Os 144 mil e a última geração

Os 144 mil e a última geração

Esse tema é abordado no penúltimo capítulo do livro 'O Ritual do Santuário', de M.L. Andreasen. Esse livro foi vendido até os anos 90 pela CPB, a editora Adventista no Brasil, mas foi tirado de circulação no últimos anos devido a crescente controvérsia em torno do que se chama doutrina do 'perfeccionismo'.

A crença de que o povo de Deus, no tempo do fim, alcançará um estado de impecabilidade.

BIOGRAFIA DO AUTOR


Milian Lauritz Andreasen nasceu em 4 de junho de 1876  e faleceu em 19 de fevereiro de 1962). Ele foi um dos teólogos mais proeminentes da Igreja Adventista do Sétimo Dia durante as décadas de 1930 e 1940. 

Andreasen manteve a crença de que os cristãos podem vencer o pecado, conhecido popularmente como Teologia da Última Geração, controverso por suas visões sobre expiação e salvação. Ficou conhecido por seus protestos contra os líderes da Igreja Adventista do Sétimo Dia durante os últimos anos de sua vida.

Andreasen serviu como presidente da Conferência Geral em Nova York (1909-1910), presidente do Hutchinson Theological Seminary (1910-1918), reitor do Atlantic Union College (1918-1922), reitor do Washington Missionary College (atual Washington Adventist University) ( 1922 - 1924), presidente da Conferência de Minnesota (1924 - 1931), presidente da Union College, Nebraska (1931 - 1938) e secretário de campo da Conferência Geral (1941 - 1950). 

Ele também ensinou no Seminário Teológico Adventista do Sétimo Dia (agora localizado na Universidade Andrews) de 1937 a 1950.

QUESTÕES SOBRE DOUTRINA


Sua disputa com a Igreja foi sobre a teologia da expiação e humanidade de Cristo que foi expressa em um livro de 1957 Questions on Doctrine (QOD) (Ver livro aqui). 

Andreasen argumentou que o livro "Questions on Doctrine" estabeleceu uma mudança sinistra na teologia adventista do sétimo dia. Ele dirigiu suas preocupações em seu próprio livro, 'O Ritual do Santuário'. 

Andreasen pediu que 'Questões sobre Doutrina não fossem publicado, e argumentou extensivamente com os líderes da igreja para corrigir / mudar as idéias que eles eventualmente colocaram na impressão. 

Eventualmente, 'Questões sobre Doutrina' foi publicado e Andreasen tornou-se público na identificação e exposição do que ele via como aspectos problemáticos do livro. 

A igreja revogou suas credenciais ministeriais em 1961. 

Pouco antes de sua morte, em fevereiro de 1962, ele se reconciliou com aqueles com quem havia protestado tão apaixonadamente. Suas credenciais foram postumamente restauradas em 1962. Todavia continua sendo visto como herege pela linha predominante de teólogos adventistas.

Confira abaixo, na íntegra, o capítulo 21 do livro 'Ritual do Santuário' onde ele aborda o assunto dos 144 mil e a última geração:

21.  A ÚLTIMA GERAÇÃO


A demonstração final do que o evangelho pode operar na humanidade e em favor dela, está ainda no futuro. Cristo apontou o caminho. Revestiu-Se do corpo humano e, nesse corpo, demonstrou o poder de Deus. Os homens devem seguir-Lhe o exemplo e provar que o que Deus fez em Cristo, pode efetuar em todo ser humano que a Ele se submete. O mundo está à espera dessa demonstração. Rom 8:19. Quando isso se realizar, virá o fim. Deus terá cumprido Seu plano. Ter-se-á mostrado verdadeiro, e Satanás, mentiroso. Será reivindicado Seu governo.

É hoje ensinada no mundo muita doutrina espúria a respeito da santidade. Acham-se, de um lado, os que negam o poder divino para salvar do pecado. Do outro, há os que ostentam sua santidade diante dos homens e querem fazer-nos crer que estão sem pecado. Contam-se, entre a primeira classe, não só descrentes e cépticos, mas também membros da igreja cuja visão não inclui vitória sobre o pecado, mas transigência com ele. Da outra classe fazem parte os que não tem conceito exato do pecado nem da santidade divina, e cuja visão espiritual se acha tão obscurecida que não podem ver suas próprias faltas, e daí se crêem perfeitos. Suas idéias acerca de religião são tais, que seu próprio entendimento da verdade e retidão é superior ao revelado na Palavra. Não é fácil decidir qual o erro maior.

Que a Bíblia inculca a santidade é incontestável. “O mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo o vosso espírito, e alma, e corpo, sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo”. I Tess. 5:23. “Segui a paz com todos, e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor”. Heb. 12:14. “Porque esta é a vontade de Deus, a vossa santificação”. I Tess. 4:3. O Termo grego hagios, em suas várias formas, é traduzido “santificar”, “santo”, “santidade”, “santificado”, “santificação”. Emprega-se o mesmo vocábulo para ambos os compartimentos do santuário, e significa aquilo que é posto à parte para Deus. 

A pessoa santificada é a que é posta à parte para Deus, e cuja vida toda está a Ele dedicada.

