21 O CICLO ININTERRUPTO

SUBTILEZAS DO ERRO


ARGUMENTO mais sem consistência, próprio de quem não investiga os fatos, é este que sustenta a rotura do ciclo semanal através da História. No caso do livro que estamos analisando, o "argumento" é um plágio de Canright, como consta do Seventh-Day Adventism Renounced, pág. 184. 


Eis objeção totalmente improcedente. Poderíamos citar documentos firmados por autoridades científicas, atestados de observatórios de astronomia e de outras testemunhos dos especialistas geográficos em abono da inalterabilidade do ciclo semanal. Mas vamos demonstrá-lo preferencialmente dentro da história bíblica, por etapas. 


1. Na Antigüidade 


Desde a Criação, jamais deixou de haver a sucessão de dias de vinte e quatro horas. Começaram em Gên. 1:2. E no cap. 8:22 há a promessa de que dia e noite jamais cessarão, "enquanto durar a Terra". Nunca deixou de haver noite e dia. Nem o dia "longo de Josué" ou o "dia escuro de 19 de maio de 1780" prejudicaram a sucessão dos dias e das noites. 


Desde a Criação, os dias agrupam-se numa hebdômada, ou ciclo de sete dias, constituindo uma divisão periódica e regular do tempo. No Éden, portanto, ocorreu o primeiro ciclo semanal. Sucessivamente se seguiram as semanas pelo tempo em fora, limitadas pelo marco divino: o sábado. 

Logo antes do dilúvio, disse Deus a Noé: ... "passando ainda sete dias, farei chover sobre a terra"... Gên. 7:4. De Noé se diz mais: "E esperou ainda sete dias, e tornou a enviar a pomba fora da arca." Gên. 8:10. E ainda: "então esperou ainda outros sete dias." Por que esta insistência na divisão septenal do tempo? Simplesmente porque a semana era um ciclo inalterável de tempo, uma divisão natural de sete dias. E a esta altura, se a semana não se perdera, logicamente não se perdera também o seu marco, o sábado. Logo, o sábado não se havia perdido no dilúvio. 


2. Na Era dos Patriarcas 


A semana também não se perdeu no tempo dos patriarcas. Lemos em Gên. 29:27 e 28 que Labão dissera a Jacó: "Cumpre a semana desta"... "E Jacó fez assim, e cumpriu a semana desta." Aí se toma simbolicamente uma semana de sete dias para representar sete anos. Por que a base de uma semana? Porque existia o ciclo de sete dias, sem dúvida. Existindo a semana, necessariamente existia o seu marco, o sábado. Como se poderia ter perdido? 


3. No Cativeiro Egípcio 


Ter-se-ia perdido o sábado no Egito? Lemos em Êxo. 16:5 –imediatamente após a saída dos israelitas, do Egito – que Deus Se refere à semana, dizendo que no SEXTO DIA, deviam os filhos de Israel colher o maná em dobro. E no verso 23, Moisés reafirma ao povo que Deus mesmo dissera: "amanhã é o sábado." Acaso Deus não estava sendo exato? Podia Deus mentir?? Se afirmara Ele que era "o sábado", podemos estar certos, certíssimos de que era mesmo o sábado, o sétimo dia. Aquele "sexto dia" referido, era ou não contado a partir de um primeiro, num grupo de sete dias? Quem Poderá contestar? Quem poderá desmentir a Deus? Quem poderá impugnar o relato de Moisés? 

Caso se tivesse perdido o sábado, no Egito, Deus não estaria dizendo a verdade ao designar o sábado, no verso 23. E que era certamente "o sétimo dia," confirma-o inequivocamente o verso 26. Tão clara é a Bíblia. Pena é que há homens que a deturpam. 

Notemos que tudo isto acontecera antes da entrega solene da lei escrita no Sinai. Veio depois a lei, ou seja o resumo da lei moral em Dez Mandamentos. E no quarto mandamento está um imperativo e enfático "Lembra-te". Isto é importante. Prova que o povo se esquecera de guardar o sábado, no Egito, talvez devido à convivência com aquele povo pagão, mas DEUS NÃO SE ESQUECERA do dia certo, o sétimo dia da semana. Ora, Deus não iria exigir solenemente que o povo se "lembrasse" de um dia vago, incerto que se teria perdido... Deus é exato. É verdadeiro. É onisciente, onipotente, onipresente, imortal. Com tais atributos jamais deixaria de localizar o Seu santo dia, mesmo que os homens o tenham perdido de vista!!! 

O sábado – sempre acompanhando a semana a que se acha ligado – jamais se perdeu. Até ao êxodo temos provas de sua permanência. No deserto, durante os quarenta anos, o maná foi colhido, com a observância ininterrupta do sétimo dia da semana. Portanto, da Criação à entrada do povo em Canaã, mais de 2.000 anos se passaram, e o sábado não se perdera. Quando muito, temporariamente deixou de ser guardado, devido a apostasia do povo. Mas o dia não se perdeu. Uma instituição divina vigente não poderia e não deveria perder-se. 


4. No Período Anárquica dos Juízes 


Na terra prometida, o povo torna-se numeroso, os tribos estabelecem-se, formam uma nação. O chamado "período anárquico dos juízes" o foi somente em relação à acefalia periódica do governo da nação, à falta de moral, à apostasia dos homens e fatores desta ordem. Nunca poderia importar numa alteração do tempo. Por exemplo, é-nos dito em Juí. 5:32: "E sossegou a terra quarenta anos". Era ou não era um lapso definido de tempo? Era. Sem dúvida, esses anos eram subdivididos em meses e estes em semanas. Existindo a semana, logicamente existia o seu marco, e não se perdera o sábado, mesmo que, em períodos de apostasia, o povo não o observasse, a exemplo de muitos ramos da chamada cristandade em nossos dias. Mas isso não significa que o dia não existia ou se tenha extraviado. 

