Por que Deus permite o sofrimento


1. O que pertencem a todos? 

R.: “Voltei-me, e vi debaixo do sol que não é dos ligeiros a carreira, nem dos valentes a peleja, nem tão pouco dos sábios o pão, nem ainda dos prudentes a riqueza, nem dos entendidos o favor, mas que o tempo e a sorte pertencem a todos”. Eclesiastes 9:11 

Salomão, divinamente inspirado, afirmou que nem sempre o sucesso é alcançado por aqueles que estão mais preparados. Mas no mundo em que vivemos a sorte, as circunstâncias e as oportunidades pertencem igualmente a todos. 

Muitas pessoas altamente capazes não fazem sucesso em suas carreiras porque na maioria das vezes não estão no lugar certo, no momento certo e com as influências certas. Algumas outras pessoas, totalmente incompetentes, faz sucesso porque o tempo e a sorte lhes foram propícios. 




Muitas pessoas ricas e poderosas que estão no auge do sucesso caem e empobrecem do dia para a noite. E tantas outras, que são pobres e desprezadas, muitas vezes acabam se tornando ricas e respeitadas, pois “o tempo e a sorte pertencem a todos”. 

2. Qual é a situação dos justos e dos ímpios? 

R.: “Tudo sucede igualmente a todos; o mesmo sucede ao justo e ao ímpio: ao bom e ao puro, como ao impuro; assim ao que sacrifica como ao que não sacrifica: assim ao bom como ao pecador; ao que jura como ao que teme o juramento”. Eclesiastes 9:2 

No mundo, o desenrolar da vida sujeita todos os homens às mesmas circunstâncias. Independentemente de serem pessoas religiosas ou irreligiosas, bondosas ou pecadoras, justas ou ímpias, “tudo sucede igualmente a todos”. A natureza é implacável para com todos e não perdoa. 

Ninguém está imune a acidentes, sejam pessoas religiosas ou não. Todos estão sujeitos aos sofrimentos. Todos nascem, todos crescem, todos sofrem, todos passam por aborrecimentos e provações, todos envelhecem, todos adoecem e todos morrem. Desde que o pecado entrou no mundo, com a desobediência de Adão e Eva, todos os seres humanos passam por sofrimentos. 

Pouco importa se são homens poderosos ou escravos, ricos ou pobres, inteligentes ou ignorantes, religiosos ou irreligiosos, todos igualmente passam por alguma forma de aflição. Ninguém se furta ao sofrimento, pois se trata de uma conseqüência do pecado cometido pelos nossos primeiros pais há milhares de anos, quando ainda habitavam no Jardim do Éden. 

Nem mesmo os santos de Deus escaparam dos tormentos da vida. Quem duvidar basta olhar para a vida de João Batista e ver seu sofrimento na prisão e a morte atroz pela qual passou, estando ainda bem jovem. 

Olhe para os apóstolos de Jesus, e veja as perseguições, privações, provações e morte infame que sofreram. Nem mesmos esses santos homens de Deus escaparam do sofrimento. Mas apesar da adversidade, eles se regozijavam “por terem sido julgados dignos de padecer afronta pelo nome de Jesus”. (Atos 5:42). 

3. O que às vezes sucede aos justos e aos ímpios?

R.: “Ainda há outra vaidade que se faz sobre a terra: há justos a quem sucede segundo as obras dos ímpios, e há ímpios a quem sucede segundo as obras dos justos. Digo que também isto é vaidade”. Eclesiastes 8:14 

Existem muitas pessoas boas, justas e tementes a Deus que em vez de serem abençoadas com o bem e felicidade, na verdade acabam passando por grandes tribulações, provações, perdas irreparáveis, pobreza, aborrecimentos e sofrimentos. 

Por outro lado, também existem pessoas ímpias que são grandes pecadoras, que em vez de colherem os frutos que as suas más obras merecem, acabam colhendo coisas boas e agradáveis, como por exemplo: paz, sucesso, prosperidade, riquezas, poder, popularidade, e respeito dos seus semelhantes. O profeta Jeremias perguntou intrigado: 

“Por que prospera o caminho dos ímpios, e vivem em paz todos os que cometem o mal aleivosamente?” (Jeremias 12:1). 