O plano da salvação tem de incluir necessariamente não só o perdão do pecado, mas também restauração completa. Salvação do pecado é mais do que perdão do pecado. Perdão pressupõe pecado e é concedido sob condição de o abandonarmos; santificação indica libertação de seu poder e vitória sobre ele. O primeiro é um meio de neutralizar o efeito do pecado; a segunda é restauração do poder para alcançar a vitória completa.

O pecado, como algumas moléstias, deixa o homem em estão deplorável – abatido, desanimado, desalento. Tem pouco controle sobre a mente, falta-lhe força de vontade e, com as melhores intenções, não pode fazer o que é correto. Julga não haver esperança. Sabe que a si mesmo cabe a culpa, e o remorso enche-lhe a alma. Aos males físicos, junta-se a tortura da consciência. Sabe que pecou e que é culpado. Não se compadecerá alguém dele?

Chega-lhe então o evangelho. Pregam-lhe as boas novas. Embora seus pecados sejam como escarlata, tornar-se-ão brancos como a neve; conquanto vermelhos como carmesim, serão como branca lã. Tudo está perdoado. Ele está “salvo”. Que maravilhoso livramento, esse! Seu espírito está em paz. Não mais o atormenta a consciência. Foi perdoado. Seus pecados foram lançados no fundo do mar. Transborda-lhe o coração de louvor a Deus, por Sua misericórdia e bondade para com ele.

Assim como um navio avariado, rebocado ao porto, se acha a salvo mas não são, assim também o homem está “salvo” mas não são. É preciso reparar o navio antes de se poder declará-lo em condições de navegar, e o homem necessita reconstrução antes de estar plenamente restaurado. A esse processo da restauração se chama santificação, e inclui o corpo, a alma e o espírito. Concluída a obra, o homem é “santo”, está completamente santificado e restaurado à imagem divina. Essa demonstração do que o evangelho pode fazer em favor do ser humano, é o que o mundo aguarda.

Na Bíblia, tanto o processo como a obra terminada são denominados santificação. Por esse motivo são os “irmãos” chamados santos e santificação. Por esse motivo são os “irmãos” chamados santos e santificados, embora não tenham alcançado a perfeição. (I Cor. 1:2; II Cor. 1:1; Heb. 3:1). Quem lê as epístolas aos Coríntios, logo se convence de que os santos mencionados tinham suas faltas.

Apesar disso, diz-se que são “santificados”e “chamados santos”. O motivo está em que a santificação completa não é obra de um dia ou de um ano, mas da vida toda. Inicia-se no momento em que a pessoa se converte e continua a vida inteira. Cada vitória apressa o processo. Poucos cristãos há em que obtiveram a vitória sobre algum pecado que antes muito os molestavam e os vencia. Mais de um homem que era escravo do fumo alcançou a vitória sobre o vício e nela se regozija. O fumo deixou de ser uma tentação. Já não mais o atrai. Obteve a vitória. Nesse ponto está santificado. Assim como se tornou vitorioso sobre uma tentação, pode chegar a sê-lo sobre todo pecado. Terminada a obra e alcançado o triunfo sobre o orgulho, a ambição, o amor ao mundo e todo o mal, estará pronto para a trasladação. Terá sido provado em todos os pontos. O maligno terá vindo e nada terá achado. Estará irrepreensível mesmo perante o trono de Deus. Cristo porá sobre ele Seu selo. Estará salvo e são. Deus terá terminado nele Sua obra. Estará completa a demonstração do que Ele pode fazer com a humanidade.

Assim sucederá com a última geração que vive sobre a terra. Por meio dela, Deus efetuará a demonstração final do que pode fazer com a humanidade. Tomará os mais fracos dos fracos, os que levam todos os pecados de seus antepassados e neles revelará Seu poder. Estarão sujeitos a toda tentação, mas não cederão. Provarão que é possível viver sem pecar – demonstração que o mundo tem aguardado e para a qual Deus tem estado a fazer preparativos. Será evidente a todos que o evangelho pode com efeito salvar plenamente. Deus será achado verdadeiro em Suas palavras.

O último ano trará a prova final; mas esta tão somente demonstrará aos anjos e ao mundo que nada do que o maligno faça abalará os escolhidos de Deus. Cairão as pragas, ver-se-á destruição por todos os lados, os remidos enfrentarão a morte, mas, como Jô, manter-se-ão firmes em sua integridade. Nada os pode fazer pecar. Guardarão “os mandamentos de Deus e a fé de Jesus”. Apocalipse 14:12.

Através de toda a história do mundo, Deus tem tido Seus fiéis. Têm suportado aflições mesmo em meio de grande tribulação. E mesmo em meio aos ataques de Satanás, como diz o apóstolo Paulo, conseguiram praticar “justiça”. 

Foram apedrejados, serrados, tentados, mortos ao fio da espada: andaram vestidos de peles de ovelhas e de cabras, desamparados, aflitos e maltratados (dos quais o mundo não era digno), errantes pelos desertos e montes, pelas covas e cavernas da terra”. Heb. 11:37 e 38.

E além dessa lista de testemunhas fiéis, muitas das quais foram martirizadas por sua fé, Deus terá nos últimos dias um remanescente, um “pequeno rebanho”, por assim dizer, no qual e por meio do qual dará ao universo provas de Seu amor, poder e justiça que, com exceção da vida piedosa de Cristo na terra e Seu supremo sacrifício no Calvário, serão a demonstração mais vasta e concludente de todas as épocas.