Mesmo naqueles tempos anárquicos, há referência a meses exatos, Juí. 11:38 e 39. Como poderiam existir meses completos, sem as semanas, ou ciclos de sete dias? Também cap. 19:2 fala de meses completos. Lemos que as bodas de Sansão duraram exatamente uma semana (Juí. 14:12), o que indica a base de um período regular de sete dias. Admitimos que o povo não observava o sábado nesse tempo devido a sua apostasia. A lei divina era conculcada. Mas o "santo dia" de Deus não poderia perder-se. O sábado portanto não se perdeu no período dos juízes. 


5. No Cativeiro Babilônico e Tempos Posteriores 


Durante oitocentos anos os israelitas tiveram as mais restritas leis e regulamentos em relação à guarda do sábado. Freqüentemente Deus, através dos profetas, os advertia quanto a profanação daquele santo dia. Leiam-se estas passagens: II Reis 4:23; 1 Crôn. 9:12; Isa. 56:2-6; 58:13; Jer. 17:24-27; Ezeq. 20:10-24; Amós 8:4-6, além de outras. Notemos que Samuel, Davi, Salomão, Ezequias, reis e profetas viveram neste lapso de tempo. E o sábado não se perdera. Era observado pelos servos de Deus. 

Seiscentos anos antes de Cristo, ocorreu o cativeiro babilônico, que durou setenta anos. E é interessante sabermos que Deus permitiu esse cativeiro como castigo ao Seu povo justamente por haver este transgredido o sábado. Leiam-se cuidadosamente Jer. 17:17-24 e Neem. 13:15-18. É racional perguntar: teria Deus permitido que se perdesse o sábado, como dia definido, de sorte a não poder o povo guardá-lo? Se assim fosse, teria malograda o próprio objetivo do cativeiro. Nem seria justo Deus infligir um castigo ao povo, se a causa desse castigo fosse objetável, a incerteza do dia de guarda. 

Nesse cativeiro viveu Daniel. E ele, segundo o testemunho das Escrituras, andava em absoluta conformidade com a lei de Deus. Dan. 6:5. Se ele transgredisse o sábado, seria apanhado nessa ocasião. E logo que os outros retornaram a Jerusalém, solenemente prometeram a Deus não mais violarem o sábado. E Neemias relembra-lhes solenemente que, Por esse pecado, lhes foi infligido o cativeiro. Neem. 10:31; 13:15-18. Num espaço de 70 anos, não se perdera o sábado. 

As crônicas e genealogias dos reis, e do tempo do cativeiro foram religiosamente preservadas. Posteriormente, no tempo dos Macabeus, o sábado não se perdera. (Macabeus 2:32-40). Também as referências de Flávio Josefo abonam a permanência do sábado naquele tempo. 

Os judeus eram excessivamente zelosos neste ponto. O testemunho da nação judaica, quanto à identidade do descanso do sétimo dia, é argumento absolutamente irrefutável. O sábado jamais se perdeu, e isto porque a semana sempre foi inalterável. 

Outro fato interessante. Nas línguas mais antigas, o último dia da semana é chamado sábado ou dia de repouso. Assim o consignam o siríaco, o árabe, o assírio, o hindustani, o armênio, o persa, o turco, o malaio, o russo, o italiano, o húngaro, o espanhol, o português, o francês, o boêmio e o prussiano. Isto prova que esse dia, o sétimo, era na antigüidade reconhecido como o legítimo dia de repouso, e fechava a semana. 

O fato de a Bíblia não mencionar, pelo nome, o sábado, da Criação ao êxodo, ou de Moisés a Davi, não prova que o dia de repouso não tenha existido. Também os evangelhos omitem a vida de Cristo dos 12 aos 30 anos, mas isto não prova que Cristo não tenha existido naquele intervalo de sua mocidade. 


6. Nos Dias de Cristo 


Cristo mesmo reconheceu que o dia observado pelos judeus, seus contemporâneos, era o verdadeiro sábado, o sétimo dia da semana. Quando, por exemplo, disse: "Assim o Filho do homem até do sábado é Senhor" S. Mar. 2:28, não o poderia fazer se não reconhecesse ser aquele dia o legítimo sábado da Criação. As mulheres piedosas que foram ungir o corpo do Mestre, "repousaram no sábado, conforme o mandamento" S. Luc. 23:56. Ora, é óbvio que o mandamento do sábado requer a observância do sétimo dia original, separado na Criação. 

Portanto, as mulheres, repousando no sábado conforme o mandamento, não o estavam fazendo em qualquer outro dia. Tanto mais que no versículo seguinte se menciona o dia imediato a este sábado conforme o mandamento, e tal dia imediato era o primeiro dia da semana. 

De modo algum poderia ter-se perdido o ciclo semanal e, logicamente o sábado, nos dias de Cristo, nos tempos do Novo Testamento. Cristo teria faltado com a verdade se Ele Se referisse ao sábado, quando tal dia se havia extraviado. E note-se que àquele tempo já se operara a mudança do calendário, introduzida por Júlio César, ocorrida em 46 A. C. e que não afetou o ciclo semanal, não alterando a ordem dos dias da semana.