Sermão 14 - Sobre Zaqueu

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Sermão sobre ZAQUEU em Lucas 19:1-9. 


Alguma vez você já sentiu rejeitado, condenado, e sem direito de se aproximar de Jesus? 


Alguma vez você já sentiu que apesar dos bens materiais que conseguiu na vida, continua havendo uma espécie de vazio interior que não o deixa ser feliz? 


Então sua vida tem muito a ver com a história de Zaqueu. 


Zaqueu é apresentado na Bíblia como um símbolo do homem pecador. A história diz que ele era rico. Homens ricos geralmente usam roupas finas e caras. É interessante notar que as vezes, o pecador é simbolizado na Bíblia por um homem pobre, mal vestido ou quase nu, como no caso do filho pródigo, que voltou para casa vestindo trapos de imundície e cheirando porco. 


Como na história de Maria Madalena, que foi arrastada pelos cabelos, seminua; ou como no caso do cego de nascença, que ficava na porta do templo pedindo esmola. 


Já outras vezes o pecador é simbolizado por um homem rico e bem vestido, como no caso de Naamã, o capitão do exército Sírio, que por trás de suas vestes finas e suas condecorações gloriosas escondia a miséria de uma lepra consumindo sua vida. 


Este também é o caso de Zaqueu, que aparentemente tinha tudo para ser feliz: usava roupas finas, , seus filhos talvez estudassem em escolas particulares de primeira classe, morava numa das mansões da cidade de Jericó, mas não era feliz. 


Sentia-se rejeitado pela sociedade e atormentado pela própria consciência. Por que o pecador é as vezes simbolizado por um homem pobre e quase nu, e de outras por alguém rico e bem vestido? 


O que Deus está querendo nos dizer, é que perante os Seus olhos , todos os seres humanos são pecadores, com apenas uma diferença: uns são flagrados em seu erro, e seu pecado é descoberto e exposto para vergonha pública. 


Dedos acusadores levantam-se muitas vezes para apontá-los e condená-los; estão nus. Outros, perante os olhos divinos, são tão pecadores como os primeiros, mas a lepra do pecado está oculta em baixo de vestes brilhantes. Podem passar pela vida sem que nunca alguém descubra seu erro, vestindo roupas finas, mas infelizes, desprezados e vazios por dentro, como Zaqueu. 


Ambos os grupos precisam de Jesus. Ambos precisam entender que os olhos da igreja e da sociedade podem ser diferentes, mas são iguais aos olhos de Deus. Zaqueu procurava ver “quem era Jesus”. Estava certo. 


Vivia em pecado, usava para proveito próprio a posição que o governo tinha lhe confiado, mas estava certo em sua busca. Cristianismo não é moralismo. A nossa primeira pergunta nunca deveria ser quanto ao que farei ou não farei, e sim, quem é Jesus, a quem amarei e a quem servirei. Zaqueu estava certo. 


Procurava saber quem era Jesus, mas não podia, por causa da “multidão”. Qual era a grande dificuldade? 


Sua pequena estatura? Seu peso? Sua raça? Sua posição social? 


O que o fazia sentir-se indigno? Sua vida cheia de erros? Sua pouca ou muita instrução? 


Não, isso nunca foi problema para chegar a Jesus. Era a multidão que não lhe permitia se aproximar do único capaz de preencher lhe o coração e transformar-lhe a vida. 


Você já percebeu que durante o ministério de Cristo na terra, as multidões sempre atrapalharam a obra da redenção? 


Lembra do paralítico que um dia precisava desesperadamente de Jesus para ser curado, mas não podia chegar perto dEle por causa da multidão? Os amigos tiveram que fazer um buraco no teto para que pudesse chegar ao Salvador.


Já leu a história da mulher com fluxo de sangue que teve que abrir caminho em meio a multidão para poder tocar o manto de Cristo? Consegue imaginar o cego que precisava de visão clamando em alta voz: “Jesus, filho de Davi, tem compaixão de mim!” 


As multidões ordenaram-lhe guardar silêncio , mas ele continuou gritando. As multidões sempre se consideraram fiscais da salvação. “Você não, por que é leproso.” Você sim, passe adiante.” “Você espere, está imundo; primeiro tome um banho, está cheirando mal para chegar perto de Jesus”. Certo dia as multidões queriam impedir que as crianças se aproximassem do Mestre. 


A voz doce de Jesus disse então: “Deixai vir a Mim os pequeninos , não os embaraceis, porque dos tais é o reino de Deus.” Zaqueu sentia-se indigno e pecador, porém as multidões fizeram-no sentir-se mais indigno e pecador ainda. 