Na última geração que viver na terra, ficará plenamente revelado o poder divino para a santificação. A manifestação desse poder é a reivindicação de Deus. Eliminará qualquer acusação que Satanás tenha apresentado contra Ele. Na última geração o Senhor será reivindicado, e Satanás derrotado. Talvez seja necessário ampliar isto um pouco mais.
A rebelião que se verificou no céu e introduziu o pecado no universo de Deus, deve ter sido terrível tanto para Ele como para os anjos. Até certo momento, tudo fora paz e harmonia. Desconhecia-se a discórdia: prevalecia apenas o amor. Depois ambições profanas possuíam o coração de Lúcifer. Resolveu ser igual ao Altíssimo. Elevaria seu trono acima das estrelas de Deus. Além disso, propunha-se sentar-se “no monte da congregação”, “da banda dos lados do norte”. (Isa. 14:12-14). Essa asserção equivale a intentar depor a Deus e ocupar Seu lugar. É uma declaração de guerra. Onde Deus Se sentava, Satanás queria sentar-se. Deus aceitou o repto.

Não temos explicação bíblica, direta, quanto aos meios empregados por Satanás para aliciar ao seu lado uma multidão de anjos. É muito claro que mentiu. Também é incontestável que desde o princípio foi homicida. (João 8:44). Como o homicídio tem seu começo no ódio e como esse ódio culminou na morte do Filho de Deus no Calvário, podemos crer que a ira de Satanás não se dirigia apenas contra Deus o Pai, mas também, e mais especialmente contra Deus o Filho. Em sua rebelião. Satanás foi mais longe que uma simples ameaça. Exaltou realmente seu trono, dizendo: “Eu sou Deus, sobre a cadeira de Deus me assento”. Ezeq. 28:2.

Quando Satanás assim estabeleceu seu governo no céu, a questão ficou bem definida. 

Nenhum dos anjos já podia estar em dúvida. Todos deviam decidir-se a favor de Satanás ou contra ele. Em caso de rebelião há sempre algum agravo, real ou imaginário, que se apresenta como pretexto. Surge em alguns o descontentamento, e ao não conseguirem remediar o mal, recorrem à rebelião. Os que simpatizam com a causa rebelde a ela se unem, os demais permanecem leais ao governo e naturalmente correm o risco de perecer.
Ao que parece, chegou-se no céu a essa situação. O resultado foi a guerra. “Houve batalha no céu: Miguel e os Seus anjos batalhavam contra o dragão, e batalhava o dragão e os seus anjos”. (Apoc. 12:7). Poder-se-iam ter previsto as conseqüências. Satanás e seus anjos “não prevaleceram, nem mais o seu lugar se achou nos céus. E foi precipitado o grande dragão, a antiga serpente, chamada o Diabo, e Satanás, que engana todo o mundo; ele foi precipitado na terra, e os seus anjos foram lançados com ele”. vs. 8 e 9.

Satanás foi derrotado, mas não destruído. Por seu ato de rebelião, declarara que o governo de Deus tinha faltas. Pelo estabelecimento de seu próprio trono pretendera possuir maior sabedoria ou justiça que Deus. Essas pretensões são inerentes à rebelião e ao estabelecimento de outro governo. Dificilmente podia Deus dar a Satanás a oportunidade de demonstrar suas teorias. Para tirar toda dúvida da mente dos anjos, e mais tarde do homem, Deus devia deixar que Satanás prosseguisse em sua obra. Permitiu-lhe, pois, viver e estabelecer seu governo. Durante os últimos seis mil anos, te estado demonstrando ao universo o que fará quando se lhe oferecer ensejo.

Permitiu-se que essa demonstração continuasse até agora. E o que tem sido ela! Desde que Caim matou a Abel, tem havido ódio, derramamento de sangue, crueldade e opressão na terra. Têm-se espezinhado a virtude, a bondade e a justiça; o vício, a vileza e a corrupção têm triunfado. O justo tem sido presa do mau; os mensageiros de Deus, torturados e mortos: a lei divina calçada no pó. Quando Deus enviou Seu Filho, em vez de honrá-Lo, os homens perversos, sob a instigação de Satanás, O penduraram no madeiro. Mesmo então não destruiu Deus a Satanás. A demonstração devia ser completa. “Unicamente quando se realizarem os últimos acontecimentos, e os homens estiverem a ponto de exterminar-se uns aos outros, Ele intervirá para salvar os Seus. Então não estará dúvida no espírito de ninguém de que, se Satanás houvesse assumido o poder, teria destruído todo vestígio de bondade, arrojado a Deus do trono, dado a morte a Seu Filho, estabelecendo um reino de violência, fundado no egoísmo e na cruel ambição.

O que Satanás tem estado patenteando é realmente seu caráter, e a que ponto pode levar a ambição egoísta. A princípio quis ser como Deus. Não estava satisfeito com sua posição como o mais elevado dos seres criados. Queria ser Deus. E as provas têm revelado que, quando uma pessoa fixa um alvo egoísta, não se deterá ante obstáculo algum para alcançá-lo. Quem quer que se lhe oponha, terá de ser tirado do caminho. Embora seja o próprio Deus, deverá ser eliminado.

