A manifestação do poder de Deus no ministério do profeta Eliseu

Profeta Eliseu e Naamã

Estudemos agora um pouco sobre corpo, alma e espírito no contexto do ministério profético bíblico, começando por Eliseu a partir de uma experiência sua vivida com Geazi seu servo no episódio da famosa cura de Naamã, o siro, que ao ser curado quis dá um presente ao profeta, o qual recusou. (ver 2 Re. 5:20-27)

O PERIGO DA AVAREZA

Geazi movido pela cobiça foi atrás dos presentes de Naamã que Eliseu recusara receber, e ao retornar procedeu com a maior naturalidade, mentindo descaradamente quando interrogado por seu senhor, que intrigantemente proferiu as interessantes palavras do Vs.26: 
“... Porventura, não fui contigo em espírito quando aquele homem voltou do seu carro, a encontrar-te?...” 
Será que o corpo de Eliseu ficou em casa enquanto seu espírito acompanhou Geazi? Observe que em nenhum momento a passagem bíblica afirma isso, mas muitos pensam que foi assim.

Amigo, o único ser onisciente no universo é Deus, nem Eliseu e nenhum outro homem tem habilidade para teletransportar-se e saber todas as coisas à sua volta, mas Eliseu era profeta e como tal tinha revelações e visões de Deus, e se ele viu Naamã voltando do seu carro a encontrar-se com Geazi foi por visão do Senhor, pois era profeta e isso era perfeitamente admissível.


Além disso, ele conhecia bem o seu moço, sabia de sua personalidade e ganância e a tendência que possuía, ao observar o comportamento dele com a saída de Naamã sem deixar nada, sentiu a propensão do que estava a acorrer e “em espírito” obteve uma revelação Divina, o espírito é a ligação do homem com Deus, o fôlego dado por Ele, isto está absolutamente correto e totalmente de acordo a verdade.

Mais adiante em (2Re.6:8-23) encontramos a história da ação de Eliseu na guerra contra os siros, a Bíblia nos diz que quando o rei da síria armava seu acampamento para fazer guerra a Israel, o Senhor revelava o local do mesmo ao profeta que o dizia ao rei de Israel frustrando assim o exército inimigo, a visão de Deus era tão poderosa que no Vs 12 diz-se que Eliseu, em Israel, sabia o que o rei da Síria falava no seu quarto de dormir, isso é que é um poder invencível!


Agora note, não era o espírito de Eliseu que vagava até a Síria para ver o rei falando em seu quarto, eram as revelações do senhor ao seu profeta, através das visões, comuns a um profeta, isso sim tem base bíblica, e é claramente notado.

O espírita ou o fôlego é a parte que vem de Deus na constituição do ser humano, a outra parte, o barro vem da terra que também vem indiretamente de Deus, o espírito de Elias não podia ter saído dele e entrado em Eliseu pois este já havia recebido seu próprio espírito na sua concepção no ventre materno, e a Bíblia jamais afirma em nenhum lugar que o espírito de um homem possa ser transferido a outro, isso seria incoerência com ela mesma.


Ainda que pudesse seria impossível do ponto de vista lógico, pois Elias não parece ter morrido na ocasião, sendo, diferentemente, assunto ao céu num carro com cavalos de fogo; se na verdade seu espírito o tivesse deixado certamente havia morrido, isso é o que acontece de acordo com as seguintes passagens: 
“e o pó volte à terra, como o era, e o espírito volte a Deus, que o deu.”(Ec.12:7)
“Sai-lhes o espírito, e eles tornam ao pó; nesse mesmo dia, perecem todos os seus desígnios.” (Sl. 146:4)

OBSERVE  


No primeiro verso a afirmação que o espírito “... volta a Deus, que o deu.” e não para outro ser humano, e isso parece se dá também talvez até com animais (Ec. 3:19-22), mas sem exceção entre os humanos.

O espírito que se diz ser de Elias (Vs9) na verdade era o Espírito Santo que nele repousava e que caracterizou seu ministério com o comportamento, caráter, natureza e estilo de vida peculiar a tal ponto de ser chamado o espírito de Elias, homem de Deus, que não só se refletiu em Eliseu, mas também em João batista no novo testamento (Mt. 3:4), o qual foi anunciado pelo anjo Gabriel que disse a Zacarias:
“E irá adiante do Senhor no espírito e poder de Elias, para converter o coração dos pais aos filhos, converter os desobedientes à prudência dos justos e habilitar para o Senhor um povo preparado.” (Lc. 1:17)
“... espírito e poder de Elias...” não deve ser interpretado fora do seu contexto, significa expressamente o espírito e poder de Deus em Elias que viria a futuramente João Batista, qualquer pessoa concordará comigo nesse aspecto, do contrário se colocaria na posição de admitir que tudo o que Elias realizou foi com o poder do seu próprio espírito, o que vem a ser um absurdo, e é negado pela boca dele mesmo: 
“... Elias disse: Ó SENHOR, Deus de Abraão, de Isaque e de Israel, fique, hoje, sabido que tu és Deus em Israel, e que eu sou teu servo e que, segundo a tua palavra, fiz todas estas coisas.” (1Re.18:36) (grifo acrescentado)
O apóstolo Thiago deixou-nos escrito que: 
“Elias era homem semelhante a nós, sujeito aos mesmos sentimentos...” (Tg. 5:17)
Portanto, Elias não tinha poder algum inerente a si mesmo, a na ser o poder a ele conferido pela unção vivificante do Espírito Santo.