Então o homem rico de Jericó pensou que o melhor seria ficar de fora e limitar-se olhar Jesus de longe, e ai caiu no erro de muitos, hoje; porque cristianismo não é seguir Jesus de longe . 


Cristianismo é relacionamento diário e permanente com Jesus. Não importa se a multidão dificulta sua aproximação dEle. Façam como o paralítico, que entrou pelo teto, ou como a mulher com um fluxo de sangue , que abriu espaço entre a multidão, ou então clame como o cego: “Jesus, filho de Davi, tem compaixão de mim!” Mas não fique em cima da árvore. 


Não existem desculpas para ficar longe, na passividade de um sicômoro, ou na indiferença de quem vê Jesus passar. Cristianismo é compromisso com Jesus, é envolvimento com sua igreja é participação de Sua missão. 


Cristianismo nunca foi contemplação cômoda de um sicômoro, enquanto se ruminam mágoas e ressentimentos e se é consumido por lembranças tristes que as multidões imprimiram dolorosamente em nossa vida. Não, cristianismo é chegar perto de Jesus, apesar das multidões.


Jesus atravessava a cidade, seguido pelas multidões, e lá estava Zaqueu em cima de um sicômoro. Por que será que nós, seres humanos, estamos sempre plantando árvores para ficarmos em cima, vendo Jesus passar? Zaqueu estava em cima de sicômoro. 


Mas podia ter sido uma árvore de preconceitos, temores ou dúvidas. Quem sabe uma árvore de mágoas, ressentimentos, ou simplesmente de orgulho e incredulidade. Tanto faz. De repente, Jesus parou em meio a tanta gente, olhou para Zaqueu: “Zaqueu, desce depressa, pois me convém ficar em tua casa”. 


Tenho tentado muitas vezes imaginar aquela cena. Imagino Zaqueu olhando desconcertado para todo o lado e perguntando, com aquela ansiedade de querer que seja, mas tendo medo de que não seja: “É comigo, Senhor? Não está equivocado? 


Eu sou Zaqueu, um ladrão, um homem injusto. 


É comigo que vai jantar essa noite?” Você já pensou? Meu amigo? 


Naquele dia havia milhares de pessoas junto a Jesus. Centenas de homens e mulheres que lutavam um contra o outro por um lugar especial perto de Jesus. Cada um sentindo-se com mais direito do que o outro, e de repente o Mestre olha para quem nada espera, olha para quem se sentia indigno, para um homem insignificante, perdido lá entre os galhos de um sicômoro, e o chama pelo nome: “Zaqueu”. 


Assim são as coisas com Jesus. Para Ele não existe multidões, existem pessoas. Para Ele você não é apenas uma ordem de produção ou um número na estatística. Você é gente. Ele se preocupa com você. Com seus sentimentos, com seus sonhos, alegrias e tristezas. 


Ele chora com sua dor e se alegra com seu sorriso. Você é tão importante para Ele que um dia Ele deixou tudo e veio a este mundo para buscá-lo. Ele sabe seu nome, onde você mora, conhece suas ansiedades, sabe que você pode estar tentando ser um homem difícil ao apelo divino, dizendo para si mesmo: “Eu só quero vê-lo de longe”. 


Mas na realidade você é um homem solitário e sincero, que precisa dEle como todo o ser humano. “É comigo, Senhor? Pergunta você. “Sim, é com você, Henrique, Francisco, Isaura, Aparecida, é com você mesmo.” 


É por você que eu vim, Eu o amo, não pelo que você faz ou deixa de fazer, mas pelo que você é: um ser humano maravilhoso, apenas isso.” A maneira como Jesus tratou a Zaqueu é a maneira como Ele quer levar Sua Igreja ao reavivamento e à forma completa. 


Veja que Jesus não olhou para Zaqueu e disse: “Zaqueu, você é um ladrão, e o que você faz é uma vergonha. Estou lhe dando o privilégio de hospedar-Me, mas antes quero que você confesse publicamente que você é ladrão, e que devolva o dinheiro que roubou dos outros. Eu imagino que era isso que as multidões estavam esperando. 


Mas Jesus não fez nada disso. Havia algo de maravilhoso com Ele. Os pecadores sentiam-se amados na Sua presença. Quer dizer que Ele apoiava a vida errada dos homens? 


Não. A conduta deles é que mudava. Mas Ele nunca os fazia sentir mais pecadores do que já eram. Não precisava agredi-los para inspirar neles o desejo de mudar a vida. E agora vejamos a atitude de Zaqueu. 