A demonstração ensina também que a alta posição não é satisfatória para o indivíduo ambicioso. Precisa alcançar a mais elevada, e ainda assim não se contenta. A pessoa de posição humilde sente-se tentada a crer que estaria satisfeita se sua situação melhorasse. Está pelo menos segura de que ficaria contente se alcançasse a mais alta posição possível. Mas ficaria de fato? Lúcifer não ficou. Ele ocupava a mais alta posição possível. Mas isso não lhe agradou. Queria outra mais elevada ainda. Desejava ser o próprio Deus.

A esse respeito é muito frisante o contraste entre Cristo e Satanás. Este queria ser Deus. E desejava-o tanto que estava disposto a fazer qualquer coisa para alcançar seu alvo. Cristo, por outro lado, não considerou o ser igual a Deus coisa que devesse reter. Humilhou-se voluntariamente e foi obediente até à morte, e morte de cruz. Era Deus e fez-Se homem. E que isso não era uma condescendência temporária, tão só com o intuito de mostrar Sua boa vontade, se evidencia pelo fato de que continuará para sempre como Homem. Satanás se exaltou a si mesmo: Cristo Se Humilhou. Satanás quis ser Deus; Cristo Se fez homem. Satanás quis sentar-se como Deus sobre um trono; Cristo, como servo, Se humilhou a lavar os pés aos discípulos. O contraste é completo.

No céu, Lúcifer fora um dos querubins cobridores. (Ezeq. 28:14). Isso parece referir-se aos dois anjos que, no lugar santíssimo do santuário, estavam sobre a arca, cobrindo o propiciatório. Esse era indubitavelmente o cargo mais alto que um anjo podia ocupar, porque a arca e o propiciatório estavam na presença imediata de Deus. Esses anjos eram os guardas especiais da lei. Velavam sobre ela, por assim dizer. Lúcifer era um deles.

Em Ezequiel 28:12 há interessante asserção acerca de Lúcifer: “Tu eras o selo da simetria e a perfeição da formosura”. (Trad.Brás.) A expressão para a qual queremos chamar a atenção é: “Tu eras o selo da simetria”. O significado disso não é muito claro. Pode-se interpretar a tradução de várias maneiras. Parece evidente, no entanto, que se propõe demonstrar a alta posição e o exaltado privilégio que tinha Satanás, antes de cair. Era uma espécie de primeiro ministro, guarda do selo.

Como num governo terrestre um documento ou uma lei deve ter o selo para ser válido, assim também no de Deus se usa um selo. Parece ter Ele dado aos anjos sua obra, assim como a designou ao homem. Um anjo está encarregado do fogo. (Apoc. 14:18) Outro tem domínio sobre as águas. (Apoc. 16:5) Outro tem a seu cargo “o selo do Deus vivo”. (Apoc. 7:2) Embora, como já dissemos, não seja muito clara a expressão de Ezequiel 28:12, alguns se sentem justificados por traduzi-la assim: “Tu aplicavas o selo ao mandamento”. Se isso é sustentável, e Lúcifer era o primeiro ministro e guarda do selo, eis aí mais um motivo por que desejou colocar sua própria marca em lugar do selo de Deus, quando abandonou sua primeira morada.

Que Satanás tem estado muito ativo contra a lei, é evidente. Se a lei de Deus é o reflexo de Seu caráter, e se esse caráter é o oposto do de Satanás, este é por ela condenado. Cristo e a lei são um. Ele é a lei vivida, a lei feita carne. Por esse motivo Sua vida constitui uma condenação. Quando Satanás fez guerra a Cristo, combateu também a lei. Ao odiar a lei, aborreceu a Cristo. Cristo e a lei são inseparáveis.

No Salmo 40, encontra-se interessante declaração. Disse Jesus: “Deleito-Me em fazer a Tua vontade, ó Deus Meu; sim, a Tua lei está dentro do Meu coração”. Embora seja indubitavelmente uma expressão poética e não se deva levá-la demasiado longe, é interessante, no entanto, como indício da posição exaltada da lei. “” A Tua lei está dentro do Meu coração”. Apunhalar a lei é apunhalar o coração de Cristo. Apunhalar o coração de Cristo é apunhalar a lei. 

Na cruz Satanás o intentou. Mas Deus queria que fosse de outra maneira. A morte de Cristo era um tributo à lei. Engrandecia-a sobremaneira e a tornava gloriosa. Deu aos homens nova visão de seu caráter sagrado e de seu valor. Se Deus permitia que Seu Filho morresse; se Cristo Se entregava voluntariamente, de preferência a ab-rogar a lei; se é mais fácil passarem o céu e a terra que cair um jota ou um til da lei, quão sagrada e digna de honra deve ser!