O patriarca Jó argumentou que os ímpios muitas vezes gozam prosperidade nesta vida, muito embora abominem a Deus: “Por que razão vivem os ímpios, envelhecem, e ainda se esforçam em poder? 

A sua semente se estabelece com eles perante a sua face, e os seus renovos perante os seus olhos. As suas casas têm paz, sem temor; e a vara de Deus não está sobre eles. O seu touro gera, e não falha, pare a sua vaca, e não aborta”. (Jó 21:7-10). 

Para o salmista Asafe a prosperidade dos ímpios era um mistério até que ele entendeu o fim deles: 

“E dizem: Como o sabe Deus? ou há conhecimento no Altíssimo? Eis que estes são ímpios; e, todavia, estão sempre em segurança, e se lhes aumentam as riquezas”. (Salmos 73:11-12). 

Verdade é que a prosperidade dos ímpios tem sido motivo de grande perplexidade aos santos de Deus. Mas a resposta é que “o tempo e a sorte pertencem a todos”. (Eclesiastes 9:11). 

4. Os cristãos são poupados das aflições do mundo? 

R.: “Tenho-vos dito isto, para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo”. João 16:33 

Jesus advertiu aos Seus seguidores que o mundo não lhes seria propício. Não era porque eles se tornaram cristãos, que agora estariam imunes ao sofrimento. Mas vivendo no mundo passariam por diversas aflições, como qualquer outra pessoa. 

Até mesmo muito mais aflições por causa da fé que professam. 

“Meus irmãos, não vos maravilheis, se o mundo vos aborrece”. (I João 3:13). 

Todavia, o conforto que Jesus oferece ao cristão consiste numa profunda paz interior, e não exterior. Se verdadeiramente estivermos nEle teremos uma indescritível descanso de espírito. 

E, apesar das adversidades, guerras, misérias, perseguições ocorrendo ao nosso redor, essa paz interior nos manterá sossegados, sóbrios, animados e esperançosos. Sobre essa paz interior disse Jesus: 

“Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou: não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize”. (João 14:27). 

Aos cristãos que passam por aflições Jesus disse para terem bom ânimo, porque Ele venceu o mundo. 

O ADVERSÁRIO 


5. Por que devemos ser sóbrios e vigiar? 

R.: “Se sóbrios; vigiai; porque o diabo, vosso adversário, anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar. Ao qual resisti firmes na fé: sabendo que as mesmas aflições se cumprem entre os vossos irmãos no mundo”. I Pedro 5:8-9 

Os cristãos devem ser pessoas sóbrias e estar sempre alerta para não caírem nas artimanhas, tentações, enganos, e armadilhas do diabo. Também devem ser sóbrias para que não venham a desanimar da fé, por causa do mal que pode lhe abater, como por exemplo, perseguições, injustiças, calúnias, mortes, doenças. 

Pois, o diabo anda em ao nosso redor rugindo como um leão, buscando a quem possa desanimar e derrubar. A única solução consiste em humildemente resignarmos com o inevitável e irremediável, resistindo firmemente na fé. Muitas pessoas culpam a Deus quando passam por aflições e provações, quando na realidade Deus não é responsável pela aflição de ninguém. 

As aflições e os sofrimentos pelos quais podemos passar podem ter origem em duas fontes: 

(1) Em primeiro lugar, pode se originar como resultado de nossas próprias ações. Se vivermos em desarmonia com as leis de saúde, sofreremos constantes doenças. Se alimentarmos inveja, egoísmo, ódio e intrigas, nossa vida será de sofrimento, pois nunca estaremos em paz. “Tudo o que o homem semear, isso também ceifará” (Gálatas 6:7)

(2) E em segundo lugar nosso sofrimento pode ser provocado pelo próprio diabo, que anda em nosso derredor rugindo como leão, buscando a quem possa tragar. No decorrer da história, milhares de pessoas sofreram por causa de sua fé no Evangelho. 

