terra. Gên. 3:19; Sal. 22:15; Isa. 26:19; Jó 7:21; Dan. 12:2, e outros passos. 

Está inconsciente, sem ação mental em absoluta inatividade. Sal. 6:5; 146:3 e 4; Ecles. 9:5, 6 e 10; 3:20; Isa. 38:18 e19. 

Não está no céu. S. João 3:13; 7:33 e 34; Atos 2:34. 

O mau não está no inferno. Está "reservado" no túmulo até o dia do juízo. Jó 21:30; II S. Ped. 2:9, e outros passos. 

O homem morto, tanto bom como mau, está num mesmo lugar. Ecles. 3:20; 6:6. 

O morto será despertado pelo milagre da ressurreição. Isa. 26:19; Dan. 12:2; Ezeq. 37:12; S. Luc. 20:37 e 38; S. João 5:28 e 29; 1cor. 15:42, 44 e 5%; 1 Tess. 4:16; Apoc. 20:6, 13 e outros passos. 

A recompensa de cada um só será dada quando Cristo voltar. S. Mat. 16:27; Apoc. 22:14; 1 S. Ped. 5:4; S. Luc. 14:14; II Tim. 4:1, e outros passos. Os heróis da fé, que dormem desde tempos remotos, alcançarão a recompensa também nessa ocasião. Heb. 11:39 e 40. Só o que vence adquire a imortalidade. Apoc. 2:7 e 11. 

Em conclusão: 

"Para o crente a morte não é senão de pouca importância. Cristo fala dela como se fora de pouco valor. 'Se alguém guardar a Minha palavra, nunca verá a morte', 'nunca provará a morte'. João 8:51 e 52. Para o cristão a morte não é mais que um sono, um momento de silêncio e escuridão. A vida está escondida com Cristo em Deus, e 'quando Cristo, que é a nossa vida, Se manifestar, então também vós vos manifestareis com Ele em glória'. Col. 3:4." (1) 


Referência: 


(1) Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, pág. 787.