Ao morrer Cristo na cruz, demonstrara em Sua vida a possibilidade de guardar a lei. Satanás não conseguira induzi-Lo a pecar. Possivelmente não acreditava poder fazê-lo. Mas se tivesse podido levar Jesus a empregar Seu poder divino para salvar-Se, teria alcançado muito. Se Ele o houvesse feito, Satanás poderia ter sustentado que isso invalidava a demonstração que Deus Se propunha efetuar, a saber, de que o homem é possível guardar a lei. Da maneira em que sucedeu, Satanás foi derrotado. Mas até ao fim prosseguiu na mesma tática. Judas esperava que Cristo Se livrasse, usando assim Seu poder divino para salvar-Se. Na cruz, tentaram assim a Cristo: “Salvou os outros, e a Si mesmo não pode salvar-Se”. Mas Ele não vacilou. Teria podido salvar-Se, mas não o fez. Satanás foi derrotado. Não podia compreender isso. Mas sabia que, ao morrer Cristo sem que se houvesse podido fazê-Lo pecar, estava selada sua própria condenação. Ao morrer, Cristo triunfou.

Satanás, porém, não renunciou à luta. Fracassara no conflito com Cristo, mas podia ainda ter êxito com os homens. Foi assim “fazer guerra ao resto da sua semente, os que guardam os mandamentos de Deus, e têm o testemunho de Jesus Cristo”. (Apoc. 12:17) Se pudesse vencê-los, talvez não ficasse derrotado.

A demonstração que Deus Se propõe efetuar com a última geração na terra significa muito, tanto para o povo como para Ele. Pode-se observar realmente a lei divina? Essa é uma questão vital. Muitos negam que se possa cumpri-la; outros dizem voluvelmente que se pode fazê-lo. Ao considerar-se toda a questão da observância dos mandamentos, o problema assume grandes proporções. A lei divina é excessivamente ampla; abrange os pensamentos e intentos do coração. Julga tanto os motivos como os atos, os pensamentos como as palavras. 

A guarda dos mandamentos significa completa santificação, vida santa, inquebrantável fidelidade à retidão, afastamento completo do pecado e vitória sobre ele. Bem pode exclamar o mortal: Para essas coisas quem é idôneo!

No entanto, é essa a tarefa a que Deus Se propôs e que espera realizar. Ao lançar Satanás o repto, afirmando: “Ninguém pode guardar a lei. É impossível. Se existe alguém que possa fazê-lo ou que o haja feito, mostra-mo. Onde estão os que guardam os mandamentos?” Deus responderá calmamente: “Aqui está a paciência dos santos: aqui estão os que guardam os mandamentos de Deus e a fé de Jesus”. (Apoc. 14:12)

Digamo-lo reverentemente: Deus deve aceitar o repto de Satanás. Não é Seu plano, nem parte de Seu desígnio, submeter os homens a provas em que unicamente possam sobreviver uns poucos escolhidos. No Jardim do Éden, não podia Ele idear prova mais fácil do que a que planejou. Ninguém terá jamais motivo de dizer que nossos primeiros pais caíram, porque a prova era demasiada difícil para eles. Era a mais leve que se podia imaginar. Se caíram, não foi porque não se lhes houvesse concedido poder para resistir. A tentação não estava constantemente diante deles. Não se permitia a Satanás molestá-los em toda parte. Podia ter acesso a eles apenas num lugar, a saber, na árvore da ciência do bem e do mal. Eles conheciam esse lugar. Podiam manter-se afastados dele, se o quisessem. Satanás não podia segui-los. Se iam aonde ele estava, era porque queriam. Mas mesmo quando fossem examinar a árvore, não precisavam permanecer ali. Podiam afastar-se. Mesmo que Satanás lhes oferecesse o fruto, não necessitavam tomá-lo. Mas tomaram-no e o comeram. E o comeram porque desejaram, não porque fossem obrigados. Transgrediram deliberadamente. Não havia excusa. Deus não podia ter ideado prova mais fácil.

Ao ordenar Deus aos homens que guardem Sua lei, não cumpre o propósito de Sua vontade o ter tão somente uns poucos que a observem precisamente os suficientes para demonstrar que se pode fazê-lo. Não está de acordo com Seu caráter escolher homens preeminentes, de propósitos firmes e magnífico preparo, demonstrando por eles o que pode realizar. Está muito mais em harmonia com Seu plano tornar Seus reclamos tais que mesmo os mais fracos não precisem fracassar, de maneira que ninguém possa dizer que Deus pede o que apenas uns poucos podem fazer. 

Por esse motivo, reservou Ele Sua maior demonstração para a última geração. Esta sofre as conseqüências de pecados acumulados. Se existem fracos, são os membros desta geração. Se há que sofre tendências herdadas, são eles. Se alguns têm excusa por qualquer fraqueza, são eles. Se, portanto, podem guardar os mandamentos, ninguém de nenhuma outra geração tem desculpa por não o haver feito.

Mas isso não basta. Deus Se propõe revelar em Sua demonstração, não só o que os homens comuns da última geração podem suportar com êxito uma prova como a que deu a Adão e Eva, mas que subsistirão a outra muito mais difícil do que a que toca em sorte aos homens comuns. Será comparável à que Jô suportou, assemelhar-se-á à que o Mestre sofreu. Prova-los-á até ao máximo. 

“Ouvistes qual foi a paciência de Jó, e vistes o fim que o Senhor lhe deu; porque o Senhor é muito misericordioso e piedoso”. (Tiago 5:11) Jó passou por algumas provações que se repetirão na vida dos escolhidos da última geração. Talvez seja bom considerá-las.

Jó era homem bom. Deus confiava nele. Dia a dia oferecia sacrifícios por seus filhos. “Porventura pecaram meus filhos”, dizia (Jó 1:5) Era próspero e desfrutava as bênçãos divinas.