O que foi que ele fez? Será que ele desceu do sicômoro e disse para Jesus: “Obrigado, Senhor, por lembrar-Te de mim. Eu nunca poderei agradecer-Te pelo fato de olhar para mim em meio a tanta gente. Agora fica um pouco aqui. Deixa-me ir e arrumar a casa. 


As coisas não estão bem por lá. Deixa-me fazer uma faxina completa e preparar uma refeição gostosa, então voltarei e iremos juntos.” Foi assim que Zaqueu falou? Não. Por que não? Porque se pudéssemos deixar Jesus aguardando para primeiro limpar a casa, não precisaríamos mais dEle. Aqui está envolvido o maravilhoso princípio da justificação, que é pela fé, e da santificação, que também é pela fé. É Ele quem limpa a vida. É Ele quem coloca as coisas em ordem.


É Ele quem corrigi, quem conserta, quem purifica. Nunca cometamos a tolice de agradecer a Deus pelo perdão e depois, sozinhos, tentaremos pôr a vida em ordem. 


O que foi que Zaqueu fez? Acho que ele colocou sua mão na de Jesus. Era um homem solitário, rejeitado pela sociedade, que precisava de alguém que lhe restaurasse o senso de humildade. 


Ali estava uma mão estendida com amor, e ele agarrou-se a ela, apesar de ser um publicano, um ladrão, um pecador. A multidão não ficou contente com a atitude de Jesus. “Ah”, pensaram no coração, “Ele dava a impressão de ser o Messias, mas em lugar de condenar os pecadores, recebeu-os, junta-se com eles e não os repreende”. 


Você já pensou que enquanto Jesus esteve na terra nunca condenou os derrotados, os marginais, os ladrões ou as prostitutas? As poucas vezes que Ele condenou alguém, foram aqueles que achavam que tudo estava bem com eles, aqueles que se consideravam os guardiões da fé, a norma de vida de seus semelhantes. 


Graças a Deus porque Jesus veio a este mundo buscar os perdidos, os derrotados, os cansados de lutar sem nunca conseguir. Se você é um deles, alegre-se e louve o nome do Senhor, por que foi por você que Ele veio. 


Ele o está procurando, não importa onde você está, onde se escondeu, ou para onde fugiu. Um dia a voz de Deus o alcançará e o chamará pelo seu nome, e talvez isso esteja acontecendo neste momento, enquanto você lê estas linhas. Você está tremendo em cima do sicômoro da vida? Sente-se rejeitado, triste, frustrado? Sente que nunca vai conseguir? 


Ouça então a voz do Mestre dizendo: “Filho, Eu amo você. Desça daí, quero ficar com você. Quero entrar em sua vida e colocar cada coisa em seu lugar. Limpa o que tem que ser limpo, conserta o que tem que ser consertado. 


Olha agora para Jesus e Zaqueu. Nenhuma palavra, apenas caminhavam juntos, de mãos dadas, e aquele laço de amor penetrou na vida daquele publicano. Enquanto caminhavam juntos, a vida de Jesus, Seu poder, Sua vitória, transmitiu-se para o pobre homem, gerando nele o desejo de mudar a vida. 


Depois levantou-se e disse: “Mestre, se em alguma coisa defraudei alguém, estou disposto a restituir quatro vezes mais, e o que sobrar estou disposto a repartir com os pobres.” Este é o resultado inevitável de estar em Jesus e andar com Ele. É impossível estar com Jesus e conviver com o pecado ao mesmo tempo. Ambas as coisas não combinam. 


Ao lado da justiça não há lugar para o pecado. Nele fomos feitos justiça de Deus. Nele somos libertados, tornamo-nos vitoriosos, e o que antes parecia difícil, torna-se natural, como um fruto maduro que cai no tempo oportuno. Que dia extraordinário aquele. 


No início, Zaqueu não passava de um homem solitário, frustrado e vazio apesar de sua invejável posição social e financeira. No fim do dia era um homem feliz, completo, transformado em Cristo. Zaqueu conhecia os dois lados da vida. 


O desespero e a esperança, o vazio e a plenitude, a tristeza e a alegria, a condenação e o perdão, a derrota e a vitória. Certamente ele podia dizer: “Jesus, Tu és a minha vida”. Assim são as coisas com Jesus. Para Ele não existe multidões, existem pessoas. 


Para Ele você não é apenas uma ordem de produção ou um número na estatística. Você é gente. Ele se preocupa com você. Com seus sentimentos, com seus sonhos, alegrias e tristezas. Ele chora com sua dor e se alegra com seu sorriso.


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