Na passagem correlata em (1Re.17:1) o que podemos entender do fato de Elias ter dito:” segundo a minha palavra?”

Bem, isso é para que você perceba e tenha uma noção de como Deus atende a oração de um justo, como citado em (Tg. 5:17) à pouco, e semelhante ao que Jesus disse: 

“Em verdade vos digo que tudo o que ligardes na terra terá sido ligado nos céus, e tudo o que desligardes na terra terá sido desligado nos céus.”(Mt.18:18)
O Espírito Santo atuava tão poderosa e intensamente em Elias que a sua palavra era puramente um reflexo da de Deus para o rei Acabe. 

Conjeturemos ainda que ele houvesse determinado algo contrário à palavra de Deus, e tal se cumprisse, mesmo assim esse sinal não seria pelo seu poder, mas pela a astúcia de satanás, que tem poder para isso, nenhum humano tem poder inerente a si, é sim, instrumento de poder, ao se submeter ao ser superior que o governa, tornando-se conduto dessa força: “tudo posso naquele que me fortalece.”(Fl.4:13)

PODER DA ORAÇÃO


Podemos ligar o poder de Deus à necessidade, servindo de canal para que sejam realizados os propósitos do eterno, e conforme nos habilitemos em seu serviço, sua palavra passa ser a nossa.

Elias não pôde ter passado seu próprio espírito para Eliseu,pois subiu ao céu em corpo, alma e espírito, recebendo um corpo celestial na ocasião, é claro(1Co.15:40), prova disso está em (Mt.17:1-3) que descreve a transfiguração de Jesus. 

A bíblia é perfeita, se Elias tivesse morrido não poderia ter aparecido no monte com Moisés, pois veja o que diz Salomão acerca dos que já morreram: “... não têm eles parte em coisa alguma do que se faz debaixo do sol. (Ec. 9:5, 6)

Se acaso os personagens fossem Moisés e Davi, seria encontrado um erro nas páginas sagradas devido em outros trechos ela dizer que: “... Davi... morreu e foi sepultado, e o seu túmulo permanece entre nós até hoje. (At.2:29)

“Tal como a nuvem se desfaz e passa, aquele que desce à sepultura jamais tornará a subir. Nunca mais tornará à sua casa, nem o lugar onde habita o conhecerá jamais.” (Jó7: 9, 10)
A respeito de Moisés, sabemos que o mesmo morreu (Dt. 34:5, 6) e o Senhor tendo-o sepultado, guardou seu corpo: 
“... o arcanjo Miguel, quando contendia com o diabo e disputava a respeito do corpo de Moisés, não se atreveu a proferir juízo infamatório contra ele; pelo contrário, disse: O Senhor te repreenda!” (Jd.9)
A única maneira pela qual Moisés pôde estar presente no monte da transfiguração foi pela ressurreição, da qual ele se fazia representante, prefigurando a segunda vinda de Cristo quando: 

“... o Senhor mesmo, dada a sua palavra de ordem, ouvida a voz do arcanjo, e ressoada a trombeta de Deus, descerá dos céus, e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro; depois, nós, os vivos, os que ficarmos, seremos arrebatados juntamente com eles, entre nuvens, para o encontro do Senhor nos ares, e, assim, estaremos para sempre com o Senhor.(1Ts.4:16, 17)

SIMBOLICAMENTE


Ficou Elias como tipo dos justos que estiverem vivos sobre a terra, e Moisés, como citado,dos que ressuscitarão no grande Dia do Senhor, ao vir o Filho do homem na glória do seu reino; isso por que a transfiguração de Jesus foi um cumprimento de uma promessa feita aos discípulos seis dias antes, e como tal era um retrato verdadeiro do ocorrerá no fim dos dias, o que é confirmado a seguir: 

“Não vos maravilheis disto, porque vem a hora em que todos os que se acham nos túmulos ouvirão a sua voz e sairão: os que tiverem feito o bem, para a ressurreição da vida; e os que tiverem praticado o mal, para a ressurreição do juízo.”(Jo.5:28, 29)  
“Eis que vos digo um mistério: nem todos dormiremos, mas transformados seremos todos, num momento, num abrir e fechar de olhos, ao ressoar da última trombeta. A trombeta soará, os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados.”(1Co.15:51,52)

Elias como Eliseu eram revestidos do Espírito de Deus algumas vezes, segundo a necessidade; um dia Eliseu quando consultado a respeito do desfecho de uma guerra entre Israel e os moabitas disse: 

“Ora, pois, trazei-me um tangedor. Quando o tangedor tocava, veio o poder de Deus sobre Eliseu.” (2Re.3:15)
Em seguida foi descrito o que iria ocorrer e de fato aconteceu com precisão.
Certamente essa foi uma revelação Divina ao povo, transmitida por meio do seu profeta ungido, coisas semelhantes e mais surpreendentes se deram com Miquéias, Isaías, Daniel, Jeremias etc. Como também no novo testamento, visões e sonhos foram recebidos por homens e mulheres.