Então “um dia em que os filhos de Deus vieram apresentar-se perante o Senhor, veio também Satanás entre eles”. (vs. 6) Acha-se registrada uma conversação que houve entre Jeová e Satanás, acerca de Jó. O Senhor disse que Jó era bom, o que Satanás não nega, mas insiste em que Jó teme a Deus simplesmente porque o beneficia. Declara que, se o privasse de Suas misericórdias, Jó O amaldiçoaria. Faz essa declaração em forma de repto, e Deus o aceita. Dá a Satanás permissão para tirar as propriedades de Jó e afligi-lo de outras maneiras, mas sem tocar nele.

Satanás sai imediatamente a fazer o que se lhe permitiu. Desaparecem as riquezas de Jó, e seus filhos morrem. Ao suceder isso, “Jó se levantou, e rasgou o seu manto, e rapou a sua cabeça, e se lançou em terra, e adorou, e disse: Nu saí do ventre de minha mãe, e nu tornarei para lá; o Senhor o deu, e o Senhor o tomou; bendito seja o nome do Senhor. 

Em tudo isto Jó não pecou, nem atribuiu a Deus falta alguma”. (Jó 1:20-22) 

Satanás foi derrotado, mas faz outra tentativa. Na próxima vez em que se encontra com o Senhor, sem reconhecer sua derrota, alega não se lhe ter permitido tocar em Jó mesmo. Se isso lhe tivesse sido concedido, afirma, Jó teria pecado. A asserção é de novo um repto, e Deus o aceita. Dá-lhe licença de atormentar a Jó, mas sem tirar-lhe a vida. Imediatamente parte Satanás a cumprir sua missa.

Tudo o que o maligno pode fazer, faz a Jó. Mas este permanece firme. A esposa lhe aconselha que renuncie a sua fidelidade, mas ele não vacila. Sob intensa dor física e angústia mental, mantém-se fiel. Novamente se diz que suportou a prova. “Em tudo isto não pecou Jó com os seus lábios”. (Jó 2:10) Satanás é derrotado e não mais aparece no livro.

Nos capítulos seguintes do livro de Jô, é-nos dado um pequeno vislumbre da luta que se trava em seu espírito. Está muito perplexo. Por que lhe sobreveio toda essa calamidade? Não tem conhecimento de nenhum pecado. Portanto, por que o aflige Deus? Sem dúvida nada sabe do repto de Satanás. Não sabe também que Deus nele confia na crise por que está passando. Tudo que sabe é que de um céu sereno lhe sobrevieram calamidades até que ficou sem família, sem riquezas, e com asquerosa moléstia que quase o consome. Não o entende, mas conserva sua integridade e fé em Deus. O Senhor sabia que faria isso. Mas Satanás dissera que não o faria. No repto, Deus triunfou.

Humanamente falando, Jó não merecera o castigo que sobre ele caíra. Deus mesmo disse que era sem causa. “Havendo-Me tu incitado contra ele, para o consumir se causa”. (Jó 2:3) Portanto, toda a experiência se justifica unicamente quando se considera como prova específica, ideada com propósito específico. Deus queria fazer silenciar a acusação de Satanás, de que Jó O servia unicamente para proveito próprio. Queria provar que havia pelo menos um homem a quem Satanás não podia dominar. Jó sofreu em resultado disso, mas parecia não haver meio de escape. Mais tarde lhe foi isso recompensado.

O caso de Jó foi registrado com um propósito. Além de sua historicidade, cremos que tem ainda significado mais amplo. 

Os filhos de Deus que viveram nos últimos dias, passarão por experiências idênticas à de Jó. Serão provados como ele o foi; serão privados de todo apoio humano; satanás terá permissão de atormentá-los. Além disso, o Espírito de Deus se retirará da terra, e será eliminada a proteção dos governos terrestres. O povo de Deus ficará só para combater contra as potestades das trevas. Estará perplexo como Jó. Mas, como ele, se manterá firme em sua integridade.

Na última geração, Deus será reivindicado. No remanescente encontrará Satanás sua derrota. A acusação de que não se pode observar a lei, será refutada. Deus providenciará não só uma ou duas pessoas que observem Seus mandamentos, mas todo um grupo, denominado o dos 144.000. Refletirão plenamente a imagem divina. Desmentirão a acusação de Satanás contra o governo do céu.

Situação grave ocasionaram no céu as acusações contra Deus lançadas por Satanás. Constituíam, realmente, uma imputação de incapacidade de governar o céu. Muitos dos anjos creram nelas. Colocaram-se ao lado do acusador. A terça parte dos anjos, que devem ter sido milhões, considerou a Deus justamente como o fazia seu chefe, o mais elevado dentre eles, Lúcifer. Não foi pequena a crise. Ameaçava a própria existência do governo divino. Como devia Deus tratá-la?

A única maneira de resolver satisfatoriamente o assunto, para que nunca mais surgisse uma dúvida, consistia em que Deus submetesse o caso às regras comuns da evidência. Era ou não justo Seu governo? Afirmava Ele que sim; Satanás dizia que não. O Senhor podia ter destruído a Satanás. Isso, porém, não teria sido um argumento, ou melhor, seria uma prova contra Deus. Não havia outra maneira senão a de apresentarem os partidos suas evidências, seus testemunhos, e deixarem pesar seu caso pelas provas aduzidas. 