Pois o diabo tem ódio de todos os fiéis seguidores de Jesus Cristo. Diante da adversidade devemos sujeitar-nos unicamente à vontade de Deus, persistindo firmes na fé e contra todas tentações do diabo. Assim fazendo, o diabo fugirá de nós. (Tiago 4:7). Pois nada ele terá em nós para poder tragar-nos. 

EFEITOS DO SOFRIMENTO 


6. Por que melhor é a tristeza do que o riso? 

R.: “Melhor é a tristeza do que o riso, porque com a tristeza do rosto se faz melhor o coração”. Eclesiastes 7:3 

Como a tristeza é o resultado de aborrecimentos, aflições ou desilusões, ela torna o coração do ser humano mais sensível e misericordioso às necessidades e provações que outras pessoas possam estar passando. 

Por causa das provações pessoais que passamos, podemos compreender melhor o sofrimento daqueles que também estão passando por provações, e mostrar-lhe nossa compaixão. Foi por essa razão que Salomão disse que “com a tristeza do rosto se faz melhor o coração”. 

Para nosso crescimento emocional e espiritual, muitas vezes a tristeza é melhor do que as farras, as baladas, as bebedices, as drogas, que nada de significativo acrescentam ao caráter do cristão. (Eclesiastes 7:2). 

A tristeza produzida pelas tribulações cria em nosso coração o sentimento de solidariedade e piedade para com o nosso próximo, tornando-nos pessoas sábias e ajudadoras daqueles que também passam por sofrimentos. Muitos seres humanos que são arrogantes, mesquinhas, egoístas, déspotas, convencidas e excessivamente orgulhosas, após passarem por sérias provações acabam se tornando humildes, amigas, amáveis, meigas e dóceis. 

7. Como andava o salmista antes e depois da aflição? 

R.: “Antes de ser afligido andava errado; mas agora guardo a tua palavra”. Salmos 119:67 

O salmista diz que antes de passar por aflições, ele andava desviado por caminhos errados. Mas depois de ter passado por aflições, ele se converteu e agora guarda a Palavra de Deus. Portanto, as aflições longe de ser um mal em longo prazo, muitas vezes conduzem os corações sensíveis para mais perto de Deus, tornando essas pessoas bem melhores do que antes da aflição. 

Na verdade, muitas pessoas tiveram um encontro pessoal com Deus após terem passados por dores, perdas, sofrimento e aflições. Na maioria das vezes é somente por meio das aflições é que nos conscientizamos da nossa extrema necessidade de Deus, quando então procuramos o conforto de Sua Santa Palavra. 

Na verdade as aflições pelas quais passamos tem-se revelado um excelente instrumento que nos conduz para mais próximo de Deus. Observe o testemunho deixado pelo salmista: 

“E foi-me bom ter sido afligido, para que aprendesse os teus estatutos”. (Salmo 119:71). 

Somente pessoas com o coração extremamente endurecido pelo pecado e com a mente cauterizada é que se distanciam de Deus quando passam por aflições. 

Muitas dessas pessoas nunca se aproximaram de Deus, e quando acontece alguma tragédia em suas vidas pessoais ainda tem a ousadia de acusar a Deus pelos males de sofrem, quando elas mesmas sabem que nunca quiseram ter um relacionamento mais íntimo com Deus. Entretanto, se elas refletirem e buscarem a Deus com todo o seu coração, certamente O encontrará, e receberá a disposição de Sua infinita misericórdia. 

ATITUDE NA TRIBULAÇÃO 


8. O que contribui para o bem dos que amam a Deus? 

R.: “E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados por seu decreto”. Romanos 8:28 

Todas as coisas que ocorrem na vida do cristão – sejam coisas boas ou más – de uma maneira ou de outra, contribuem para o benefício do próprio cristão. Por exemplo, as adversidades acabam fortalecendo as convicções do cristão em sua fé, levando-o mais perto de Deus. 

Outras vezes acontece que o cristão possui, oculto aos seus próprios olhos, alguns vícios e impurezas, e que somente o fogo da aflição pode eliminar essas escórias do caráter do crente, para torná-lo uma jóia preciosa diante dos olhos de Deus. 

“Eis que te purifiquei, mas não como a prata: provei-te na fornalha da aflição”. (Isaías 48:10). 