Temos, pois, uma cena de julgamento. Está em jogo o governo divino. Satanás é o acusador; Deus mesmo é o acusado e está em julgamento. Foi acusado de injustiça, de exigir que Suas criaturas façam o que não lhes é possível, e de castigá-las, no entanto, por não o fazerem. A lei é o ponto específico de ataque; sendo, porém, simplesmente um transunto do caráter divino, são Deus e Seu caráter os que estão na cena do julgamento.

A fim de que Deus prove Sua asserção, é necessário demonstrar que não foi arbitrário em seus reclamos, que a lei não é dura nem cruel em suas exigências, mas, pelo contrário, é santa, justa e boa, e que os homens podem guardá-la. Todo o necessário é que Deus apresente um homem que tenha guardado a lei, e Sua causa está ganha. Na ausência de tal caso, Deus perde e Satanás ganha. O resultado depende, portanto, de um ou mais seres que guardem os mandamentos divinos. Nisso pôs Deus em jogo Seu governo.

Embora seja verdade que, de quando em quando, muitos têm dedicado a vida a Deus e vivido sem pecado em certos períodos de tempo, Satanás afirma serem esses casos especiais, como era o caso de Jó, e não estarem sob as regras comuns. Exige um caso bem definido em que não possa haver dúvida e em que Deus não tenha intervindo. Pode-se apresentar um exemplo assim?

Deus está pronto para o repto. Esteve aguardando Seu tempo. O Filho de Deus, em Sua própria pessoa, enfrentou as acusações de Satanás e demonstrou que eram falsas. A manifestação suprema foi reservada para a contenda final. Da última geração Deus elegerá Seus escolhidos. Não aos fortes ou poderosos, não aos que gozam honras e riquezas, não aos sábios e elevados, mas tão só a pessoas comuns escolherá Deus e, por seu intermédio, fará Sua demonstração. Satanás asseverou que os que, no passado, serviram a Deus, o fizeram por motivos mercenários, que Deus os protegeu e que ele, Satanás, não teve livre acesso a eles. Se lhe tivessem concedido plena permissão para apresentar sua causa, eles também teriam sido ganhos para ela. Mas Deus teve medo de permitir-lhe que o fizesse, alega Satanás. Dêem-me oportunidade justa, diz ele, e eu vencerei.

E, assim, para fazer silenciar para sempre as acusações de Satanás; para tornar claro que Seu povo o serve por motivos de lealdade e eqüidade sem considerar recompensa; para defender Seu próprio nome e caráter das acusações de injustiça e arbitrariedade; para demonstrar aos anjos e aos homens que Sua lei pode ser observada pelos homens mais débeis, nas circunstâncias mais desalentadoras e difíceis – Deus permite a Satanás que prove Seu povo até ao máximo. Serão ameaçados, torturados, perseguidos. Estarão face a face com a morte, quando for promulgado o decreto de adorar a besta e a sua imagem. (Apoc. 13:15) Mas não cederão. Estarão dispostos a morrer de preferência a pecar.

Deus retira Seu Espírito da terra. Satanás terá maior medida de domínio que nunca dantes. É certo que não poderá matar o povo de Deus, mas esta será quase a única limitação. Fará tudo que lhe for permitido. Sabe quanto está em jogo. É agora ou nunca.

Deus faz mais uma coisa. Aparentemente Se oculta. Fecha-se o santuário celestial. Os santos clamam a Deus dia e noite por sua libertação, mas Ele parece não ouvir. Seus escolhidos estão passando pelo Getsêmane. Provam um pouco do que experimentou Cristo, durante aquelas três horas na cruz. Aparentemente devem ferir sozinhos a batalha. Devem viver sem intercessor à vista de um Deus santo. Mas embora Cristo tenha terminado Sua intercessão, de maneira que ninguém mais possa alcançar o perdão dos pecados, os santos são o objetivo do amor e do cuidado divinos. Santos anjos velam sobre eles. Deus lhes provê refúgio de seus inimigos; concede-lhes alimento; livra-os da destruição e proporciona-lhes graça e poder para viver santamente. (Ver o Salmo 91) No entanto, estão ainda no mundo, tentados, aflitos e atormentados.

Resistirão à prova? Aos olhos humanos parece impossível. Se tão somente Deus viesse em seu auxílio, tudo iria bem. Estão resolvidos a resistir ao maligno. Podem morrer, se necessário; mas não precisam pecar. Satanás não tem poder nem jamais o teve para fazer homem algum pecar. Pode tentá-lo, destruí-lo, ameaçá-lo; mas não pode forçá-lo a transgredir. E agora Deus prova pelos mais fracos dentre os fracos que não há excusa, nem houve jamais, para o pecado. Se os da última geração podem repelir com êxito o ataque de Satanás; se podem fazê-lo tendo contra si todas as desvantagens e fechado o santuário, que desculpa há para que os homens tenham alguma vez pecado?

Na última geração, Deus prova, afinal, que os homens podem observar a lei divina e viver sem transgredir. Deus nada deixa por fazer, a fim de completar a demonstração. A única limitação que impõe a Satanás é que não pode matar os santos de Deus. Pode tentá-los, persegui-los e ameaçá-los; e ele faz quanto lhe é permitido. Mas fracassa. Não lhe é possível levá-los a pecar. Resistem à prova, e Deus põe Seu selo sobre eles.

Mediante a última geração de santos, Deus é finalmente reivindicado. Por meio deles derrota a Satanás e ganha o pleito. Formam eles uma parte vital do plano divino. Passam por lutas terríveis; combatem contra as potestades invisíveis nos lugares celestiais. Mas puseram sal confiança no Altíssimo, e não serão confundidos. Passaram fome e sede, mas chegará o tempo em que “nunca mais terão fome, nunca mais terão sede; nem sol nem calma alguma cairá sobre eles. Porque o Cordeiro, que está no meio do trono os apascentará, e lhes servirá de guia para as fontes das águas da vida; e Deus limpará de seus olhos toda a lágrima”. (Apoc. 7:16 e 17).

“Estes são os que seguem o Cordeiro para onde quer que vai”. (Apoc. 14:4) Ao abrirem-se, afinal, as portas do templo, ouvir-se-á uma voz que dirá: “Somente os 144.000 entram neste lugar”. – Vida e Ensinos, pág. 65. Pela fé terão seguido o Cordeiro até ali. Penetraram no lugar santo e com Ele foram até ao santíssimo. E, na eternidade, só os que O seguiram aqui é que O acompanharão ali. Serão reis e sacerdotes. Segui-Lo-ão até ao santíssimo, onde unicamente pode entrar o Sumo-Sacerdote. Estarão na presença imediata de Deus. Segui-Lo-ão “para onde quer que vai”. Não só estarão “diante do trono de Deus”, e O servirão “de dia e de noite no Seu templo”, mas também se assentarão “comigo no Meu trono; assim como Eu venci e Me assentei com Meu Pai no Seu trono”. (Apoc. 7:15; 3:21)

O assunto de maior relevância no universo não é a salvação dos homens, por importante que pareça. O essencial é que o nome de Deus seja defendido das falsas acusações feitas por Satanás. O conflito se aproxima do fim. Deus está preparando Seu povo para o último grande embate. Satanás também se está preparando. A crise nos espera e decidir-se-á na vida do povo de Deus. Este em nós confia como confiou em Jó. Está bem colocada Sua confiança?

É admirável o privilégio que nos é concedido de, como povo, justificar o nome de Deus por nosso testemunho. É maravilhoso que se nos permita testificar em favor dEle. Nunca se deve olvidar, no entanto, que esse testemunho é o da vida, não simplesmente das palavras. “Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens”. (João 1:4) ”A vida era a Luz”. 

Assim foi no caso de Cristo, e deve ser em nosso caso. Nossa vida deve ser uma luz como o era Sua. Transmitir luz ao povo é mais que entregar-lhe um folheto. Nossa vida é a luz. Ao vivermos, transmitimos luz aos outros. Sem vida, sem viver a luz, nossas palavras ficam isoladas. Mas quando nossa vida se torna a luz, nossas palavras são eficazes. É nossa vida que deve testificar em favor de Deus.

Oxalá a igreja aprecie o excelso privilégio que lhe é concedido! “Vós sois as Minhas testemunhas, diz o Senhor”. (Isa. 43:10) Não deve haver “deus estranho... entre vós, pois vós sois as Minhas testemunhas, diz o Senhor; Eu sou Deus!” (Vs. 12) Oxalá sejamos deveras testemunhas, e testifiquemos do que Deus fez por nós!

Tudo isso está intimamente relacionado com a obra do Dia da Expiação. Naquele dia, os filhos de Israel, tendo confessado os pecados, ficavam completamente purificados. Haviam sido perdoados, e agora o pecado era separado deles. Tornavam-se santos e irrepreensíveis. Ficava purificado o acampamento de Israel.

Vivemos agora no grande dia real da purificação do santuário. Todo pecado deve ser confessado e, pela fé, ser apresentado a juízo antecipadamente. Ao passo que o Sumo-Sacerdote entra no santíssimo, o povo de Deus deve agora achar-se face a face com Ele. Deve saber que toda transgressão foi confessada e que não resta mancha alguma de pecado. A purificação do santuário celestial depende da do povo de Deus na terra. Quão importante é, pois, que Seus servos sejam santos e irrepreensíveis! Neles deve ser consumido todo pecado, a fim de poderem subsistir à vista de um Deus santo e sobreviver, apesar do fogo consumidor. “Ouvi, vós os que estais longe, o que tenho feito: e vós que estais vizinhos, conhecei o Meu poder. Os pecadores de Sião se assombraram, o tremor surpreendeu os hipócritas. Quem dentre nós habitará com as labaredas eternas? O que anda em justiça, e o que fala com retidão; o que arremessa para longe de si o ganho de opressões; o que sacode das suas mãos todo o presente; o que tapa os seus ouvidos para não ouvir falar de sangue, e fecha os seus olhos para não ver o mal. Este habitará nas alturas; as fortalezas das rochas serão o seu alto refúgio, o seu pão lhe será dado, as suas águas serão certas”. (Isa. 33:13-16)

FONTE: 

Wikipedia

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