Esta é uma das razões pela qual muitas vezes Deus permite o sofrimento, pois “enganoso é o coração, mais do que todas as cousas, e desesperadamente corrupto, quem o conhecerá”. (Jeremias 17:9). 

9. O que produz para nós um peso eterno de glória? 

R.: “Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós um peso eterno de glória mui excelente”. II Coríntios 4:17 

Diante da glória da eternidade a nossa tribulação é considerada leve e momentânea. Muitas vezes a tribulação resulta num polimento do nosso caráter. Isso produz um peso eterno de excelente glória. Somente no mundo vindouro poderemos realmente compreender e apreciar os efeitos gloriosos que nossa leve e momentânea tribulação neste mundo produziu para nós por toda a eternidade. 

10. A quem devemos tomar “por exemplo” de aflição?

R.: “Meus irmãos, tomai por exemplo de aflição e paciência os profetas que falaram em nome do Senhor. Eis que temos por bem-aventurados os que sofreram. Ouvistes qual foi a paciência de Jó, e vistes o fim que o Senhor lhe deu; porque o Senhor é muito misericordioso e piedoso”. Tiago 5:10-11 

Jó era um homem justo, bom, e temente a Deus. Mas, apesar disso, não foi poupado ou protegido dos reveses, das provações e das aflições. Perdeu todos os seus filhos, perdeu todas as suas riquezas, ficou gravemente enfermo e a sua esposa o repudiou. 

Mas todas essas adversidades, que se abateram na vida de Jó eram obras do diabo, não de Deus. Apesar das calamidades que sofreu, Jó nunca abandonou sua confiança em Deus. E como resultado de sua fé, Deus o recompensou ricamente com bençãos materiais e espirituais. 

Era a vitória de sua fé. Mas porque Deus permitiu que Jó passasse por tantas aflições e angústia? A resposta é muito simples. Deus permitiu que Jó passasse por sofrimentos para provar sua confiança e fidelidade, mesmo diante da adversidade. 

CONCLUSÃO 


11. Por que Deus habita com o contrito e abatido de espírito? 

R.: “Porque assim diz o alto e o sublime, que habita na eternidade e cujo nome é santo: Num alto e santo lugar habito, e também com o contrito e abatido de espírito, para vivificar o espírito dos abatidos, e para vivificar o coração dos contritos”. Isaías 57:15 

Deus é aquele que habita na eternidade e num alto e santo lugar. Ele também é aquele que habita com o contrito e abatido de espírito. O contrito é a pessoa que se arrepende motivada unicamente pelo amor de Deus, e o abatido de espírito é a pessoa desanimada diante do pecado e das adversidades da vida. 

A grande novidade é que Deus se compadece das pessoas que estão passando por aflições e provações, a ponto de procurar vivificar o espírito daqueles que estão abatidos pelo pecado, e vivificar o coração das pessoas que estão contritas. Portanto, não devemos permitir que a adversidade nos leve ao desanimo ou ao desespero. 

Não devemos ficar revoltados com as rajadas da dor e do sofrimento que porventura venham a se abater sobre nós. Pois nestas circunstâncias Deus habitará com o contrito e abatido de espírito, para tirá-lo desse triste estado. 

12. Quem será um alto refúgio em tempos de angústia? 

R.: “O Senhor será também um alto refúgio para o oprimido; um alto refúgio em tempos de angústia”. Salmos 9:9 

Quando estivermos oprimidos pelo peso pecado, pelo fogo das aflições, pelas dores e sofrimentos, lembremo-nos de que Ele é um alto refúgio em tempos de angústias. 

“Mas os que esperam no Senhor renovarão as suas forças, subirão com asas como águias: correrão, e não se cansarão; caminharão, e não se fatigarão”. (Isaías 40:31). 

O cristão quando passa por aflições, se volta esperançoso para Deus. E através de sua fé e oração busca em Deus o conforto para as suas aflições e tristezas. Em Deus podemos descansar enquanto a tempestade passa.

FONTE: Esse artigo é de autoria de Leandro Bertoldo, para conhecer e adquirir o conteúdo integral acesse 👉 Leandro Bertoldo clube de autores.